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METODOLOGIA E PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO
                                 NAS SÉRIES INICIAIS


                                                                              Ivani Fassbinder
                                                                            Paulina Fassbinder
                                                                      Roberta Cerqueira Leite
                                                             Claucimera Cumerlatto Lovison



RESUMO


Este estudo revela como deve acontecer o processo de alfabetização nas séries iniciais do
Ensino Fundamental e também durante toda a vida do ser humano. Por meio de questionário
respondido por professores das séries iniciais e coordenadores pedagógicos, entendemos que
as dificuldades na leitura e interpretação de textos acontecem principalmente porque ainda
persiste a falta de educação com qualidade que explore a linguagem oral e escrita desde a
Educação Infantil. Além disso, falta incentivo por parte dos pais e professores à leitura
diversificada, falta de interesse de autoridades, de pais e até de professores em disponibilizar
materiais e adequar condições para a pesquisa e construção de novos conhecimentos e as
condições sócio-econômicas e psicológicas presentes na realidade de muitas crianças fazem
gerar problemas físicos, emocionais, familiares e sociais. A metodologia da alfabetização
precisa estar adequada à realidade na qual o aluno convive e relacionada aos conhecimentos
que ele traz da vida familiar e social, pois uma criança aprende por meio das relações que
estabelece com seu ambiente. As atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes
para adquirirmos mais conhecimentos. Portanto, analisando a literatura de pesquisadores
conhecidos por suas experiências com a alfabetização de crianças e também com a formação
de professores, compreendemos melhor o processo de alfabetizar. Eles verificaram na prática
como a criança age na sociedade quando ela é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela
já conhece, e como isso se reflete na vida familiar e social na qual ela convive.


Palavras-chave: Alfabetização. Processo Educacional. Metodologia. Conhecimento. Prática
Pedagógica. Séries Iniciais.
1. INTRODUÇÃO


       O processo de alfabetização tem sido um grande desafio a ser enfrentado pelo
professor-alfabetizador e pela sociedade que almeja uma educação de qualidade em nossas
escolas. Uma grande quantidade de nossos alunos tem demonstrado muita deficiência na
leitura, interpretação e redação de textos.
       Apesar da importância dos movimentos de renovação da educação, as avaliações
nacionais e regionais noticiadas para todos nós evidenciam um quadro não muito diferente do
que já existia nas décadas passadas. Se antes a grande preocupação era a evasão escolar, hoje
são as imensas dificuldades de leitura e o baixo índice de competências nas séries iniciais e
até mesmo no ensino fundamental e médio.
       As crianças necessitam do professor-alfabetizador experiente e competente, que venha
contribuir para a prática de um ensino interativo, contextualizado e muito bem planejado.
Assim, de posse dos conhecimentos e conteúdos necessários, ele incentiva a compreensão e
produção de novos conhecimentos, contribuindo na formação de seres humanos capazes de
gerar a construção dos saberes, a partir de suas reflexões e ações e da realidade que os cerca.
       Diante dos problemas que se enfrenta no processo educacional, especialmente na
alfabetização das séries iniciais, depara-se com a urgência de soluções que contribuam na
construção do saber. Competir e estar aberto a todas as possibilidades que fazem parte do
aprendizado para a vida é um direito de todos e dever dos educadores na escola e na
sociedade, pois uma criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente.
Assim acontece no processo de alfabetização e aquisição de novos conhecimentos.
       É tarefa primordial do professor como mediador do conhecimento refletir sobre a
metodologia ideal que leva as crianças a compreenderem o funcionamento da língua e saber
utilizá-la cada vez melhor. Para quem pretende assumir os riscos dessa permanente revisão
sobre o processo de alfabetização, é fundamental que não deixe de ser sensível, e também
criativo e crítico, pois há muitos aspectos específicos a considerar e não se deve supor que
todas as informações necessárias à prática docente já estejam catalogadas e analisadas. É
essencial que se continue a pesquisar e experimentar novos caminhos.
       O interesse despertado pelo tema da alfabetização vem produzindo um aumento
significativo de pesquisas, seminários, livros, artigos e teses. Isso mostra que é preciso
renunciar à idéia de que já sabemos tudo e podemos fazer tudo, ou não sabemos nada e nada
podemos fazer. De acordo com as valiosas experiências de educadores que fizeram diferença
em nossa sociedade, entende-se que se faz necessário aceitar a frustração e deve-se perder o
medo do fracasso e do desconhecido.
       Conhecendo de perto os métodos de alfabetização e suas respectivas características,
comparando e avaliando o desempenho dos alunos alfabetizados com métodos diferentes, e
também analisando a maneira que se processa a alfabetização nas séries iniciais, pode-se
definir com mais clareza porque acontece a defasagem na leitura, na escrita e na interpretação
textual que estão presentes em muitos alunos.


2. ALFABETIZAÇÃO EM PROCESSO

       Muito se tem falado a respeito do fracasso da alfabetização em grande parte das nossas
escolas. Verificando o resultado das avaliações nacionais podemos comprovar os sérios
problemas de aprendizagem existentes em grande parte das escolas de nosso país. Segundo
alguns pesquisadores, muitas publicações importantes sobre esse assunto não conseguiram
uma entrada mais efetiva nas ações escolares, mas tiveram algumas de suas versões tomadas
como referências fundamentais na elaboração de programas nacionais e regionais, como o
Programa Nacional do Livro Didático e os Parâmetros Curriculares Nacionais.
       Necessitamos compreender o que está acontecendo com o processo de alfabetização
de nossos alunos das séries iniciais. Sabe-se que eles necessitam de mediadores do
conhecimento que venham contribuir para a prática de um ensino interativo, contextualizado e
muito bem planejado. Por isso, precisamos conhecer os métodos de alfabetização e suas
respectivas características, comparar e avaliar o desempenho dos alunos alfabetizados com
métodos diferentes e analisar a maneira que se processa a alfabetização no processo ensino-
aprendizagem.
       Para Emilia Ferreiro (2001), “os saberes que o aluno traz para a escola e como eles
devem ser trabalhados pelos professores, fazem parte da linguagem no processo de
alfabetização”. Diante disso, podemos observar que os processos de aquisição da leitura e da
língua escrita no contexto escolar devem considerar o desenvolvimento das crianças, pois este
começa muito antes da escolarização.

                       É útil se perguntar através de que tipo de práticas a criança é introduzida na língua
                       escrita, e como se apresenta este objeto no contexto escolar. Há práticas que levam a
                       criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só
                       se pode obter da boca dos outros, sem nunca ser participante na construção do
                       conhecimento.

                                                                       (EMÍLIA FERREIRO, 2001, p. 30).
Nos dias de hoje, em que a sociedade do mundo inteiro está cada vez mais centrada na
escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever tem se revelado condição insuficiente para
responder adequadamente às demandas da sociedade contemporânea. É preciso ir além da
simples aquisição do código escrito e fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano
apropriando-se da função social dessas duas práticas. Enfim, é preciso letrar-se, isto é, buscar
por meio de pesquisas e cursos de formação, as ações pedagógicas de reorganização do ensino
e reformulação dos modos de ensinar e fazê-las acontecer na prática em sala de aula.
       Segundo a professora Magda Becker Soares (Jornal do Brasil novembro/2000), “letrar
é mais que alfabetizar”. Portanto, competir e estar aberto a todas as possibilidades que fazem
parte do aprendizado para a vida são quesitos essenciais na formação escolar, pois uma
criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente. Assim acontece no
processo de alfabetização e aquisição de novos conhecimentos.

                        A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita,
                        não só no papel, mas também através dos meios eletrônicos. Se uma criança sabe
                        ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista ou um jornal e se sabe escrever
                        palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, ela é alfabetizada, mas não
                        é letrada.

                                                           (MAGDA SOARES, Jornal do Brasil nov/2000).



       Desde os tempos do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o problema que
enfrentávamos em relação à cultura escrita era o analfabetismo. Esse problema foi
relativamente superado nas últimas décadas, ou seja, foi vencido de forma pelo menos
razoável. É necessário, portanto, não desmerecer a importância de ensinar a ler e a escrever,
reconhecendo que isso não basta. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização
e letramento sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar
letrando. Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente
do letramento.
       Analisando as experiências de Eglê Pontes Franchi, professora e pesquisadora, autora
recomendada pelo Professor Paulo Freire, conhecida por sua experiência com a alfabetização
de crianças e também com a formação de professores, compreendemos melhor o processo de
alfabetizar. Como muitos educadores, ela verificou na prática, como age na sociedade a
criança que é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela já conhece e como isso se reflete
na vida familiar e social na qual ela convive.
Os alfabetizandos, enquanto operam sobre a descoberta das letras, das sílabas e das
                         palavras iniciais de seu vocabulário escrito, já dominam amplamente a linguagem
                         rica e variada de que se servem na conversação e no diálogo. Por isso é que a
                         alfabetização deve ancorar-se na linguagem que as crianças dominam e nascer com
                         fortes marcas da oralidade. “Trata-se de considerar a prática oral das crianças como
                         o contexto em que as primeiras palavras e as primeiras frases escritas ganham
                         naturalidade”.

                                                                  (EGLÊ PONTES FRANCHI, 2001, p. 144)




3. MÉTODOS E TÉCNICAS DE ALFABETIZAÇÃO

          Nas últimas décadas assistiu-se a um abandono na discussão sobre a eficácia de
processos e métodos de alfabetização, que passaram a ser identificados como propostas
tradicionais, e passou-se a discutir e analisar uma abordagem construtivista de grande impacto
conceitual nessa área. Assim, valorizar o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos e
a análise de seus erros como indicadores construtivos do processo de aprendizagem, como
também inserir a criança em práticas sociais que envolvem a escrita e a leitura, é a realização
efetiva de práticas docentes que defendem uma educação de qualidade e que preparam o ser
humano para a vida.
          Para Sanz (2003, p. 38) “método é a palavra grega para perseguição e prosseguimento,
com o sentido de esforço para alcançar um fim, investigação. O que nos permite compreendê-
lo como caminho para atingir um resultado”. Ele ainda diz que (2003, p. 39) “o método,
como estratégia, e a técnica, como tática, formam um par nobre”.
          Desta forma, é essencial que se conheça um pouco mais sobre os métodos utilizados
pelos alfabetizadores, como também as pesquisas e experiências de quem já têm uma larga
trajetória nessa área, a fim de analisar com cuidado o que se deve buscar para alfabetizar
nossas crianças.
          O Método Fônico enfatiza as relações símbolo-som, sendo que na linha sintética o
aluno conhece os sons representados pelas letras e combina esses sons para pronunciar
palavras e, na linha analítica o aluno antes aprende uma série de palavras e depois parte para a
associação entre o som e as partes das palavras. O Método da Linguagem Total defende que
os sistemas linguísticos estão interligados e que a relação entre imagens e sons deve ser
evitada. Neste, são apresentados textos inteiros, porque acredita-se que se aprende lendo. O
professor lê textos para os alunos que o acompanham, assim se familiarizando com a
linguagem escrita, para posteriormente aprender palavras, em seguida as sílabas e depois as
letras.
O Método Alfabético faz com que os alunos primeiro identifiquem as letras pelos
nomes, depois soletrem as sílabas e, em seguida, as palavras antes de lerem sentenças curtas e,
finalmente, histórias. Quando os alunos encontram palavras desconhecidas, as soletram até
decodificá-las.
       O Analítico parte de uma visão global para depois deter-se nos detalhes, e o Sintético
começa a ensinar por partes ou elementos das palavras, tais como letras, sons ou sílabas, para
depois combiná-los em palavras. A ênfase é a correspondência som-símbolo.
       A orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais enfatiza que é necessário se fazer
um diagnóstico prévio do aluno antes de optar por qualquer método. Algumas crianças entram
na primeira série sabendo ler. O professor lê textos em voz alta e é acompanhado pela classe.
Os alunos são estimulados a copiar textos com base em uma situação social pré-existente. A
leitura em voz alta por parte dos estudantes é substituída por encenações de situações que
foram lidas ou desenhos que ilustram os trechos lidos. As crianças aprendem a escrever em
letra de forma e a consciência fônica é uma consequência.
       Com base nas pesquisas e experiências de Emília Ferreiro, podemos discutir e analisar
que a prática alfabetizadora tem se centrado na polêmica sobre os métodos utilizados. Porém,
nenhuma dessas discussões levou em conta o conhecimento que as crianças já apresentam
antes mesmo do início da escolarização.

                         Se aceitarmos que a criança não é uma tábua rasa onde se inscrevem as letras e as
                         palavras segundo determinado método; se aceitarmos que o “fácil” e o “difícil” não
                         podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas da de quem aprende; se
                         aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada, e portanto transformada,
                         para ser operante, então deveríamos também aceitar que os métodos (como
                         conseqüência de passos ordenados para chegar a um fim) não oferecem mais do que
                         sugestões, incitações, quando não práticas rituais ou conjunto de proibições. O
                         método não pode criar conhecimento.

                                                                   (EMILIA FERREIRO, 2001, p. 29 e 30)



       Tendo em conta a complexidade da realidade brasileira, pode-se observar que já
aconteceram muitas coisas para viabilizar melhorias em todos os setores do processo ensino-
aprendizagem, principalmente nas escolas públicas, que necessitam de maior atenção na
alfabetização das séries iniciais.
       Muitas mudanças em relação à escolarização vêm ocorrendo e mais crianças em idade
escolar estão nas salas de aula. Esse é o primeiro passo. Em seguida vem o desafio da
qualidade da aprendizagem. As mudanças têm se revelado muito lentas, pois convivemos
principalmente com sistemas educativos municipais e estaduais que tornam ainda mais difícil
a ocorrência de evoluções e transformações no processo educacional.
       Dentre as várias mudanças que ocorreram estão o incentivo à formação continuada dos
profissionais da educação e a implantação do Ensino Fundamental de nove anos. Este,
aprovado em fevereiro de 2006, com base na Lei 11.274/2006, que incentiva nove anos de
escolaridade obrigatória, com a inclusão das crianças de seis anos.

                        Ressalte-se que o ingresso da criança de seis anos no ensino fundamental não pode
                        constituir uma medida meramente administrativa. É preciso atenção ao processo de
                        desenvolvimento e aprendizagem das crianças, o que implica conhecimento e
                        respeito às suas características etárias, sociais, psicológicas e cognitivas.

                                                                   (HADDAD; FERNANDES, 2006, p. 4)


       Não foi de um momento para outro que essas transformações ocorreram, e nem foi
pela vontade de um único legislador ou de um determinado governo que as mudanças se
processaram. Todo esse processo vem acontecendo com base em muita pesquisa e dedicação
de profissionais que convivem nessa sociedade tão carente de educação.
       Tanto as crianças das camadas favorecidas quanto as das camadas populares convivem
diariamente com práticas de leitura e escrita, ou seja, vivem em ambientes de letramento. A
diferença é que as crianças das classes mais favorecidas têm um convívio frequente e mais
intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita. Diante dessa realidade é
necessário propiciar igualmente, a todas elas, o acesso ao letramento num processo que
prossiga por toda a vida.
       A formação continuada do professor vai muito além dos saberes teóricos em sala de
aula. O conhecimento das questões históricas, sociais e culturais que envolvem a prática
educacional, o desenvolvimento dos alunos nos aspectos afetivo, cognitivo e social, bem
como a reflexão crítica sobre o seu papel diante dos alunos e da sociedade, são elementos
indispensáveis no processo de alfabetização.

4. A LINGUAGEM ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

       Por tudo o que foi analisado e refletido até aqui deve ter ficado claro que o trabalho do
professor-alfabetizador no primeiro ano de escolaridade obrigatória não deve significar a
antecipação da aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças, e muito menos a
aceleração desse processo. Mesmo sabendo que elas estão construindo a linguagem da escrita
entre as suas múltiplas linguagens, essa não é a única maneira de a criança partilhar
significados e se inserir na cultura e deve ser ensinada no contexto das demais linguagens.

                       Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do termo, as crianças
                       tentam interpretar os diversos textos que encontram ao seu redor (livros, embalagens
                       comerciais, cartazes de rua), títulos (anúncios de televisão, estórias em quadrinhos,
                       etc.).

                                                                        (EMÍLIA FERREIRO, 1992, p. 69)


       Letramento seria é o estado ou a condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas
cultiva as práticas sociais que usam a escrita. Seria, portanto, o uso competente da tecnologia
da escrita nas situações de leitura e produção de textos reais, com sentido e significado para
quem lê e escreve.
       As crianças descobrem sobre a língua escrita antes de aprender a ler. Essa afirmativa
se baseia em estudos nos quais estabelece comparação entre a aquisição da linguagem oral e
da linguagem escrita. Assim como as crianças adquirem a linguagem oral quando envolvidas
em contextos comunicativos em que essa linguagem é significativa para elas, da mesma forma
o uso constante e significativo da linguagem escrita possibilita e enriquece o seu processo de
alfabetização.

5. A LINGUAGEM ORAL NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

       A linguagem oral que abrange a fala, a escuta e a compreensão acompanha todas as
interações estabelecidas pelas crianças em suas práticas sociais. É assim que meninos e
meninas se apropriam da cultura escolar, desde o ingresso na instituição. É também por meio
da fala que as crianças adentram na escola, levando consigo as marcas de sua classe social, de
sua origem e identidade cultural, constituída por conhecimentos, crenças e valores. Trazem,
portanto, a variedade lingüística do grupo social a que pertencem.
       Nesse sentido, é importante lembrar que a população brasileira fala de diferentes
formas, em função dos espaços geográficos que ocupa, da classe social, da idade e do gênero
a que pertence. Analisadas do ponto de vista lingüístico, todas essas variedades são legítimas
e corretas, já que não temos uma gramática normativa da linguagem oral como a que existe
para a linguagem escrita.
                       A escola, incorporando esse comportamento preconceituoso da sociedade em geral,
                       também rotula seus alunos pelos modos diferentes de falar. (...) Em outras palavras,
                       um se torna o aluno “certinho” porque é falante do dialeto de prestígio, o outro é um
                       aluno carente (“burro”) porque é falante de um dialeto estigmatizado pela sociedade.

                                                                                 (CAGLIARI, 1993, p. 82).
Para que a escola possa efetivamente contribuir para a continuidade do processo de
aprendizagem das crianças e, ao mesmo tempo, considerar alguns paradigmas da educação
brasileira, como a inclusão e o reconhecimento à diversidade, é necessário livrar-se de
preconceitos relativos à fala das camadas populares e acolher as crianças com toda a bagagem
cultural que trazem para a escola.


6. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS


       Os questionamentos elaborados para essa análise e interpretação de dados buscam
respostas para definir porque temos presente tantas dificuldades em leitura e interpretação de
textos, numa grande quantidade das crianças de nosso país. Foram coletadas opiniões de
professores das séries iniciais de três escolas municipais e de uma escola da rede estadual de
ensino. Além destes, os coordenadores pedagógicos destas instituições e da Secretaria
Municipal de Educação e Cultura também responderam o questionário e participaram do
debate com todos os envolvidos nesse estudo.
       Quando se perguntou sobre o alto nível de dificuldades na leitura e interpretação
presente nas crianças de grande parte das escolas de nosso país, os questionados foram
unânimes em responder que concordavam com a existência desses problemas. De acordo com
as opiniões levantadas, essa defasagem acontece principalmente porque ainda persiste a falta
de educação com qualidade que trabalhe a realidade do aluno e que explore a linguagem oral
na Educação Infantil, e ainda, porque falta incentivo por parte dos pais e professores à leitura
diversificada e contagem de histórias, existem más condições sócio-econômicas e até
psicológicas numa grande parte de crianças brasileiras que geram problemas físicos e de má
convivência familiar e social, e também porque ainda há falta de interesse de autoridades, de
pais e até de professores em disponibilizar materiais e adequar condições para a pesquisa e
construção de novos conhecimentos.
       Percebe-se que as mudanças realmente são lentas e que deverão ocorrer avanços na
educação brasileira. Não basta saber quais os caminhos apontados. É preciso que as famílias
sejam bem planejadas e dêem aos filhos o exemplo e incentivo à cultura desde cedo e que os
professores nunca parem de ler e se formar, deixando para trás a educação tradicional e
ultrapassada.
       Quando se perguntou se a metodologia de alfabetização pode influenciar na
deficiência de aprendizagem e na defasagem de ensino que os alunos e muitas das escolas
brasileiras ainda apresentam, ficou comprovada a convicção de grandes pesquisadores nessa
área quando defendem a valorização dos educandos em todo o processo educacional. Segundo
os entrevistados esse problema existe porque o método utilizado ainda se distancia da
realidade dos alunos, a escola e a família falham quando não assumem uma educação crítica,
criativa e competente que os prepare para a vida, como também, porque há falta de interesse
de professores que não planejam adequadamente suas aulas e vivem desmotivados, pois não
procuram a formação continuada que é necessária numa época em que a tecnologia avança
cada vez mais. Além disso, as más condições sócio-econômicas, a desumanização e a falta de
uma alimentação equilibrada, baixam o nível de aprendizagem das nossas crianças, provocam
evasão escolar e uso de práticas marginais.
       Para Paulo Freire (1996, p. 50) “como professor crítico, sou um aventureiro
responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente”. Dessa forma, pode-se observar
que somos capazes de intervir no mundo, decidir e escolher, realizar grandes ações, sempre
com exemplos de dignidade e ética. As mudanças poderão ser lentas e as situações podem até
piorar, mas é essencial que estejamos sempre atentos e dispostos a melhorá-las.
       Outra questão analisada refere-se à forma como o professor-alfabetizador aplica o
método de alfabetização em sala de aula. A entrevista revelou que essa é a causa principal da
deficiência de aprendizagem comprovada nos exames nacionais. Porém, todos comentaram
que as pesquisas realizadas nessa área, bem como as experiências e novas técnicas de ensino e
aprendizagem que os especialistas vêm realizando nas ultimas décadas, já estão ocorrendo
nessas escolas onde atuam. Assim, teremos muito trabalho pela frente, até efetivarmos as
melhorias que a nossa educação merece.
       No último questionamento pediu-se a opinião sobre quais outros fatores podem causar
as dificuldades apresentadas nesse estudo. Em relação a essa questão afirmaram que a falta de
planejamento familiar, os desvalores morais e sociais, a falta de bons exemplos de pais e
professores como leitores e incentivadores da leitura, pouco acompanhamento da família na
escola, a desvalorização do professor por ele mesmo e pela sociedade, são pontos negativos
que contribuem para que tenhamos médias baixas nas avaliações nacionais realizadas pelo
Ministério da Educação.

                       Os educadores críticos não podem pensar que, a partir do curso que coordenam ou
                       do seminário que lideram, podem transformar o país. Mas podem demonstrar que é
                       possível mudar. E isto reforça nele ou nela a importância de sua tarefa político-
                       pedagógica.

                                                                        (PAULO FREIRE, 1996, P. 112)
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS


       Apesar da importância dos movimentos de renovação da educação, ainda persistem as
imensas dificuldades de leitura e o baixo índice de competências nas séries iniciais do ensino
fundamental.
       Compreendendo melhor o que está acontecendo na alfabetização de nossos alunos das
séries iniciais, identificamos vários fatores que influenciam o surgimento desses problemas.
Percebe-se que a situação é real, porque há escolas que não oferecem formação contínua para
os seus professores, mas que também há docentes que não planejam adequadamente o
processo de alfabetização. Suas metodologias utilizadas na prática pedagógica e a forma como
são conduzidas na sala de aula, não condizem com o contexto social onde os alunos estão
inseridos.
       As condições sócio-econômicas e psicológicas de nossos alunos e muitas decisões
adotadas na educação, também contribuíram para que houvesse índices tão altos de
dificuldades na aprendizagem e defasagem no ensino.
       Diante dos problemas que enfrentamos no processo educacional, especialmente na
alfabetização das séries iniciais, necessitamos de soluções que ajudem na construção do
conhecimento com educação de qualidade que prepara o ser humano para a vida, pois as
atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes nesse processo.
       Para os educadores que pretendem assumir os riscos dessa revisão sobre o processo de
alfabetização, é fundamental que não deixem de ser criativos e críticos, porque há muitos
pontos a considerar. Também não se deve pensar que todas as informações, pesquisas e
experiências necessárias à prática docente já estejam analisadas.
       É essencial que o tema da alfabetização esteja sempre presente nas reflexões sobre a
prática pedagógica, nos questionamentos, nas pesquisas, nos seminários, livros e artigos, para
que a educação não seja só privilégio de poucos, mas tenha valor na vida de todas as pessoas
de nossa sociedade.



8. REFERÊNCIAS


BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ensino
Fundamental de Nove Anos. Orientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de
Idade. Brasília, 2006.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1993.

CAVALCANTE, Meire. Alfabetização – Todos podem aprender. Revista Nova Escola, São
Paulo, edição 190, mar/2006. Disponível em:

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001.

______. Alfabetização em Processo. 8ª ed. – São Paulo: Cortez, 1992.

FRANCHI, Eglê Pontes. Pedagogia da Alfabetização: da oralidade à escrita. São Paulo:
Cortez, 2001.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 20 out. 2007

LUIZE, Andréa. Texto com sentido. Revista Vila XXI, São Paulo, Edição Especial do
Informativo do Centro de Estudos da Escola da Vila, janeiro 2000. Disponível em:
http://www.vila.org.br/revista_vila_21/alfabetizacao. Acesso em: 15 out. 2007.

PELLEGRINI, Denise. O ato de ler evolui. Revista Nova Escola, São Paulo, edição 143,
junho/2001. Disponível em: http://novaescola.abril.com.br. Acesso em: 12 set. 2007.

SANZ, Luiz Alberto. Procedimentos Metodológicos: fazendo caminhos. Rio de Janeiro:
Ed. Senac Nacional, 2003.

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Metodologia da alfabetização nas séries iniciais

  • 1. METODOLOGIA E PROCESSO DA ALFABETIZAÇÃO NAS SÉRIES INICIAIS Ivani Fassbinder Paulina Fassbinder Roberta Cerqueira Leite Claucimera Cumerlatto Lovison RESUMO Este estudo revela como deve acontecer o processo de alfabetização nas séries iniciais do Ensino Fundamental e também durante toda a vida do ser humano. Por meio de questionário respondido por professores das séries iniciais e coordenadores pedagógicos, entendemos que as dificuldades na leitura e interpretação de textos acontecem principalmente porque ainda persiste a falta de educação com qualidade que explore a linguagem oral e escrita desde a Educação Infantil. Além disso, falta incentivo por parte dos pais e professores à leitura diversificada, falta de interesse de autoridades, de pais e até de professores em disponibilizar materiais e adequar condições para a pesquisa e construção de novos conhecimentos e as condições sócio-econômicas e psicológicas presentes na realidade de muitas crianças fazem gerar problemas físicos, emocionais, familiares e sociais. A metodologia da alfabetização precisa estar adequada à realidade na qual o aluno convive e relacionada aos conhecimentos que ele traz da vida familiar e social, pois uma criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente. As atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes para adquirirmos mais conhecimentos. Portanto, analisando a literatura de pesquisadores conhecidos por suas experiências com a alfabetização de crianças e também com a formação de professores, compreendemos melhor o processo de alfabetizar. Eles verificaram na prática como a criança age na sociedade quando ela é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela já conhece, e como isso se reflete na vida familiar e social na qual ela convive. Palavras-chave: Alfabetização. Processo Educacional. Metodologia. Conhecimento. Prática Pedagógica. Séries Iniciais.
  • 2. 1. INTRODUÇÃO O processo de alfabetização tem sido um grande desafio a ser enfrentado pelo professor-alfabetizador e pela sociedade que almeja uma educação de qualidade em nossas escolas. Uma grande quantidade de nossos alunos tem demonstrado muita deficiência na leitura, interpretação e redação de textos. Apesar da importância dos movimentos de renovação da educação, as avaliações nacionais e regionais noticiadas para todos nós evidenciam um quadro não muito diferente do que já existia nas décadas passadas. Se antes a grande preocupação era a evasão escolar, hoje são as imensas dificuldades de leitura e o baixo índice de competências nas séries iniciais e até mesmo no ensino fundamental e médio. As crianças necessitam do professor-alfabetizador experiente e competente, que venha contribuir para a prática de um ensino interativo, contextualizado e muito bem planejado. Assim, de posse dos conhecimentos e conteúdos necessários, ele incentiva a compreensão e produção de novos conhecimentos, contribuindo na formação de seres humanos capazes de gerar a construção dos saberes, a partir de suas reflexões e ações e da realidade que os cerca. Diante dos problemas que se enfrenta no processo educacional, especialmente na alfabetização das séries iniciais, depara-se com a urgência de soluções que contribuam na construção do saber. Competir e estar aberto a todas as possibilidades que fazem parte do aprendizado para a vida é um direito de todos e dever dos educadores na escola e na sociedade, pois uma criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente. Assim acontece no processo de alfabetização e aquisição de novos conhecimentos. É tarefa primordial do professor como mediador do conhecimento refletir sobre a metodologia ideal que leva as crianças a compreenderem o funcionamento da língua e saber utilizá-la cada vez melhor. Para quem pretende assumir os riscos dessa permanente revisão sobre o processo de alfabetização, é fundamental que não deixe de ser sensível, e também criativo e crítico, pois há muitos aspectos específicos a considerar e não se deve supor que todas as informações necessárias à prática docente já estejam catalogadas e analisadas. É essencial que se continue a pesquisar e experimentar novos caminhos. O interesse despertado pelo tema da alfabetização vem produzindo um aumento significativo de pesquisas, seminários, livros, artigos e teses. Isso mostra que é preciso renunciar à idéia de que já sabemos tudo e podemos fazer tudo, ou não sabemos nada e nada podemos fazer. De acordo com as valiosas experiências de educadores que fizeram diferença
  • 3. em nossa sociedade, entende-se que se faz necessário aceitar a frustração e deve-se perder o medo do fracasso e do desconhecido. Conhecendo de perto os métodos de alfabetização e suas respectivas características, comparando e avaliando o desempenho dos alunos alfabetizados com métodos diferentes, e também analisando a maneira que se processa a alfabetização nas séries iniciais, pode-se definir com mais clareza porque acontece a defasagem na leitura, na escrita e na interpretação textual que estão presentes em muitos alunos. 2. ALFABETIZAÇÃO EM PROCESSO Muito se tem falado a respeito do fracasso da alfabetização em grande parte das nossas escolas. Verificando o resultado das avaliações nacionais podemos comprovar os sérios problemas de aprendizagem existentes em grande parte das escolas de nosso país. Segundo alguns pesquisadores, muitas publicações importantes sobre esse assunto não conseguiram uma entrada mais efetiva nas ações escolares, mas tiveram algumas de suas versões tomadas como referências fundamentais na elaboração de programas nacionais e regionais, como o Programa Nacional do Livro Didático e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Necessitamos compreender o que está acontecendo com o processo de alfabetização de nossos alunos das séries iniciais. Sabe-se que eles necessitam de mediadores do conhecimento que venham contribuir para a prática de um ensino interativo, contextualizado e muito bem planejado. Por isso, precisamos conhecer os métodos de alfabetização e suas respectivas características, comparar e avaliar o desempenho dos alunos alfabetizados com métodos diferentes e analisar a maneira que se processa a alfabetização no processo ensino- aprendizagem. Para Emilia Ferreiro (2001), “os saberes que o aluno traz para a escola e como eles devem ser trabalhados pelos professores, fazem parte da linguagem no processo de alfabetização”. Diante disso, podemos observar que os processos de aquisição da leitura e da língua escrita no contexto escolar devem considerar o desenvolvimento das crianças, pois este começa muito antes da escolarização. É útil se perguntar através de que tipo de práticas a criança é introduzida na língua escrita, e como se apresenta este objeto no contexto escolar. Há práticas que levam a criança à convicção de que o conhecimento é algo que os outros possuem e que só se pode obter da boca dos outros, sem nunca ser participante na construção do conhecimento. (EMÍLIA FERREIRO, 2001, p. 30).
  • 4. Nos dias de hoje, em que a sociedade do mundo inteiro está cada vez mais centrada na escrita, ser alfabetizado, isto é, saber ler e escrever tem se revelado condição insuficiente para responder adequadamente às demandas da sociedade contemporânea. É preciso ir além da simples aquisição do código escrito e fazer uso da leitura e da escrita no cotidiano apropriando-se da função social dessas duas práticas. Enfim, é preciso letrar-se, isto é, buscar por meio de pesquisas e cursos de formação, as ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar e fazê-las acontecer na prática em sala de aula. Segundo a professora Magda Becker Soares (Jornal do Brasil novembro/2000), “letrar é mais que alfabetizar”. Portanto, competir e estar aberto a todas as possibilidades que fazem parte do aprendizado para a vida são quesitos essenciais na formação escolar, pois uma criança aprende por meio das relações que estabelece com seu ambiente. Assim acontece no processo de alfabetização e aquisição de novos conhecimentos. A cada momento, multiplicam-se as demandas por práticas de leitura e de escrita, não só no papel, mas também através dos meios eletrônicos. Se uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista ou um jornal e se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, ela é alfabetizada, mas não é letrada. (MAGDA SOARES, Jornal do Brasil nov/2000). Desde os tempos do Brasil Colônia, e até muito recentemente, o problema que enfrentávamos em relação à cultura escrita era o analfabetismo. Esse problema foi relativamente superado nas últimas décadas, ou seja, foi vencido de forma pelo menos razoável. É necessário, portanto, não desmerecer a importância de ensinar a ler e a escrever, reconhecendo que isso não basta. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização e letramento sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar letrando. Alfabetização e letramento se somam. Ou melhor, a alfabetização é um componente do letramento. Analisando as experiências de Eglê Pontes Franchi, professora e pesquisadora, autora recomendada pelo Professor Paulo Freire, conhecida por sua experiência com a alfabetização de crianças e também com a formação de professores, compreendemos melhor o processo de alfabetizar. Como muitos educadores, ela verificou na prática, como age na sociedade a criança que é alfabetizada com a utilização de tudo o que ela já conhece e como isso se reflete na vida familiar e social na qual ela convive.
  • 5. Os alfabetizandos, enquanto operam sobre a descoberta das letras, das sílabas e das palavras iniciais de seu vocabulário escrito, já dominam amplamente a linguagem rica e variada de que se servem na conversação e no diálogo. Por isso é que a alfabetização deve ancorar-se na linguagem que as crianças dominam e nascer com fortes marcas da oralidade. “Trata-se de considerar a prática oral das crianças como o contexto em que as primeiras palavras e as primeiras frases escritas ganham naturalidade”. (EGLÊ PONTES FRANCHI, 2001, p. 144) 3. MÉTODOS E TÉCNICAS DE ALFABETIZAÇÃO Nas últimas décadas assistiu-se a um abandono na discussão sobre a eficácia de processos e métodos de alfabetização, que passaram a ser identificados como propostas tradicionais, e passou-se a discutir e analisar uma abordagem construtivista de grande impacto conceitual nessa área. Assim, valorizar o diagnóstico dos conhecimentos prévios dos alunos e a análise de seus erros como indicadores construtivos do processo de aprendizagem, como também inserir a criança em práticas sociais que envolvem a escrita e a leitura, é a realização efetiva de práticas docentes que defendem uma educação de qualidade e que preparam o ser humano para a vida. Para Sanz (2003, p. 38) “método é a palavra grega para perseguição e prosseguimento, com o sentido de esforço para alcançar um fim, investigação. O que nos permite compreendê- lo como caminho para atingir um resultado”. Ele ainda diz que (2003, p. 39) “o método, como estratégia, e a técnica, como tática, formam um par nobre”. Desta forma, é essencial que se conheça um pouco mais sobre os métodos utilizados pelos alfabetizadores, como também as pesquisas e experiências de quem já têm uma larga trajetória nessa área, a fim de analisar com cuidado o que se deve buscar para alfabetizar nossas crianças. O Método Fônico enfatiza as relações símbolo-som, sendo que na linha sintética o aluno conhece os sons representados pelas letras e combina esses sons para pronunciar palavras e, na linha analítica o aluno antes aprende uma série de palavras e depois parte para a associação entre o som e as partes das palavras. O Método da Linguagem Total defende que os sistemas linguísticos estão interligados e que a relação entre imagens e sons deve ser evitada. Neste, são apresentados textos inteiros, porque acredita-se que se aprende lendo. O professor lê textos para os alunos que o acompanham, assim se familiarizando com a linguagem escrita, para posteriormente aprender palavras, em seguida as sílabas e depois as letras.
  • 6. O Método Alfabético faz com que os alunos primeiro identifiquem as letras pelos nomes, depois soletrem as sílabas e, em seguida, as palavras antes de lerem sentenças curtas e, finalmente, histórias. Quando os alunos encontram palavras desconhecidas, as soletram até decodificá-las. O Analítico parte de uma visão global para depois deter-se nos detalhes, e o Sintético começa a ensinar por partes ou elementos das palavras, tais como letras, sons ou sílabas, para depois combiná-los em palavras. A ênfase é a correspondência som-símbolo. A orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais enfatiza que é necessário se fazer um diagnóstico prévio do aluno antes de optar por qualquer método. Algumas crianças entram na primeira série sabendo ler. O professor lê textos em voz alta e é acompanhado pela classe. Os alunos são estimulados a copiar textos com base em uma situação social pré-existente. A leitura em voz alta por parte dos estudantes é substituída por encenações de situações que foram lidas ou desenhos que ilustram os trechos lidos. As crianças aprendem a escrever em letra de forma e a consciência fônica é uma consequência. Com base nas pesquisas e experiências de Emília Ferreiro, podemos discutir e analisar que a prática alfabetizadora tem se centrado na polêmica sobre os métodos utilizados. Porém, nenhuma dessas discussões levou em conta o conhecimento que as crianças já apresentam antes mesmo do início da escolarização. Se aceitarmos que a criança não é uma tábua rasa onde se inscrevem as letras e as palavras segundo determinado método; se aceitarmos que o “fácil” e o “difícil” não podem ser definidos a partir da perspectiva do adulto, mas da de quem aprende; se aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada, e portanto transformada, para ser operante, então deveríamos também aceitar que os métodos (como conseqüência de passos ordenados para chegar a um fim) não oferecem mais do que sugestões, incitações, quando não práticas rituais ou conjunto de proibições. O método não pode criar conhecimento. (EMILIA FERREIRO, 2001, p. 29 e 30) Tendo em conta a complexidade da realidade brasileira, pode-se observar que já aconteceram muitas coisas para viabilizar melhorias em todos os setores do processo ensino- aprendizagem, principalmente nas escolas públicas, que necessitam de maior atenção na alfabetização das séries iniciais. Muitas mudanças em relação à escolarização vêm ocorrendo e mais crianças em idade escolar estão nas salas de aula. Esse é o primeiro passo. Em seguida vem o desafio da qualidade da aprendizagem. As mudanças têm se revelado muito lentas, pois convivemos
  • 7. principalmente com sistemas educativos municipais e estaduais que tornam ainda mais difícil a ocorrência de evoluções e transformações no processo educacional. Dentre as várias mudanças que ocorreram estão o incentivo à formação continuada dos profissionais da educação e a implantação do Ensino Fundamental de nove anos. Este, aprovado em fevereiro de 2006, com base na Lei 11.274/2006, que incentiva nove anos de escolaridade obrigatória, com a inclusão das crianças de seis anos. Ressalte-se que o ingresso da criança de seis anos no ensino fundamental não pode constituir uma medida meramente administrativa. É preciso atenção ao processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, o que implica conhecimento e respeito às suas características etárias, sociais, psicológicas e cognitivas. (HADDAD; FERNANDES, 2006, p. 4) Não foi de um momento para outro que essas transformações ocorreram, e nem foi pela vontade de um único legislador ou de um determinado governo que as mudanças se processaram. Todo esse processo vem acontecendo com base em muita pesquisa e dedicação de profissionais que convivem nessa sociedade tão carente de educação. Tanto as crianças das camadas favorecidas quanto as das camadas populares convivem diariamente com práticas de leitura e escrita, ou seja, vivem em ambientes de letramento. A diferença é que as crianças das classes mais favorecidas têm um convívio frequente e mais intenso com material escrito e com práticas de leitura e de escrita. Diante dessa realidade é necessário propiciar igualmente, a todas elas, o acesso ao letramento num processo que prossiga por toda a vida. A formação continuada do professor vai muito além dos saberes teóricos em sala de aula. O conhecimento das questões históricas, sociais e culturais que envolvem a prática educacional, o desenvolvimento dos alunos nos aspectos afetivo, cognitivo e social, bem como a reflexão crítica sobre o seu papel diante dos alunos e da sociedade, são elementos indispensáveis no processo de alfabetização. 4. A LINGUAGEM ESCRITA NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Por tudo o que foi analisado e refletido até aqui deve ter ficado claro que o trabalho do professor-alfabetizador no primeiro ano de escolaridade obrigatória não deve significar a antecipação da aprendizagem da leitura e da escrita pelas crianças, e muito menos a aceleração desse processo. Mesmo sabendo que elas estão construindo a linguagem da escrita
  • 8. entre as suas múltiplas linguagens, essa não é a única maneira de a criança partilhar significados e se inserir na cultura e deve ser ensinada no contexto das demais linguagens. Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do termo, as crianças tentam interpretar os diversos textos que encontram ao seu redor (livros, embalagens comerciais, cartazes de rua), títulos (anúncios de televisão, estórias em quadrinhos, etc.). (EMÍLIA FERREIRO, 1992, p. 69) Letramento seria é o estado ou a condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva as práticas sociais que usam a escrita. Seria, portanto, o uso competente da tecnologia da escrita nas situações de leitura e produção de textos reais, com sentido e significado para quem lê e escreve. As crianças descobrem sobre a língua escrita antes de aprender a ler. Essa afirmativa se baseia em estudos nos quais estabelece comparação entre a aquisição da linguagem oral e da linguagem escrita. Assim como as crianças adquirem a linguagem oral quando envolvidas em contextos comunicativos em que essa linguagem é significativa para elas, da mesma forma o uso constante e significativo da linguagem escrita possibilita e enriquece o seu processo de alfabetização. 5. A LINGUAGEM ORAL NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO A linguagem oral que abrange a fala, a escuta e a compreensão acompanha todas as interações estabelecidas pelas crianças em suas práticas sociais. É assim que meninos e meninas se apropriam da cultura escolar, desde o ingresso na instituição. É também por meio da fala que as crianças adentram na escola, levando consigo as marcas de sua classe social, de sua origem e identidade cultural, constituída por conhecimentos, crenças e valores. Trazem, portanto, a variedade lingüística do grupo social a que pertencem. Nesse sentido, é importante lembrar que a população brasileira fala de diferentes formas, em função dos espaços geográficos que ocupa, da classe social, da idade e do gênero a que pertence. Analisadas do ponto de vista lingüístico, todas essas variedades são legítimas e corretas, já que não temos uma gramática normativa da linguagem oral como a que existe para a linguagem escrita. A escola, incorporando esse comportamento preconceituoso da sociedade em geral, também rotula seus alunos pelos modos diferentes de falar. (...) Em outras palavras, um se torna o aluno “certinho” porque é falante do dialeto de prestígio, o outro é um aluno carente (“burro”) porque é falante de um dialeto estigmatizado pela sociedade. (CAGLIARI, 1993, p. 82).
  • 9. Para que a escola possa efetivamente contribuir para a continuidade do processo de aprendizagem das crianças e, ao mesmo tempo, considerar alguns paradigmas da educação brasileira, como a inclusão e o reconhecimento à diversidade, é necessário livrar-se de preconceitos relativos à fala das camadas populares e acolher as crianças com toda a bagagem cultural que trazem para a escola. 6. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Os questionamentos elaborados para essa análise e interpretação de dados buscam respostas para definir porque temos presente tantas dificuldades em leitura e interpretação de textos, numa grande quantidade das crianças de nosso país. Foram coletadas opiniões de professores das séries iniciais de três escolas municipais e de uma escola da rede estadual de ensino. Além destes, os coordenadores pedagógicos destas instituições e da Secretaria Municipal de Educação e Cultura também responderam o questionário e participaram do debate com todos os envolvidos nesse estudo. Quando se perguntou sobre o alto nível de dificuldades na leitura e interpretação presente nas crianças de grande parte das escolas de nosso país, os questionados foram unânimes em responder que concordavam com a existência desses problemas. De acordo com as opiniões levantadas, essa defasagem acontece principalmente porque ainda persiste a falta de educação com qualidade que trabalhe a realidade do aluno e que explore a linguagem oral na Educação Infantil, e ainda, porque falta incentivo por parte dos pais e professores à leitura diversificada e contagem de histórias, existem más condições sócio-econômicas e até psicológicas numa grande parte de crianças brasileiras que geram problemas físicos e de má convivência familiar e social, e também porque ainda há falta de interesse de autoridades, de pais e até de professores em disponibilizar materiais e adequar condições para a pesquisa e construção de novos conhecimentos. Percebe-se que as mudanças realmente são lentas e que deverão ocorrer avanços na educação brasileira. Não basta saber quais os caminhos apontados. É preciso que as famílias sejam bem planejadas e dêem aos filhos o exemplo e incentivo à cultura desde cedo e que os professores nunca parem de ler e se formar, deixando para trás a educação tradicional e ultrapassada. Quando se perguntou se a metodologia de alfabetização pode influenciar na deficiência de aprendizagem e na defasagem de ensino que os alunos e muitas das escolas
  • 10. brasileiras ainda apresentam, ficou comprovada a convicção de grandes pesquisadores nessa área quando defendem a valorização dos educandos em todo o processo educacional. Segundo os entrevistados esse problema existe porque o método utilizado ainda se distancia da realidade dos alunos, a escola e a família falham quando não assumem uma educação crítica, criativa e competente que os prepare para a vida, como também, porque há falta de interesse de professores que não planejam adequadamente suas aulas e vivem desmotivados, pois não procuram a formação continuada que é necessária numa época em que a tecnologia avança cada vez mais. Além disso, as más condições sócio-econômicas, a desumanização e a falta de uma alimentação equilibrada, baixam o nível de aprendizagem das nossas crianças, provocam evasão escolar e uso de práticas marginais. Para Paulo Freire (1996, p. 50) “como professor crítico, sou um aventureiro responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente”. Dessa forma, pode-se observar que somos capazes de intervir no mundo, decidir e escolher, realizar grandes ações, sempre com exemplos de dignidade e ética. As mudanças poderão ser lentas e as situações podem até piorar, mas é essencial que estejamos sempre atentos e dispostos a melhorá-las. Outra questão analisada refere-se à forma como o professor-alfabetizador aplica o método de alfabetização em sala de aula. A entrevista revelou que essa é a causa principal da deficiência de aprendizagem comprovada nos exames nacionais. Porém, todos comentaram que as pesquisas realizadas nessa área, bem como as experiências e novas técnicas de ensino e aprendizagem que os especialistas vêm realizando nas ultimas décadas, já estão ocorrendo nessas escolas onde atuam. Assim, teremos muito trabalho pela frente, até efetivarmos as melhorias que a nossa educação merece. No último questionamento pediu-se a opinião sobre quais outros fatores podem causar as dificuldades apresentadas nesse estudo. Em relação a essa questão afirmaram que a falta de planejamento familiar, os desvalores morais e sociais, a falta de bons exemplos de pais e professores como leitores e incentivadores da leitura, pouco acompanhamento da família na escola, a desvalorização do professor por ele mesmo e pela sociedade, são pontos negativos que contribuem para que tenhamos médias baixas nas avaliações nacionais realizadas pelo Ministério da Educação. Os educadores críticos não podem pensar que, a partir do curso que coordenam ou do seminário que lideram, podem transformar o país. Mas podem demonstrar que é possível mudar. E isto reforça nele ou nela a importância de sua tarefa político- pedagógica. (PAULO FREIRE, 1996, P. 112)
  • 11. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar da importância dos movimentos de renovação da educação, ainda persistem as imensas dificuldades de leitura e o baixo índice de competências nas séries iniciais do ensino fundamental. Compreendendo melhor o que está acontecendo na alfabetização de nossos alunos das séries iniciais, identificamos vários fatores que influenciam o surgimento desses problemas. Percebe-se que a situação é real, porque há escolas que não oferecem formação contínua para os seus professores, mas que também há docentes que não planejam adequadamente o processo de alfabetização. Suas metodologias utilizadas na prática pedagógica e a forma como são conduzidas na sala de aula, não condizem com o contexto social onde os alunos estão inseridos. As condições sócio-econômicas e psicológicas de nossos alunos e muitas decisões adotadas na educação, também contribuíram para que houvesse índices tão altos de dificuldades na aprendizagem e defasagem no ensino. Diante dos problemas que enfrentamos no processo educacional, especialmente na alfabetização das séries iniciais, necessitamos de soluções que ajudem na construção do conhecimento com educação de qualidade que prepara o ser humano para a vida, pois as atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes nesse processo. Para os educadores que pretendem assumir os riscos dessa revisão sobre o processo de alfabetização, é fundamental que não deixem de ser criativos e críticos, porque há muitos pontos a considerar. Também não se deve pensar que todas as informações, pesquisas e experiências necessárias à prática docente já estejam analisadas. É essencial que o tema da alfabetização esteja sempre presente nas reflexões sobre a prática pedagógica, nos questionamentos, nas pesquisas, nos seminários, livros e artigos, para que a educação não seja só privilégio de poucos, mas tenha valor na vida de todas as pessoas de nossa sociedade. 8. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ensino Fundamental de Nove Anos. Orientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de Idade. Brasília, 2006.
  • 12. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1993. CAVALCANTE, Meire. Alfabetização – Todos podem aprender. Revista Nova Escola, São Paulo, edição 190, mar/2006. Disponível em: FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. São Paulo: Cortez, 2001. ______. Alfabetização em Processo. 8ª ed. – São Paulo: Cortez, 1992. FRANCHI, Eglê Pontes. Pedagogia da Alfabetização: da oralidade à escrita. São Paulo: Cortez, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 20 out. 2007 LUIZE, Andréa. Texto com sentido. Revista Vila XXI, São Paulo, Edição Especial do Informativo do Centro de Estudos da Escola da Vila, janeiro 2000. Disponível em: http://www.vila.org.br/revista_vila_21/alfabetizacao. Acesso em: 15 out. 2007. PELLEGRINI, Denise. O ato de ler evolui. Revista Nova Escola, São Paulo, edição 143, junho/2001. Disponível em: http://novaescola.abril.com.br. Acesso em: 12 set. 2007. SANZ, Luiz Alberto. Procedimentos Metodológicos: fazendo caminhos. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2003.