Expansão Marítima- Descobrimentos Portugueses século XV
Livro bibliologia novo testamento
1. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB242
AULA Nº 5
5. AS CARTAS (EPÍSTOLAS)
Introdução às epístolas
Iniciamos agora a seção da Epístolas do Novo testamen-
to. Todas elas somam 21 espístolas, de Romanos até Judas.
Nelas estão contidas as explicações da obra, mensagem e dou-
trina de Cristo, ou seja, as epístolas compõem toda estrutura
doutrinária de Cristo para a Igreja. Das 21, treze foram escri-
tas por Paulo; por isso são camadas de “Cartas Paulinas”. Ele
escreveu essas Epístolas às igrejas de Tessalônica, Gálatas, Co-
rínto e Roma durante suas viagens missionárias. Quando pri-
sioneiro em Roma, escreveu Efésios, Colossenses, Filipenses e
Filemon. Por último escreveu as Epístolas a Timóteo e a Tito,
denominadas de Epístolas pastorais. Há também as “Epístolas
Gerais” que são os escritos nos quais os autores mencionam
os destinatários em termos gerais e não relacionado com uma
localidade específica.
Enquanto as Epístolas são, em geral, para os cristãos, para
relatar-lhes como viver a vida cristã, nem todas as instruções
se aplicam a qualquer pessoa num dado tempo, por exemplo:
Há instruções para novos cristãos ou “meninos em Cristo”. Há
instruções para aqueles que vivem em Cristo há mais tempo;
para diáconos e anciãos (presbíteros) que se aplicam somente
a eles; há instruções para as viúvas da igreja, para as crianças,
para os pais, para as mães, para os ministros. Algumas delas
são gerais e se aplicam a todos os cristãos, em qualquer lugar
e em todos os tempos.
5.1 EPÍSTOLAS PAULINAS
5.1.1 ROMANOS
Autor: O apóstolo Paulo.
2. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 243
Destinatários: Os cristãos romanos (Rm 1.7).
Textos-chave: Romanos 1.16; 5.1.
Temas principais:
O plano da salvação — a justificação pela fé e a santifi-
cação por meio do Espírito Santo são assuntos abordados na
epístola. Esse assunto pode ser visto do capítulo 1 a 11. Para
esclarecer o propósito de Paulo podemos citar aqui a pergun-
ta de dois personagens da Bíblia Sagrada. Um deles é Jó, e o
outro o carcereiro de Filipos:
Jó perguntou: “... como pode o homem ser justo para
com Deus?” (Jó 9.2);
O carcereiro de Filipos perguntou: “... que devo fazer
para que seja salvo?” (At 16.30).
Esses dois homens deram expressão a uma das mais im-
portantes perguntas que se possa fazer: como o homem pode
ficar de bem com Deus e ter certeza da sua aprovação?
A Epístola aos romanos é uma resposta explicativa, deta-
lhada e acima de tudo inspirada a essa pergunta. O tema do
livro é claríssimo em Rm 1.16,17:
“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o po-
der de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro
do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se
revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo
viverá por fé.”
Este texto pode ser anunciado com as seguintes palavras:
o evangelho é o poder de Deus para a salvação dos homens,
porque demonstra como a posição e a condição dos pecado-
res pode ser alterada de tal modo que fiquem reconciliados
com Deus.
Os capítulos restantes tratam da santificação por meio do
Espírito Santo. São assuntos abordados na epístola de exorta-
3. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB244
ções, principalmente, acerca dos deveres cristãos e vida con-
sagrada (caps. 12, 13, 14, 15, 16).
Um argumento poderoso
O apóstolo prova que o ser humano está rodeado por três
barreiras intransponíveis e insuperáveis:
a) A barreira da culpabilidade universal (At 1, 2, 3);
b) A barreira das tendências pecaminosas e das concu-
piscências carnais (At 7:15-24);
c) A barreira da eleição soberana de Deus (At 9:7-18);
Contudo, em meio ao argumento de que é terrível a situ-
ação do homem natural, ele acentua as portas da miseri-
córdia divina mediante a provisão do plano de salvação,
por meio das quais todos os que desejam podem escapar
dos iminentes juízos de Deus.
Síntese dos assuntos de Romanos:
I. Introdução e tema - Rm 1.1-17;
II. Todo mundo é culpado diante de Deus - Rm 1.18-3.20;
III. Justificação pela fé em Cristo - Rm 3.21-5.21;
IV. Santificação por meio da união com Cristo em Sua
morte e ressurreição - Rm 6-8;
V. Problema da incredulidade dos judeus _ Rm 9-11;
VI. A vida e o serviço cristão para a glória de Deus - Rm
12.1-15.13;
4. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 245
VII. Os planos de Paulo - Rm 15.14-33;
VIII. Saudações pessoais, advertências e bênçãos - Rm
16.1-27.
5.1.2 I CORÍNTIOS
Autor: O apóstolo Paulo.
Contexto histórico:
A igreja de Corinto foi fundada por Paulo em sua se-
gunda viagem missionária (At 18.1-11). Essa igreja havia sido
contaminada com os males que a rodeavam, pois Corinto era
uma cidade depravada. Os gregos estavam orgulhosos de seus
conhecimentos e de sua filosofia, mas ao mesmo tempo, eram
muito imorais. Eram especialmente amantes da eloquência
(fala elegante e com poder de convencimento e persuasão).
A sociedade de Corinto adorava os prazeres, as divisões
e cultivavam jogos da força e perícia atlética. Celebravam-se
todos os anos os jogos ístmicos, semelhantes aos jogos olím-
picos dos nossos dias, jogos estes, nascidos na Grécia anti-
ga e praticados em homenagem a Zeus, o deus principal dos
gregos. Mas o atletismo não era a maior diversão dos corín-
tios! A palavra Coríntos tornou-se sinônimo de prostituição,
alcoolismo e vida descontrolada. Até a sua religião apoiava
tais práticas. O templo de Afrodite, suposta deusa da beleza
e do amor, ficava numa colina de seiscentos metros de altura,
ao sul de Corínto. Um historiador informa que mil escravas,
chamadas sacerdoti-sas, serviam ali na categoria de prostitu-
tas. Todo tipo de pecado era comum e notório na cidade, e a
imoralidade reinante nesta sociedade já tinha se infiltrado na
igreja de Corínto e Paulo precisava entrar em ação imediata-
mente e evitar que a igreja fosse destruída.
5. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB246
Paulo escreveu para responder as perguntas que os co-
ríntios lhe haviam feito, mas ele tinha também outras preocu-
pações, que apesar de a igreja possuir muitos dons e conheci-
mento (I Co 1.4-7), lhes faltava maturidade e espiritualidade
(I Co 3.1-4).
Paulo tratou de diversos problemas nesta epístola. Ele
soube dessas questões pelo relato dos membros da família de
Cloe (I Co 1.1), por rumores generalizados: “Geralmente se
ouve que há entre vós” (I Co 5.1).
O desejo de purificar a igreja das facções espirituais e da
imoralidade foi o que motivou levou Paulo escrever a carta.
Tema principal:
São vários os assuntos abordados no livro de Coríntios,
porém todos podem ser relacionados e resumidos com um
tema geral: conduta cristã.
Logo na introdução Paulo demonstra o reconhecimento
da riqueza de dons e conhecimento que a igreja havia recebi-
do de Cristo por intermédio do seu ministério, para em segui-
da apresentar os fatos de irregularidades:
Reconhecimento: “Sempre dou graças a meu Deus a
vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em
Cristo Jesus; porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em
toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o tes-
temunho de Cristo tem sido confirmado em vós, porque, em
tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o
conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido
confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum
dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cris-
to, o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irre-
preensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Co 1.4-8).
Um dos fatos de irregularidades na igreja: “Pois a vosso
respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe,
de que há contendas entre vós” (I Co 1.11);
6. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 247
A Epístola nasceu com o propósito de corrigir desordens
que havia surgido na igreja de Corinto e estabelecer aos ir-
mãos, um modelo de conduta cristã tirando dúvidas sobre as-
suntos tais como: O casamento; e o uso de alimentos sacrifica-
dos aos ídolos (I Co 7.1-40; 8.1-13), é ainda notório que Paulo
estava muito preocupado com o comportamento e estilo de
vida dos irmãos em Corínto (I Co 3.1-9). Não havia proble-
mas graves de heresias propriamente ditas, porem a carnali-
dade na igreja levou o apóstolo a repreendê-los em diversas
áreas. Entre os assuntos abordados por Paulo estão:
a) Divisões e partidos dentro da igreja: “Pois a vosso res-
peito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe,
de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada
um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de
Cefas, e eu, de Cristo.” (I Co 1, 11,12; ler também 3.4);
b) Indiferença da igreja com problemas de um in-cesto:
“Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e
imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto
é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio
pai. E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegas-
tes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem
tamanho ultraje praticou?” (I Co 5.1-2);
c) Litígios entre os irmãos (I Co 6.1-11);
d) Dúvidas sobre casamento (I Co 7.1-40);
e) Uso de alimentos oferecido aos ídolos (I Co 8.1-13);
f) Paulo e sua autoridade apostólica (I Co 9.1.27);
g) Orientação para o culto (I Co 11.2- 16);
h) Desordem na Ceia do Senhor (I Co 11.17-34);
i) Uso dos Dons Espirituais (I Co 12.1-1440);
j) A preeminência do amor (I Co 13.1-13);
k) Questões da ressurreição do corpo (I Co 15.1-58 e
etc.).
7. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB248
Podemos resumir desta maneira o propósito de Paulo ao
escrever a Epístola:
• A conduta cristã na igreja, no lar e no mundo.
Síntese dos assuntos de I Coríntios:
I. Introdução - I Co 1.1-9;
II. Divisões na igreja de Coríntios - I Co 1.10- 4.21;
III. Repreensão à imoralidade; Disciplina ordenada _ I
Co 5.1-6.8;
IV. A santidade do corpo; o Casamento cristão - I Co
6.9-7.40;
V. Coisas oferecidas aos ídolos; Limitações da liberdade
cristã - I Co 8.1-11.1;
VI. A ordem cristã e a Ceia do Senhor - I Co 11.2-34;
VII. Os Dons Espirituais e o seu uso em amor - I Co 12.1-
14.40;
VIII. A ressurreição de Cristo e a nossa - I Co 15;
IX. Conclusão: Instruções e Saudações finais - I Co 16.
5.1.3 II CORÍNTIOS
Autor: O apóstolo Paulo.
Tema principal:
8. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 249
Embora não pareça, enquanto Paulo escrevia, a finalida-
de era defender seu apostolado, e isso é percebido logo no
início da Carta:
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus...”
(II Co 1.1).
Ainda que a maioria das cartas de Paulo fosse escrita
com saudação, informações sobre o autor (isto é, Paulo e seu
apostolado) e destinatário, sua identificação nesta epístola
como “apóstolo de Jesus Cristo” é especialmente importante
na carta de II Coríntios, porque os falsos apóstolos estavam
opondo-se a ele em Corínto e causando confusão:
“Mas o que faço e farei é para cortar ocasião àqueles que
a buscam com o intuito de serem considerados iguais a nós,
naquilo em que se gloriam. Porque os tais são falsos após-
tolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos
de Cristo. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se
transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus
próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e
o fim deles será conforme as suas obras”.
(II Co 11.12-15).
A segunda epístola aos Coríntios é uma das cartas mais
pessoais de Paulo, na qual ele fala principalmente de seu mi-
nistério e abre o coração, revelando seus motivos, sua paixão
espiritual e seu entranhável amor pela igreja:
“Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre
vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas.
Pois, em que tendes vós sido inferiores às outras igrejas, a não
ser que eu mesmo vos não fui pesado? Perdoai-me este agra-
vo. Eis aqui estou pronto para pela terceira vez ir ter convosco,
e não vos serei pesado, pois que não busco o que é vosso, mas
sim a vós: porque não devem os filhos entesourar para os pais,
mas os pais para os filhos. Eu de muito boa vontade gastarei, e
me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos
9. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB250
cada vez mais, seja menos amado.” (II Co 12-15).
A epístola é mais do que um manual doutrinário ou uma
instrução corretiva, é uma defesa pessoal de Paulo frente à
situação que se agravou na igreja, isto é, a presença de falsos
mestres em Corínto, que punha em dúvida sua autoridade
com acusações caluniosas, gerando uma onda de desconfian-
ça e pondo em dúvida o seu caráter. Parece que isso indu-
ziu alguns membros da igreja a contestar seu apostolado. Foi
uma ação que tornou necessária uma reação: “uma defesa do
seu ministério e chamado”.
Ao fazer essa defesa, foi obrigado relatar evidências ir-
resistíveis de sua sinceridade no serviço prestado a Deus e se
vê obrigado a compor uma espécie de currículo, por meio do
qual se defende das acusações e apresenta suas credenciais
como ministro, tanto por seu sofrimento como por suas rea-
lizações e experiências (II Co 11.16-33).
Ambas as cartas aos coríntios indicam a existência, nessa
igreja, de alguém que pretendia desacreditar o ministério e a
autoridade de Paulo (Ler I Co 9.1-27). Portanto é nítido que
a epístola foi redigida em uma época difícil entre Paulo e os
coríntios, época esta, em que os seus opositores, chamados
“super apóstolos” (veja II Co caps. 10-13), haviam questio-
nado a condição de Paulo como apóstolo e sua autoridade de
líder, que respondendo, confirma seu chamado e ministério
de apóstolo.
A fala vigorosa sobre seu papel de autoridade o fez des-
crever um autorretrato que é um dos aspectos mais fascinante
da epístola, pois ela contém informações autobiográficas va-
liosíssimas.
Os principais temas são:
a) A gratidão de Paulo para com Deus (II Co1. 3; 5.14);
b) Seu ministério em contínuo triunfo em Cristo (II Co 2.14);
10. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 251
c) Sua participação da vida ressurreta de Cristo (II Co
4.10-11);
d) Ao mesmo tempo, orgulhava-se das fraquezas e con-
tentava-se com enfermidades, perseguições e calamida-
des por amor a Cristo (II Co 12.9);
e) Ministério marcado por integridade e sofrimento (II
Co 1.8-12; 6.3-10; 11.23-29), que são sinais de um após-
tolo genuíno.
Os itens acima pontuados formam o retrato que são as
credenciais de um verdadeiro apostolado.
Considerando que II Coríntios é a vigorosa defesa pes-
soal do ministério apostólico de Paulo, podemos resumir seu
tema do seguinte modo:
• O ministério de Paulo, suas razões, sacrifícios, res-
ponsabilidades e eficiência.
Síntese dos assuntos de II Coríntios:
I. Introdução _II Co 1.1-2;
II. A experiência apostólica - II Co 1.3-11;
III. A explanação apostólica - II Co 1.12-2.11;
IV. O ministério apostólico - II Co 2.12-7.16;
V. A comunhão apostólica - II Co 8.1-9.15;
VI. A defesa do apostolado - II Co 10.1-13.14.
5.1.4 GÁLATAS
A carta magna da igreja
Essa carta é chamada assim por alguns escritores. O
principal argumento é a defesa da liberdade cristã em oposi-
ção ao ensino dos judaizantes. Esses falsos mestres insistiam
que a observância das cerimônias da Lei era parte essencial do
11. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB252
plano de salvação.
Autor: O apóstolo Paulo.
Data: Provavelmente 55-60 a.C.
Destinatários: As igrejas da Galácia, região da Ásia Me-
nor, cujos limites não podem ser determinados com seguran-
ça.
Temas principais:
A defesa da doutrina da justificação pela fé, advertências
contra a reversão ao judaísmo e a vindicação do apostolado
de Paulo.
A polêmica questão nesta carta é: como os cristãos de-
veriam se comportar diante da lei de Moisés? A questão se
os gentios deveriam guardar a lei de Moisés foi resolvida no
concílio de Jerusalém (At 15). A decisão foi que os gentios
eram justificados pela fé sem as obras da lei. Esta decisão, no
entanto, não parecia satisfazer ao partido dos judaizantes , o
qual insistia em que, apesar de serem salvos os gentios pela
fé, esta seria aperfeiçoada pela observância da lei de Moisés.
Ao pregar a mensagem da mistura da Lei e da Graça, os
judaizantes faziam todo o possível para incitar os seus segui-
dores novos convertidos contra Paulo e contra a mensagem
que pregava. Conseguiram seu objetivo ao ponto de traze-
rem sob a observância da Lei toda a igreja dos gálatas - uma
igreja gentílica: “Paulo, apóstolo (...) às igrejas da Galácia (...)
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que
vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual
não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.1,2,6,7). Contra esta
pretensão, que contrariava frontalmente a Nova Aliança, que
12. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 253
Paulo levantou-se.
Na epístola aos Gálatas, o apóstolo sublinha que a salva-
ção em Cristo não é obtida pela observância da Lei, mas pela
fé no Filho de Deus: “E é evidente que, pela lei, ninguém é
justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.” (Gl
3.11). Paulo cita Habacuque 2.4 para mostrar que o indivíduo
só pode ser justificado por meio da fé.
Entre suas abordagens o apóstolo cita seu confronto com
Pedro (Gl 2.11,12), porque antes ele comia com os gentios,
mas depois passou a contradizer o que a muito ele mesmo ha-
via reconhecido: que o evangelho era também para os gentios:
“Depois que eles terminaram, falou Tiago, dizendo: Irmãos
atentai nas minhas palavras: expôs Simão como Deus, primeira-
mente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo
para o seu nome. Conferem com isto as palavras dos profetas,
como está escrito: Cumpridas estas coisas, voltarei e reedifica-
rei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas,
restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor,
e também todos os gentios sobre os quais tem sido invocado o
meu nome, diz o Senhor, que faz estas coisas conhecidas desde
séculos”.(At 15.13-18)
Para restaurar esta igreja ao seu estado anterior de graça,
Paulo escreveu esta epístola que podemos resumir com o se-
guinte tema:
• A justificação e a santificação, não pelas obras da Lei,
mas, sim pela fé.
Texto-chave: “Para a liberdade foi que Cristo nos liber-
tou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a
jugo de escravidão” (Gl 5.1).
Palavras-chave de Gálatas: “Fé”, “graça”, “liberdade” e
“cruz”.
13. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB254
Síntese dos assuntos de Gálatas:
I. Introdução - Gl 1.1-5;
II. Motivo por que foi escrita a Epístola: o afas-tamento
dos gálatas do verdadeiro evangelho - Gl 1.6-9;
III. A defesa de Paulo do seu ministério apostólico - Gl
1.10-2.21;
IV. A justificação é toda pela fé, à parte da lei - Gl 3.1-24;
V. O governo da vida do crente é da graça, não da lei - Gl
3.25-5.1;
VI. Características visíveis na vida de um cristão somen-
te pela fé - Gl 5.2.26;
VII. A operação da nova vida em Cristo Jesus - Gl 6.1-16;
VIII. Conclusão - Gl 6.17-18.
5.1.5 EFÉSIOS
Esta é uma das quatro epístolas escritas por Paulo quando
aprisionado em Roma também conhecidas como: “epístolas
da prisão”. As outras foram Filipenses, Colossenses e Filemon.
Autor: O apóstolo Paulo.
Data: Provavelmente escrita em Roma entre 60 e 64 d.C.
O ministério de Paulo em Éfeso
14. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 255
Sua primeira visita (At 18.18-21); em sua segunda visita,
o Espírito Santo foi dado aos crentes (At 19:2-7); continua seu
trabalho com êxito extraordinário (At 19.9-20); seu conflito
com os artífices (At 19.23-41; sua palavra aos anciãos efésios
(At 20.17-35)).
Contexto histórico: Os judeus convertidos nas igrejas
primitivas inclinavam-se ao exclusivismo e à separação dos
irmãos gentios. Essa situação pode ter motivado o apóstolo a
escrever essa carta, cuja ideia fundamental é a unidade cristã.
Texto-chave: “esforçando-vos diligentemente por pre-
servar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (4.13).
Tema principal:
A epístola aos efésios é uma grande exposição de uma
doutrina fundamental de Paulo, a saber, a unidade de toda na-
tureza de Cristo, a unidade dos judeus e gentios em seu corpo
- a Igreja - e o propósito de Deus, nesse campo, é a eternidade.
A epístola é dividida em duas seções:
Em sua primeira parte é doutrinária: trata das doutrinas
centrais cristãs - aborda sobre o plano de Deus em unir todas
as coisas em Cristo, um propósito determinado pelo Criador,
antes da fundação do mundo (Ef 1.3-14). Na cruz Jesus uniu
judeus e gentios, anulando as coisas que os separava, fazen-
do de ambos, um novo homem (Ef 2.11-22). Paulo também
faz declarações dando testemunho do ministério da graça aos
gentios (efésios) a ele confiado e lembrando-lhes que eram
“co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes
da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho” (Ef 3.6).
E ainda fala de sua intercessão a favor deles para que sejam
15. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB256
fortalecidos, alicerçados, iluminados de conhecimento acerca
do amor de Cristo e completos em Deus (Ef 3.1-21).
Em sua segunda parte descreve como essas verdades de-
vem refletir na conduta do cristão como co-herdeiros e co-
participantes da promessa de Cristo - O apóstolo discute as-
pectos mais práticos do plano de Deus e seus efeitos na vida
do cristão. Aborda ainda assuntos ligados ao corpo de Cristo
e seus ministérios e dons, recursos espirituais de organiza-
ção, fortalecimento e amadurecimento do corpo (Ef 4.1-16),
do comportamento e atitude do novo homem (individual),
de sua vida espiritual, de seus relacionamentos familiares e
sociais (5.22-33; 6.14) e orienta a igreja acerca da busca de
proteção espiritual e de sua batalha contínua em um mundo
dominado pelas forças do império de Satanás (6.10-20), aqui
ele usa a armadura de um soldado romano como alegoria da
proteção espiritual que o cristão desfruta.
Percebe-se que Paulo faz aqui uma série de discussões
importantes, mas toda a carta enfatiza na verdade de que to-
dos os cristãos estão unidos em Cristo porque a Igreja é o
corpo de Cristo.
É importante notar que a Igreja tanto citada nesta carta,
refere-se à Igreja verdadeira (modelo) e não local, como em
Coríntios e etc., pois nela contém verdades elevadíssimas so-
bre o que é realmente “A Igreja”. Paulo descreve o desejo de
Deus: que a igreja local de Éfeso se alinhasse a todas as ver-
dades descritas por ele em sua mensagem (coisa que todas as
igrejas locais do mundo deveria fazer).
O tema da carta pode ser resumido da seguinte ma-
neira:
• A Igreja escolhida, redimida e unida em Cristo; de
sorte que a Igreja deva andar em unidade, em novidade de
16. FORMAÇÃO MINISTERIAL ICB 257
vida, na força do Senhor com a armadura de Deus.
A igreja e o plano de salvação
Nota: Ao discutir o plano de salvação nas diferentes epís-
tolas, Paulo varia a ênfase. Em Romanos, ele o faz firmado
sobre a fé sem as obras; em Gálatas, sobre a fé sem as ob-
servâncias cerimoniais da Lei de Moisés; em Efésios, sobre a
unidade dos crentes.
Síntese dos assuntos de Efésios:
I. Introdução - Ef 1.1-2;
II. A posição do crente na graça - Ef 1.3-21;
III. O andar e o serviço do crente - Ef 4.1-5.17;
IV. O andar e a luta do crente cheio do Espírito Santo - Ef
5.18-6.20;
V. Conclusão - Ef 6.21-24.