O documento discute os usos sociais da língua escrita e da leitura, abordando:
1) Diferentes perspectivas sobre a origem e objetivos da gramática normativa no ensino;
2) A importância de abordagens que integrem ensino da gramática normativa e análise linguística contextualizada na produção textual dos alunos;
3) Modos de organizar o discurso e características linguísticas dos principais gêneros textuais.
2. Planejamento
Aula 2
Análise linguística
Gramática, ortografia e produção textual – como trabalhar
a gramática no segundo segmento do Fundamental;
gramática e ortografia a partir da leitura, mas sem didatizar
a leitura literária. Perceber que recursos linguísticos
predominam nos diferentes gêneros textuais (literários e
não literários, orais e escritos). Gramática e ortografia a
partir da produção escrita dos alunos. A sistematização
dos tópicos gramaticais. O cuidado com o uso do livro
didático.
3. • “Haverá muito o que mudar, antes que o
ensino de Português possa ser o que deve
ser: um processo no qual o professor e os
alunos entre si, se enriquecem
reciprocamente compartilhando sua
experiência vivida de língua (...). Mas a
mudança virá daqueles que vivem o ensino,
não daqueles que especulam sobre ele. De
dentro.” Rodolfo Ilari (1985)
5. 1549
• Jesuítas
• Colégios e missões
– Locais de leitura no Brasil Colônia
– Filhos da elite
– Catequese de índios
6. Século 18
• Bibliotecas particulares – clérigos
– Livros “perigosos”: ideias iluministas (compreensão
dos fenômenos humanos e culturais)
Cenas do filme “O Nome da Rosa”
7. 1808
• Família real
• Impressão no Brasil
– Primeiros livros de
leitura: “Tesouro dos
meninos” (traduzido do
francês) e “Leitura para
meninos” (1818)
1827
• Lei de Instrução
Primária
– Ensino de leitura e
escrita, das quatro
operações matemáticas
e de geometria
– Prendas domésticas
• Ensino baseado na
oralidade e na
memorização
8. 1860-1890
• Livros didáticos
• 1872 - Primeiro
Censo Nacional: 85%
de analfabetos
1890-1910
• Produção editorial
para crianças
9. 1930
• Criação do Ministério
da Educação: governo
Getúlio Vargas
• Nova disciplina:
Português
1931
1938
1942
• Produção de livros
didáticos é
regulamentada
• Curso de Português em
três partes: gramática,
leitura explicada e
exercícios
10. 1961
• Lei de Diretrizes e
Bases
– Texto literário como
base para o ensino de
português e como
meio para aquisição de
um saber superior
• Acesso ao ensino é
universalizado
• Nova LDB
– Ensino de português:
instrumento de
comunicação e expressão
da cultura brasileira
• Linguística textual
• Boom da literatura infantil
– Livros paradidáticos
– Fichas de leitura
1971
1986-1988
• Conceito de LETRAMENTO
Análise das práticas de leitura e de escrita
11. Origens da Gramática
• Gramática = “arte de escrever” (grego)
• Antiguidade clássica
• Investigar as regras da língua escrita
• Preservar as formas consideradas mais
“corretas” e “elegantes”
• Minimizar as distâncias entre língua oral e
língua escrita
• Fonte = literatura clássica
12. Origens da Gramática
outra visão
• Valores sociais dominantes
• Estratégias escolares discutíveis
• Preconceitos e mitos acerca do ensino da
norma padrão em relação à classe dominada
• Instrumento controlador da língua
14. Ensino da Língua Portuguesa
• Ensino da gramática
– Normativista;
tradicionalista
– Sistema fechado
– Preocupação com a
norma culta
– Fragmentação do ensino
– Metodologia:
transmissão
• Frases isoladas
desvinculadas do sentido
do texto
• Análise linguística
– Constante
transformação; prática
social
– Interação entre sujeitos
– Preocupação com os
gêneros do discurso
– Produção textual
– Metodologia: análise e
compreensão de uso
• Aluno estimulado a
encontrar relações e tirar
conclusões
15. Gramática normativa
• Subsidia o usuário em suas necessidades
textuais e orais
• Garante ao usuário e falante da língua
conhecer o funcionamento de sua própria
língua materna
• Possibilita a total noção de características
essenciais que pertencem à sua cultura
16. Gramática normativa
• Terminologia, classificações, conjugações,
regras, funções etc.
• Métodos teóricos, sem significação e/ou
aplicabilidade na vida dos alunos
• Sem relações entre a teoria gramatical e a
prática de texto
17. “Saber escrever”
• Prática de leitura e de escrita
• Respaldo dos conceitos gramaticais
– Para evitar o plano das suposições
18. Análise linguística
• O ensino da língua portuguesa = harmonia
entre o ensino da gramática normativa e a
contextualizada
• Não se descarta completamente as
terminologias e regras gramaticais
19. Análise linguística
• Curiosidade científica
• O aluno aprende a consultar o dicionário e a
gramática
• Pesquisa: com o incentivo do professor
20. • "A gramática deve conter uma boa quantidade
de atividades de pesquisa, que possibilitem ao
aluno a produção de seu próprio
conhecimento linguístico, como uma arma
eficaz contra a reprodução irrefletida e acrítica
da doutrina gramatical normativa". (BAGNO,
2000, p. 87)
21. Ensino da língua
Ensino da
gramática
Domínio
da língua
Normativo
Domínio
da língua
Ensino da
gramática
Análise linguística
22. “Saber expressar-se numa língua não é
simplesmente dominar o modo de estruturação
de suas frases, mas é saber combinar essas
unidades sintáticas em peças comunicativas
eficientes, o que envolve a capacidade de
adequar os enunciados às situações, aos
objetivos de comunicação e às condições de
interlocução.” (Neves, 2002, p. 226)
23. Língua em uso
Domí-
nio da
língua
Produ-
ção
textual
Curiosi-
dade
Norma
Reflexão
sobre a
língua
24. “É de fundamental importância saber discernir o
que é adequado a cada situação, para se
poder, com eficiência, escolher esta ou aquela
norma, este ou aquele padrão vocabular, este
ou aquele tom, esta ou aquela direção
argumentativa”. Antunes (2007, p.99).
25. •Ler (textos variados: científico, literário, jornalístico,
dissertação, narração, propaganda e marketing, leis,
tratados etc.)
•Escrever (diversos gêneros)
•Considerar as variações
•Pesquisar
•observar oralidade e escrita, elaborar hipóteses sobre
as normas sociais de uso, elaborar hipóteses das
formas em “conflito”, em vista de alteração ou
continuidade
A “prática discursiva” (Pêcheux, 1997) tem servido de
“pretexto” ou referência evidente para o pensar o ensino
da língua.
Ensinar língua
26. • Discurso é aquilo que alguém produz ao se
manifestar em alguma instância discursiva. O
discurso se realiza nos textos.
• Texto é uma entidade concreta realizada
materialmente e corporificada em algum gênero
textual.
DISCURSO E TEXTO
27. • Esfera ou instância de produção discursiva ou de
atividade humana = práticas discursivas.
• Não são textos nem discursos, mas propiciam o
surgimento de gêneros bastante específicos.
• Ex: discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso,
discurso político, discurso acadêmico, discurso lúdico,
discurso militar, discurso publicitário, discurso ficcional etc.
DOMÍNIO DISCURSIVO
28. MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO DISCURSO
Referem-se a diferenças estruturais e são válidos,
em princípio, para todas as culturas.
Tem a ver com o modo de organizar
internamente o texto, independentemente da
finalidade a que se destina.
Considera-se que são 5 os modos de organização
do discurso:
1) Narração
2) Descrição
3) Exposição
4) Argumentação
5) Injunção
29. (1) NARRAÇÃO
A narração é uma sequência de fatos.
Ela se caracteriza por (a) presença de ações; (b) predomínio de
verbos no pretérito, principalmente o perfeito; (c) ocorrência de
personagens; e (d) presença de ordenação cronológica dos fatos.
O texto narrativo estrutura-se a partir de uma situação inicial de
equilíbrio, perturbada por um fator qualquer de desequilíbrio, para o
qual surge uma solução, geradora de novo equilíbrio, podendo
ocorrer no mesmo texto um ou mais trinômios desse tipo.
Exemplo:
F. e P. nasceram do mesmo pai e da mesma mãe. A fortuna, porém, não os
assistiu com a mesma equidade. F. foi adotado e criado por uma família
ilustre; P. deixou-se ficar com os pobres pais.
F. Tirou título de doutor; P. morreu aos 18 anos em um tiroteio com a
polícia.
30. (2) DESCRIÇÃO
Aponta atributos do objeto da descrição que pode ser uma pessoa,
um animal, um processo, um ser inanimado, uma cena etc.
Quanto aos sentidos empregados na observação do objeto descrito,
uma descrição pode ser visual, auditiva, táctil, gustativa ou olfativa.
Podemos também descrever entidades abstratas, como sentimentos,
conceitos matemáticos, valores éticos, estéticos etc., cujo
conhecimento não depende diretamente dos sentidos.
Exemplo:
Eis São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas
ruas, pedestres apressados se atropelam. Nos bares, bocas cansadas
conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Luzes de tom pálido
incidem sobre o cinza dos prédios.
31. (3) EXPOSIÇÃO
O que caracteriza o texto expositivo ou dissertação expositiva é a
intenção de sistematizar informações com fins didáticos.
Não há um tom polêmico como se observa nos textos
argumentativos.
A exposição é muito comum em livros didáticos e enciclopédias.
Nesse tipo de texto, o autor com autoridade de especialista dirige-se
a um destinatário leigo, ficando excluída a possibilidade de
contestação.
Exemplo:
As condições de bem-estar e comodidade nos grandes centros urbanos
como São Paulo são reconhecidamente precárias por causa, sobretudo,
da densa concentração de habitantes num espaço que não foi projetado
para alojá-los. Com isso, praticamente todos os polos da estrutura
urbana ficam afetados: o trânsito é lento; os transportes coletivos,
insuficientes; os estabelecimentos de prestação de serviço, ineficazes.
32.
33. (4) ARGUMENTAÇÃO
O texto argumentativo visa a persuadir o ouvinte ou leitor de uma
tese, para a qual o argumentador procura direcionar os sujeitos-alvo
da argumentação.
Visar a persuadir, no entanto, não basta para caracterizar um texto
argumentativo. Uma fábula, por exemplo, embora tenha a finalidade
de persuadir o leitor da tese contida na “moral da história”, não é um
texto argumentativo, uma vez que não tem argumentos explícitos.
A explicitação dos argumentos é o que caracteriza o texto
argumentativo.
34.
35. (5) INJUNÇÃO
O texto injuntivo, também chamado de instrucional, é na verdade um
tipo específico de descrição de processos, caracterizando-se pelo
objetivo de “fazer saber fazer”, isto é, de capacitar o destinatário a
executar uma tarefa específica desdobrável em “minitarefas”,
ordenadas cronologicamente.
São exemplos de textos injuntivos as receitas, os folhetos
explicativos, os manuais de uso.
Nesse tipo de texto, o uso do imperativo é marcante: primeiro faça
isso, depois aquilo, e assim por diante.
Exemplo:
Aqueça a panela em fogo médio. Acrescente 1 colher de sopa de
manteiga. Logo após, utilize todo o leite condensado junto à manteiga.
Em seguida, acrescente 4 colheres de sopa de chocolate em pó e mexa
sem parar até desgrudar da panela. Unte um recipiente onde a mistura
será despejada e faça pequenas bolas com a mão, passando a mistura no
chocolate granulado.
36. MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO DISCURSO: objetivos e marcas textuais
MODOS DE
ORGANIZAÇÃO DO
DISCURSO
OBJETIVO E TEMÁTICA MARCAS LINGUÍSTICAS DE DESTAQUE
DESCRIÇÃO Identificar, localizar e qualificar
seres, objetos, lugares,
apresentando características físicas
ou “psicológicas”
Substantivos, adjetivos e advérbios (de
modo e intensidade, principalmente);
verbos no presente ou pretérito imperfeito
do indicativo
NARRAÇÃO Relatar fatos, acontecimentos e
ações, numa sequência temporal
Verbos, advérbios e conjunções (tempo,
lugar...); verbos no presente ou pretérito
perfeito do indicativo
EXPOSIÇÃO Informar ou expor um tema, numa
organização lógica, mostrando
relações de causa/efeito,
contraposição, etc.
Operadores discursivos (conjunções,
preposições e expressões denotativas),
modalizadores (talvez, sem dúvida,
provavelmente etc.), verbos no presente do
indicativo
ARGUMENTAÇÃO Defender um ponto de vista ou
opinião; persuadir ou convencer o
interlocutor por meio de
argumentos, numa organização
lógica, mostrando relações de
causa/efeito, contraposição, etc.
Idem anterior
Presença explícita de argumentos
INJUNÇÃO Dar ordens, apresentar regras e
procedimentos a serem seguidos
Verbos com valor imperativo (mesmo que
não estejam no modo imperativo, mas no
infinitivo, por exemplo), pronomes (você,
vocês)
37. • Operam prospectivamente, abrindo o caminho da
compreensão.
• Os interlocutores seguem, em geral, três critérios
para designarem seus textos:
– Suporte (telefone, carta, telegrama...)
– Critérios formais (nível de linguagem, público alvo,
objetivos...)
– Natureza do conteúdo (piada, prefácio de livro, receita
culinária, bula de remédio, conto, discussão, poema...)
Os gêneros textuais
38. Gêneros textuais
Abrangem um conjunto aberto e
praticamente ilimitado de designações
concretas determinadas pelo canal, estilo,
conteúdo, composição e função.
Exemplos de gêneros:
telefonema, sermão, carta
comercial, carta pessoal,
romance, bilhete, aula expositiva,
reunião de condomínio,
horóscopo, receita culinária, lista
de compras, cardápio, instruções
de uso, outdoor, resenha,
inquérito policial, conferência,
bate-papo virtual, etc.
39.
40. Os GÊNEROS são historicamente construídos e apresentam
padrões característicos que nos permitem reconhecê-los
41. • As novas tecnologias, ou seja, a intensidade do uso
das tecnologias e suas interferências nas atividades
comunicativas diárias propiciaram o surgimento de
novos gêneros textuais, formas inovadoras.
• Fato já notado por Bakhtin (1997), quando falava
na transmutação dos gêneros e na assimilação de
um gênero por outro gerando novos.
Exemplos: a) conversa -> telefonema -> chat -> wathsapp
b) bilhete /carta -> e-mail -> twitter
Novos gêneros, velhas bases
42. • Os gêneros híbridos permitem observar
melhor a integração entre os vários tipos de
linguagens: signos verbais, sons, imagens e
formas em movimento.
Gêneros híbridos
43.
44.
45. Relação entre sequências tipológicas (modos) e
gêneros textuais
• Os textos ainda podem apresentar sequências
tipológicas variadas dentro de um mesmo
gênero
50. Quando dominamos um gênero
textual, dominamos uma forma
de realizar linguisticamente
objetivos específicos em
situações sociais particulares.
51. “O objetivo da escola é ensinar o português
padrão, ou, talvez mais exatamente, o de criar
condições para que ele seja aprendido.
Qualquer outra hipótese é um equívoco político
e pedagógico.
A tese de que não se deve ensinar ou exigir o
domínio do dialeto padrão dos alunos que
conhecem e usam dialetos não padrões
baseia-se em parte no preconceito segundo o
qual seria difícil aprender o padrão.”
Sírio Possenti (2000: 17)
53. “CAÇADAS DE PEDRINHO”,
de Monteiro Lobato
• Biografia do autor: contextualização.
• Procurar no texto os diálogos e as explicações do narrador:
texto riquíssimo para analisar a construção do narrador em
discurso direto. Verbos de dizer. Uso de movimento e
sentimento para “explicar” como o personagem fala.
• Uso abundante de comparativos e superlativos.
• Neologismos: pernilonguismo; pernilingalmente; defesa
pernil; está tudo pernilongo. Mesmo fundo semântico.
Alargamento de vocabulário. Observar que as novas
palavras mantêm regras estruturais da morfologia.
54. “CAÇADAS DE PEDRINHO”,
de Monteiro Lobato
• Expressões metafóricas: trocar por expressões
semelhantes, criar outras – “tremia que nem geleia fora
do copo”, “mais trêmulo que manjar branco”.
• Uso de adjetivos: emoções, sentimentos dos
personagens.
• Uso de epítetos para se referir aos personagens (uma
alternativa ao pronome): Marquês de Rabicó: leitão,
fidalgo, artilheiro; Narizinho: menina do nariz
arrebitado; Emília: boneca, terrível bonequinha.
55. “CAÇADAS DE PEDRINHO”,
de Monteiro Lobato
• Escolher 3 ou 4 traços linguísticos para
trabalhar a fundo:
– Riqueza de narrador
– Estruturas de substituição
– Grau dos adjetivos
– Criação de novas palavras
56. “CAÇADAS DE PEDRINHO”,
de Monteiro Lobato
• Outras possibilidades de trabalho
interdisciplinar:
– caçar ou não caçar os animais da floresta? (debate
oral – júri simulado)
– questões que envolvam o meio ambiente
– estudo sobre os animais que aparecem na história
(em parceria com aulas de ciências)
– organização de trabalho em grupo
– dramatização de cenas
57. “CAÇADAS DE PEDRINHO”,
de Monteiro Lobato
• Produção escrita: novas caçadas; carta para
personagens; descrição de outras invenções
para ajudar em caçadas; cartazes de “procura-
se”
58. Referências bibliográficas
• ANTUNES, Irandé Costa. Muito além da gramática: Por um ensino sem pedras no caminho. 1ª
Edição. Belo Horizonte: Ed. Parábola, 2007
• BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: O que é, como se faz. São Paulo: Ed. Loyola, 1999.
• ______. Dramática da Língua Portuguesa. São Paulo, Ed. Loyola, 2000.
• CURY, Carlos Roberto Jamil. Educação e contradição. 4º Edição. São Paulo: Ed. Cortez, 1985.
• ILARI, Rodolfo. A linguística e o ensino de língua portuguesa. 1ªed. Livraria Martins Fontes: São
Paulo, 1985.
• ___________. Linguística e ensino de língua portuguesa como língua materna. 2009. Disponível
em: http://www.poiesis.org.br/mlp/colunas_interna.php?id_coluna=3, Acesso em 02 de julho de
2012.
• LOBATO, Monteiro. Caçadas de Pedrinho. 60ª ed. SP: Ed. Brasiliense, 1994.
• NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática-história, teoria, analise e ensino. São Paulo. UNESP,
2002.
• PERINI, Mário ª Gramática descritiva do Português. São Paulo: Ática, 2006.
• POSSENTI, S. Porque (não) ensinar gramática na escola. São Paulo-SP; Mercado das Letras, 1996.
• SILVA, Délcio Barros da. As principais tendências pedagógicas na prática escolar Brasileira e seus
pressupostos de aprendizagem. Disponível em:http://www.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm>.
Acesso em: 15 fev. 2009.
• SONIA, Natália de Lima. A decisão de ensinar (ou não) a gramática teórica: depoimentos de
professores de rede pública. Taubaté, São Paulo, 2006. Dissertação
• http://www.uniube.br/propep/mestrado/revista/vol06/14/ponto_vista/P-14-001.pdf
• http://meuartigo.brasilescola.com/gramatica/ensino-gramatica-nas-escolas.htm
• http:// www.ufsm.br/linguagem_e_cidadania/02_03/Liane.htm. Acesso em: 22/10/2008)
Notas do Editor
O iluminismo exerceu vasta influência sobre a vida política e intelectual da maior parte dos países ocidentais. A época do iluminismo foi marcada por transformações políticas tais como a criação e consolidação de estados-nação, a expansão de direitos civis e a redução da influência de instituições hierárquicas como a nobreza e a igreja.
O iluminismo forneceu boa parte do fermento intelectual de eventos políticos que se revelariam de extrema importância para a constituição do mundo moderno, tais como a Revolução Francesa, a Constituição polaca de 1791, a Revolução Dezembrista na Rússia em 1825, o movimento de independência na Grécia e nos Balcãs, bem como, naturalmente, os diversos movimentos de emancipação nacional ocorridos no continente americano a partir de 1776.
Muitos autores associam ao ideário iluminista o surgimento das principais correntes de pensamento que caracterizariam o século XIX, a saber,liberalismo, socialismo, e social-democracia.
O ensino que prioriza a gramática é chamado de normativista, assumindo caráter tradicional. A Língua Portuguesa é vista como um sistema fechado, onde mudanças não são “permitidas”, há uma fragmentação no ensino onde as aulas de gramática não se relacionam com as aulas de leitura e produção textual. A metodologia utilizada tem caráter transmissivo e dedutivo, ou seja, os conteúdos são apenas repassados, transmitidos aos alunos, as atividades propostas sempre seguem um modelo estipulado, como por exemplo, siga o modelo. Tais atividades privilegiam as habilidades lingüísticas onde a linguagem é considerada objeto de estudo, porém não enquanto prática social o que proporcionará a análise e compreensão. Os conteúdos gramaticais são abordados isoladamente, como por exemplo, trabalha-se a gramática partindo de textos, entretanto dos mesmos são retirados e trabalhados apenas frases e palavras isoladas, desvinculadas do sentido dos textos. Os gêneros discursivos são ignorados, trabalhando-se apenas com a norma culta, desconsiderando o funcionamento e a interação verbal de tais discursos construídos pelos sujeitos.
O ensino da Língua Portuguesa baseado na prática da análise lingüística contrapõe-se ao ensino anterior. A Língua é vista ou entendida como algo em constante transformação, cria e recria-se a todo momento, resultado das interações entre os sujeitos. A metodologia utilizada baseia-se na indução, ou seja, o aluno é estimulado a chegar a “resposta correta”, e a compreender todo esse processo, para isso parte-se de situações vivenciados pelos alunos ou de seus conhecimentos a respeito da língua, como por exemplo, a língua trabalhada é a dos próprios alunos, produzida pela interação entre eles em diversas situações sociais. A produção textual é incentivada, sendo esses textos utilizados como objeto de trabalho, não retalhados, mas trabalhados em sua forma e sentido original, completo. Igualmente ocorre com os gêneros discursivos, os quais são trabalhados em suas várias modalidades e funções, pois estes fazem parte da língua também.