2. Toda a ação constrói-se com uma grande história
acompanhada de outras histórias secundárias e intercalares
que a vão colorindo e mantendo o interesse do leitor.
Ação principal: A viagem do cavaleiro.
Dinamarca –
noite de natal
Palestina -
Jerusalém
Dinamarca –
noite de natal
3. Ações secundárias: as ações
secundárias são todas aquelas que giram
à volta da ação principal – a viagem do
Cavaleiro.
4. A
viagem
A beleza de Ravena
enchia-o de espanto.
Não se cansava de
admirar as belas
igrejas, as altas
naves, …
O Mercador alojou o
Cavaleiro no seu
palácio e em sua honra
multiplicou as festas e
os divertimentos.
Procurou a casa do
banqueiro Averardo,
De dia percorria as ruas
e as praças e visitava os
conventos, os
palácios, as bibliotecas
e as igrejas.
Tremendo de febre, foi
bater à porta dum
convento.
O Cavaleiro dirigiu-se
para Antuérpia e aí
procurou o negociante
flamengo,
Etc.
5. Introdução:
―A Dinamarca fica no Norte da Europa. Ali os Invernos são longos e rigorosos com noites muito compridas e dias
curtos, pálidos e gelados… Mas as coisas tantas vezes repetidas, e as histórias tantas vezes ouvidas pareciam cada
ano mais belas e mais misteriosas.‖
Desenvolvimento:
―Até que certo Natal aconteceu naquela casa uma coisa que ninguém esperava. Pois terminada a ceia o
Cavaleiro voltou-se para a sua família, para os seus amigos e para os seus criados, e disse: ―…. até
… ― — Que maravilhosa fogueira — pensou o Cavaleiro —. Nunca vi fogueira tão bela.‖
Desenlace ou conclusão:
―Mas quando chegou em frente da claridade viu que não era uma fogueira. Pois era ali a clareira de bétulas onde
ficava a sua casa. E ao lado da casa, o grande abeto escuro, a maior árvore da floresta, estava coberta de luzes.
Porque os anjos do Natal a tinham enfeitado com dezenas de pequeninas estrelas para guiar o Cavaleiro.‖
6. É uma narrativa fechada: conhecemos a
conclusão.
―Mas quando chegou em frente da claridade viu que
não era uma fogueira. Pois era ali a clareira de bétulas
onde ficava a sua casa. E ao lado da casa, o grande
abeto escuro, a maior árvore da floresta, estava
coberta de luzes.
Porque os anjos do Natal a tinham enfeitado com
dezenas de pequeninas estrelas para guiar o
Cavaleiro.‖
7. Encadeamento: as sequências sucedem-se segundo a
ordem cronológica dos acontecimentos.
Ex.:
“Visitou um por um os lugares santos. Rezou no Monte do Calvário e no Jardim das
Oliveiras, lavou a sua cara nas águas do Jordão e viu, no luminoso Inverno da Galileia,
as águas azuis do lago de Tiberíade. Procurou nas ruas de Jerusalém, no testemunho
mudo das pedras, o rasto de sangue e sofrimento que ali deixou o Filho do Homem
perseguido, humilhado e condenado. E caminhou nos montes da Judeia, que um dia
ouviram anunciar o mandamento novo do amor.”
9. Encaixe: uma acção é introduzida no meio
de outra.
Nota: pode ser uma ou várias ações. Essa
ação ou essas ações são chamadas de
ações intercalares.
12. Figurantes: os criados, os amigos, os
lenhadores, os moradores da
Povoação, os outros peregrinos, os
amigos do Banqueiro, os frades e os
capitães dos navios de Antuérpia.
13. O Cavaleiro, tal como o nome indica, representa uma época e uma
classe social. Não sabemos o seu nome nem a sua aparência. Só são
traçadas as linhas gerais da sua personalidade, a dos cavaleiros que
cruzavam e viviam na Europa naquele tempo.
Tem fortes laços familiares, é um seguidor da fé, mas um ignorante
quanto à cultura nova italiana e dos movimentos da Europa, a nível
comercial e expedições. Vive no mundo restrito da sua floresta, da sua
casa.
14. É uma personagem plana.
E é também uma personagem-tipo, porque
representa um determinado grupo social –
os cavaleiros.
15. Em relação ao Cavaleiro, temos uma caracterização indireta.
O leitor, a partir da sua leitura, deduz como é que é o Cavaleiro fisicamente e psicologicamente.
Ex.:
―Vou em peregrinação à Terra Santa…‖
―Rezou pelo fim das misérias e das guerras, rezou pela paz e pela alegria do mundo.‖
―A beleza de Ravena enchia-o de espanto.‖
―…o Cavaleiro mal podia acreditar naquilo que os seus olhos viam.‖
―- …Tenho de partir. Prometi à minha mulher, aos meus filhos, aos meus parentes e criados que
estaria com eles no próximo Natal.‖
―Caminhava ao acaso, levado por pura esperança, pois nada via e nada ouvia.‖
A partir destas frases, podemos deduzir que
o Cavaleiro é um grande
crente, bondoso, sensível, cumpridor, corajos
o, forte, curioso, leal, determinado, persistent
e, etc.
16. ―Um velho de grandes barbas…‖ – um dos lenhadores.
―…penetrou na sala um homem alto e forte, de aspecto rude, pele
queimada pelo sol e andar baloiçado.
— Este é um dos capitães dos meus navios — disse o negociante —.
Voltou há dois dias duma viagem.‖ – o capitão.
―…um homem de belo aspecto e longos cabelos anelados que se chamava
Filippo…‖
Estes são alguns exemplos de caracterização direta.
17. O tempo cronológico:
O Cavaleiro vai gastar 2 anos na sua peregrinação à Terra Santa.
Marcas da passagem do tempo –
dia, mês, ano, estações, noites/dias, etc.
Ex.:
―certo Natal‖; ―Na Primavera‖; ―muito antes do Natal‖; ―Quando
chegou o dia de Natal, ao fim da tarde,‖; ―quando na torre das
Igrejas bateram as doze badaladas da meia-noite‖; ―dois meses‖;
―Depois, em fins de Fevereiro,‖; ―meados de Março‖; ―Mas passados
cinco dias‖; ―Durante o dia‖; ―À noite‖; ―Certa noite, terminada a ceia,‖;
―ao cabo desse mês‖; ―E daí a três dias,‖; ―Mas já no fim do caminho,‖;
―ao cabo de cinco semanas de descanso‖; ―Era o dia 24 de Dezembro‖;
―Antes da meia-noite,‖; ―Mas quando chegou em frente da claridade‖…
18. O tempo histórico: é o tempo dos cavaleiros, das
expedições marítimas e de Pêro Dias . Por volta
do séc. XV/XVI
Ex.:
―Chegou o tempo das navegações, começou uma
era nova e os homens capazes de empreendimento
podem agora ganhar fortunas fabulosas. Associa-te
comigo. Viajarás nos meus navios. E talvez mesmo
um dia possas navegar para o Sul, para as novas
terras, nas caravelas dos portugueses.‖
19. Tempo psicológico:
―Então desceu sobre ele uma grande paz e uma grande confiança e, chorando de
alegria, beijou as pedras da gruta.
Rezou muito, nessa noite, o Cavaleiro. Rezou pelo fim das misérias e das guerras, rezou pela
paz e pela alegria do mundo. Pediu a Deus que o fizesse um homem de boa vontade, um
homem de vontade clara e direita, capaz de amar os outros. E pediu também aos Anjos que o
protegessem e
guiassem na viagem de regresso, para que, daí a um ano, ele pudesse celebrar o Natal na
sua casa com os seus.‖
―E devagar anoiteceu mais.
As horas uma por uma foram passando e longamente o Cavaleiro avançou perdido na
escuridão.‖
―O Cavaleiro ouvia-os moverem-se em leves passos sobre a neve, sentia a sua respiração
ardente e ansiosa, adivinhava o branco cruel dos seus dentes agudos.‖
―Caminhava ao acaso, levado por pura esperança, pois nada via e nada ouvia.‖
20. Classificação quanto à sua presença:
No Cavaleiro da Dinamarca, o narrador é não
participante. A narração é feita na 3ª pessoa.
―Naquele tempo as viagens eram longas, perigosas e difíceis, e ir da Dinamarca à
Palestina era uma grande aventura. Quem partia poucas notícias podia mandar
e, muitas vezes, não voltava. Por isso a mulher do Cavaleiro ficou aflita e inquieta com a
notícia. Mas não tentou convencer o marido a ficar, pois ninguém deve impedir um
peregrino de partir.
Na Primavera o Cavaleiro deixou a sua floresta e dirigiu-se para a cidade mais
próxima, que era um porto de mar. Nesse porto embarcou, e, levado por bom vento
que soprava do Norte para o Sul, chegou muito antes do Natal às costas da Palestina.
Dali seguiu com outros peregrinos para Jerusalém.‖
21. Os narradores mudam de acordo com a
história que é narrada.
A viagem é narrada
na 3ªp.
A história de Vanina é
narrada pelo Mercador
de Veneza.
A história de Giotto e de
Cimabué é narrada pelo
Filippo.
A história de Pêro Dias
é narrada pelo Capitão
A história de Dante
e de Beatriz é
narrada pelo
Filippo.
22. •Descrição:
―A Dinamarca fica no Norte da Europa.‖ – Presente do Indicativo .
―Nessa floresta morava com a sua família um cavaleiro.‖ – Pretérito
Imperfeito do Indicativo.
Na descrição, também aprecem os adjetivos e os recursos expressivos.
•Narração:
―Mas um dia chegou a Veneza um homem que não temia Orso.‖ -
Pretérito Perfeito do Indicativo.
23. • Diálogo:
―Vanina sacudiu os cabelos e disse-lhe:
- Hoje não me posso pentear porque não tenho pente.
- Tens este que eu te trago e que mesmo feito de oiro brilha menos do
que o teu cabelo.‖
• Monólogo:
―- Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.‖
24. Adjetivação:
―… quando Vanina chegou aos dezoito anos não quis casar com Arrigo porque o
achava velho, feio e maçador. ―
Enumeração:
― (…) uma grande floresta de pinheiros, tílias, abetos e carvalhos‖.
Personificação:
―Então a neve desaparecia e o degelo soltava as águas do rio que corria ali perto e
cuja corrente recomeçava a cantar noite e dia entre ervas, musgos e pedras.‖
25. Comparação:
―a floresta era como um labirinto sem fim onde os caminhos andavam à roda e
se cruzavam e desapareciam‖
Metáfora:
―… de novo a floresta ficava imóvel e muda presa em seus vestidos de neve e
gelo.‖
Hipérbole:
Os seus cabelos ―…eram tão perfumados que de longe se sentia na brisa o
seu aroma.‖