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AMÉRICA LATINA NA GUERRA FRIA
DOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL
Como é sabido, os EUA respaldaram os salvo raras exceções conjunturais, apoiaram quase que
permanentemente as ditaduras latino americanas (ajuda econômica, respaldo diplomático, sustentação
política e auxílio militar). No aspecto militar e doutrinário, a vinculação de militares latino-americanos
ocorreu de forma muito complexa. Esses militares, tornaram-se adeptos da chamada Doutrina de
Segurança Nacional (DSN). Essa doutrina enfatizava que o grande inimigo do continente americano era o
“comunismo internacional”, o que exigia o combate aos “inimigos internos”, através dos meios que
fossem necessários.
GOLPES MILITARES
A Revolução Cubana (1959), combinada a fatores como a crise do populismo e a radicalização de
movimentos nacionalistas e populares, levou os EUA e as elites nacionais a uma reação em cadeia.
Como desfecho, inaugurou-se um período de golpes militares na região, com destaque para o Brasil
(1964), Chile (1973), Uruguai (1973) e Argentina (1976).
BRASIL – No Brasil, Em 1 de abril de 1964, houve a consumação do golpe civil militar no Brasil. o
período militar brasileiro se instalou em 1964 e durou até o ano de 1985.
A ideia era de que quando o Marechal Humberto Castelo Branco assumisse o poder, logo o devolveria a
um representante civil, garantindo mesmo as eleições previstas para 1965. Castelo Branco pertencia ao
grupo moderado do movimento, chamado de "Grupo de Sorbonne". Logo, porém, os radicais
assumiriam o controle do movimento, forçando a permanência dos militares no poder, em plena crença
de que os entes responsáveis pelos males políticos do país ainda poderiam voltar a comandar o país.
Neste período, os chefes de Estado, ministros e indivíduos instalados nas principais posições do
aparelho estatal pertenciam à hierarquia militar, sendo que todos os presidentes do período eram
generais do exército. Era denominada "Revolução" em sua época, sendo que os principais mentores do
movimento viam o cenário político do início dos anos 60 como corrupto, viciado e alheio às verdadeiras
necessidades do país naquele momento. Assim, o seu gesto era interpretado como saneador da vida
social, econômica e política do país, livrando a nação da ameaça comunista e alinhando-a
internacionalmente com os interesses norte-americanos.
Ao aproximar-se a Primeira Crise do Petróleo, sobe ao poder justamente o presidente da Petrobrás,
General Ernesto Geisel, confrontado com o disparo da inflação e fim do milagre. Moderado, ele é
incumbido de preparar a volta à normalidade, fazendo a distensão "lenta, gradual e segura". Apesar de
casos infames como a morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho, Geisel parece
conseguir seu objetivo, entregando o poder ao último general da era militar, João Batista Figueiredo.
Apesar da crise econômica, que começava a atingir níveis insuportáveis, da concreta "quebra" do Brasil
no plano econômico, e da impunidade de vários personagens da época da repressão, Figueiredo irá,
depois de 21 anos de ditadura, transferir o poder a um civil, ainda indiretamente eleito: Tancredo
Neves, que morre antes de subir ao poder. Seu vice, José Sarney, proveniente dos quadros políticos da
ditadura, acabaria incumbido de guiar o país até as tão esperadas eleições diretas em mais de 25 anos,
previstas para 1989.
CHILE – Salvador Allende, democraticamente eleito pela Unidade Popular (UA) em 1970, adotou em
seu governo medidas contrárias aos interesses econômicos estrangeiros, como era o caso da
nacionalização das minas de cobre. Entre outras razões, o governo de Allende foi constantemente
desestabilizado pelos EUA e por setores da elite chilena. Em 11 de setembro de 1973, Allende foi
deposto e, em seu lugar, assumiu o general Augusto Pinochet. No campo econômico, o governo
Pinochet adotou medidas de caráter liberal, antecipando o que posteriormente viria a ser conhecido
como “cartilha neoliberal”. Assim como em outras ditaduras militares na América Latina, o governo
Pinochet foi responsável por perseguir, torturar e assassinar milhares de opositores ao governo. Em
1988, após a realização de um plebiscito, a população chilena optou pela volta da democracia no país.
URUGUAI – No Uruguai, um golpe de Estado ocorreu sob a justificativa de garantia da segurança
nacional, que estaria ameaçada pela ação dos Tupamaros, guerrilha urbana de esquerda. No caso
uruguaio, o presidente Juan Maria Bordaberry, com o apoio das Forças Armadas, efetivou um autogolpe
em 1973, inaugurando uma ditadura civil-militar. Com isso, houve a intensificação da repressão contra
os Tupamaros e demais grupos opositores. Em 1984, após negociações entre a ditadura uruguaia e os
partidos políticos tradicionais, os militares uruguaios se afastaram do poder, sendo convocadas eleições
diretas para o mesmo ano.
ARGENTINA – A ditadura militar argentina veio em um golpe de Estado contra Isabelita Perón, viúva
de Juan Domingo Perón e herdeira do populismo no país. O Peronismo foi um movimento político,
econômico e social, que surgui na Argentina em meados da década de 1940. Foi criado e teve como seu
principal representante o presidente argentino Juan Domingo Perón (daí a origem do nome do
movimento).
O Peronismo teve como base de sustentação política e ideológica o Partido Justicialista, também
conhecido como Partido Peronista. O movimento peronista comandou politicamente a Argentina em
grande parte da segunda metade do século XX, as principais caracteristicas são: Adoção de medidas
econômicas populares, principalmente no sentido do assistencialismo social aos mais
pobres.Aproximação e cooptação dos sindicatos de trabalhadores, Defesa de valores nacionalistas,
Aproximação das classes populares, Defesa da nacionalização de serviços públicos,Adoção de medidas
trabalhistas e reformas sociais
A partir de 1976, os militares argentinos, sob liderança de Jorge Videla, instituíram um regime que ficou
conhecido pela guerra suja – notadamente marcada pela perseguição, tortura e desaparecimento de
opositores. Os militares argentinos não conseguiram solucionar os problemas econômicos do país,
sobretudo a inflação. Após o fracasso na Guerra das Malvinas (1982), a ditadura argentina convocou
eleições para 1983, que deram a vitória para Raúl Alfonsín.
GUERRA DAS MALVÍNAS
Em 1982, ocorreu um conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina que entrou para a história como Guerra
das Malvinas. A disputa em questão era a posse do arquipélago das Malvinas , território chamado pelos
britânicos de ilhas Falkland, situado a 464 quilômetros da costa da Argentina. O conflito teve início em 2
de abril de 1982 e perdurou até 14 de julho do mesmo ano.
O arquipélago das Malvinas estava sob posse da Grã-Bretanha desde 1833. Em 1982, o ex-ditador
argentino Leopoldo Galtieri ordenou que o conflito fosse iniciado com o objetivo de tomar posse desse
território. O conflito foi justificado por Galtieri como uma forma de unificar as ilhas ao território da
Argentina. O ex-ditador acreditava que era essencial que o território do país fosse indivisível. O fato desse
arquipélago estar sob posse de uma nação estrangeira representava uma séria ameaça à soberania
argentina.
O governo da Argentina ordenou, em 2 de abril de 1982, o desembarque de uma força conjunta da
Marinha e do Exército na ilha de Port Stanley. Foi iniciada, então, a “Operação Rosário”, que objetivava a
expulsão dos militares e representações dos ingleses do local.
Com a retomada concluída sem muita resistência, a ilha foi rebatizada como Puerto. Nas ruas da Argentina
o sucesso da operação foi bastante celebrado. A frente da Casa Rosada, sede do governo argentino em
Buenos Aires, foi tomada por pessoas que apoiavam as ações militares do país. No mesmo dia 2 de abril
de 1982, a Coroa Britânica anunciou o fim das relações entre a Grã-Bretanha e a Argentina. Margareth
Thatcher , a premiê britânica na época, articulou um contra-ataque poderoso composto por 27 mil
soldados e 111 navios de guerra.
O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) foi notificado. Do ponto de vista
diplomático, a Argentina estava completamente isolada. Além disso, os argentinos tinham grande
desvantagem militar. Os britânicos tinham como principal apoio os Estados Unidos, tanto no
fornecimento de armamento quanto de informações por satélites.
Também contribuíram com apoio logístico e, em 8 de abril, abriram a passagem do Canal do Panamá para
que os 111 navios britânicos pudessem passar.
A Argentina nomeou o Brasil como o seu representante na Grã-Bretanha. Essa ação poderia ser entendida
como apoio moral. Desde 1833, o Brasil reconhecia a posse da ilha pela Argentina. No entanto, a Grã-
Bretanha era um parceiro comercial relevante. Uma situação bastante delicada, afinal, assumir um lado
significaria se comprometer com um dos importantes aliados.
Foram realizadas diversas negociações de paz na ONU. Para se ter uma ideia, até mesmo o papa João
Paulo II participou pedindo a paz quando visitou os dois países envolvidos. No entanto, não houve acordo.
A guerra terminou no dia 14 de junho de 1982, com o Reino Unido recuperando o território do
arquipélago. Não houve nenhum novo conflito após essa conclusão da Guerra das Malvinas.
Foram 75 dias de guerra , nos quais 649 soldados argentinos e 255 britânicos perderam suas vidas. Houve
ainda a perda de três civis. Outra importante consequência da Guerra das Malvinas foi a derrubada da
Junta Militar que governava o país após o insucesso na recuperação do arquipélago. A Argentina
restaurou, dessa forma, a democracia. Se na Argentina a perda da guerra derrubou o governo, a vitória
dos ingleses serviu de base para uma poderosa campanha eleitoral que levou Margaret Thatcher a vencer
as eleições de 1983.
Revolução Cubana
Cuba tornou-se independente em 1898, a partir do apoio dos EUA contra a Espanha, e desde então
tornou-se uma espécie de quintal dos EUA, onde inúmeros negócios norte-americanos se desenvolviam,
O processo de oposição contra o poder em Cuba se iniciou a partir do golpe político realizado por
Fulgêncio Batista, em 10 de março de 1952, que resultou na derrubada do então presidente Carlos Prío
Socarrás.
A partir do golpe, Fulgêncio Batista instituiu uma forte ditadura militar com forte repressão da imprensa
e de qualquer movimento político de oposição e com ela se iniciou a luta de Fidel Castro e seus
partidários. Podemos afirmar, portanto, que o movimento liderado por Fidel Castro é, ao mesmo tempo,
uma luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista e também uma luta nacionalista contra as intervenções
norte-americanas nos assuntos cubanos, tanto em questões políticas quanto em questões econômicas.
A luta contra Fulgêncio Batista começou a partir de 1953, quando foi organizado o ataque ao Quartel de
Moncada, na cidade de Santiago, no dia 26 de julho. O objetivo do ataque era realizar a tomada das armas,
porém o ataque foi um fracasso e Fidel Castro e seu irmão foram presos. Fidel Castro foi condenado a 15
anos de prisão, contudo, dois anos depois, em 1955, foi anistiado (perdoado) por Fulgêncio Batista em
razão da pressão pública que havia sobre Batista. Fidel e seu irmão se exilaram no México e de lá
organizaram novamente o movimento a fim de retornar à Cuba para derrubar Fulgêncio Batista.
No México, Fidel Castro organizou um grupo de 81 homens e entre eles estavam Raúl Castro, Ernesto
“Che” Guevara e Camilo Cienfuegos, que retornaram à ilha de Cuba em 1956 e em dezembro do mesmo
ano sofreram um ataque do exército cubano e foram derrotados. Após a derrota, os sobreviventes
fugiram e se esconderam na região de Sierra Maestra e, a partir de lá, reorganizaram e passaram a atuar
em táticas de guerrilhas, realizando pequenos ataques às tropas do exército cubano que, pouco a pouco,
foram desmoralizando o governo de Fulgêncio Batista e ganhando cada vez mais simpatizantes.
Derrotado, Fulgêncio Batista fugiu e se exilou na República Dominicana em 1º de janeiro de 1959, Fidel
Castro se intitulou primeiro-ministro e pouco a pouco foi concentrando o poder em si. Algumas medidas
iniciais do novo governo foram: realizou a reforma agrária, acabando com os grandes latifúndios
existentes na ilha, e nacionalizou empresas estrangeiras, afetando diretamente os interesses dos Estados
Unidos na ilha.
Em janeiro de 1961, os Estados Unidos rompem relações diplomáticas com Cuba e, em abril do mesmo
ano, um ataque contrarrevolucionário que contava com apoio da CIA foi realizado contra o governo de
Fidel na Invasão da Baía dos Porcos. As tropas de Fidel Castro conseguiram neutralizar o ataque, porém
Fidel Castro alinhou Cuba à União Soviética, declarando Cuba como uma nação socialista.
Invasão da Baía dos Porcos
Em 17 de abril de 1961, 1500 exilados cubanos desembarcaram na Baía dos Porcos, no sul de Cuba. O
embaixador norte-americano na ONU, Adlai Stevenson, repetia que as movimentações, detectadas meses
antes, eram ações de um grupo de “cubanos patriotas”.
De acordo com um relatório divulgado em Washington em 22 de fevereiro de 1998, pelo Arquivo
Nacional de Segurança dos EUA, a operação militar havia começado a ser planejada pela Agência Central
de Inteligência (CIA) em agosto de 1959, por ordem do presidente Dwight Eisenhower.
A ideia inicial era preparar exilados cubanos para se infiltrarem em Cuba e organizarem uma dissidência
anticastrista. Para tanto, a CIA lançou, em março de 1960, seu Programa de Ação Encoberta Contra o
Regime de Castro, com um orçamento previsto de 4,4 milhões de dólares. A CIA estava convencida de
que poderia derrubar Fidel Castro, da mesma forma como havia deposto o governo reformista de
Jacobo Arbenz, na Guatemala, em 1954. A agência de espionagem garantia que o povo cubano, farto de
entrar em filas, esperava um sinal de rebelião. O objetivo estratégico dos EUA, no entanto, era conter
um alastramento do comunismo na América Latina.
Para executar a invasão, exilados cubanos e herdeiros das empresas americanas nacionalizadas pelo
governo de Fidel Castro formaram o Exército Cubano de Libertação, com armamentos americanos e
bases de treinamento , O objetivo era usar exilados do novo regime, a maioria baseada em Miami, para
promover um ataque secreto, disfarçando o envolvimento americano. Foram gastos 13 milhões de
dólares para treinar cerca de 1.500 homens na base de Useppa Island, próxima à Flórida, e também na
Guatemala. Para simular uma rebelião interna do exército cubano, os aviões dos EUA envolvidos na
invasão foram camuflados com a estrela da força aérea de Cuba . Cerca de 1.400 homens invadiram os
pântanos da Praia Girón, conhecida como Baía dos Porcos, no dia 17 de abril de 1961.
O plano foi colocado em ação menos de 3 meses depois de John F. Kennedy ter assumido a presidência
dos Estados Unidos. O planejado apoio da Força Aérea Americana acabou vetado por Kennedy, que
achava que isso denunciaria o envolvimento dos EUA. Então, a operação foi lançada com pouco apoio
logístico. E foi um fracasso total.
Castro soube do ataque com antecedência e já esperava a invasão na ilha. Che havia passado a
informação a ele. Acredita-se que algum dos exilados treinados pelos EUA era um espião que passava
informações ao governo cubano. Quando as forças invasoras chegaram à Baía dos Porcos, as tropas de
Fidel, treinadas e equipadas pela União Soviética, derrotaram os exilados em três dias.
Má execução do plano levou a um fracasso ,em 1998, o governo americano admitiu que a operação Baía
dos Porcos estivesse condenada ao fracasso desde o começo. A principal causa do fracasso teria sido
sua má execução e não o fato de o presidente John Kennedy não ter autorizado o apoio da Força Aérea
dos EUA aos invasores, como afirmaram durante anos os exilados cubanos e os adversários políticos de
Kennedy.
Crise dos mísseis
A busca pela confecção de bombas atômicas mais potentes e por formas de lançá-las, como os mísseis
balísticos, foi uma das características definidoras da Guerra Fria. No início dos anos 1960, os dois líderes
mundiais que travavam essa “queda de braço” tecnológico-militar eram John Kennedy (EUA) e Nikita
Kruschev (URSS).
Em 1961, Fidel Castro declarou publicamente a sua adesão ao comunismo internacional e sua opção
pelo marxismo-leninismo, sendo que quatro anos depois fundou o Partido Comunista de Cuba.
A postura de Fidel Castro aproximou, definitivamente, Cuba da União Soviética. Sendo Cuba uma ilha
geograficamente estratégica, situada no Caribe, os soviéticos viram em seu território uma oportunidade
do estabelecimento de bases de mísseis nucleares que ficariam apontados para as cidades
estadunidenses, dada a relação da CIA com o evento da invasão da Baía dos porcos, Cuba optou por
ceder espaço em seu território para a instalação dos mísseis balísticos soviéticos, como forma de impor-
se geopoliticamente no continente americano.
No dia 14 de outubro de 1962 aviões-espiões dos EUA , que fotografavam periodicamente a ilha
detectaram instalação de mísseis no território cubano. Após a descoberta, o presidente John Kennedy
e seus comandantes optaram por estabelecer um bloqueio contra Cuba, em vez de atacá-la, e ao mesmo
tempo procurar negociar a tensão com Nikita Kruschev.
Oito dias depois, o presidente John Kennedy iria à televisão e revelaria ao mundo que a União Soviética
instalara armamentos nucleares na ilha situada a 150 quilômetros de Miami.
Esses armamentos eram a resposta do governo soviético às cinco bases instaladas na Turquia em abril,
pelos Estados Unidos, capazes de lançar mísseis sobre as cidades do sul da URSS e destruí-las. Além
disso, a potência capitalista havia reiniciado os testes atômicos no Pacífico, o que contrariava o governo
de Nikita Kruschev, e vinha intensificando as operações navais no mar do Caribe, com o intuito de
intimidar o governo cubano.
Contra as bases norte-americanas na Turquia, Cuba era o único país que oferecia a Moscou as condições
geopolíticas estratégicas para o revide. Para a URSS, perder Cuba significaria um sério golpe na
capacidade de negociação de Moscou, além de prejudicar a imagem internacional do regime. Para Cuba,
os armamentos soviéticos eram uma forma de prevenir novos ataques dos EUA, como a fracassada
tentativa de invasão à baía dos Porcos.
Em maio, a União Soviética apresentara a Cuba a proposta de instalação dos armamentos na ilha. No
final de agosto, Fidel Castro enviara Ernesto Che Guevara a Moscou para apresentar as condições
cubanas para o acordo.
O plano da União Soviética incluía ainda a construção de uma base de submarinos e sete porta-foguetes
com ogivas de 1 megaton. Guevara queria que o acordo se tornasse público, mas o Krêmlin recusou.
Quando a CIA descobriu o transporte desses armamentos, o governo dos EUA oscilou entre intervir
militarmente ou não. Uma ação drástica contra as instalações soviéticas provocaria ações similares
contra as numerosas bases norte-americanas, particularmente na Turquia e no sul da Itália.
Kennedy sempre fora contrário a uma intervenção direta, mas o Partido Republicano, na oposição, o
manteria pressionado, passando aos senadores e à imprensa informes sobre as instalações militares que
a URSS construía em Cuba.
A política interna norte-americana teria peso significativo na crise. O país estava em plena campanha
eleitoral, e o Partido Democrata, desmoralizado, desde a fracassada invasão da baía dos Porcos, no ano
anterior. O objetivo de Kennedy era superar a crise para, assim, obter maioria democrata no Congresso,
assegurar sua reeleição em 1964 e, se possível, transmitir o cargo ao irmão Robert Kennedy em 1968.
De olho nesse cenário, Kennedy ponderou que o objetivo imediato não era derrubar Castro, mas
remover os mísseis instalados em Cuba, o que só seria alcançado pela guerra ou pela diplomacia.
As negociações se estenderam pelos dez dias seguintes. A principal exigência para a retirada dos mísseis
de Cuba era a de que os EUA se comprometessem em não mais dar apoio a qualquer tentativa de
invasão do território cubano. Ocorre que, quando se imaginava que a tensão estava se dispersando, no
dia 27 de outubro, um sábado, um dos aviões-espiões U-2 foi abatido pela artilharia antiaérea cubana,
provocando a morte do piloto.
Esse foi o dia em que a Crise dos Mísseis chegou a seu auge, isto é, na iminência de uma “apocalipse
nuclear”, provocado por mísseis disparados pelas duas superpotências. No dia 28 de outubro, mais uma
condição foi imposta pela URSS ao EUA: além do compromisso de não atacar Cuba, os americanos
deveriam também retirar “material semelhante” (mísseis balísticos nucleares) da Turquia – país
geograficamente próximo ao Leste Europeu. O acordo foi selado e a URSS comprometeu-se a desativar e
retirar seus mísseis da ilha caribenha.
Os EUA, a União Soviética e o Reino Unido assinariam, no ano seguinte, um acordo que permitiria
apenas testes nucleares subterrâneos, proibindo explosões na atmosfera, em alto-mar e no espaço.
Em 1968, seria aprovado o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), pelo qual os países
detentores de artefatos nucleares se comprometeriam a limitá-los, e os não detentores ficariam
desestimulados de desenvolvê-los, faziam parte do acordo EUA, URSS, Reino Unido , França e China.
Outros países abacaram ao longo das décadas desenvolvendo programas nucleares próprios, como a
India, Paquistão, Israel e Coréia do Norte.
América Latina na Guerra Fria

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América Latina na Guerra Fria

  • 1. AMÉRICA LATINA NA GUERRA FRIA DOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL Como é sabido, os EUA respaldaram os salvo raras exceções conjunturais, apoiaram quase que permanentemente as ditaduras latino americanas (ajuda econômica, respaldo diplomático, sustentação política e auxílio militar). No aspecto militar e doutrinário, a vinculação de militares latino-americanos ocorreu de forma muito complexa. Esses militares, tornaram-se adeptos da chamada Doutrina de Segurança Nacional (DSN). Essa doutrina enfatizava que o grande inimigo do continente americano era o “comunismo internacional”, o que exigia o combate aos “inimigos internos”, através dos meios que fossem necessários. GOLPES MILITARES A Revolução Cubana (1959), combinada a fatores como a crise do populismo e a radicalização de movimentos nacionalistas e populares, levou os EUA e as elites nacionais a uma reação em cadeia. Como desfecho, inaugurou-se um período de golpes militares na região, com destaque para o Brasil (1964), Chile (1973), Uruguai (1973) e Argentina (1976). BRASIL – No Brasil, Em 1 de abril de 1964, houve a consumação do golpe civil militar no Brasil. o período militar brasileiro se instalou em 1964 e durou até o ano de 1985. A ideia era de que quando o Marechal Humberto Castelo Branco assumisse o poder, logo o devolveria a um representante civil, garantindo mesmo as eleições previstas para 1965. Castelo Branco pertencia ao grupo moderado do movimento, chamado de "Grupo de Sorbonne". Logo, porém, os radicais assumiriam o controle do movimento, forçando a permanência dos militares no poder, em plena crença de que os entes responsáveis pelos males políticos do país ainda poderiam voltar a comandar o país. Neste período, os chefes de Estado, ministros e indivíduos instalados nas principais posições do aparelho estatal pertenciam à hierarquia militar, sendo que todos os presidentes do período eram generais do exército. Era denominada "Revolução" em sua época, sendo que os principais mentores do movimento viam o cenário político do início dos anos 60 como corrupto, viciado e alheio às verdadeiras necessidades do país naquele momento. Assim, o seu gesto era interpretado como saneador da vida social, econômica e política do país, livrando a nação da ameaça comunista e alinhando-a internacionalmente com os interesses norte-americanos. Ao aproximar-se a Primeira Crise do Petróleo, sobe ao poder justamente o presidente da Petrobrás, General Ernesto Geisel, confrontado com o disparo da inflação e fim do milagre. Moderado, ele é incumbido de preparar a volta à normalidade, fazendo a distensão "lenta, gradual e segura". Apesar de casos infames como a morte do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manuel Fiel Filho, Geisel parece conseguir seu objetivo, entregando o poder ao último general da era militar, João Batista Figueiredo.
  • 2. Apesar da crise econômica, que começava a atingir níveis insuportáveis, da concreta "quebra" do Brasil no plano econômico, e da impunidade de vários personagens da época da repressão, Figueiredo irá, depois de 21 anos de ditadura, transferir o poder a um civil, ainda indiretamente eleito: Tancredo Neves, que morre antes de subir ao poder. Seu vice, José Sarney, proveniente dos quadros políticos da ditadura, acabaria incumbido de guiar o país até as tão esperadas eleições diretas em mais de 25 anos, previstas para 1989. CHILE – Salvador Allende, democraticamente eleito pela Unidade Popular (UA) em 1970, adotou em seu governo medidas contrárias aos interesses econômicos estrangeiros, como era o caso da nacionalização das minas de cobre. Entre outras razões, o governo de Allende foi constantemente desestabilizado pelos EUA e por setores da elite chilena. Em 11 de setembro de 1973, Allende foi deposto e, em seu lugar, assumiu o general Augusto Pinochet. No campo econômico, o governo Pinochet adotou medidas de caráter liberal, antecipando o que posteriormente viria a ser conhecido como “cartilha neoliberal”. Assim como em outras ditaduras militares na América Latina, o governo Pinochet foi responsável por perseguir, torturar e assassinar milhares de opositores ao governo. Em 1988, após a realização de um plebiscito, a população chilena optou pela volta da democracia no país. URUGUAI – No Uruguai, um golpe de Estado ocorreu sob a justificativa de garantia da segurança nacional, que estaria ameaçada pela ação dos Tupamaros, guerrilha urbana de esquerda. No caso uruguaio, o presidente Juan Maria Bordaberry, com o apoio das Forças Armadas, efetivou um autogolpe em 1973, inaugurando uma ditadura civil-militar. Com isso, houve a intensificação da repressão contra os Tupamaros e demais grupos opositores. Em 1984, após negociações entre a ditadura uruguaia e os partidos políticos tradicionais, os militares uruguaios se afastaram do poder, sendo convocadas eleições diretas para o mesmo ano. ARGENTINA – A ditadura militar argentina veio em um golpe de Estado contra Isabelita Perón, viúva de Juan Domingo Perón e herdeira do populismo no país. O Peronismo foi um movimento político, econômico e social, que surgui na Argentina em meados da década de 1940. Foi criado e teve como seu principal representante o presidente argentino Juan Domingo Perón (daí a origem do nome do movimento). O Peronismo teve como base de sustentação política e ideológica o Partido Justicialista, também conhecido como Partido Peronista. O movimento peronista comandou politicamente a Argentina em grande parte da segunda metade do século XX, as principais caracteristicas são: Adoção de medidas econômicas populares, principalmente no sentido do assistencialismo social aos mais pobres.Aproximação e cooptação dos sindicatos de trabalhadores, Defesa de valores nacionalistas, Aproximação das classes populares, Defesa da nacionalização de serviços públicos,Adoção de medidas trabalhistas e reformas sociais A partir de 1976, os militares argentinos, sob liderança de Jorge Videla, instituíram um regime que ficou conhecido pela guerra suja – notadamente marcada pela perseguição, tortura e desaparecimento de opositores. Os militares argentinos não conseguiram solucionar os problemas econômicos do país, sobretudo a inflação. Após o fracasso na Guerra das Malvinas (1982), a ditadura argentina convocou eleições para 1983, que deram a vitória para Raúl Alfonsín.
  • 3. GUERRA DAS MALVÍNAS Em 1982, ocorreu um conflito entre a Grã-Bretanha e a Argentina que entrou para a história como Guerra das Malvinas. A disputa em questão era a posse do arquipélago das Malvinas , território chamado pelos britânicos de ilhas Falkland, situado a 464 quilômetros da costa da Argentina. O conflito teve início em 2 de abril de 1982 e perdurou até 14 de julho do mesmo ano. O arquipélago das Malvinas estava sob posse da Grã-Bretanha desde 1833. Em 1982, o ex-ditador argentino Leopoldo Galtieri ordenou que o conflito fosse iniciado com o objetivo de tomar posse desse território. O conflito foi justificado por Galtieri como uma forma de unificar as ilhas ao território da Argentina. O ex-ditador acreditava que era essencial que o território do país fosse indivisível. O fato desse arquipélago estar sob posse de uma nação estrangeira representava uma séria ameaça à soberania argentina. O governo da Argentina ordenou, em 2 de abril de 1982, o desembarque de uma força conjunta da Marinha e do Exército na ilha de Port Stanley. Foi iniciada, então, a “Operação Rosário”, que objetivava a expulsão dos militares e representações dos ingleses do local. Com a retomada concluída sem muita resistência, a ilha foi rebatizada como Puerto. Nas ruas da Argentina o sucesso da operação foi bastante celebrado. A frente da Casa Rosada, sede do governo argentino em Buenos Aires, foi tomada por pessoas que apoiavam as ações militares do país. No mesmo dia 2 de abril de 1982, a Coroa Britânica anunciou o fim das relações entre a Grã-Bretanha e a Argentina. Margareth Thatcher , a premiê britânica na época, articulou um contra-ataque poderoso composto por 27 mil soldados e 111 navios de guerra.
  • 4. O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) foi notificado. Do ponto de vista diplomático, a Argentina estava completamente isolada. Além disso, os argentinos tinham grande desvantagem militar. Os britânicos tinham como principal apoio os Estados Unidos, tanto no fornecimento de armamento quanto de informações por satélites. Também contribuíram com apoio logístico e, em 8 de abril, abriram a passagem do Canal do Panamá para que os 111 navios britânicos pudessem passar. A Argentina nomeou o Brasil como o seu representante na Grã-Bretanha. Essa ação poderia ser entendida como apoio moral. Desde 1833, o Brasil reconhecia a posse da ilha pela Argentina. No entanto, a Grã- Bretanha era um parceiro comercial relevante. Uma situação bastante delicada, afinal, assumir um lado significaria se comprometer com um dos importantes aliados. Foram realizadas diversas negociações de paz na ONU. Para se ter uma ideia, até mesmo o papa João Paulo II participou pedindo a paz quando visitou os dois países envolvidos. No entanto, não houve acordo. A guerra terminou no dia 14 de junho de 1982, com o Reino Unido recuperando o território do arquipélago. Não houve nenhum novo conflito após essa conclusão da Guerra das Malvinas. Foram 75 dias de guerra , nos quais 649 soldados argentinos e 255 britânicos perderam suas vidas. Houve ainda a perda de três civis. Outra importante consequência da Guerra das Malvinas foi a derrubada da Junta Militar que governava o país após o insucesso na recuperação do arquipélago. A Argentina restaurou, dessa forma, a democracia. Se na Argentina a perda da guerra derrubou o governo, a vitória dos ingleses serviu de base para uma poderosa campanha eleitoral que levou Margaret Thatcher a vencer as eleições de 1983.
  • 5. Revolução Cubana Cuba tornou-se independente em 1898, a partir do apoio dos EUA contra a Espanha, e desde então tornou-se uma espécie de quintal dos EUA, onde inúmeros negócios norte-americanos se desenvolviam, O processo de oposição contra o poder em Cuba se iniciou a partir do golpe político realizado por Fulgêncio Batista, em 10 de março de 1952, que resultou na derrubada do então presidente Carlos Prío Socarrás. A partir do golpe, Fulgêncio Batista instituiu uma forte ditadura militar com forte repressão da imprensa e de qualquer movimento político de oposição e com ela se iniciou a luta de Fidel Castro e seus partidários. Podemos afirmar, portanto, que o movimento liderado por Fidel Castro é, ao mesmo tempo, uma luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista e também uma luta nacionalista contra as intervenções norte-americanas nos assuntos cubanos, tanto em questões políticas quanto em questões econômicas. A luta contra Fulgêncio Batista começou a partir de 1953, quando foi organizado o ataque ao Quartel de Moncada, na cidade de Santiago, no dia 26 de julho. O objetivo do ataque era realizar a tomada das armas, porém o ataque foi um fracasso e Fidel Castro e seu irmão foram presos. Fidel Castro foi condenado a 15 anos de prisão, contudo, dois anos depois, em 1955, foi anistiado (perdoado) por Fulgêncio Batista em razão da pressão pública que havia sobre Batista. Fidel e seu irmão se exilaram no México e de lá organizaram novamente o movimento a fim de retornar à Cuba para derrubar Fulgêncio Batista. No México, Fidel Castro organizou um grupo de 81 homens e entre eles estavam Raúl Castro, Ernesto “Che” Guevara e Camilo Cienfuegos, que retornaram à ilha de Cuba em 1956 e em dezembro do mesmo ano sofreram um ataque do exército cubano e foram derrotados. Após a derrota, os sobreviventes fugiram e se esconderam na região de Sierra Maestra e, a partir de lá, reorganizaram e passaram a atuar em táticas de guerrilhas, realizando pequenos ataques às tropas do exército cubano que, pouco a pouco, foram desmoralizando o governo de Fulgêncio Batista e ganhando cada vez mais simpatizantes. Derrotado, Fulgêncio Batista fugiu e se exilou na República Dominicana em 1º de janeiro de 1959, Fidel Castro se intitulou primeiro-ministro e pouco a pouco foi concentrando o poder em si. Algumas medidas iniciais do novo governo foram: realizou a reforma agrária, acabando com os grandes latifúndios existentes na ilha, e nacionalizou empresas estrangeiras, afetando diretamente os interesses dos Estados Unidos na ilha.
  • 6. Em janeiro de 1961, os Estados Unidos rompem relações diplomáticas com Cuba e, em abril do mesmo ano, um ataque contrarrevolucionário que contava com apoio da CIA foi realizado contra o governo de Fidel na Invasão da Baía dos Porcos. As tropas de Fidel Castro conseguiram neutralizar o ataque, porém Fidel Castro alinhou Cuba à União Soviética, declarando Cuba como uma nação socialista. Invasão da Baía dos Porcos Em 17 de abril de 1961, 1500 exilados cubanos desembarcaram na Baía dos Porcos, no sul de Cuba. O embaixador norte-americano na ONU, Adlai Stevenson, repetia que as movimentações, detectadas meses antes, eram ações de um grupo de “cubanos patriotas”. De acordo com um relatório divulgado em Washington em 22 de fevereiro de 1998, pelo Arquivo Nacional de Segurança dos EUA, a operação militar havia começado a ser planejada pela Agência Central de Inteligência (CIA) em agosto de 1959, por ordem do presidente Dwight Eisenhower. A ideia inicial era preparar exilados cubanos para se infiltrarem em Cuba e organizarem uma dissidência anticastrista. Para tanto, a CIA lançou, em março de 1960, seu Programa de Ação Encoberta Contra o Regime de Castro, com um orçamento previsto de 4,4 milhões de dólares. A CIA estava convencida de que poderia derrubar Fidel Castro, da mesma forma como havia deposto o governo reformista de Jacobo Arbenz, na Guatemala, em 1954. A agência de espionagem garantia que o povo cubano, farto de entrar em filas, esperava um sinal de rebelião. O objetivo estratégico dos EUA, no entanto, era conter um alastramento do comunismo na América Latina. Para executar a invasão, exilados cubanos e herdeiros das empresas americanas nacionalizadas pelo governo de Fidel Castro formaram o Exército Cubano de Libertação, com armamentos americanos e bases de treinamento , O objetivo era usar exilados do novo regime, a maioria baseada em Miami, para promover um ataque secreto, disfarçando o envolvimento americano. Foram gastos 13 milhões de dólares para treinar cerca de 1.500 homens na base de Useppa Island, próxima à Flórida, e também na Guatemala. Para simular uma rebelião interna do exército cubano, os aviões dos EUA envolvidos na invasão foram camuflados com a estrela da força aérea de Cuba . Cerca de 1.400 homens invadiram os pântanos da Praia Girón, conhecida como Baía dos Porcos, no dia 17 de abril de 1961. O plano foi colocado em ação menos de 3 meses depois de John F. Kennedy ter assumido a presidência dos Estados Unidos. O planejado apoio da Força Aérea Americana acabou vetado por Kennedy, que achava que isso denunciaria o envolvimento dos EUA. Então, a operação foi lançada com pouco apoio logístico. E foi um fracasso total. Castro soube do ataque com antecedência e já esperava a invasão na ilha. Che havia passado a informação a ele. Acredita-se que algum dos exilados treinados pelos EUA era um espião que passava informações ao governo cubano. Quando as forças invasoras chegaram à Baía dos Porcos, as tropas de Fidel, treinadas e equipadas pela União Soviética, derrotaram os exilados em três dias.
  • 7. Má execução do plano levou a um fracasso ,em 1998, o governo americano admitiu que a operação Baía dos Porcos estivesse condenada ao fracasso desde o começo. A principal causa do fracasso teria sido sua má execução e não o fato de o presidente John Kennedy não ter autorizado o apoio da Força Aérea dos EUA aos invasores, como afirmaram durante anos os exilados cubanos e os adversários políticos de Kennedy. Crise dos mísseis A busca pela confecção de bombas atômicas mais potentes e por formas de lançá-las, como os mísseis balísticos, foi uma das características definidoras da Guerra Fria. No início dos anos 1960, os dois líderes mundiais que travavam essa “queda de braço” tecnológico-militar eram John Kennedy (EUA) e Nikita Kruschev (URSS). Em 1961, Fidel Castro declarou publicamente a sua adesão ao comunismo internacional e sua opção pelo marxismo-leninismo, sendo que quatro anos depois fundou o Partido Comunista de Cuba. A postura de Fidel Castro aproximou, definitivamente, Cuba da União Soviética. Sendo Cuba uma ilha geograficamente estratégica, situada no Caribe, os soviéticos viram em seu território uma oportunidade do estabelecimento de bases de mísseis nucleares que ficariam apontados para as cidades estadunidenses, dada a relação da CIA com o evento da invasão da Baía dos porcos, Cuba optou por ceder espaço em seu território para a instalação dos mísseis balísticos soviéticos, como forma de impor- se geopoliticamente no continente americano. No dia 14 de outubro de 1962 aviões-espiões dos EUA , que fotografavam periodicamente a ilha detectaram instalação de mísseis no território cubano. Após a descoberta, o presidente John Kennedy e seus comandantes optaram por estabelecer um bloqueio contra Cuba, em vez de atacá-la, e ao mesmo tempo procurar negociar a tensão com Nikita Kruschev. Oito dias depois, o presidente John Kennedy iria à televisão e revelaria ao mundo que a União Soviética instalara armamentos nucleares na ilha situada a 150 quilômetros de Miami. Esses armamentos eram a resposta do governo soviético às cinco bases instaladas na Turquia em abril, pelos Estados Unidos, capazes de lançar mísseis sobre as cidades do sul da URSS e destruí-las. Além disso, a potência capitalista havia reiniciado os testes atômicos no Pacífico, o que contrariava o governo de Nikita Kruschev, e vinha intensificando as operações navais no mar do Caribe, com o intuito de intimidar o governo cubano. Contra as bases norte-americanas na Turquia, Cuba era o único país que oferecia a Moscou as condições geopolíticas estratégicas para o revide. Para a URSS, perder Cuba significaria um sério golpe na capacidade de negociação de Moscou, além de prejudicar a imagem internacional do regime. Para Cuba, os armamentos soviéticos eram uma forma de prevenir novos ataques dos EUA, como a fracassada tentativa de invasão à baía dos Porcos.
  • 8. Em maio, a União Soviética apresentara a Cuba a proposta de instalação dos armamentos na ilha. No final de agosto, Fidel Castro enviara Ernesto Che Guevara a Moscou para apresentar as condições cubanas para o acordo. O plano da União Soviética incluía ainda a construção de uma base de submarinos e sete porta-foguetes com ogivas de 1 megaton. Guevara queria que o acordo se tornasse público, mas o Krêmlin recusou. Quando a CIA descobriu o transporte desses armamentos, o governo dos EUA oscilou entre intervir militarmente ou não. Uma ação drástica contra as instalações soviéticas provocaria ações similares contra as numerosas bases norte-americanas, particularmente na Turquia e no sul da Itália. Kennedy sempre fora contrário a uma intervenção direta, mas o Partido Republicano, na oposição, o manteria pressionado, passando aos senadores e à imprensa informes sobre as instalações militares que a URSS construía em Cuba. A política interna norte-americana teria peso significativo na crise. O país estava em plena campanha eleitoral, e o Partido Democrata, desmoralizado, desde a fracassada invasão da baía dos Porcos, no ano anterior. O objetivo de Kennedy era superar a crise para, assim, obter maioria democrata no Congresso, assegurar sua reeleição em 1964 e, se possível, transmitir o cargo ao irmão Robert Kennedy em 1968. De olho nesse cenário, Kennedy ponderou que o objetivo imediato não era derrubar Castro, mas remover os mísseis instalados em Cuba, o que só seria alcançado pela guerra ou pela diplomacia. As negociações se estenderam pelos dez dias seguintes. A principal exigência para a retirada dos mísseis de Cuba era a de que os EUA se comprometessem em não mais dar apoio a qualquer tentativa de invasão do território cubano. Ocorre que, quando se imaginava que a tensão estava se dispersando, no dia 27 de outubro, um sábado, um dos aviões-espiões U-2 foi abatido pela artilharia antiaérea cubana, provocando a morte do piloto. Esse foi o dia em que a Crise dos Mísseis chegou a seu auge, isto é, na iminência de uma “apocalipse nuclear”, provocado por mísseis disparados pelas duas superpotências. No dia 28 de outubro, mais uma condição foi imposta pela URSS ao EUA: além do compromisso de não atacar Cuba, os americanos deveriam também retirar “material semelhante” (mísseis balísticos nucleares) da Turquia – país geograficamente próximo ao Leste Europeu. O acordo foi selado e a URSS comprometeu-se a desativar e retirar seus mísseis da ilha caribenha. Os EUA, a União Soviética e o Reino Unido assinariam, no ano seguinte, um acordo que permitiria apenas testes nucleares subterrâneos, proibindo explosões na atmosfera, em alto-mar e no espaço. Em 1968, seria aprovado o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), pelo qual os países detentores de artefatos nucleares se comprometeriam a limitá-los, e os não detentores ficariam desestimulados de desenvolvê-los, faziam parte do acordo EUA, URSS, Reino Unido , França e China. Outros países abacaram ao longo das décadas desenvolvendo programas nucleares próprios, como a India, Paquistão, Israel e Coréia do Norte.