ALBUQUERQUE, Georgina de (1885-1962). Nascida em Taubaté (SP), chamava-se em
solteira Georgina de Moura Andrade, adotando o sobrenome Albuquerque ao casar, em 1906,
com o grande pintor Lucílio de Albuquerque.
Em menina, teve algumas aulas de pintura com Rosalbino Santoro, artista italiano que na
ocasião percorria o interior de São Paulo, como inúmeros outros paisagistas da época. Mais
tarde, visitando em São Paulo uma exposição de Antônio Parreiras, resolveu embarcar para o
Rio de Janeiro, a fim de se matricular na Escola Nacional de Belas Artes e estudar seriamente.
Em 1904 era aluna de Henrique Bernardelli na Escola; ainda no primeiro ano conheceu Lucílio
de Albuquerque, que concluía um brilhante curso, coroado em 1906 com a viagem à Europa:
- Casamo-nos. Partimos pobremente, apenas com a bagagem de dois estudantes, para a
Europa, onde vivi cinco anos. Em Paris, meus principais mestres foram Gervaix, na École des
Beaux-Arts, e Royer, no Curso Julian. Depois, trabalhei por conta própria.
Expondo desde 1905 no Salão, nele receberia menção de 1° grau (1909), pequena (1912) e
grande medalha de prata (1916) e medalha de ouro (1919); também participou de exposições
coletivas em Nova Iorque (1924), Los Angeles (1925), Buenos Aires (1927, primeiro prêmio de
pintura) e Rosário (1929), e do Salão Paulista de Belas Artes (medalha de prata em 1941,
prêmio Prefeitura de São Paulo em 1942, prêmio Governador do Estado em 1949).
Desde 1927 desenvolveu intensa atividade didática, na Escola Nacional de Belas Artes (livre-
docente, catedrática-interina e afinal catedrática de Desenho), na Universidade do Distrito
Federal e no Museu Lucílio de Albuquerque, que funcionava em sua própria casa, e no qual
instituiu um curso de desenho e pintura para crianças, talvez o primeiro no Brasil. Entre 1952 e
1954, quando se aposentou, foi diretora da Escola Nacional de Belas Artes.
Georgina de Albuquerque praticou todos os gêneros, da pintura histórica à natureza-morta, do
nu à marinha e do retrato às cenas de gênero, Foi, porém, em figuras ao ar livre, entre
folhagens, batidas pelo sol, que encontrou seu tema predileto. Ela mesma dizia-se em 1927
impressionista, explicando, meio singelamente, a Angione Costa o que entendia por
Impressionismo:
- É uma feição moderna, alguma coisa de novo em pintura. Foge inteiramente aos moldes
preestabelecidos. É tudo quanto há de mais movimentado, mais ensolado, menos calculado e
medido. Eu pinto a natureza, pelas sugestões que ela me causa, pelos arroubamentos que me
provoca, e como tal não posso ficar, hierática e solene, ante os imperativos que ela em mim
produz. Depois amo a figura humana. Vou pela praia, encantada pela paisagem; deparo-me
com uma criança, enterneço e me desinteresso pelo ambiente em redor. A minha sensibilidade
é presa da graça, do movimento, da vibração infantil. O irnpressionismo, como eu o pinto, é
novo aqui e não deixou de encontrar resistências, logo que comecei a fazê-lo.
Na verdade, Georgina começara a fazer o seu impressionismo por volta de 1907, quando a
pintura brasileira achava-se ainda por demais enredada em fórmulas de um gasto
academicismo; até morrer iria conservar-se uma impressionista à sua moda, praticando uma
pintura de intensas vibrações cromáticas, toda luz e espontaneidade, traduzida num desenho
fácil e em técnica segura; pintura jovial, sadia, de um frescor peculiar, correspondendo
maravilhosamente à personalidade generosa da artista, falecida aos 77 anos, ainda em
atividade, no Rio de Janeiro.
Busto, óleo s/ tela, 1907;
0,61 X 0,50, Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Sessão do Conselho de Estado, óleo s/ tela, 1922;
1,92 X 2,60, Museu Histórico Nacional, RJ.
Dia de Verão, óleo s/ tela, cerca de 1926;
1,30 X 0,89, Museu Nacional de Belas Artes, RJ.