2. SITUAÇÃO FILOSÓFICA
O soldado e o filósofo
Em uma manhã ensolarada da antiga atenas, a
população desenvolvia tranquilamente seus afazeres.
De repente, um homem cruza a praça correndo, e logo
se ouvem gritos desesperados:
– Pega ladrão! Pega ladrão!
Um soldado imediatamente se lança em disparada
atrás do sujeito.
Sócrates, por sua vez, pergunta: – o que é um ladrão?
3. 1. Onde e quando ocorre o episódio relatado?
2. Quais são seus personagens?
3. A historieta pode ser dividida em dois momentos.
Quais são eles?
4. Como reage o soldado? E Sócrates?
5. O que essa historieta pretende ilustrar?
6. Que objeções podemos fazer às atitudes de cada
um?
4. Por que as pessoas não perguntam?
A observação de que as pessoas frequentemente hesitam em expressar suas dúvidas e fazer perguntas é
intrigante. Vamos explorar algumas razões possíveis para esse comportamento:
1. Dificuldade de Expressão:
○ Muitas vezes, a dificuldade reside na busca pelas palavras certas para articular uma dúvida.
Encontrar a formulação adequada pode ser desafiador, especialmente quando se está em um
ambiente público.
○ A ansiedade de não conseguir expressar-se adequadamente pode inibir as pessoas de fazerem
perguntas.
2. Medo de Falar em Público:
○ O medo de falar em público é comum. A ideia de levantar a mão e expor uma dúvida diante de uma
plateia pode ser assustadora.
○ Esse receio muitas vezes impede que as pessoas expressem suas dúvidas, mesmo quando elas
existem.
5. 1. Percepção de Fragilidade ou Ignorância:
○ Algumas pessoas acreditam que fazer perguntas é sinal de fragilidade ou falta de
conhecimento. Nossa cultura valoriza a aparência de inteligência e informação.
○ O receio de serem consideradas tolas, ignorantes ou confusas leva muitos a evitar
fazer perguntas.
2. Sociedade de Monólogos:
○ Nas conversas cotidianas, frequentemente vemos uma sucessão de monólogos,
onde cada interlocutor está mais preocupado em exibir seus próprios
conhecimentos do que em ouvir e aprender.
○ Essa dinâmica dificulta o compartilhamento de dúvidas e a busca por conhecimento
mútuo.
6. ● A observação de que fazer perguntas pode revelar interesse por nossos semelhantes é muito
pertinente. Quando nos dispomos a escutar e dar a devida atenção ao que o outro questiona
ou propõe, abrimo-nos verdadeiramente para uma troca de percepções e reflexões. Essa
disposição para o aprendizado é fundamental.
● Ao dialogarmos com pessoas que observam o mundo de perspectivas diferentes das nossas,
podemos descobrir novas nuances. Elas podem ter percebido coisas que ainda não tínhamos
notado e identificado problemas que não havíamos considerado. Essa ampliação de
horizontes enriquece nossa visão das coisas e de nós mesmos, proporcionando mais
possibilidades de escolha na construção de uma vida mais justa, sábia, generosa e feliz.
● O diálogo, portanto, é uma ferramenta poderosa para a compreensão mútua e o crescimento
pessoal. Através dele, podemos transcender nossas próprias limitações e expandir nossa
compreensão do mundo.
7. Atitude filosófica
● Com certeza! A filosofia é uma jornada de exploração, e as perguntas são as bússolas
que nos guiam nesse caminho. Concordo plenamente com Karl Jaspers: cada
resposta é apenas o começo de uma nova pergunta. É como se estivéssemos
desbravando territórios desconhecidos, e a cada passo, novas paisagens se revelam.
● Desenvolver uma atitude indagadora e estar disposto a ouvir são habilidades valiosas
não apenas para filósofos, mas para todos nós. Quando nos abrimos para perguntas
e para a perspectiva dos outros, enriquecemos nossa compreensão do mundo e de
nós mesmos. O diálogo genuíno é um tesouro, pois é nele que encontramos
diferentes visões, desafios e oportunidades de crescimento.
● Portanto, que continuemos a questionar, a explorar e a aprender
8. O que é o pensamento filosófico ?
● O pensamento filosófico é uma maneira de pensar crítica e reflexiva que surge do exercício da filosofia.
Embora possa ser considerado como um método ou uma forma de pensar, também é o resultado do
próprio exercício filosófico.
● A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos ou um sistema fechado em si mesmo. Ela é uma
postura diante do mundo e uma forma de observar a realidade além de sua aparência imediata. O filósofo
busca pensar sobre diversos objetos: ciência, religião, arte, o próprio ser humano e até mesmo elementos
aparentemente triviais, como histórias em quadrinhos ou canções populares.
● A filosofia é indisciplinada, pois questiona práticas políticas, científicas, éticas, econômicas, culturais e
artísticas. Ela perturba e incomoda, pois pode virar a ordem estabelecida de cabeça para baixo. Desde sua
origem entre os gregos, no século 6 a.C., a filosofia abrangeu tanto a indagação filosófica quanto o
conhecimento científico. Filósofos como Euclides, Tales e Pitágoras também se dedicaram ao estudo da
geometria, e Aristóteles investigou problemas físicos e astronômicos.
● Enquanto a ciência se tornou mais específica e fragmentada, a filosofia continua a questionar, a abrir
portas para possibilidades e a entrever outros modos de compreender a vida. Portanto, o pensamento
filosófico nos convida a explorar, refletir e buscar respostas para as perguntas fundamentais da existência
9. Da pergunta a indagação
A diferença entre pergunta e indagação está relacionada ao contexto e à profundidade da busca por
conhecimento:
1. Pergunta:
○ Uma pergunta é uma questão direta que busca obter informações específicas.
○ Ela pode ser feita por curiosidade ou para obter uma resposta clara e objetiva.
○ Exemplo: “Qual é a capital do Brasil?”
2. Indagação:
○ A indagação vai além da simples busca por informações. Ela envolve investigação, reflexão e
análise.
○ Surge quando algo se torna incompreensível ou quando a compreensão existente não satisfaz.
○ Geralmente, são temas que não têm resposta única e que nos fazem retornar à busca por
conhecimento.
○ Exemplo: “Por que existe tanta maldade no mundo?” ou “O que é o mal?”
Portanto, enquanto a pergunta busca respostas imediatas, a indagação nos leva a explorar questões mais
profundas e fundamentais sobre a existência humana.
10. Suspensão do juízo
● A suspensão do juízo é uma condição importante para começar a duvidar de maneira filosófica. Ela
envolve interromper temporariamente o fluxo de ideias prontas que temos sobre determinado assunto.
Em outras palavras, é duvidar das nossas próprias crenças.
● Vamos considerar um exemplo: suponhamos que tenhamos o seguinte juízo: “Ele é mau”. Ao praticar a
suspensão do juízo, questionamos: “Ele é mau?”, “O que significa ser mau?” ou “Como ele se comporta?”.
Essa suspensão nos permite escapar dos limites impostos pelos nossos preconceitos e abrir espaço para
outras percepções e reflexões.
● A disposição para escutar é fundamental nesse processo. Ao ouvirmos diferentes perspectivas, reunimos
mais antecedentes e conhecimentos sobre o assunto que estamos investigando. Somente após cumprir
esses passos é que podemos formular um juízo mais estruturado e fundamentado, expressando nossa
opinião de maneira clara e justificada.
● A dúvida filosófica não é ociosa nem meramente destrutiva. Ela busca construir uma explicação sólida e
confiável, ampliando nosso conhecimento sobre os temas que nos preocupam
11. Regra da razão
● A construção de explicações sólidas e bem fundamentadas requer um método sistemático e organizado.
Cada tradição filosófica pode adotar diferentes métodos de investigação, mas há um princípio
fundamental que todos devem seguir: tudo o que afirmamos ou negamos deve ser demonstrado.
● Essa demonstração envolve explicar nossas opiniões por meio de argumentações sólidas. Quando
filosofamos, é essencial seguir a regra da razão: fornecer justificativas racionais para nossas crenças.
Essas razões devem ser coerentes e não contraditórias. Se alguma razão for duvidosa, nossa explicação
perde sua solidez.
● Portanto, ao filosofar, lembremo-nos sempre de buscar fundamentos sólidos para nossas ideias e de
articular nossos argumentos de maneira clara e racional.