O documento descreve a lenda das Ilhas de Bruma nos Açores, onde uma aldeia desapareceu sob uma lagoa após os habitantes ignorarem os avisos de um rapaz e seu avô sobre estranhos sinais na água e no horizonte. Também fornece detalhes sobre a geografia, história e património cultural dos Açores.
As Ilhas de Bruma - Património cultural e natural dos Açores
1. 1
Cadeira de
PATRIMÓNIO MUNDIAL E TURISMO CULTURAL
Artur Filipe dos Santos
MARIANTES DO RIO DOURO
As Ilhas de Bruma
• Património cultural e natural
das Ilhas dos Açores
Artur Filipe dos Santos
2. • Artur Filipe dos Santos
• Doutorado em Comunicação, Publicidade, Relações Públicas e Protocolo pela Faculdade de
Ciências Sociais e da Comunicação da Universidade de Vigo, é atualmente professor adjunto
no ISLA Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia e coordenador da licenciatura de
Comunicação e Tecnologia Digital e docente na Universidade Lusófona do Porto, Atua como
docente e investigador nas área(s de Ciências Sociais com ênfase em Ciências da
Comunicação, Comunicação e Divulgação do Património. Perito em Protocolo (de Estado,
Universitário, Multicultural e Empresarial) é membro da Associação Portuguesa de Estudos de
Protocolo (APOREP), membro da Sociedad de Estudios Institucionales, UNED, Espanha,
investigador e membro da Direção do Observatório Iberoamericano de Investigação e
Desenvolvimento em Comunicação (OIDECOM-Iberoamérica), Espanha, membro do Centro de
Investigação em Comunicação (ICOM-X1) da Universidade de Vigo, Espanha, membro da
Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (SOPCOM). É ainda divulgador dos
Caminhos Portugueses a Santiago de Compostela. É membro do ICOMOS (INTERNATIONAL
COUNCIL OF MONUMENTS AND SITES), organismo pertencente à UNESCO, responsável pela
avaliação das candidaturas dos bens culturais universais a Património Mundial Como jornalista
fez parte da TV Galiza, jornal A Bola, Rádio Sim (grupo Renascença), O Primeiro de Janeiro,
Matosinhos Hoje, Jornal da Maia.
2
Artur Filipe dos Santos – artursantos.com.pt@gmail.com
•https://omeucaminhodesantiago.wordpress.com/ (Blogue)
•https://politicsandflags.wordpress.com/about/ (Blogue)
•https://arturfilipesantos.wixsite.com/arturfilipesantos (Académico)
•https://comunicacionpatrimoniomundial.blogia.com/ (Académico)
•Email: artursantos.com.pt@gmail.com
3. 3
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Lenda das Ilhas de Bruma (ou
das Furnas)
• Há muitos anos no local onde
atualmente está localizada a
Lagoa das Furnas, existia uma
bonita aldeia onde as pessoas
viviam felizes, faziam muitas
festas e viviam quase sem
trabalhar. Numa bela manhã
de céu e sol claro, como era
costume fazer na aldeia, um
rapaz saiu de casa para ir a
uma fonte próxima buscar
água para as lides domésticas
e para dar de beber aos seus
animais.
Lagoa das Sete Cidades, visto do
Miradourro de Vista do Rei
4. 4
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Mas a água que costumava ser
sempre de agradável paladar
estava estranhamente
salgada, parecia água do mar
e o rapaz teve uma
premonição que ia acontecer
alguma coisa estranha na sua
aldeia e com os seus
conterrâneos. Correu para
casa dos seus vizinhos para
contar o que lhe acontecera, o
que vira e o que pensara
sobre o caso. Ninguém
acreditou nas apreensões do
rapaz, e alguns dias depois ele
teve de voltar à fonte para ir
buscar mais água.
Miradouro do pico do Ferro para o Vale
Das Furnas
5. 5
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• No lago em frente à
nascente, para onde
corria a bica da água, os
peixes saltavam na água e
desta para terra, onde
acabavam por morrer.
Definitivamente
convencido de algo ia
acontecer à sua aldeia,
correu para junto da
população, mas
novamente ninguém
acreditou nele, a não ser
o seu avô.
6. 6
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O idoso disse às pessoas da
aldeia que parassem com
os bailes e com as festas;
que um dos mais ligeiros
habitantes da aldeia fosse a
correr até ao pico mais alto
em redor para ver o mar e
olhar para o norte, para
tentar ver se havia alguma
ilha no horizonte, alguma
terra à vista a norte. Como
ninguém o levou a sério, só
o idoso e o seu neto
subiram ao monte mais
alto.
Lagoa das Furnas
7. 7
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Quando lá chegaram, via-
se no horizonte terra
nova, uma ilha
despontava pelo meio da
bruma. Aflito, o idoso
gritou para os aldeões
que fugissem para a
igreja, vinha aí grande
desgraça, no horizonte
encontrava-se a ilha
encantada das Sete
Cidades. Novamente
ninguém ligou, nem ao
idoso nem ao seu neto.
Miradouro de Ponta Delgada
8. 8
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Passou um, dois dias e nada
acontecia. O rapaz e o avô
resolveram sair da aldeia
para levarem os animais ao
mercado da aldeia vizinha e
por lá se demoraram alguns
dias a negociar. Quando
voltavam à sua aldeia, à
medida que se foram
aproximando foram-se
apercebendo que as coisas
estavam diferentes. Havia
terra revoltada e
montanhas novas.
Lagoa Funda e Rasa, Ilha das Flores
9. 9
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Ao chegar ao lugar
onde devia estar a sua
aldeia, esta tinha
desaparecido e no seu
lugar encontrava-se
uma grande lagoa de
águas cristalinas e
tranquilas. Fora um
cataclismo que
soterrara para sempre a
aldeia.
Caldeirão, Ilha do Corvo
10. 10
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• As pessoas da ilha de São
Miguel, reza a lenda,
acreditam que os aldeões
continuam a viver debaixo das
águas da lagoa, e que as
borbulhas de gás vulcânico
que se vê a sair da água são as
pessoas a cozinhar lá no
fundo. Dizem que os fumos,
tipo fogo-fátuo que por vezes
se elevam das águas junto
com um cheiro a pão de milho
cozido, são as mulheres a
aquecer o forno escondidas
nos fundos e nas reentrâncias
da bela lagoa.
Cascata do Poço do Bacalhau – Ilha das Flores
11. 11
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• As ilhas Afortunadas de
Fernando Pessoa:
Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
E a voz de alguém que nos fala,
Mas que, se escutarmos, cala,
Por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando
Cala a voz, e há só o mar.
Parque Natural do Capelo, Faial
12. 12
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
Mistério de S. João, Ilha do Pico
13. 13
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Os Açores, oficialmente
Região Autónoma dos
Açores, são um
arquipélago
transcontinental e um
território autónomo da
República Portuguesa,
situado no Atlântico
nordeste, dotado de
autonomia política e
administrativa,
consubstanciada no
Estatuto Político-
Administrativo da Região
Autónoma dos Açores.
Corresponde, com pequenas alterações de estilização, à
primeira bandeira da autonomia hasteada pela primeira vez
por José Maria Raposo do Amaral, em Novembro de 1876
14. 14
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Apontamento
vexilológico da utilização
oficial das bandeiras:
• Para indicar o uso das
bandeiras, utiliza-se uma
grelha especial composta
de seis quadrados que
podem ser marcadas
Esses pontos indicam seis
tipos de usos para a
bandeira, que podem
combinar-se.
Para indicar o uso das bandeiras, utiliza-se uma grelha especial composta de seis quadrados que podem ser marcadas . Esses pontos indicam seis tipos de
15. 15
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Com quase seis séculos
de presença humana
continuada, os Açores
granjearam um lugar
importante na História de
Portugal e na história do
Atlântico: constituíram-se
em escala para as
expedições dos
Descobrimentos e para
naus da chamada
Carreira da Índia, das
frotas da prata, e do
Brasil;
Montanha do Pico
16. 16
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Contribuíram para a
conquista e manutenção
das praças portuguesas do
Norte de África; quando da
crise de sucessão de 1580 e
das Guerras Liberais (1828-
1834) constituíram-se em
baluartes da resistência;
durante as duas Guerras
Mundiais, em apoio
estratégico vital para as
forças Aliadas, mantendo-
se, até aos nossos dias,
num centro de
comunicações e apoio à
aviação militar e comercial.
Base das Lajes, Ilha Terceira
17. 17
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O descobrimento do
arquipélago dos Açores, tal
como o da Madeira, é uma
das questões mais
controversas da história dos
Descobrimentos. Entre as
várias teorias sobre este facto,
algumas assentam na
apreciação de vários mapas
genoveses produzidos desde
1351, os quais levam os
historiadores a afirmar que já
se conheciam aquelas ilhas
aquando do regresso das
expedições às ilhas Canárias
realizadas cerca de 1340-
1345, no reinado de Afonso IV
de Portugal.
18. 18
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Outras referem que o
descobrimento das
primeiras ilhas (São
Miguel, Santa Maria,
Terceira) foi efectuado
por marinheiros ao
serviço do Infante D.
Henrique, embora não
haja qualquer
documento escrito que
por si confirme e
comprove tal facto.
https://pt.slideshare.net/cristinazoia/ar
quiplagos-atlnticos
19. 19
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A apoiar esta versão existe
apenas um conjunto de
escritos posteriores,
baseados na tradição oral,
que se criou na primeira
metade do século XV.
Algumas teses mais
arrojadas consideram, no
entanto, que a descoberta
das primeiras ilhas ocorreu
já ao tempo de Afonso IV
de Portugal e que as
viagens feitas no tempo do
Infante D. Henrique não
passaram de meros
reconhecimentos.
Primeiro mapa dos Açores com todas as ilhas
do Arquipélago por Abraham Ortelius e Luís
Teixeira (1584)
21. 21
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Adicionalmente,
alegadamente, foram
recentemente
descobertos templos
escavados nas rochas
datados do século IV
a.C., de possível autoria
cartaginesa.
22. 22
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
Os Açores antes dos
portugueses
• São dezenas de estruturas
em pedra ou escavadas na
rocha encontradas em
várias ilhas dos Açores que
parecem apontar para a
presença humana no
arquipélago muito antes da
chegada dos portugueses.
•
23. 23
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A estrutura geológica das
Lages
• A Terceira continua a ser uma
ilha misteriosa, onde os
achados arqueológicos pré-
portugueses se têm
multiplicado. A suposta
necrópole das Lajes, escavada
na rocha macia e porosa de
um tufo vulcânico, tem sete
metros de altura, um tecto
semelhante a uma abóbada
romana e 178 nichos
dispostos de forma
semicircular, com sete níveis
do chão até à cúpula.
24. 24
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A forma dos nichos, o
chão da estrutura e a
porta de entrada têm
nítidas semelhanças
com o columbário
romano de Castle
Boulevard, em Lenton,
no Reino Unido,
construído há 3000
anos, e que servia para
guardar as cinzas dos
mortos.
25. 25
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Coluna romana em Angra
do Heroísmo
• Na zona da Grota do Medo,
a norte de Angra do
Heroísmo (Terceira), foi
encontrada a base em
pedra de uma escultura
com uma inscrição que
parece da época romana. O
investigador espanhol
António Colmenero
defende que tem
referências ao imperador
romano Marco Opelio
Macrino, nascido na
Mauritânia.
26. 26
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Construções megalíticas na
Grota do Medo
• Existe um complexo
megalítico na Grota do
Medo com antas, restos de
torres e outras construções.
Matéria orgânica recolhida
por Félix Rodrigues,
professor de ciências do
ambiente da Universidade
dos Açores, numa pia
esculpida numa rocha nesta
zona, foi datada com 950
anos de idade por um
laboratório americano.
27. 27
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Templos no Monte Brasil
• Junto à Baía de Angra do
Heroísmo, no Monte Brasil,
existem cisternas que podem ser
hipogeus (túmulos escavados na
rocha) ou templos parecidos com
os que foram construídos pela
civilização fenício-púnica em toda
a região do Mediterrâneo há
mais de 2000 anos. Os templos
parecem ser dedicados à deusa
cartaginesa Tanit, relacionada
com o culto da água. No interior
destas pequenas grutas existem
estruturas semelhantes a altares.
28. 28
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O que se sabe
concretamente é que
Gonçalo Velho chegou à
ilha de Santa Maria em
1431, decorrendo nos
anos seguintes o
(re)descobrimento - ou
reconhecimento - das
restantes ilhas do
arquipélago dos Açores,
no sentido de progressão
de leste para oeste.
Estátua de Gonçalo Velho Cabral,
Ponta Delgada
29. 29
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Uma carta do Infante D.
Henrique, datada de 2 de
Julho de 1439 e dirigida
ao seu irmão D. Pedro, é
a primeira referência
segura sobre a
exploração do
arquipélago. Nesta altura,
as ilhas das Flores e do
Corvo ainda não tinham
sido descobertas, o que
aconteceria apenas cerca
de 1450, por obra de
Diogo de Teive.
Ilha das Flores
30. 30
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Os portugueses
começaram a povoar as
ilhas por volta 1432,
oriundos principalmente
do Algarve, do Alentejo,
da Estremadura e do
Minho, tendo-se
registado, em seguida, o
ingresso de flamengos,
bretões e outros
europeus e norte-
africanos.
Miradouro da vista do Rei, S. Miguel
31. 31
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Desde logo e dada a
necessidade de defesa das
pessoas, da manutenção de
uma posição estratégica
portuguesa no meio do
Atlântico e da imensa
riqueza que por esta terra
passava vinda do Império
Português e mais tarde
também do Império
Espanhol, as ilhas açorianas
foram fortemente
fortificadas praticamente
desde o início do
povoamento.
Lagoa do Fogo, S. Miguel
32. 32
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Assim encontra-se nas
ilhas 161 infra-estruturas
militares entre castelos,
fortalezas, fortes, redutos
e trincheiras, distribuídas
da seguinte forma: 78 na
Terceira, 26 na ilha de
São Miguel, 15 na ilha de
São Jorge, 12 na ilha das
Flores, 12 na ilha de
Santa Maria, 7 na ilha
Graciosa, 7 na ilha do
Faial e 4 na ilha do Pico.
Forte de S. Brás, Ponta Delgada, S. Miguel
33. 33
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Sabe-se, porém, que muitos
desses imigrantes que
povoaram Açores teriam sido
cristãos-novos, isto é, judeus
sefarditas que foram
obrigados a converter-se pelas
perseguições da Igreja
Católica. Através das
Ordenações Afonsinas (uma
das primeiras colectâneas de
leis da era moderna,
promulgadas durante o
reinado de Dom Afonso V.),
Portugal procurou atrair tanto
judeus quanto flamengos para
o arquipélago, mediante a
distribuição de terras.
34. 34
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• No processo do
povoamento das
restantes ilhas,
principalmente do Faial,
Pico, Flores e São Jorge,
faz-se notar a presença
de um número alargado
de flamengos, cuja
presença se veio a
reflectir na produção
artística e nos costumes e
modos de exploração das
terras.
Parque Natural do Capelo, Faial
35. 35
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• De recordar o nome de Joss
van Hurtere, capitão
flamengo, a quem foi
confiado o povoamento de
parte da ilha do Faial: a
cidade da Horta recebeu do
seu patronímico
(onomástica) a sua
designação toponímica.
Existe ainda uma freguesia
do concelho da Horta
chamada Flamengos, para
além dos moinhos e dos
modelos da exploração
agrária.
36. 36
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Tal como no arquipélago
da Madeira, a
administração das ilhas
açorianas foi feita através
do sistema de capitanias,
à frente das quais estava
um capitão do donatário.
As primeiras capitanias
constituíram-se nas ilhas
de São Miguel e de Santa
Maria.
Lagoa das Furnas, São Miguel
37. 37
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O clima do arquipélago
açoriano é menos quente
quando comparado com
o do arquipélago da
Madeira. Para que os
colonos pudessem
cultivar as terras foi
necessário desbastar
densos arvoredos que
proporcionavam matéria-
prima para exportação,
para produção
escultórica (cedro) e para
a construção naval.
38. 38
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O cultivo de cereais e a
criação de gado foram as
actividades
predominantes, com o
trigo a registar uma
produção considerável. A
produção de pastel e a
sua industrialização para
exportação destinada a
tinturaria também
desempenhou um papel
relevante na economia
do arquipélago.
Plantações de trigo na Ilha Terceira
39. 39
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A primeira exportação de
laranjas surgiu no século
XVIII, numa altura em
que foi também
introduzida a cultura da
batata. Em finais de
Setecentos, regista-se o
início de uma das mais
expressivas e
emblemáticas actividades
económicas açorianas: a
caça ao cachalote e a
outros cetáceos.
Lenda da Rapariga das Laranjas dos Açores
https://pt.everybodywiki.com/Lenda_da_Rapa
riga_das_Laranjas_(A%C3%A7ores)
40. 40
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Na ilha de São Miguel,
tanto a produção de
chá como a produção
do tabaco, revelar-se-
iam muito importantes
para a economia da
ilha.
41. 41
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• No século XVIII, os Açores
já tinham uma população
suficientemente grande
para que a Coroa
portuguesa incentivasse a
emigração de famílias
açorianas para terras
brasileiras, sobretudo
para a parte meridional
da então sua colónia na
América do Sul.
Sociedade Fábrica de Tabaco
Micaelense, fundada em 1866 por
José Bensaúde
42. 42
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• No século seguinte, os Açores vão ter um papel muito
importante no ressurgimento da pesca do bacalhau.
43. 43
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• As regiões autónomas
foram consagradas na
Constituição Portuguesa
de 1976. Trata-se de um
estatuto político-
administrativo especial
reservado aos
arquipélagos dos Açores
e da Madeira, devido às
suas condições
geográficas - e, em
consequência,
socioeconómicas -
especiais.
Grutas da Ilha das Flores
44. 44
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
Localização
• Os Açores são um
arquipélago que, embora
situado precisamente
sobre a Dorsal Média
Atlântica, devido à sua
proximidade com o
continente europeu e à
sua integração política na
República Portuguesa e
na União Europeia é
geralmente englobado na
Europa.
46. 46
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O arquipélago situa-se no
nordeste do Oceano
Atlântico entre os 36º e os
43º de latitude Norte e os
25º e os 31º de longitude
Oeste. Os territórios mais
próximos são a Península
Ibérica, a cerca de 2 000 km
a leste, a Madeira a 1 200
km a sueste, a Nova Escócia
a 2 300 km a noroeste e a
Bermuda a 3 500 km a
sudoeste. Integra a região
biogeográfica da
Macaronésia.
47. 47
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Portugal Continental, no
contexto da tectónica de
placas, situa-se na placa
Euroasiática, limitada a
sul pela falha activa
Açores-Gibraltar (a qual
corresponde à fronteira
entre as placas
Euroasiática e Africana) e,
a oeste, pela falha dorsal
do oceano Atlântico
(D.M.A).
48. 48
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O movimento das placa
caracteriza-se
pelo deslocamento para
norte da placa Africana e
pelo movimento divergen
te na dorsal atlântica.
•
A falha Açores-Gibraltar
pode ser subdividida em
três troços distintos, com
dimensão
e características
tectónicas diferentes:
49. 49
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• 1- o troço mais oriental,
designado Banco de Gorringe
(B.C), onde se localizou o
epicentro do terramoto de
1755;
• 2 - o troço central, designado
Falha Glória (F.G.), que tem
sido, ao longo dos tempos,
responsável por alguns dos
sismos sentidos na ilha de Santa
Maria, nos Açores; foram
determinadas, nesta zona,
velocidades de deslocamento
relativo entre as placas
Euroasiática e Africana, da
ordem dos 3,39 cm/ano;
50. 50
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• 3 - por fim, o troço mais
ocidental da falha Açores-
Gibraltar, que se designa
Rifte da Terceira (R.T.) e
que se desenvolve desde a
ilha de Santa Maria até à
dorsal médio-atlântica
(D.M.A.), apresen-
tando velocidades de
deslocamento entre as
placas da ordem dos 0,76
cm/ano.
54. 54
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O clima é temperado,
registando-se
temperaturas médias
de 13 °C no Inverno e
24 °C no Verão. A
Corrente do Golfo, que
passa relativamente
perto, mantém as águas
do mar a uma
temperatura média
entre os 17 °C e os 23
°C.
Cova Vermelha Ilha do corvo
56. 56
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O arquipélago dos Açores foi
formado por actividade
vulcânica durante o final do
Terciário. A primeira ilha a
surgir acima da linha média da
água do mar foi Santa Maria,
há cerca de 8,1 milhões de
anos (Ma), durante o
Mioceno. Seguiram-se, por
ordem cronológica, São
Miguel (4,1 Ma), Terceira (3,52
Ma), Graciosa (2,5 Ma), Flores
(2,16 Ma), Faial (0,7 Ma),
Corvo (0,7 Ma), São Jorge
(0,55 Ma) e, a mais jovem, o
Pico (0,27 Ma).
Vila do Corvo
58. 58
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• O PATRIMÓNIO DAS
ILHAS
• S. Miguel:
59. 59
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• São Miguel é a maior das ilhas do
arquipélago dos Açores e a maior de
todas as ilhas integrantes do
território de Portugal. Com uma
superfície de 748,82 km², mede 64,7
quilómetros de comprimento e de 8–
15 km de largura e conta com uma
população de 137 699 habitantes
(2011), havendo esta crescido 4,4%,
relativamente ao que se registou no
Censo de 2001, de acordo com os
dados estatísticos do Censo de 2011.
Miradouro do Pico do Ferro
60. 60
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• É composta pelos
concelhos de Lagoa,
Nordeste, Ponta
Delgada, Povoação,
Ribeira Grande e Vila
Franca do Campo.
• Ao natural, ou
habitante, da ilha de
São Miguel, dá-se o
nome de micaelense.
61. 61
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A Lagoa das Sete Cidades,
com as suas duas lagoas -
azul e verde - limitadas por
uma caldeira, o ilhéu de
Vila Franca, reserva natural,
assim como o vale das
Furnas, com as suas
fumarolas, de águas e
lamas quentes e
medicinais, são apenas
alguns exemplos dos
inúmeros pontos atractivos
que São Miguel apresenta.
62. 62
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Outro dos pontos de
interesse da ilha é a
Lagoa do Fogo, que se
situa na Serra de Água
de Pau, bem como a
Lagoa do Congro,
localizada a poucos
quilómetros da Vila
Franca do Campo
63. 63
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Na zona Este da ilha,
fica o Pico da Vara - a
maior elevação da ilha -
com 1103 metros de
altitude. Na zona
central, a serra de Água
de Pau com 940 metros
de altura e na zona
Oeste situa-se a
Caldeira das Sete
Cidades com 850
metros de altitude.
64. 64
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A cidade de Ponta Delgada
mantém ainda as suas igrejas e
palácios dos séculos XVI ao XIX.
Aqui tem lugar a maior festa
religiosa do arquipélago, aonde
acorrem milhares de pessoas
anualmente: as festas do Senhor
Santo Cristo dos Milagres, no
quinto Domingo depois da
Páscoa, no santuário localizado
no interior do Convento de Nossa
Senhora da Esperança.
65. 65
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Ilha de Santa Maria • A ilha de Santa Maria situa-
se no extremo sudeste do
arquipélago dos Açores, de
que integra o Grupo
Oriental. Tem uma
superfície de 97,4 km² e
uma população residente
(gentílico: marienses) de 5
578 habitantes (2001),
distribuída pelas cinco
freguesias que compõem o
concelho de Vila do Porto, o
único da ilha.
66. 66
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Terá sido a primeira ilha dos
Açores a ser avistada, por
volta de 1427, pelo
navegador português Diogo
de Silves. Posteriormente,
em Fevereiro de 1493,
Cristóvão Colombo escalou
na ilha no regresso da sua
primeira viagem à América.
67. 67
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Em nossos dias, o principal
pilar de sustentação da
economia da ilha é a
atividade aeronáutica, com
o Aeroporto de Santa Maria
e o Centro de Controlo
Aéreo do Atlântico, o qual
administra a FIR Oceânica
de Santa Maria, uma das
maiores e mais importantes
regiões de informação de
voo do mundo.
68. 68
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• A FIR Oceânica de
Santa Maria é uma
região de informação
de voo (em inglês
"Flight Information
Region") oceânica
portuguesa, cujo
controle encontra-se
sob a responsabilidade
da Navegação Aérea de
Portugal.
69. 69
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Abrange uma vasta área do
Atlântico Norte,
compreendida entre os
paralelos 45º N (limite
Norte) e 17º N (limite Sul) e
os meridianos 13º W (limite
Leste) e 40º W (limite
Oeste). Constitui-se num
triângulo com vértices na
ilha de Santa Maria, no
arquipélago dos Açores,
Lagos, no Senegal e
Shannon, na Irlanda.
71. 71
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Lenda da descoberta da
ilha de Santa Maria
• Lenda da Donzela
Encantada da ilha de
Santa Maria
72. 72
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Ilha de S. Jorge
• A ilha de São Jorge é uma ilha
situada no centro do Grupo
Central do arquipélago dos
Açores, separada da ilha do Pico
por um estreito de 15 km - o
canal de São Jorge. A ilha tem 53
km de comprimento e 8 km de
largura, sendo a sua área total de
237,59 km², e tem uma
população de 9171 habitantes
(Censos de 2011)
Vila da Calheta
73. 73
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Durante os cinco séculos e meio
de ocupação humana da ilha o
homem marcou profundamente
a paisagem; de uma cobertura
vegetal dominada pelas florestas
de laurissilva surgem novas
marcas na paisagem da ilha.
Essas marcas visíveis em vários
campos estão na paisagem
agrícola, com a produção de café
e vinha, na construção religiosa,
na civil e também militar.
74. 74
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
Açores – as Ilhas de Bruma
• Contrariamente ao que
aconteceu em outras ilhas dos
Açores, como foi o caso da ilha
do Pico, ou nos Biscoitos, na ilha
Terceira e também na ilha
Graciosa, na ilha de São Jorge as
vinhas produziam espalhadas
pelas faias e pelos arvoredos,
embora também se fizesse o
cultivo nos tradicionais currais,
feitos estes com muros de pedra
basáltica e que abrigavam as
plantas que cresciam junto ao
solo.
A qualidade do vinho da ilha de São Jorge foi
muito apreciada na Exposição Universal de
Paris de 1867, em que se afirmou que este
poderia rivalizar com o Vinho do Porto.