1. A monarquia romana
Quando falamos sobre a Roma antiga, a primeira coisa que nos vem à cabeça é o seu grande
império e seus ilustres imperadores. Contudo, a Roma antiga nem sempre foi um império. A
história da antiga Roma se divide em três fases: a monarquia (VII - 509 a.C.), a república (509
a.C. - 27 a.C.) e, por fim, o império romano (27 a.C. - 476).
A monarquia começou a partir da união de povos que viviam na península Itálica, em torno de
uma estrutura defensiva e de uma figura política, o Rex ou Rei, com o objetivo de se defender
dos Etruscos ao norte da península Itálica. Vamos entender mais à fundo a sua origem.
A origem da Monarquia
Nos meados de 700 a.C., a península Itálica já era ocupada por diferentes povos, com suas
próprias culturas e dialetos. Os povos que habitavam a península eram indo-europeus, como
por exemplo os latinos e os sabinos e algumas colônias gregas.
Todos eles habitavam a porção mais central da península Itálica, às margens do rio Tibre,
menos os gregos, que estabeleceram suas colônias ao na costa sul da península Itálica.
Contudo, ao norte da península Itálica, existia um povo que não pertencia à família indo-
europeia: os etruscos. Eles eram, assim como os gregos, os povos mais desenvolvidos da
península. Tanto os gregos quanto os etruscos influenciaram muito na cultura de Roma.
É importante ressaltarmos a formação desses povos às margens do rio Tibre. Terras próximas às
águas do Tibre eram favoráveis ao plantio, o que levou ao desenvolvimento de povos nesta
região. O Tibre também era uma região estratégica econômica, já que representava um acesso
ao mar e, portanto, uma ponte comercial para as colônias gregas, situadas na costa sul da
península.
Por conta da posição estratégica do rio Tibre tanto para o plantio, quanto para o comércio, os
povos que habitavam o centro da península eram alvos de invasões feitas pelos Etruscos, no
intuito de controlar a região. Assim, foi construída pelos latinos na planície do Lácio, uma
fortificação defensiva para proteger os povos das invasões dos etruscos.
Houve uma significativa união em torno dessa fortificação e dela nasceu a sociedade de Roma,
dando início à primeira fase da Roma antiga: a monarquia.
2. O período monárquico (VII - 509 a.C.)
Existem poucos registros dessa época, o que torna esse período escasso em seus detalhes, se
baseando, em sua maioria, em lendas. Contudo, é certo que houve uma monarquia nos
primeiros séculos da sociedade romana.
Segundo a lenda da formação de Roma, o seu primeiro rei teria sido Remo, após matar o seu
irmão gêmeo Rômulo, em uma disputa pelo poder. A lenda diz que Rômulo e Remo eram
descendentes de Enéas (herói de Troia) e do deus Marte, que engravidou a sua mãe, sobrinha
do rei de Alba, Amúlio. Os irmãos foram jogados em um cesto no Rio Tibre e por um milagre
foram salvos por uma Loba, que os amamentou e cuidou, até serem acolhidos por um
camponês.
Diz a lenda que os irmãos cresceram com habilidades extraordinárias. Já crescidos, Rômulo e
Remo matam Amúlio e depois fundaram Roma, no Monte Palatino. Contudo, após um
desentendimento entre os irmãos, Rômulo mata Remo e se torna o primeiro rei de Roma.
Na monarquia romana já existiam os traços da divisão social que permaneceria ao longo de
toda a sua história. Nessa época, existiam os gens, que eram um grupo de famílias proprietárias
de terras que seguiam o mesmo líder e compartilhavam um antepassado em comum, já que a
sua linhagem era muito importante.
Esses proprietários eram chamados de Patrícios e representavam o poder aristocrático da
sociedade romana. Os que compunham a maior parcela da sociedade romana eram os
pequenos proprietários, comerciantes, artesãos e camponeses, chamados de plebeus. Vale
pontuar que ainda não havia uma camada considerável de escravos em Roma.
O modelo político era a monarquia, ou seja, o poder era centralizado nas mãos do Rei, que
detinha os poderes de chefe supremo, sacerdotais e judiciários. Existia um conselho que o
ajudava em suas decisões. Este conselho era composto pelos chefes das principais famílias
patrícias e era chamado de Conselho dos Anciões ou Senado.
Não existem muitas fontes sobre como se desenrolou o período da Monarquia até o da
República. Dizem as lendas que houveram 7 reis durante a monarquia, dentre os quais os
primeiros 4 eram latinos e os outros 3 etruscos. Acredita-se que a presença de reis Etruscos
demonstrava os intensos conflitos entre as cidades-estados.
3. Existem mais escritos sobre os reis Etruscos do que do outros reis. Durante o reinado etrusco,
houve uma intensa tentativa de diminuir os poderes dos Patrícios e do Senado, com o
alinhamento do Rei com setores mais populares, como os comerciantes, que passam a exercer
um papel político.
Isso levou ao descontentamento do Senado e dos Patrícios, o que levou à uma revolta no
reinado de Tarquínio, o Soberbo (534 a.c - 509 a.c), visando acabar com o reinado etrusco e
estabelecer um monopólio político, que se consolidou na formação da República Romana em
509 a.C.
Sociedade romana no período monárquico:
Nesse período histórico, a sociedade romana era composta por patrícios (grandes proprietários
de terras), plebeus (pequenos agricultores, artesãos e comerciantes) e escravos (prisioneiros de
guerra ou plebeus com dívidas).
Reis Romanos da época da monarquia
Os nomes e fatos deste período são baseados em lendas e textos do historiador romano Tito
Lívio.
Porém, não são considerados como dados históricos pela historiografia moderna que estuda este
tema.
Os reis romanos da Antiguidade:
- 753 a. C. - 716 a. C. - Rômulo (fundador de Roma com o irmão Remo).
- 716 a. C. - 674 a. C. - Numa Pompilio
- 674 a. C. - 642 a. C. - Túlio Hostilio
- 642 a. C. - 617 a. C. - Anco Marcio
- 617 a. C. - 579 a. C. - Lúcio Tarquinio Prisco
- 579 a. C. - 535 a. C. - Servio Tulio
- 535 a. C. - 509 a. C. - Tarquinio, o Soberbo
4. Queda da monarquia romana
A Queda da monarquia romana foi uma revolução política na Roma Antiga ocorrida por volta de
509 a.C. que resultou na expulsão do último rei de Roma, Lúcio Tarquínio Soberbo, e na fundação
da República Romana.
As histórias da época contam que, enquanto o rei estava fora da cidade em uma campanha, seu
filho, Sexto Tarquínio, estuprou uma nobre romana, Lucrécia. Mais tarde, ela própria revelou o
crime a vários outros nobres romanos e se matou em seguida. Os nobres, liderados por Lúcio
Júnio Bruto, obtiveram o apoio da aristocracia e do povo romano para expulsar o rei e sua família
e fundar uma República Romana. O exército romano apoiou Bruto e o rei foi exilado. Apesar de
inúmeras tentativas de Soberbo de reinstalar a monarquia, a República foi estabelecida e os dois
primeiros cônsules foram eleitos para governar a cidade: Bruto e Colatino (ambos parentes do
quinto rei de Roma, Tarquínio Prisco)