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interior/onírica) a matéria principal da sua prosa.
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Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego
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Cesário Verde,
precursor de
Bernardo Soares
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● Centralidade dos
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imaginário urbano.
Vou num carro elétrico, e estou reparando
lentamente, conforme é meu costume, em todos os
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mim. Para mim os pormenores são coisas, vozes,
frases. Neste vestido da rapariga que vai em minha
frente decomponho o vestido em o estofo
de que se compõe, o trabalho com que o fizeram –
pois que o vejo vestido e não estofo – e o bordado
leve que orla a parte que contorna o
pescoço separa-se-me em retrós de seda, com que
se o bordou, e o trabalho que houve de o bordar. E
imediatamente, como num livro primário de
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Bernardo Soares faz da deambulação, física e
interior (isto é, onírica) a matéria principal da
sua prosa, assumindo-se como um observador
acidental da realidade exterior. A essência da
existência de Soares é marcada pela
centralidade dos atos de sonhar e de olhar.
Para além disso, foca a vida citadina,
evidenciando a modernidade do imaginário
urbano e enternecendo-se com o quotidiano.
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Bernardo Soares, o ponto de partida para a
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Bernardo Soares e a transfiguração poética da realidade

  • 1. Encontros – 12.o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães Fernando Pessoa Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos
  • 2. Séc. XVII BARROCO Séc. XIX ROMANTISMO Fernando Pessoa | Poesia do ortónimo Friso cronológico IDADE MÉDIA Séc. XV-XVI RENASCIMENTO REALISMO Séc. XX MODERNISMO Fernando Pessoa 1888-1935 Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68
  • 3. Fernando Pessoa | Bernardo Soares, Livro do Desassossego Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68
  • 4. Cânticos do Realismo (O Livro de Cesário Verde) Cesário Verde Representação minuciosa e realista da cidade, segundo a perceção sensorial e a reflexão/análise do sujeito poético. Deambulação do sujeito poético ↓ Observação acidental ❶ Captação de exteriores e interiores e de pequenos episódios do quotidiano. ❷ Observação atenta e análise crítica do real. Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68 Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares
  • 5. ● Representação minuciosa e realista da cidade após “dias de aguaceiros” e do trabalho dos calceteiros. ● Perceção sensorial. Faz frio. Mas, depois duns dias de aguaceiros, Vibra uma imensa claridade crua. De cócoras, em linha, os calceteiros, Com lentidão, terrosos e grosseiros, Calçam de lado a lado a longa rua. Como as elevações secaram do relento, E o descoberto sol abafa e cria! A frialdade exige o movimento; E as poças de água, como em chão vidrento, Refletem a molhada casaria. VERDE, Cesário (2015). O Livro de Cesário Verde (uma seleção). Porto: Porto Editora [p. 34] Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68 Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares
  • 6. Cânticos do Realismo (O Livro de Cesário Verde) Cesário Verde Nos Cânticos do Realismo, o sujeito poético deambula pelas ruas de Lisboa, não se limitando a pintar quadros da vida portuguesa citadina, mas usando essa descrição como forma de protesto contra a degradação humana, dando visibilidade às classes sociais trabalhadoras. Desta forma, em poemas como “Num bairro moderno”, “Cristalizações” ou “O sentimento dum Ocidental”, o olhar do sujeito poético maravilha-se com as vitrinas e o brilho das luzes, mas também penetra no interior das casas mais abjetas, descrevendo quadros ocasionais ora de elogio à própria modernidade, ora de censura à miséria humana. Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68 Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares
  • 7. Livro do Desassossego Bernardo Soares Enfoque sobre a vida citadina, evidenciando a modernidade do imaginário urbano (já antecipada por Cesário Verde). Deambulação e sonho ↓ Observação acidental ❶ Bernardo Soares faz da deambulação (física e interior/onírica) a matéria principal da sua prosa. ❷ A essência da existência de Soares é marcada pela centralidade dos atos de sonhar (“meus olhos virados para dentro”) e de olhar (“ver”, “reparar”, “pressentir”). Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68 Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares
  • 8. ● Deambulação, física e interior. ● Centralidade dos atos de sonhar e de olhar. ● Modernidade do imaginário urbano. Vou num carro elétrico, e estou reparando lentamente, conforme é meu costume, em todos os pormenores das pessoas que vão adiante de mim. Para mim os pormenores são coisas, vozes, frases. Neste vestido da rapariga que vai em minha frente decomponho o vestido em o estofo de que se compõe, o trabalho com que o fizeram – pois que o vejo vestido e não estofo – e o bordado leve que orla a parte que contorna o pescoço separa-se-me em retrós de seda, com que se o bordou, e o trabalho que houve de o bordar. E imediatamente, como num livro primário de economia política, desdobram-se diante de mim as fábricas e os trabalhos – a fábrica onde se fez o tecido; a fábrica onde se fez o retrós, de um tom mais escuro, com que se orla de coisinhas retorcidas o seu lugar junto ao pescoço […]. SOARES, Bernardo (2013). Livro do Desassossego. Lisboa: Assírio & Alvim [p. 65]. Transfiguração poética do real Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68 Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares
  • 9. Cesário Verde, precursor de Bernardo Soares Livro do Desassossego Bernardo Soares Bernardo Soares faz da deambulação, física e interior (isto é, onírica) a matéria principal da sua prosa, assumindo-se como um observador acidental da realidade exterior. A essência da existência de Soares é marcada pela centralidade dos atos de sonhar e de olhar. Para além disso, foca a vida citadina, evidenciando a modernidade do imaginário urbano e enternecendo-se com o quotidiano. A observação da realidade exterior e a focalização do pormenor são, na prosa de Bernardo Soares, o ponto de partida para a transfiguração poética do real e para uma introspeção intensa, que culmina numa vida interior vivida de forma ímpar. Fernando Pessoa – Bernardo Soares, Livro do Desassossego Retoma de conteúdos ● Manual, p. 68