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Escola Secundária Marquesa da Alorna
A Guerra Fria
Ana Rita Luís Felizardo
Nº3, 12º D
Curso: Línguas e Humanidades
Disciplina: História A
2
Índice
Introdução………………………………………………………………………………………………….……3
O Pós-Guerra…………………………………………………………………………………………..………4
As conferências de paz…………………………………………………………………4
O novo quadro geopolítico……………………………………………………..……7
A organização das Nações Unidas………………………………………….……8
A Descolonização…………………………………………………………………………9
Um mundo bipolar…………………………………………………………………………………………12
A divisão do mundo………………………………………………………………………12
O mundo capitalista………………………………………………………………….…16
O mundo comunista…………………………………………………………………..…20
Os conflitos militares……………………………………………………………………………..……25
O muro de Berlim………………………………………………………………..…….…25
Guerra da Coreia………………………………………………………….………..……27
O Conflito de Cuba…………………………………………..…………………..….…29
A escala armamentista e o início da era espacial……………………………………...31
A corrida ao armamento……………………………………………………………….31
A era espacial……………………………………………………………………………….33
Conclusão……………………………………………………………..…………………………………………36
Web/Bibliografia……………………………………………………………………………..……….…….37
3
Introdução
No âmbito da disciplina de História A, venho realizar um trabalho de pesquisa
e estudo sobre a Guerra Fria. Um dos maiores conflitos entre dois países
depois da II Guerra Mundial.
A Guerra Fria consistiu no conflito entre duas grandes potências emergentes
após a Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética. Estas, em
busca da superioridade mundial, travaram um confronto sem armas.
A Guerra Fria envolveu embates econômicos, diplomáticos, sociais e
principalmente ideológicos, dividindo o mundo em grandes blocos sob a
influência de ambas as nações.
O objetivo deste trabalho é precisamente explorar as causas e consequências
deste conflito essencialmente diplomático, e de como este proporcionou
vários outros acontecimentos, como a chegada do homem á lua.
4
O Pós-Guerra
Quando o mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial, era já clara a alteração de
forças nas relações internacionais. Antigas potências, como a Alemanha e o Japão,
que tinham sonhado com grandes domínios territoriais, saíam da guerra, vencidas e
humilhadas. Outras, como o Reino Unido e a França, embora vitoriosas, viam-se
empobrecidas e dependentes da ajuda externa. No quadro da ruína e desolação do
pós-guerra, só 2 potências se agigantavam: A URSS, escudada na força do exército
vermelho e na sua imensa extensão geográfica; E os EUA, indiscutivelmente a
primeira potência mundial.
As conferências de paz
Á medida que a II Guerra Mundial se aproxima do fim e a vitória se desenha de forma
clara, os Aliados começam a delinear estratégias para o período de paz que se
avizinhava.
A Conferência de Ialta foi composta por um conjunto de reuniões ocorridas
entre 4 e 11 de fevereiro de 1945, no Palácio de Livadia, nas margens do Mar Negro.
Foi a segunda de três conferências realizadas em tempo de guerra, entre os líderes
das principais nações aliadas e as potências capitalistas comemoraram a vitória na
reunião.
O chefe do governo dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, da União Soviética,
Josef Stalin, e o chefe de governo e primeiro-ministro do Reino Unido, Winston
Churchill, reuniram-se para decidir o fim da Segunda Guerra Mundial e a repartição
das zonas de influência entre o Oeste e o Leste.
A 11 de fevereiro de 1945, eles assinam os acordos cujos objetivos são de assegurar
um fim rápido à guerra e a estabilidade do mundo após a vitória final. Estes são
essenciais para a compreensão do mundo pós-guerra. As diretrizes afirmadas nestas
reuniões determinaram boa parte da Guerra Fria, precisando as zonas de influência e
ação dos blocos antagônicos, capitalista e socialista.
5
Apesar das divergências que opunham as 3 estadistas, o clima de cooperação,
cordialidade e confiança que se fazia sentir entre os aliados permitiu o acordo em
algumas questões importantes:
 Definiu-se a fronteira entre a Polónia e a União Soviética, ponto de discórdia
entre os ocidentais - que não se esqueciam de ter sido a violações das
fronteiras polacas a causa imediata da guerra - e os soviéticos - que não
desistiam de ocupar a parte oriental do país.
 Estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em 4 áreas de ocupação,
geridas pelas 3 potências conferencistas e pela França, sobre coordenação de
um conselho aliado.
 Decidiu-se a reunião num futuro próximo, da conferência preparatória da
organização das Nações Unidas.
 Estipulou-se o supervisionamento dos “Três Grandes” na futura constituição
dos governos dos países de leste com base no respeito pela vontade política
das populações.
 Estabeleceu-se a quantia de 20 000 milhões de dólares, proposta por Estaline,
como base das reparações da guerra a pagar pela Alemanha.
Além das decisões que, na conferência, expressa e publicamente se tomaram, parece
possível que, implicitamente, se tenha também estabelecido um acordo quanto às
zonas de influência dos regimes comunista e capitalista.
Embora sem qualquer documento formal conhecido, o certo é que esta hipotética
partilha da Europa foi sempre respeitada, mesmo nos mais difíceis anos da Guerra
Fria quando, alguns meses mais tarde em finais de julho, reuniu-se em Potsdam,
junto de Berlim, uma nova conferência com o fim de consolidar os alicerces da paz.
A conferência da Crimeia entre os chefes dos governos dos EUA, do Reino Unido e da URSS, celebrada de 4 a 11 de
fevereiro, chegou às seguintes conclusões:
I. Organização mundial. Foi decidido convocar, para o dia 25 de abril de 1945, uma conferência das Nações
Unidas relativa à projetada organização mundial. (…)
II. Declaração sobre a Europa libertada. (…) O restabelecimento da ordem na Europa e a reconstrução das
economias nacionais devem realizar-se mediante procedimentos que permitam aos povos libertados destruir os
últimos vestígios do nazismo e do fascismo e estabelecer instituições democráticas de acordo com a sua vontade.
(…)
III. Desmembramento da Alemanha (…)
O Reino Unido, os EUA e a URSS terão a suprema autoridade com respeito à Alemanha. No exercício de tal autoridade
tomarão as medidas (…) que entendam necessárias para a futura paz e segurança.
V. Reparações. (…) A Alemanha terá de indemnizar as nações aliadas pelas perdas que lhes causou durante a
guerra. As reparações serão recebidas, primeiramente, pelos países que suportaram o maior fardo da guerra,
que sofreram perdas mais pesadas e que organizaram a Vitória sobre o inimigo.
Documento 1 – Protocolo da Conferência de Ialta, 11 de fevereiro de 1945
6
A Conferência de Potsdam - ocorreu em Potsdam, Alemanha (perto de Berlim),
entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Os participantes foram os vitoriosos aliados
da Segunda Guerra Mundial, que se juntaram para decidir como administrar
a Alemanha, que se tinha rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8
de maio, Dia da Vitória na Europa.
Esta decorreu num clima mais tenso que a conferência de Ialta. Vencida a Alemanha,
renasciam as desconfianças face ao regime comunista que Estaline representava e às
suas pretensões em especial na Europa, a conferência alcançou uma solução
definitiva para os países vencidos, limitando-se a ratificar e a pormenorizar os
aspetos já acordados em Ialta:
 A perda provisória de soberania da Alemanha e a sua divisão em 4 áreas de
ocupação;
 A administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em 4
setores de ocupação;
 O montante e o tipo de indemnização a pagar pela Alemanha;
 O julgamento dos criminosos de guerra nazis por um tribunal Internacional;
 A divisão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes aos
estabelecidos para a Alemanha.
Nos anos que se seguiram, o clima de tensão que marcou a reunião de Potsdam não
se desvaneceu. Pelo contrário, o afastamento entre os aliados acentuou-se, até se
transformar num profundo antagonismo.
Documento 2 - Uma sessão da conferência de
Potsdam, à mesa sentam-se os 15 elementos das
3 delegações presentes. A conferência decorreu
entre 17 de julho e 2 de agostos de 1945. Após
esta última data, os 3 grandes aliados da
Segunda Guerra Mundial não voltariam a reunir-
se, por mais de 4 décadas.
7
O novo quadro geopolítico
N a Europa, o papel da União Soviética adivinhava-se determinante. No último ano do
conflito, na sua marcha vitoriosa até Berlim, coubera ao Exército Vermelho a
libertação dos países da Europa Oriental. Na Polónia, na Checoslováquia, na Hungria,
na Roménia e na Bulgária, os soldados russos tinham substituído os ocupantes nazis.
Isto fazia com que URSS detivesse uma clara vantagem estratégica no Leste Europeu.
Embora os acordos de Ialta previssem o respeito pela vontade dos povos, expressa em
eleições livres supervisionadas pelas 3 potências, na prática tornava-se impossível
contrariar a hegemonia soviética, que não tardou a impor-se: entre 1946 e 1948,
todos os países libertados pelo Exército Vermelho resvalaram para o socialismo.
Este avanço foi imediatamente contestando pelos ocidentais, originando em março
de 1946 um discurso na Universidade de Fulton denunciando a criação de uma
“cortina de ferro” por parte da URSS, construindo uma área de influência
impenetrável e isolada do Ocidente.
A Cortina de Ferro era separada da região integrada pelas repúblicas europeias da União
Soviética (Rússia, Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Lituânia,
Letônia, Moldávia e Ucrânia) e os estados-satélites da Alemanha
Oriental, Polônia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia. Todos ficavam sob o estrito
controlo político e econômico da URSS. Em 1955 uniram-se militarmente por meio do Pacto de
Varsóvia.
Os dois blocos de países divididos pela cortina de ferro divergiam:
De Estetino, no Báltico, até Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente. Atrás
dessa linha estão todas as capitais dos antigos estados da Europa Central e
Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, e Bucareste ; todas essas cidades famosas
e as populações em torno delas estão no que devo chamar de esfera soviética, e todas estão sujeitas, de
uma forma ou de outra, não somente à influência soviética, mas também a fortes e em certos casos
crescentes medidas de controlo de Moscovo.
Documento 3 - Extrato do discurso de Churchill no Westminster College, em Fulton, no Missouri, Estados
Unidos, em 5 de março de 1946, citando a expressão "iron curtain" ou, em português, "cortina de ferro"
8
 No plano político, o Bloco Ocidental manteve como sistema econômico capitalista
liberal, incluindo diferentes tipos de regimes políticos (desde democracias até
regimes autoritários), enquanto o Bloco Oriental adotou o modelo do socialismo e
a economia planificada, geralmente sob regimes autoritários de partido único.
A Organização das Nações Unidas
A nova organização nasceu oficialmente na conferência de São Francisco, em abril de
1945. Segundo a carta fundadora, as Nações Unidas têm como propósitos principais:
 Manter a paz e reprimir os atos de agressão, utilizando, tanto quanto possível,
meios pacíficos, de acordo com os princípios de justiça e direito
internacional.
 Desenvolver relações de amizade entre os países do mundo, baseadas na
igualdade entre os povos e no seu direito à autodeterminação.
 Desenvolver a cooperação Internacional no âmbito económico, social e
cultural e promover a defesa dos direitos humanos.
 Funcionar como centro harmonizador das ações tomadas para alcançar estes
propósitos.
Abalada como impacto do Holocausto e disposta a impedir, no futuro, as atrocidades
cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, a ONU tomou uma feição
profundamente humanista.
A Carta da ONU articulou um compromisso de defender os direitos humanos dos
cidadãos e delineou um amplo conjunto de princípios relacionados à obtenção de
"padrões de vida mais altos", abordando "problemas econômicos, sociais, de saúde e
afins" e "respeito universal pelos direitos humanos e liberdades fundamentais para
todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião". Como carta constitutiva, é
um tratado constituinte e todos os membros estão vinculados aos seus artigos
Em 1948, fez-se a declaração universal dos direitos do homem, que passou a integrar
os documentos fundamentais das Nações Unidas.
9
A Descolonização
A guerra, que exigiu pesados sacrifícios às colónias, acordou os povos para a injustiça
da dominação estrangeira. A luta contra as forças do eixo foi sentida por todos como
uma luta pela liberdade.
Ao mesmo tempo que fomentava sentimentos de revolta, a guerra pôs também em
evidência as fragilidades da Europa. Até então vistos como potencialmente
invencíveis, os estados europeus mostraram-se incapazes de defender os seus
territórios da invasão estrangeira.
Aos efeitos demolidores da guerra juntaram-se as pressões exercidas pelas 2
superpotências, que apoiam os esforços da libertação dos povos colonizados. Os
Estados Unidos, em lembrança do seu próprio passado e em defesa dos seus
interesses económicos, sempre se mostraram adversos à manutenção do sistema
colonial. A URSS atua em nome da ideologia marxista - que prevê a revolta dos
Artigo 1.º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2.º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente
Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra,
origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto. Além disso, não será feita nenhuma distinção
fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse
país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3.º Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4.º Ninguém pode ser mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura e o comércio de escravos, sob
qualquer forma, são proibidos.
Artigo 5.º Ninguém será submetido a tortura nem a punição ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6.º Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento como pessoa perante a lei.
Artigo 7.º Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito a igual proteção da lei. Todos
têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação.
Artigo 8.º Todas as pessoas têm direito a um recurso efetivo dado pelos tribunais nacionais competentes contra
os atos que violem os seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9.º Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10.º Todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública julgada por um
tribunal independente e imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer acusação
criminal contra elas.
Documento 4 – Declaração Universal dos Direitos do Homem
10
oprimidos pelos interesses económicos capitalistas - e não desperdiça a possibilidade
de estender, nos países recém-formados, o modelo soviético.
Também a ONU, fundada sobre o signo da igualdade entre todos os povos do mundo,
se constituíra com um baluarte Internacional da descolonização, compelindo os
estados- membros ao cumprimento do estipulado na carta e nas resoluções da
assembleia-geral que, invariavelmente, condenaram a manutenção do domínio
colonial.
O processo de descolonização pós Segunda Guerra Mundial inicia-se no continente
asiático.
No Médio Oriente, concluindo um processo já em curso, tornam-se independentes a
Síria, o Líbano, a Jordânia e a Palestina, onde, em 1948 nasce, num clima de guerra,
o estado de Israel.
Na Índia, a joia da coroa britânica, a vontade de independência era já antiga,
ficando a Índia inglesa dividida em 2 estados: a União Indiana, maioritariamente
hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana.
Outros territórios do Império inglês do Oriente, como o Ceilão, a Birmânia e a
Malásia, reclamam igualmente a sua independência. Os ingleses aceitam que é
chegado o momento da descolonização.
A crise do sistema, acentuada pelo desencadear
da Segunda Guerra Mundial, manifesta-se pelo
poderoso impulso do movimento de libertação
nacional nas colónias e nos países dependentes.
Este facto abala a retaguarda do sistema
capitalista.
Os povos das colónias não querem mais viver
como no passado. As classes dominantes das
metrópoles já não podem governar as colónias
da mesma forma. As tentativas de
esmagamento dos movimentos de libertação
nacional pela força militar chocam hoje com
uma resistência armada crescente dos povos
colonizados.
No século XIX, sobretudo, as potências ocidentais
praticam o colonialismo. Mas, pela própria
natureza da civilização ocidental, fundada sobre a
crença na espiritualidade do homem, era inevitável
que esse colonialismo fosse transitório (…)
Temos bons motivos para desejar manter a unidade
com os nossos aliados ocidentais, mas jamais nos
esqueceremos que fomos a primeira colónia a
conquistar a Independência. E não demos um
cheque em branco a nenhuma potência colonial.
Não temos a mínima dúvida de que o processo de
transição de estatuto colonial à autonomia deve ser
completamente realizado.
Documento 5 - A posição soviética sobre a
descolonização. Jdanov, secretário do Comité
Central do partido comunista da URSS, 1947
Documento 6 - A posição americana sobre a
descolonização. John Foster Dules, Secretário de
estado norte-americano, 1953.
11
Também os holandeses e franceses são forçados a abrir mão das suas colónias. Em
1945, o dirigente nacionalista Sukarno proclama a República da Indonésia. Não
estando dispostos a abdicar do território, os holandeses recorrem à força das armas,
mas, pressionados pela ONU, acabam por reconhecer, em 1949, a independência do
novo país.
Mais longo e sangrento se revela o processo de descolonização da Indochina, onde a
ocupação japonesa fomenta fortes sentimentos antifranceses. Quando, em 1945, a
França retoma a soberania sobre o território, defronta-se com uma poderosa
oposição, encabeçada pelo líder comunista Ho Chi Minh onde após 9 anos de
combates, os franceses se retiram do território reconhecendo o nascimento de 3
novas nações: o Vietname, Laos e o Camboja. Irradiando da Ásia, a descolonização
estende-se à África do Norte. No seu conjunto, o fim dos impérios europeus pode
considerar-se o fenómeno político mais relevante da segunda metade do século
XX. Com ele, o mapa das nações alterou-se profundamente, as relações
internacionais redimensionaram-se, mas, sobretudo, impôs-se o princípio da
igualdade entre todos os povos do mundo.
Documento 7 - Impérios coloniais em 1945. A vermelho o império do Reino Unido, a rosa-claro os
domínios britânicos, a azul-escuro o império francês, a verde-escuro o império português, a verde-claro
está representado o império espanhol.
12
Um mundo bipolar
A divisão do mundo
Depois do anúncio em Fulton, de que uma “cortina de ferro” dividia a Europa, o
processo de sovietização dos países de Leste era já impossível de parar. Os partidos
comunistas ganhavam cada vez mais força e progressivamente davam á URSS mais
áreas de poder e influência.
Isto parecia algo inaceitável para os ocidentais. Este crescente poder ameaçava o
modelo capitalista e liberar, assim, era necessário conter a expansão das ideias
marxistas. Os Estados Unidos assumem, frontalmente, a liderança da oposição aos
avanços do socialismo.
Este conflito de abrangência internacional, apelidado de Guerra Fria, serviu como
palco de uma intensa e constante disputa entre as potências envolvidas. Aos Estados
Unidos, competia desenvolver estratégias com o intuito de ampliar a área de
influência da economia capitalista. Para tal, mostrava-se fundamental estabelecer
alianças com o maior número possível de nações. É, neste sentido, que podemos
localizar a formação da “Doutrina Truman” e do “Plano Marshall”.
Num discurso que ficou para a história, o presidente Truman expõe a sua visão de um
mundo divido em dois sistemas antagónicos: um baseado na liberdade e o outro na
opressão. Neste sentido, era responsabilidade dos norte americanos liderar o mundo
livre e auxiliá-lo na contenção do comunismo. – A esta ideologia dá-se o nome de
“Doutrina Truman”
Esta doutrina previa a intervenção dos EUA em áreas ameaçadas pelo comunismo. Tal
ingerência baseava-se no apoio militar e financeiro a essas regiões.
O Plano Marshall fundamentava-se no auxílio econômico aos países europeus
destruídos pela Segunda Guerra. Buscava, com isso, revitalizar a economia de
mercado nessas localidades.
Com o mesmo intuito de bloquear a expansão vermelha, foram criadas ainda a OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a OEA (Organização dos Estados
Americanos)
13
- O Plano Marshall;
Um aprofundamento da Doutrina
Truman, foi o principal plano
dos Estados Unidos para a reconstrução
dos países aliados da Europa nos anos
seguintes à Segunda Guerra Mundial. A
iniciativa recebeu o nome do Secretário
de Estado dos Estados Unidos, George
Marshall.
Os americanos deram ajuda econômica
no valor de cerca de 14 bilhões
de dólares na época que foram
entregues para ajudar na recuperação
dos países europeus que se juntaram
à Organização Europeia para a
Cooperação e Desenvolvimento
Econômico.
Substituindo o anterior Plano
Morgenthau, operou por quatro anos a
partir de 2 de abril de 1948.Os objetivos
dos Estados Unidos eram reconstruir
regiões devastadas pela guerra,
remover barreiras comerciais e
modernizar a indústria, melhorar a
prosperidade europeia e impedir a
disseminação do comunismo.
O maior beneficiário do dinheiro do
Plano Marshall foi o Reino Unido,
seguido da França e da Alemanha
Ocidental. Cerca de dezoito países
europeus receberam benefícios do
Plano. Apesar de ter sido prometido,
durante a guerra, que receberia ajuda
financeira, a União Soviética recusou-se
a participar do programa por medo de
perder sua independência econômica;
além disso, também bloqueou a possível
participação de países da Europa
Oriental, como a Alemanha
Oriental, Checoslováquia, Hungria e Pol
ônia.
OTAN; Para impedir o avanço do socialismo, em 4 de abril de
1949 foi assinado em Washington o Tratado do Atlântico Norte
que deu origem à OTAN.
Os países signatários do tratado na época eram a
Bélgica, França, Noruega, Canadá, Islândia, Países
Baixos, Dinamarca, Portugal, Itália, Estados Unidos,
Luxemburgo e Reino Unido. O Tratado acordava que qualquer
ataque armado contra um dos países signatários seria
considerado uma agressão a todos os demais, que
imediatamente deveriam enviar reforços militares para
combater a invasão.
OEA; A Organização dos Estados Americanos,
abreviadamente OEA, é uma organização internacional com
sede em Washington, D.C., Estados Unidos, cujos membros
são as 35 nações independentes, do continente americano.
Os propósitos essenciais da OEA são os seguintes: garantir a
paz e a segurança continentais; promover e consolidar a
democracia representativa, respeitado o princípio da não-
intervenção; prevenir as possíveis causas de dificuldades e
assegurar a solução pacífica das controvérsias que surjam
entre os seus membros; organizar a ação solidária destes em
caso de agressão; procurar a solução dos problemas políticos,
jurídicos e econômicos que surgirem entre os Estados
membros; promover, por meio da ação cooperativa, o seu
desenvolvimento econômico, social e cultural; e alcançar uma
efetiva limitação de armamentos convencionais que permita
dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento
económico-social dos Estados membros.
14
Como resposta a todos estes acordos e tratados com o objetivo de parar a expansão
dos socialismos, pouco tempo depois, um alto dirigente soviético, Andrei Jdanov,
formaliza, por sua vez, a rutura entre as duas potências. Afirmava que a divisão do
mundo se fazia em dois campos opostos: um “imperialista e antidemocrático”
tutelado pelos EUA e outro “anti-imperialista e democrático”, tutelado pela
URSS, defende o direito à extensão da influência comunista até ao centro da Europa
pela transformação dos países vizinhos, libertados da dominação nazi por ação do
Exército Vermelho, em satélites políticos da URSS.
Em janeiro de 1949, Moscovo “responde” também ao Plano Marshall, lançando o
Plano Molotov, consistia numa série de acordos bilaterais, entre o estado soviético e
cada uma das democracias populares, que estipulavam, a longo prazo, ajuda técnica
e financeira, intercâmbio de produtos e matérias-primas. Para a coordenação
conjunta da planificação económica, criou-se em 1949 o COMECON (Conselho de
Assistência Económica Mútua), esta era uma organização de cooperação económica,
científica e técnica fundada pela URSS, Polónia, Checoslováquia, Bulgária e Albânia.
No campo financeiro, integram o COMECON duas instituições sediadas em Moscovo: o
Banco Internacional de Cooperação Económica e o Banco Internacional de
Investimento. O primeiro administra as contas bilaterais, de compensação de
pagamentos e os créditos a curto prazo para regularização de desequilíbrios
temporários entre os estados-membros. O segundo assegura o financiamento
multilateral dos investimentos e gere um fundo especial de ajuda económica
aos países em desenvolvimento.
Documento 8 – Distribuição da
ajuda do plano Marshall
15
No atual momento da história do mundo, quase
todas as nações têm de escolher entre dois
modos de vida alternativos. E essa escolha não
é, normalmente, livre.
Um dos modos de vida baseia-se na vontade da
maioria e distingue-se pelas suas instituições
livres, por um governo representativo, por
eleições livres, pela garantia da liberdade
individual, de liberdade de expressão e de
religião e pela ausência de opressão política. O
segundo modo de vida baseia-se na vontade da
minoria imposto pela força a maioria. Assenta
no terror e na opressão, numa imprensa e num
rádio controlados, em eleições viciadas e na
supressão das liberdades individuais.
Penso que a política dos Estados Unidos deve
ser a de apoiar os povos livres que se
encontram a desenvolver ações de resistência
contra as tentativas de subjugação lançadas por
minorias armadas e apoiadas por pressões
externas. (…)
Penso que a nossa ajuda deverá ser
essencialmente de natureza económica e
financeira, essencial à estabilidade económica
e a uma vida política serena.
As potências que atuam no teatro mundial
agrupam-se em dois campos distintos: o campo
imperialista e antidemocrático de um lado; O
anti-imperialista e democrático do outro.
Os Estados Unidos são a principal força dirigente
do campo imperialista, a Inglaterra e a França
estão unidas aos Estados Unidos. (…) O seu
objetivo consiste no fortalecimento do
imperialismo, na preparação de uma
nova guerra imperialista, na luta contra o
socialismo e a democracia, assim como não
apoio todos os regimes e movimentos
reacionários, antidemocráticos e pró-fascistas.
O outro campo é constituído pelas forças anti-
imperialistas e democráticas. A sua força reside
na URSS e nas novas democracias.
O campo anti-imperialista apoia-se no
movimento operário e nos movimentos
democráticos de todos os países, nos partidos
comunistas irmãos, nos movimentos de
libertação dos países coloniais e dependentes.
(…)
É á União Soviética e a sua política externa que
pertence o papel dirigente na concretização desta
tarefa primordial do pós-guerra.
Documento 9 – A Doutrina Truman Documento 10 – A Doutrina de Jdanov
16
Documento 11 - O Estado-providência veio substituir o
conceito de Estado liberal. O Estado-Providência seria
semelhante á caricatura, uma mão que segura uma
almofada para amparar a população sem estabilidade
suficiente.
O mundo capitalista
Na Europa do pós-guerra, os governos lançam um vasto programa de nacionalização,
que atinge os bancos, as companhias de seguros, a produção de energia, os
transportes, a mineração, entre outros setores. O estado torna-se, por esta via, o
principal agente económico do país, o que lhe permite exercer a função reguladora
da economia, garantindo emprego e definindo a política salarial.
Paralelamente, revê-se o sistema de impostos, reforçando-se o caráter progressivo
das taxas. Este princípio, que onera os rendimentos dos mais ricos e gera grandes
receitas, permitiu assegurar uma redistribuição mais equitativa da riqueza nacional,
sob a forma de auxílios sociais.
Um tal conjunto de medidas modificou, de forma profunda, a conceção liberal do
estado dando origem ao Estado Providência que, desde então até aos nossos dias,
marcou fortemente a vida das democracias ocidentais
O sistema de proteção social generaliza-se a toda
a população, passando a acautelar as situações de
desemprego, acidente, velhice e doença;
estabelecem-se prestações de ajuda familiar e
outros subsídios aos mais pobres.
Complementarmente ampliam-se as
responsabilidades do estado no que concerne à
habitação, ao ensino e à assistência médica.
Este conjunto de medidas visa um duplo objetivo:
por um lado, reduz a miséria e o mal-estar social,
contribuindo para uma repartição mais equitativa
de riqueza; por outro, assegura uma certa
estabilidade e economia, já que evita descidas
drásticas da procura como o que ocorreu durante a
crise dos anos 30. Assim, o Estado Providência foi
também um fator de grande prosperidade
económica que o ocidente viveu nas 3 décadas que
se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
17
O crescimento económico do pós-guerra estruturou se em bases sólidas: os governos
não só assumiram grandes responsabilidades económicas como delinearam planos de
desenvolvimento coerentes, permitiram estabelecer prioridades, rentabilizar e
ajudar Marshall e definir diretrizes futuras; internacionalmente, os acordos
de Bretton Woods, a criação do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) e de
espaços económicos alargados consolidaram as relações económicas entre os países.
Escorado por esta nova filosofia de ação, o capitalismo que na década de 30 parecera
condenado pela grande depressão, emergiu dos escombros da guerra e atingiu o seu
auge. Entre 1945 e 1973, a produção mundial mais do que triplicou e, em 7 dos
setores, como a produção energética e do automóvel, multiplicou-se por dez.
As economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise, registando
apenas, de tempos a tempos, pequenos abrandamentos de ritmo. As taxas de
crescimento especialmente altas de certos países, como a França ou o Japão,
surpreenderam os analistas, que começaram a referir-se-lhes como “milagre
económico”.
Estes 30 anos de uma prosperidade material sem precedentes ficaram na história
como os Trinta Gloriosos.
As conferências de Bretton Woods, definindo
o Sistema Bretton Woods de gerenciamento
econômico internacional, estabeleceram-se
em julho de 1944 as regras para as relações
comerciais e financeiras entre os países mais
industrializados do mundo. O sistema Bretton
Woods foi o primeiro exemplo, na história
mundial, de uma ordem monetária totalmente
negociada, tendo como objetivo governar as
relações monetárias entre Nações-Estado
independentes.
O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, foi
um acordo internacional estabelecido em 1947,
visando promover o comércio internacional e
remover ou reduzir barreiras comerciais, tais
como tarifas ou quotas de importação, e a
eliminação de preferências entre os signatários,
visando obter vantagens mútuas. Trata-se de um
conjunto de normas tarifárias destinadas a
impulsionar o livre comércio e a combater
práticas protecionistas nas
relações comerciais internacionais.
18
0
1
2
3
4
5
6
1820-70 1870-1913 1913-50 1950-73
2
2.2
Podemos assim destacar os seguintes desenvolvimentos:
A aceleração do progresso tecnológico, atingindo todos os setores como os das
fibras sintéticas, ou dos plásticos, da medicina, da aeronáutica, da eletrónica, entre
muitos outros. Rapidamente produzidas em série, as inovações tecnológicas
revolucionaram a vida cotidiana e os processos de produção.
O recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, em detrimento do
carvão, que, desde a revolução industrial, se mantinha num destacado primeiro
lugar. A extração do petróleo desloca-se nos anos 60, para os países do Médio
Oriente, que se tornaram os seus principais fornecedores A sua abundância e baixo
preço alimentavam a prosperidade económica, permitindo uma revolução nos
transportes, para além de um novo conjunto de produtos industriais.
O aumento da concentração industrial e do número de multinacionais, verdadeiros
gigantes económicos que fabricam e comercializam os seus produtos nos quatro
cantos do mundo. Presentes em praticamente todos os setores estas empresas
investem grandes somas na investigação científica, contribuindo para a aceleração do
progresso técnico.
O aumento significativo da população ativa proporcionado pelo reforço da mão-de-
obra feminina no mercado de trabalho, o baby-boom* dos anos 40-60 e a imigração
de trabalhadores oriundos dos países menos desenvolvidos. Para além de mais
Documento 12 – Taxa de crescimento anual médio do PIB mundial (em percentagem)
1.9
5
19
numerosa, a mão-de-obra tornou-se também mais qualificada, em virtude do
prolongamento da escolaridade. Só os imigrantes destoavam deste quadro,
assegurando os trabalhos que não requeriam alto nível de formação profissional e
eram, por isso, mal remunerados.
A modernização da agricultura, setor onde a produtividade aumenta de tal modo
que permite aos países desenvolvidos passarem de importadores a exportadores de
produtos alimentares. Renovado, por grandes investimentos e nova tecnologia o setor
agrícola liberta, em pouco tempo, grandes quantidades de mão-de-obra, que migra
para os núcleos urbanos.
O crescimento do setor terciário que absorveu a maior percentagem de
trabalhadores. O surto espetacular das trocas comerciais, aposta no ensino, os
serviços sociais prestados pelo estado e a complexidade crescente da administração
das empresas multiplicou o número de postos de trabalho neste setor. Assim, as
classes médias alargam-se, o que contribui para a subida do nível de vida e para o
equilíbrio social.
Como consequência dos "Trinta
Gloriosos", ocorreu uma generalização
do conforto material. O pleno emprego,
os salários altos e a produção maciça de
bens a preços acessíveis conduziram à
sociedade de consumo, sociedade de
abundância identificada pelo consumo
em massa de bens supérfluos, que
passam a ser encarados como essenciais
à vida, e pelo desperdício. Nesta
sociedade, o cidadão comum é
permanentemente estimulado a
depender mais do que o necessário,
facto bem orquestrado pela publicidade
que criou necessidades que antes as
pessoas não sentiam.
Documento 13 – Cartaz publicitário á coca-cola.
20
Como os gastos na alimentação e em outros bens essenciais deixaram de absorver a
quase totalidade dos orçamentos familiares, as casas tornaram-se cómodas e bem
equipadas, onde se podia encontrar uma vasta gama de eletrodomésticos e um
automóvel na garagem ou na rua. As férias pagas vieram acentuar a ideia de que a
vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar.
*baby-boom: Definição genérica para uma explosão demográfica decorrente do aumento súbito
do crescimento vegetativo de uma população, ou seja, pelo grande número de nascimentos. Em geral, a
expressão baby boomers refere-se às pessoas nascidas nos primeiros anos posteriores à Segunda Guerra
Mundial, entre 1946 e 1964, período em que se registrou uma explosão populacional, nos Estados
Unidos, em decorrência de um aumento importante da taxa de natalidade. Indivíduos nascidos nesse
período foram jovens durante as décadas de 60 e 70 e viveram as importantes transformações culturais
e sociais dessas duas décadas.
O mundo comunista
A expansão do mundo comunista fez-se, em grande parte, sobre a égide da URSS.
Após a Segunda Guerra Mundial, o reforço da posição militar soviética e o
desencadear do processo de descolonização criaram condições favoráveis quer á
extensão do comunismo, quer ao estreitamento dos laços de amizade e cooperação
entre Moscovo e os países recentemente emancipados. A URSS saiu, assim, do
isolamento a que estivera desde a revolução de outubro, alargando a sua influência
nos quatro continentes.
A primeira vaga da extensão do comunismo atingiu a Europa Oriental, fez-se sob a
pressão direta da União Soviética. Em meados de 1948, os partidos comunistas dos
países de leste tinham-se já assumido como partidos únicos e, em pouco tempo, a
vida política, social e económica destas regiões foi reorganizada em moldes
semelhantes aos da URSS.
Os novos países socialistas receberam a designação de democracias populares. Por
oposição às democracias liberais, julgadas incapazes de garantir a verdadeira
igualdade devido à persistência dos privilégios de classe, as democracias populares
defendem que a gestão do estado pertence, em exclusivo, às classes trabalhadoras.
Estas, que constituem a esmagadora maioria da população, exercem o poder através
do partido comunista, que, supostamente, representam os seus interesses.
21
As eleições existem e realizam-se mediante sufrágio universal, mas o sistema
funciona como a apresentação de candidaturas e listas únicas, de caráter oficial. Os
dirigentes do partido ocupam, também, os altos cargos do estado que desempenha
um papel primordial em todas as esferas da vida da nação: defina vida política, as
opções económicas, o enquadramento ideológico e cultural dos cidadãos. Em suma, a
Europa de Leste reconstrói-se de acordo com a ideologia marxista e a interpretação
de que dela faz o regime soviético.
Em 1955, os laços entre as democracias populares foram reforçados com a
O Pacto de Varsóvia constituiu uma organização claramente oposta à OTAN,
simbolizando o antagonismo militar que marcou a guerra fria.
O Pacto de Varsóvia ou Tratado de Varsóvia foi uma aliança militar formada em 14 de
maio de 1955 pelos países socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, países
estes que também ficaram conhecidos como bloco do leste.
O tratado correspondente foi firmado na capital da Polônia, Varsóvia, e estabeleceu
o alinhamento dos países membros com Moscovo, criando um compromisso de ajuda
mútua em caso de agressões militares e legalizando na prática a presença de milhões
de militares soviéticos nos países do Leste Europeu desde 1945.
Art.1 – A República socialista da Checoslováquia é um estado socialista fundado na aliança sólida entre
operários, camponeses e intelectuais, liderados pela classe operária (…). ela faz parte do sistema
socialista mundial.
Art. 2 - Todo o poder pertencente ao povo trabalhador quem exerce os poderes do estado através das
suas estruturas representativas (…)
Art. 4 - A força dirigente na sociedade e no estado é a vanguarda da classe operária, o partido comunista
da Checoslováquia (…).
Art. 13 - Todas as escolas pertencem ao estado (…).
Art. 22 - A radiodifusão e a televisão constituem em um direito exclusivo do estado (…).
Art. 24 - Garante-se o direito de reunião e associação desde que não ameace as instituições populares e
democráticas ou a paz e a ordem pública (…).
Art. 26 - Todos os cidadãos têm direito ao trabalho. Esse direito está essencialmente garantido pela
organização do trabalho, dirigida pelo estado segundo os princípios da economia planificada (…).
Documento 14 – Democracia Popular da Checoslováquia
22
O organismo militar foi alegadamente instituído em contraponto à OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização internacional que uniu as
democracias da Europa Ocidental e os Estados Unidos para a prevenção e defesa dos
países membros contra eventuais ataques vindos do Leste Europeu.
Considerando-se a “pátria do socialismo”, a União Soviética impôs um modelo único e
rígido, do qual não admitiu desvios. E assim que, quando estalou um protesto e
rebeliões contra o seu excessivo domínio, Moscovo não hesitou em utilizar a força
para manter a coesão do seu bloco. Os dois casos mais graves ocorreram na Hungria,
em 1956, e na Checoslováquia, em 1968. As ruas de Budapeste e Praga viram-se,
então, ocupadas pelos tanques soviéticos, que, depois de uma repressão severa,
garantiam a normalização da vida política.
O esmagamento militar da primavera de Praga levou ao líder soviético Brejnev
assumir, perante o mundo, que a soberania dos países do pacto de Varsóvia se
encontrava limitada pelos superiores interesses do socialismo.
Outra preocupação para os dirigentes comunistas da Europa de Leste era a situação
de Berlim. De facto, a cidade tornara-se numa ponte de passagem para o ocidente.
Milhares de cidadãos da Alemanha comunista utilizavam Berlim oriental como forma
de alcançar a República Federal Alemã.
Eram, sobretudo, quadros técnicos, jovens diplomados que se sentiam atraídos pelos
salários altos e pelo consumismo da sociedade capitalista.
Estas “deserções “afetavam gravemente a economia da RDA e, mais do que isso,
afetavam o prestígio do mundo socialista. O problema acabaria por ser solucionado
em 1961, com a construção, pela RDA, do célebre muro de Berlim, que, em breve, se
tornaria no símbolo da Guerra Fria.
Art. 1º. As partes contratantes comprometem-se (…) a abster-se nas suas relações internacionais de ameaças de
violência ou da sua aplicação e a resolverem os seus litígios internacionais por meios pacíficos, de forma a não
ameaçarem a paz e a segurança mundiais. (…)
Art 4.º Em caso de agressão armada na Europa contra um ou vários dos estados signatários do tratado (…) cada
estado signatário do tratado, exercendo o seu direito á autodefesa individual ou coletiva de acordo com o artigo 51
da carta da organização das Nações Unidas, concederá ao estado ou estados vítimas de uma tal agressão assistência
imediata (…).
Documento 15 – O Pacto de Varsóvia
23
Terminada a guerra com a vitória sobre os nossos inimigos, a União Soviética entrou numa nova etapa de paz e
desenvolvimento económico. Na hora presente, cabe ao povo soviético a tarefa (…) de seguir em frente, de forma
a criar as condições de um novo e poderoso impulso da economia nacional. Devemos, no mais curto espaço de
tempo, fechar as feridas provocadas pelo inimigo e restabelecer o nível económico que tínhamos antes da guerra,
de forma a podermos ultrapassar esse nível num futuro próximo, aumentar o bem-estar material do nosso povo e
reforçar ainda mais o poderio económico e militar da União Soviética.
Documento 16 - A aposta na indústria, discurso proferido por Estaline na ocasião do 28º aniversário do Exército
Vermelho, fevereiro de 1946.
O Balanço económico da Segunda Guerra Mundial foi especialmente pesado para a União Soviética:
milhões de hectares de cultivo foram destruídos, centenas de cidades arrasadas e uma parte importante
do equipamento industrial perdeu-se. Assim, logo após a guerra terminar, a URSS retomou o modelo de
planificação económica que tinha implementado nos anos 20. Tal como já acontecera, a indústria pesada
e as infraestruturas recebem prioridade absoluta.
Imensos complexos fazem da união soviética a segunda potência industrial do mundo e garantem o poder
militar necessário ao afrontamento dos tempos da Guerra Fria.
A proclamação das repúblicas populares implanta também o modelo económico soviético. Os meios
de produção são coletivizados e reorganizados em moldes idênticos aos da URSS. É dada prioridade
absoluta à industrialização, baseada na indústria pesada. Assim, os novos países socialistas europeus,
que, com exceção da Checoslováquia e da RDA, eram essencialmente agrícolas, industrializam-se
rapidamente. Esta industrialização foi um dos maiores êxitos das economias planificadas.
No entanto, o nível de vida das populações não acompanha esta evolução económica. As jornadas de
trabalho mantêm-se excessivas, os salários sobem a um ritmo muito lento e as carências de bens de
toda a espécie mantêm-se. Negligenciados pelos primeiros planos, a agricultura, a construção
habitacional, as indústrias de consumo e o setor terciário, considerado improdutivo, avançam
lentamente. Nas cidades, que a industrialização fez crescer a um ritmo muito rápido, a população
amontoa-se em bairros periféricos, superpovoados. As longas filas de espera para adquirir os bens
essenciais tornam-se uma rotina diária.
Passado o primeiro impulso industrializador, as economias planificadas começam a mostrar, de forma
mais evidente, as suas debilidades. A planificação é excessiva entre as empresas, que não gozam da
autonomia na seleção das produções, do equipamento e dos trabalhadores, na fixação de salários e
preços ou na escolha de fornecedores e clientes. Uma gestão burocrática, sem entusiasmo nem
iniciativa, limita-se a procurar cumprir as quantidades previstas no plano, sem atender à qualidade
dos produtos ao potencial de rentabilidade dos equipamentos e da mão de obra.
24
Face aos problemas económicos, implantou-se, nos anos 60, um vasto conjunto de
reformas em praticamente todos os países da Europa socialista. O exemplo partiu da
URSS, onde o novo líder, Nikita Kruchtchev, abre uma via de renovação, quer política
quer económica.
O plano é iniciado em 1959, este reforça o investimento nas indústrias de consumo,
na habitação e na agricultura, neste setor é lançado um vasto programa de
arroteamento das terras não cultivadas do Cazaquistão e da Sibéria Ocidental.
 A duração do trabalho semanal reduz-se passando de 48 horas para 42 assim
como a idade da reforma que se estende aos trabalhadores agrícolas, pela
primeira vez.
 Nas empresas procurava-se incentivar a produtividade e aumentar a
autonomia dos gestores em relação aos funcionários do estado assim cria-se
um sistema de prémios para os trabalhadores mais ativos.
No entanto, os efeitos destas medidas não atingiram as expectativas e não foram
capazes de relançar as economias do bloco socialista. Na década de 70 a burocracia
reforça-se e alastra uma onda de corrupção sem precedentes.
As prioridades voltam-se para o complexo militar-industrial, e a exploração dos
recursos naturais, no entanto os custos de exploração do território siberiano revelam-
se excessivos e os resultados não atingem o esperado. As dificuldades soviéticas
refletiram-se em todos os países-satélite. Estas dificuldades económicas acentuaram-
se na década de 70 afetando o mundo industrializado refletindo-se sobretudo em
falhas do sistema que se foram agravando ao longo do tempo. Estes bloqueios
económicos acabaram por conduzir à falência dos regimes comunistas europeus, no
fim dos anos 80.
Documento 17 – Nikita
Kruchtchev aperta a mão do
presidente dos Estados Unidos, a
sua liderança inaugura uma
etapa na política externa da
URSS, marcada pelo diálogo com
os Estados Unidos, assim em
1959, Kruchtchev visita os EUA.
25
Os conflitos militares
O muro de Berlim
A derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial resultou na divisão do país, que se
tornou o marco de dois blocos político-económicos antagônicos.
A contínua expansão do comunismo fez com que os americanos e ingleses olhassem a
Alemanha, não como um inimigo vencido, mas sim como um aliado indispensável ao
combate do avanço socialista, assim, o renascimento alemão tornou-se uma
prioridade para os Estados Unidos. Com o objetivo de intensificar os esforços as três
potências aliadas – Reino Unido, Estados Unidos e França - unem os seus territórios
alemães criando a RFA (República Federal Alemã).
Como resposta, e considerando a criação da RAF como uma clara violação dos
acordos estabelecidos, a União Soviética acabou por desenvolver uma atuação
semelhante na sua própria zona, isto conduziu á criação de um Estado Paralelo,
denominado de RDA (República Democrática Alemã). Dessa forma, o território
alemão ficava dividido e o mundo enxergava com mais clareza a construção da ordem
bipolar. Graças à ajuda norte-americana, a RFA conseguiu organizar uma reforma
econômica que apresentou resultados positivos desde os primeiros anos da década de
1950. A criação de uma nova moeda, o marco alemão, e a inserção do país na
economia de mercado simbolizavam o trunfo do projeto capitalista.
Documento 17 – Representação da cortina de ferro e marcação das duas
Alemanhas
26
Em troca dos incentivos do bloco capitalista, a Alemanha Ocidental organizou
grandes e eficientes projetos de assistência social que trouxeram conforto à
população.
No lado oriental, a RDA passou por maiores dificuldades tendo em vista que, sob o
ponto de vista histórico e econômico, essa sempre fora a parte menos desenvolvida
da Alemanha. Além desses problemas, os comunistas locais pretendiam constituir
uma nação livre da interferência soviética e guiada pelo regime pluripartidarista.
Este processo de divisão trouxe para o centro da discórdia a situação de Berlim, já
que na capital, situada no coração da área soviética, continuavam estacionadas as
forças militares das três potências ocidentais.
Numa tentativa de forçar a sua retirada, Estaline bloqueia, aos aliados, todos os
acessos terrestres á cidade. Fora colocado um alambrado provisório de 155
quilômetros que separava as duas partes de Berlim. Os meios de transporte ficaram
interrompidos e nenhum podia atravessar de um lado para o outro.
Durante os dias seguintes, começou-se a construção de um muro de tijolos e as
pessoas cujas casas estavam na linha de construção foram desalojadas. Criando-se
assim o Muro de Berlim.
Com o passar dos anos, houve muitas tentativas de escapar, algumas com sucesso, o
que levou à ampliação do muro até limites insuspeitados para aumentar a segurança.
O Muro de Berlim acabou por se tornar uma parede de concreto com uma altura
entre 3,4 e 4 metros, com um interior formado de cabos de aço para aumentar a sua
resistência. Na parte superior, foram colocadas superfícies semiesféricas para que
ninguém se pudesse segurar.
Acompanhando o muro, foi criada a chamada “faixa da morte”, formada por um
fosso, um alambrado, uma avenida pela qual circulavam constantemente veículos
militares, sistemas de alarme, armas automáticas, torres de vigilância e patrulhas
acompanhadas de cães, 24 horas do dia.
Em 1975, 43 quilômetros do muro eram acompanhados das medidas de segurança da
faixa da morte, e o resto estava protegido por cercas.
27
A queda do muro foi motivada pela abertura das fronteiras entre a Áustria e a
Hungria em maio de 1989, já que cada vez mais alemães viajavam à Hungria para
pedir asilo nas diferentes embaixadas da República Federal Alemã. Este fato motivou
enormes manifestações, o que fez com que, no dia 9 de novembro de 1989, o
governo da RDA afirmasse que a passagem para o lado oeste estava permitida.
Nesse mesmo dia, milhares de pessoas aglomeraram-se nos pontos de controlo para
poder passar para o outro lado e ninguém os poderia deter, levando a um êxodo
massivo.
No dia seguinte foram abertas as primeiras brechas no muro e começou a contagem
regressiva para o final dos seus dias.
Depois de terem sido libertados, famílias e amigos puderam voltar a ver-se, ao fim de
28 anos de separação forçada.
A Guerra da Coreia
A Guerra da Coreia foi um conflito armado travado entre a Coreia do Norte e
a Coreia do Sul, no contexto da Guerra Fria. As Nações Unidas, com os Estados
Unidos como sua principal força, vieram em ajuda aos sul-coreanos. A China, por sua
vez, interveio em favor do norte, com a União Soviética dando-lhes apoio logístico e
político.
A Coreia foi governada pelo Japão desde 1910 até o final da Segunda Guerra Mundial.
Em agosto de 1945, os soviéticos declararam guerra contra os japoneses, como
resultado de um acordo feito com os Estados Unidos e libertaram o norte do Paralelo
38. Tropas norte-americanas, logo em seguida, moveram-se para ocupar o sul
da península. Em 1948, como resultado do início da Guerra Fria entre os Estados
Unidos e a União Soviética, a península coreana foi dividida em duas regiões, com
governos separados. Representantes da zona sul, a o lado capitalista, de influência
americana e da zona norte, o lado comunista, de influência soviética. Cada um
Documento 18 - Curva do Muro de
Berlim nas proximidades do Portão de
Brandemburgo. Vista de cima do
edifício do Reichstag em novembro de
1961.
28
afirmava ser o legítimo governo da Coreia, e nenhum lado aceitava as fronteiras da
época.
O conflito escalou para uma guerra aberta total quando os norte-coreanos, apoiados
belicamente pelos soviéticos e chineses, invadiram o sul, em 25 de junho de 1950.
Naquele período, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reconheceu isto como
uma invasão ilegal e exigiu um cessar-fogo. A 27 de junho, o Conselho da ONU
aprovou a intervenção na invasão e envia uma tropa sob a bandeira das Nações
Unidas para restabelecer a paz na península coreana. Cerca de vinte e um países
contribuíram para as forças militares na missão da ONU, porém 88% dos soldados
eram, na verdade, americanos.
Documento 18 –
Desenvolvimento
da guerra da
Coreia ao longo
dos anos, até ao
seu fim.
29
De acordo com historiadores, quase cinco milhões de pessoas morreram na
guerra e mais da metade eram civis. A guerra teve consequências gigantes
tanto na Coreia do Norte quanto na Coreia do Sul, sendo que boa parte do
conflito ocorreu ao redor da zona desmilitarizada, uma região de 5km de
largura que divide as duas Coreias de leste a oeste e que foi estabelecida
durante o armistício.
Desde 1953, existe tensões entre ambos os governos. A Coreia do Sul conta
com a presença de mais de 20.000 soldados americanos na zona desmilitarizada
e transformou-se numa potência econômica e tecnológica regional. Já a Coreia
do Norte tornou-se num dos países mais isolados do mundo.
O conflito de Cuba
Outro episódio, é chamado a Crise dos Mísseis de 1962, este refere-se aos treze dias
de impasse entre Estados Unidos e União Soviética, em outubro de 1962, devido à
instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha de Cuba. No ano de 1959, um
movimento revolucionário derrubou o ditador cubano Fulgêncio Batista, instalando no
país um governo socialista liderado por Fidel Castro.
O novo governo de Cuba alinhou-se á URSS e torna-se dependente economicamente
do país. O líder soviético, Nikita Khrushchev, com o objetivo de provar a capacidade
bélica e nuclear da União Soviética, aproveitou-se da influência que exercia no
governo cubano e da relação hostil que este mantinha com os Estados Unidos e
instalou mísseis na ilha direcionados ao território americano.
Documento 19 - Vista aérea
onde é visível a base de
lançamento dos mísseis em
Cuba, novembro de 1962
30
A 14 de Outubro, os Estados Unidos divulgaram fotos de um voo secreto realizado
sobre Cuba apontando cerca de quarenta depósitos para abrigar mísseis nucleares.
Houve uma enorme tensão entre as duas superpotências pois uma guerra
nuclear parecia mais próxima do que nunca. O governo de John F. Kennedy, apesar
de suas ofensivas no ano anterior, encarou aquilo como um ato de guerra contra os
Estados Unidos.
Nikita Kruschev afirmou que os mísseis nucleares eram apenas defensivos, e que
tinham sido lá instalados para dissuadir outra tentativa de invasão da ilha. A situação
rapidamente evoluiu para um confronto aberto entre as duas potências.
O ponto culminante da crise foi o “sábado negro”, 27 de outubro, quando um dos
aviões, espiões, americanos foi abatido sobre Cuba e seu piloto morreu. A guerra
parecia cada vez mais iminente e as negociações tornaram-se muito difíceis.
Foram treze dias de suspense mundial devido ao medo de uma possível guerra
nuclear, até que, em 28 de Outubro, Kruschev, após conseguir secretamente uma
futura retirada dos mísseis norte-americanos da Turquia e um acordo de que os EUA
nunca invadiriam a ilha vizinha, concordou em remover os mísseis de Cuba.
Na televisão, todos os canais federais dos EUA interromperam os programas e
transmitiram o comunicado urgente de Kruschev.
Nós concordamos em retirar de Cuba os meios que consideram ofensivos. Concordamos em
fazer isto e declarar na ONU este compromisso. Seus representantes farão uma declaração de
que os EUA, considerando a inquietação e preocupação do Estado soviético, retirarão seus
meios análogos da Turquia
Documento 20 – Parte do comunicado de Kruschev aos média.
31
A escala armamentista e o início da
era espacial
A corrida ao armamento
Para além dos esforços postos na constituição das alianças internacionais, os dois
blocos procuraram preparar-se para uma eventual guerra, investido grandes somas na
conceção e fabrico de armamento cada vez mais sofisticado.
Mas primeiros anos do pós-guerra, os Estados Unidos sentiram-se protegidos por uma
evidente superioridade técnica. Só eles tinham o segredo da bomba atómica, que
consideravam a sua melhor defesa. Porém em setembro de 1949, quando os russos
fizeram explodir a sua primeira bomba atómica, a confiança do ocidente
desmoronou-se.
De imediato, os cientistas americanos incrementaram as pesquisas de uma arma
ainda mais destrutiva: em 1952 testava-se, no pacífico, a primeira bomba de
hidrogénio, com uma potência mil vezes maior que a bomba de Hiroxima.
A corrida ao armamento tinha oficialmente começado.
Documento 21 - Equipamento para provas nucleares
no campo de provas de Semipalatinsk
Documento 22 - Nuvem provocada pela explosão
de uma bomba de Hidrogênio
32
O poder de destruição constatado pelo terrível armamento desencadeou o pesadelo
da chamada "hecatombe nuclear", que passou a assombrar a vida dos habitantes do
globo. Acreditava-se que o ataque de um dos lados, num momento qualquer,
desencadearia uma guerra que poria fim à vida humana na Terra. Surgiria assim um
jogo político-diplomático macabro conhecido como "o equilíbrio do terror", que se
transformou num dos elementos principais do jogo de poder entre EUA e URSS. Os
dois buscavam produzir cada vez mais armamentos de destruição em massa, como
forma de ameaçar o inimigo.
A corrida armamentista implicava também uma estratégia de dominação, em que as
alianças regionais e a instalação de bases militares eram de extrema importância. Os
exércitos de ambos os lados possuíam centenas de soldados, armas convencionais,
armas mortais, mísseis de todos os tipos, inclusive nucleares que estavam
permanentemente apontados para o inimigo, com objetivo de atingir o alvo a partir
de longas distâncias.
Esta competição insana duraria décadas, somente terminando de fato com a
assinatura dos Tratados de Redução de Armas Estratégicas I e II, em 1972 e 1993. Eles
previam a extinção gradual dos arsenais dos EUA e de países integrantes da URSS que
detinham essas armas no seu território. Outro tratado relacionado às armas
nucleares, o Tratado para a Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT), data de
1996. Para entrar em vigor, necessita da ratificação de todos os 44 países com
capacidade conhecida de produzir armas nucleares.
A era espacial
Pode considerar-se que a Era Espacial foi inaugurada em 1926, com o primeiro
lançamento, nos EUA, pelo físico norte-americano Robert Hutchings Goddard, de um
foguetão propulsionado a combustível líquido. O cientista ficou de igual modo
considerado como um dos pioneiros da aeronáutica. Em 1931 surgia a teoria do Big
Bang, da autoria do matemático e astrofísico Lemaître, sacerdote
de nacionalidade belga, uma teoria relativista do universo em expansão, que depois
seria retomada em 1940 pelo astrónomo norte-americano George Gamow. A Segunda
33
Guerra Mundial congelou um pouco os esforços de exploração do espaço, ou a
preparação científica para a mesma.
Nos anos 50 a investigação científica com vista à exploração do espaço passa a ter
um novo impulsionador, a União Soviética, que envereda por uma política de corrida
espacial com os EUA, no âmbito da Guerra Fria que então despontava. Assim, em
1957, eram os soviéticos os primeiros a lançar no espaço o primeiro satélite
artificial da Terra, o Sputnik, este era tripulado pelo primeiro ser vivo colocado no
espaço, a cadela Laika.
Em 1958 os EUA deram um significativo passo na pesquisa científica e nas iniciativas
de exploração do espaço, com a fundação da National Aeronautics and Space
Administration (NASA, com centros operacionais de maior destaque em Houston e no
cabo Canaveral), que teria a responsabilidade de coordenar as investigações
aeronáuticas e espaciais civis americanas. Neste mesmo ano já os norte-americanos
tinham colocado também o seu primeiro satélite artificial no espaço, o Explorer 1,
um satélite de comunicações. Mas passados três anos, seria a União Soviética a
ganhar avanço na corrida ao espaço, ao colocar o primeiro ser humano em órbita, o
astronauta soviético Iuri Gagarin, a bordo da nave espacial Vostok 1. Neste mesmo
ano de 1961, responderiam os americanos com a colocação no espaço do astronauta
Alan Shepard, que tripulava a nave Mercury III. No ano seguinte, 1962, os EUA
lançariam o primeiro satélite de comunicações transatlânticas, o Telstar. A Era
Espacial estava cada vez mais marcada pela Guerra Fria, sendo o espaço alvo de
disputa e de grandes atenções políticas e avultados investimentos nos EUA e na URSS,
com a Europa ainda numa certa letargia espacial.
Documento 23 - Laika, a cadelinha
que se tornou no primeiro ser vivo
a ir para o espaço
34
Porém, o grande marco desta era espacial, foi a chegada do homem á lua.
Os técnicos americanos estavam seguros de que conseguiriam esse feito, e contavam
com Wernher von Braun como trunfo. O engenheiro espacial alemão, que já
construíra foguetes para a Alemanha nazista, emigrara para os EUA após a Segunda
Guerra, com quase 100 de seus especialistas, e fundara o programa de mísseis
americano.
Para a opinião pública do país, na época, ele era uma sumidade científica absoluta.
Só anos mais tarde, em meados dos anos 70, críticos começaram a questionar o seu
passado nazista e o envolvimento em crimes de guerra.
Os EUA colocaram em marcha um ambicioso programa espacial tripulado que ganhou
o nome: Projeto Mercury, que usava uma cápsula espacial com capacidade para um
astronauta em manobras em órbita terrestre, seguido pelo Projeto Gemini com
capacidade para dois astronautas, e finalmente o Projeto Apollo, cuja espaçonave
tinha capacidade de levar três astronautas e pousar na Lua.
Por problemas nas suas missões os soviéticos não foram capazes de levar homens à
órbita da Lua antes dos Estados Unidos.
Sendo bem-sucedidos com o seu objetivo de alcançar a Lua antes da URSS, em 1969,
com a missão Apollo 11 doze astronautas, americanos, caminharam sobre o solo
lunar.
Ficou famosa a frase do primeiro astronauta a pisar na Lua, Neil Armstrong: "Um
pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade".
Documento 24 - Astronauta Buzz
Aldrin fotografado por Neil Armstrong (o
primeiro homem a pisar na Lua) durante
a missão Apollo 11, em 20 de
Julho de 1969.
35
Conclusão
Concluo, assim, o meu trabalho de pesquisa e esclarecimento sobre a Guerra Fria.
Depois de passar por duas Guerras Mundiais, o globo vivia com o medo constante de
acontecer uma terceira guerra e desta vez não haver forma de recuperar. A Guerra
Fria foi sobretudo um confronto ideológico, que encerra com o fim da corrida
espacial, e com a chegada do homem á lua.
Apesar de ter sido um confronto de ideias muitos países e povos sofreram com o
embate entre os Estados Unidos e a URSS.
Com a exploração deste tema posso facilmente concluir que as relações mundiais são
mais frágeis do que pensamos, e que uma guerra pode acontecer de várias formas, e
mesmo assim ter um impacto enorme sobre o mundo. Este período da história alterou
o mapa mundo como o conhecíamos permitindo nascer vários países conhecidos hoje,
alterou a política, a sociedade e a cultura, mas sobretudo, é o resultado de uma
população que aprendeu com os seus erros, que depois de duas guerras percebeu que
os conflitos armados nunca são a solução.
A criação da UNO é a representação disso, e com certeza sem ela, a Guerra Fria
poderia ter-se tornado um verdadeiro combate entre gigantes, onde todos á sua volta
sairiam espezinhados.
36
Web/Bibliografia
“Um novo Tempo da História” – Parte 2, História A, 12º ano
https://www.coc.com.br/blog/soualuno/historia/o-que-foi-a-guerra-fria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Ialta
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Potsdam
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cortina_de_Ferro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas
https://www.unidosparaosdireitoshumanos.com.pt/what-are-human-
rights/universal-declaration-of-human-rights/articles-01-10.html
http://educacao.globo.com/historia/assunto/guerra-fria/mundo-bipolar-e-guerra-
fria.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Marshall
https://www.infoescola.com/geografia/otan/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Americanos
http://www.oas.org/juridico/portuguese/a_organiza%C3%A7%C3%A3o_dos_estados_a
meric.htm
https://noseahistoria.wordpress.com/2012/01/15/o-inicio-da-guerra-fria/
https://www.infopedia.pt/$comecon
https://www.dw.com/pt-br/a-divis%C3%A3o-da-alemanha-de-1945-a-1989/a-958753
https://www.preparaenem.com/historia/a-divisao-da-alemanha.htm
https://www.tudosobreberlim.com/muro-berlim
https://histdocs.blogspot.com/2012/06/o-estado-providencia.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_Bretton_Woods
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Geral_de_Tarifas_e_Com%C3%A9rcio
http://maquinatemporal.blogspot.com/2010/02/os-anos-50-e-sociedade-de-
consumo.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Baby_boom
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_de_Vars%C3%B3via
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Coreia
https://www.politize.com.br/guerra-da-coreia/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_dos_m%C3%ADsseis_de_Cuba
https://www.infoescola.com/historia/crise-dos-misseis-de-1962/
https://br.sputniknews.com/defesa/2018081311944119-apocalipse-bomba-
hidrogenio-urss-teste-foto-video/
https://escolakids.uol.com.br/historia/origem-bomba-hidrogenio.htm
37
https://www.infoescola.com/historia/corrida-armamentista/
https://www.infopedia.pt/$era-espacial
https://veja.abril.com.br/ciencia/lancamento-da-cadela-laika-ao-espaco-pela-urss-
completa-60-anos/
https://www.dw.com/pt-br/como-a-guerra-fria-levou-ao-primeiro-pouso-na-lua/a-
49611836

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A Guerra Fria e a divisão do mundo

  • 1. 1 Escola Secundária Marquesa da Alorna A Guerra Fria Ana Rita Luís Felizardo Nº3, 12º D Curso: Línguas e Humanidades Disciplina: História A
  • 2. 2 Índice Introdução………………………………………………………………………………………………….……3 O Pós-Guerra…………………………………………………………………………………………..………4 As conferências de paz…………………………………………………………………4 O novo quadro geopolítico……………………………………………………..……7 A organização das Nações Unidas………………………………………….……8 A Descolonização…………………………………………………………………………9 Um mundo bipolar…………………………………………………………………………………………12 A divisão do mundo………………………………………………………………………12 O mundo capitalista………………………………………………………………….…16 O mundo comunista…………………………………………………………………..…20 Os conflitos militares……………………………………………………………………………..……25 O muro de Berlim………………………………………………………………..…….…25 Guerra da Coreia………………………………………………………….………..……27 O Conflito de Cuba…………………………………………..…………………..….…29 A escala armamentista e o início da era espacial……………………………………...31 A corrida ao armamento……………………………………………………………….31 A era espacial……………………………………………………………………………….33 Conclusão……………………………………………………………..…………………………………………36 Web/Bibliografia……………………………………………………………………………..……….…….37
  • 3. 3 Introdução No âmbito da disciplina de História A, venho realizar um trabalho de pesquisa e estudo sobre a Guerra Fria. Um dos maiores conflitos entre dois países depois da II Guerra Mundial. A Guerra Fria consistiu no conflito entre duas grandes potências emergentes após a Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética. Estas, em busca da superioridade mundial, travaram um confronto sem armas. A Guerra Fria envolveu embates econômicos, diplomáticos, sociais e principalmente ideológicos, dividindo o mundo em grandes blocos sob a influência de ambas as nações. O objetivo deste trabalho é precisamente explorar as causas e consequências deste conflito essencialmente diplomático, e de como este proporcionou vários outros acontecimentos, como a chegada do homem á lua.
  • 4. 4 O Pós-Guerra Quando o mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial, era já clara a alteração de forças nas relações internacionais. Antigas potências, como a Alemanha e o Japão, que tinham sonhado com grandes domínios territoriais, saíam da guerra, vencidas e humilhadas. Outras, como o Reino Unido e a França, embora vitoriosas, viam-se empobrecidas e dependentes da ajuda externa. No quadro da ruína e desolação do pós-guerra, só 2 potências se agigantavam: A URSS, escudada na força do exército vermelho e na sua imensa extensão geográfica; E os EUA, indiscutivelmente a primeira potência mundial. As conferências de paz Á medida que a II Guerra Mundial se aproxima do fim e a vitória se desenha de forma clara, os Aliados começam a delinear estratégias para o período de paz que se avizinhava. A Conferência de Ialta foi composta por um conjunto de reuniões ocorridas entre 4 e 11 de fevereiro de 1945, no Palácio de Livadia, nas margens do Mar Negro. Foi a segunda de três conferências realizadas em tempo de guerra, entre os líderes das principais nações aliadas e as potências capitalistas comemoraram a vitória na reunião. O chefe do governo dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, da União Soviética, Josef Stalin, e o chefe de governo e primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, reuniram-se para decidir o fim da Segunda Guerra Mundial e a repartição das zonas de influência entre o Oeste e o Leste. A 11 de fevereiro de 1945, eles assinam os acordos cujos objetivos são de assegurar um fim rápido à guerra e a estabilidade do mundo após a vitória final. Estes são essenciais para a compreensão do mundo pós-guerra. As diretrizes afirmadas nestas reuniões determinaram boa parte da Guerra Fria, precisando as zonas de influência e ação dos blocos antagônicos, capitalista e socialista.
  • 5. 5 Apesar das divergências que opunham as 3 estadistas, o clima de cooperação, cordialidade e confiança que se fazia sentir entre os aliados permitiu o acordo em algumas questões importantes:  Definiu-se a fronteira entre a Polónia e a União Soviética, ponto de discórdia entre os ocidentais - que não se esqueciam de ter sido a violações das fronteiras polacas a causa imediata da guerra - e os soviéticos - que não desistiam de ocupar a parte oriental do país.  Estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em 4 áreas de ocupação, geridas pelas 3 potências conferencistas e pela França, sobre coordenação de um conselho aliado.  Decidiu-se a reunião num futuro próximo, da conferência preparatória da organização das Nações Unidas.  Estipulou-se o supervisionamento dos “Três Grandes” na futura constituição dos governos dos países de leste com base no respeito pela vontade política das populações.  Estabeleceu-se a quantia de 20 000 milhões de dólares, proposta por Estaline, como base das reparações da guerra a pagar pela Alemanha. Além das decisões que, na conferência, expressa e publicamente se tomaram, parece possível que, implicitamente, se tenha também estabelecido um acordo quanto às zonas de influência dos regimes comunista e capitalista. Embora sem qualquer documento formal conhecido, o certo é que esta hipotética partilha da Europa foi sempre respeitada, mesmo nos mais difíceis anos da Guerra Fria quando, alguns meses mais tarde em finais de julho, reuniu-se em Potsdam, junto de Berlim, uma nova conferência com o fim de consolidar os alicerces da paz. A conferência da Crimeia entre os chefes dos governos dos EUA, do Reino Unido e da URSS, celebrada de 4 a 11 de fevereiro, chegou às seguintes conclusões: I. Organização mundial. Foi decidido convocar, para o dia 25 de abril de 1945, uma conferência das Nações Unidas relativa à projetada organização mundial. (…) II. Declaração sobre a Europa libertada. (…) O restabelecimento da ordem na Europa e a reconstrução das economias nacionais devem realizar-se mediante procedimentos que permitam aos povos libertados destruir os últimos vestígios do nazismo e do fascismo e estabelecer instituições democráticas de acordo com a sua vontade. (…) III. Desmembramento da Alemanha (…) O Reino Unido, os EUA e a URSS terão a suprema autoridade com respeito à Alemanha. No exercício de tal autoridade tomarão as medidas (…) que entendam necessárias para a futura paz e segurança. V. Reparações. (…) A Alemanha terá de indemnizar as nações aliadas pelas perdas que lhes causou durante a guerra. As reparações serão recebidas, primeiramente, pelos países que suportaram o maior fardo da guerra, que sofreram perdas mais pesadas e que organizaram a Vitória sobre o inimigo. Documento 1 – Protocolo da Conferência de Ialta, 11 de fevereiro de 1945
  • 6. 6 A Conferência de Potsdam - ocorreu em Potsdam, Alemanha (perto de Berlim), entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Os participantes foram os vitoriosos aliados da Segunda Guerra Mundial, que se juntaram para decidir como administrar a Alemanha, que se tinha rendido incondicionalmente nove semanas antes, no dia 8 de maio, Dia da Vitória na Europa. Esta decorreu num clima mais tenso que a conferência de Ialta. Vencida a Alemanha, renasciam as desconfianças face ao regime comunista que Estaline representava e às suas pretensões em especial na Europa, a conferência alcançou uma solução definitiva para os países vencidos, limitando-se a ratificar e a pormenorizar os aspetos já acordados em Ialta:  A perda provisória de soberania da Alemanha e a sua divisão em 4 áreas de ocupação;  A administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em 4 setores de ocupação;  O montante e o tipo de indemnização a pagar pela Alemanha;  O julgamento dos criminosos de guerra nazis por um tribunal Internacional;  A divisão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes aos estabelecidos para a Alemanha. Nos anos que se seguiram, o clima de tensão que marcou a reunião de Potsdam não se desvaneceu. Pelo contrário, o afastamento entre os aliados acentuou-se, até se transformar num profundo antagonismo. Documento 2 - Uma sessão da conferência de Potsdam, à mesa sentam-se os 15 elementos das 3 delegações presentes. A conferência decorreu entre 17 de julho e 2 de agostos de 1945. Após esta última data, os 3 grandes aliados da Segunda Guerra Mundial não voltariam a reunir- se, por mais de 4 décadas.
  • 7. 7 O novo quadro geopolítico N a Europa, o papel da União Soviética adivinhava-se determinante. No último ano do conflito, na sua marcha vitoriosa até Berlim, coubera ao Exército Vermelho a libertação dos países da Europa Oriental. Na Polónia, na Checoslováquia, na Hungria, na Roménia e na Bulgária, os soldados russos tinham substituído os ocupantes nazis. Isto fazia com que URSS detivesse uma clara vantagem estratégica no Leste Europeu. Embora os acordos de Ialta previssem o respeito pela vontade dos povos, expressa em eleições livres supervisionadas pelas 3 potências, na prática tornava-se impossível contrariar a hegemonia soviética, que não tardou a impor-se: entre 1946 e 1948, todos os países libertados pelo Exército Vermelho resvalaram para o socialismo. Este avanço foi imediatamente contestando pelos ocidentais, originando em março de 1946 um discurso na Universidade de Fulton denunciando a criação de uma “cortina de ferro” por parte da URSS, construindo uma área de influência impenetrável e isolada do Ocidente. A Cortina de Ferro era separada da região integrada pelas repúblicas europeias da União Soviética (Rússia, Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Lituânia, Letônia, Moldávia e Ucrânia) e os estados-satélites da Alemanha Oriental, Polônia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia. Todos ficavam sob o estrito controlo político e econômico da URSS. Em 1955 uniram-se militarmente por meio do Pacto de Varsóvia. Os dois blocos de países divididos pela cortina de ferro divergiam: De Estetino, no Báltico, até Trieste, no Adriático, uma cortina de ferro desceu sobre o continente. Atrás dessa linha estão todas as capitais dos antigos estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, e Bucareste ; todas essas cidades famosas e as populações em torno delas estão no que devo chamar de esfera soviética, e todas estão sujeitas, de uma forma ou de outra, não somente à influência soviética, mas também a fortes e em certos casos crescentes medidas de controlo de Moscovo. Documento 3 - Extrato do discurso de Churchill no Westminster College, em Fulton, no Missouri, Estados Unidos, em 5 de março de 1946, citando a expressão "iron curtain" ou, em português, "cortina de ferro"
  • 8. 8  No plano político, o Bloco Ocidental manteve como sistema econômico capitalista liberal, incluindo diferentes tipos de regimes políticos (desde democracias até regimes autoritários), enquanto o Bloco Oriental adotou o modelo do socialismo e a economia planificada, geralmente sob regimes autoritários de partido único. A Organização das Nações Unidas A nova organização nasceu oficialmente na conferência de São Francisco, em abril de 1945. Segundo a carta fundadora, as Nações Unidas têm como propósitos principais:  Manter a paz e reprimir os atos de agressão, utilizando, tanto quanto possível, meios pacíficos, de acordo com os princípios de justiça e direito internacional.  Desenvolver relações de amizade entre os países do mundo, baseadas na igualdade entre os povos e no seu direito à autodeterminação.  Desenvolver a cooperação Internacional no âmbito económico, social e cultural e promover a defesa dos direitos humanos.  Funcionar como centro harmonizador das ações tomadas para alcançar estes propósitos. Abalada como impacto do Holocausto e disposta a impedir, no futuro, as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, a ONU tomou uma feição profundamente humanista. A Carta da ONU articulou um compromisso de defender os direitos humanos dos cidadãos e delineou um amplo conjunto de princípios relacionados à obtenção de "padrões de vida mais altos", abordando "problemas econômicos, sociais, de saúde e afins" e "respeito universal pelos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião". Como carta constitutiva, é um tratado constituinte e todos os membros estão vinculados aos seus artigos Em 1948, fez-se a declaração universal dos direitos do homem, que passou a integrar os documentos fundamentais das Nações Unidas.
  • 9. 9 A Descolonização A guerra, que exigiu pesados sacrifícios às colónias, acordou os povos para a injustiça da dominação estrangeira. A luta contra as forças do eixo foi sentida por todos como uma luta pela liberdade. Ao mesmo tempo que fomentava sentimentos de revolta, a guerra pôs também em evidência as fragilidades da Europa. Até então vistos como potencialmente invencíveis, os estados europeus mostraram-se incapazes de defender os seus territórios da invasão estrangeira. Aos efeitos demolidores da guerra juntaram-se as pressões exercidas pelas 2 superpotências, que apoiam os esforços da libertação dos povos colonizados. Os Estados Unidos, em lembrança do seu próprio passado e em defesa dos seus interesses económicos, sempre se mostraram adversos à manutenção do sistema colonial. A URSS atua em nome da ideologia marxista - que prevê a revolta dos Artigo 1.º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2.º Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. Artigo 3.º Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4.º Ninguém pode ser mantido em escravidão ou em servidão; a escravatura e o comércio de escravos, sob qualquer forma, são proibidos. Artigo 5.º Ninguém será submetido a tortura nem a punição ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. Artigo 6.º Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento como pessoa perante a lei. Artigo 7.º Todos são iguais perante a lei e, sem qualquer discriminação, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8.º Todas as pessoas têm direito a um recurso efetivo dado pelos tribunais nacionais competentes contra os atos que violem os seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei. Artigo 9.º Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10.º Todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública julgada por um tribunal independente e imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de qualquer acusação criminal contra elas. Documento 4 – Declaração Universal dos Direitos do Homem
  • 10. 10 oprimidos pelos interesses económicos capitalistas - e não desperdiça a possibilidade de estender, nos países recém-formados, o modelo soviético. Também a ONU, fundada sobre o signo da igualdade entre todos os povos do mundo, se constituíra com um baluarte Internacional da descolonização, compelindo os estados- membros ao cumprimento do estipulado na carta e nas resoluções da assembleia-geral que, invariavelmente, condenaram a manutenção do domínio colonial. O processo de descolonização pós Segunda Guerra Mundial inicia-se no continente asiático. No Médio Oriente, concluindo um processo já em curso, tornam-se independentes a Síria, o Líbano, a Jordânia e a Palestina, onde, em 1948 nasce, num clima de guerra, o estado de Israel. Na Índia, a joia da coroa britânica, a vontade de independência era já antiga, ficando a Índia inglesa dividida em 2 estados: a União Indiana, maioritariamente hindu, e o Paquistão, de maioria muçulmana. Outros territórios do Império inglês do Oriente, como o Ceilão, a Birmânia e a Malásia, reclamam igualmente a sua independência. Os ingleses aceitam que é chegado o momento da descolonização. A crise do sistema, acentuada pelo desencadear da Segunda Guerra Mundial, manifesta-se pelo poderoso impulso do movimento de libertação nacional nas colónias e nos países dependentes. Este facto abala a retaguarda do sistema capitalista. Os povos das colónias não querem mais viver como no passado. As classes dominantes das metrópoles já não podem governar as colónias da mesma forma. As tentativas de esmagamento dos movimentos de libertação nacional pela força militar chocam hoje com uma resistência armada crescente dos povos colonizados. No século XIX, sobretudo, as potências ocidentais praticam o colonialismo. Mas, pela própria natureza da civilização ocidental, fundada sobre a crença na espiritualidade do homem, era inevitável que esse colonialismo fosse transitório (…) Temos bons motivos para desejar manter a unidade com os nossos aliados ocidentais, mas jamais nos esqueceremos que fomos a primeira colónia a conquistar a Independência. E não demos um cheque em branco a nenhuma potência colonial. Não temos a mínima dúvida de que o processo de transição de estatuto colonial à autonomia deve ser completamente realizado. Documento 5 - A posição soviética sobre a descolonização. Jdanov, secretário do Comité Central do partido comunista da URSS, 1947 Documento 6 - A posição americana sobre a descolonização. John Foster Dules, Secretário de estado norte-americano, 1953.
  • 11. 11 Também os holandeses e franceses são forçados a abrir mão das suas colónias. Em 1945, o dirigente nacionalista Sukarno proclama a República da Indonésia. Não estando dispostos a abdicar do território, os holandeses recorrem à força das armas, mas, pressionados pela ONU, acabam por reconhecer, em 1949, a independência do novo país. Mais longo e sangrento se revela o processo de descolonização da Indochina, onde a ocupação japonesa fomenta fortes sentimentos antifranceses. Quando, em 1945, a França retoma a soberania sobre o território, defronta-se com uma poderosa oposição, encabeçada pelo líder comunista Ho Chi Minh onde após 9 anos de combates, os franceses se retiram do território reconhecendo o nascimento de 3 novas nações: o Vietname, Laos e o Camboja. Irradiando da Ásia, a descolonização estende-se à África do Norte. No seu conjunto, o fim dos impérios europeus pode considerar-se o fenómeno político mais relevante da segunda metade do século XX. Com ele, o mapa das nações alterou-se profundamente, as relações internacionais redimensionaram-se, mas, sobretudo, impôs-se o princípio da igualdade entre todos os povos do mundo. Documento 7 - Impérios coloniais em 1945. A vermelho o império do Reino Unido, a rosa-claro os domínios britânicos, a azul-escuro o império francês, a verde-escuro o império português, a verde-claro está representado o império espanhol.
  • 12. 12 Um mundo bipolar A divisão do mundo Depois do anúncio em Fulton, de que uma “cortina de ferro” dividia a Europa, o processo de sovietização dos países de Leste era já impossível de parar. Os partidos comunistas ganhavam cada vez mais força e progressivamente davam á URSS mais áreas de poder e influência. Isto parecia algo inaceitável para os ocidentais. Este crescente poder ameaçava o modelo capitalista e liberar, assim, era necessário conter a expansão das ideias marxistas. Os Estados Unidos assumem, frontalmente, a liderança da oposição aos avanços do socialismo. Este conflito de abrangência internacional, apelidado de Guerra Fria, serviu como palco de uma intensa e constante disputa entre as potências envolvidas. Aos Estados Unidos, competia desenvolver estratégias com o intuito de ampliar a área de influência da economia capitalista. Para tal, mostrava-se fundamental estabelecer alianças com o maior número possível de nações. É, neste sentido, que podemos localizar a formação da “Doutrina Truman” e do “Plano Marshall”. Num discurso que ficou para a história, o presidente Truman expõe a sua visão de um mundo divido em dois sistemas antagónicos: um baseado na liberdade e o outro na opressão. Neste sentido, era responsabilidade dos norte americanos liderar o mundo livre e auxiliá-lo na contenção do comunismo. – A esta ideologia dá-se o nome de “Doutrina Truman” Esta doutrina previa a intervenção dos EUA em áreas ameaçadas pelo comunismo. Tal ingerência baseava-se no apoio militar e financeiro a essas regiões. O Plano Marshall fundamentava-se no auxílio econômico aos países europeus destruídos pela Segunda Guerra. Buscava, com isso, revitalizar a economia de mercado nessas localidades. Com o mesmo intuito de bloquear a expansão vermelha, foram criadas ainda a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a OEA (Organização dos Estados Americanos)
  • 13. 13 - O Plano Marshall; Um aprofundamento da Doutrina Truman, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do Secretário de Estado dos Estados Unidos, George Marshall. Os americanos deram ajuda econômica no valor de cerca de 14 bilhões de dólares na época que foram entregues para ajudar na recuperação dos países europeus que se juntaram à Organização Europeia para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Substituindo o anterior Plano Morgenthau, operou por quatro anos a partir de 2 de abril de 1948.Os objetivos dos Estados Unidos eram reconstruir regiões devastadas pela guerra, remover barreiras comerciais e modernizar a indústria, melhorar a prosperidade europeia e impedir a disseminação do comunismo. O maior beneficiário do dinheiro do Plano Marshall foi o Reino Unido, seguido da França e da Alemanha Ocidental. Cerca de dezoito países europeus receberam benefícios do Plano. Apesar de ter sido prometido, durante a guerra, que receberia ajuda financeira, a União Soviética recusou-se a participar do programa por medo de perder sua independência econômica; além disso, também bloqueou a possível participação de países da Europa Oriental, como a Alemanha Oriental, Checoslováquia, Hungria e Pol ônia. OTAN; Para impedir o avanço do socialismo, em 4 de abril de 1949 foi assinado em Washington o Tratado do Atlântico Norte que deu origem à OTAN. Os países signatários do tratado na época eram a Bélgica, França, Noruega, Canadá, Islândia, Países Baixos, Dinamarca, Portugal, Itália, Estados Unidos, Luxemburgo e Reino Unido. O Tratado acordava que qualquer ataque armado contra um dos países signatários seria considerado uma agressão a todos os demais, que imediatamente deveriam enviar reforços militares para combater a invasão. OEA; A Organização dos Estados Americanos, abreviadamente OEA, é uma organização internacional com sede em Washington, D.C., Estados Unidos, cujos membros são as 35 nações independentes, do continente americano. Os propósitos essenciais da OEA são os seguintes: garantir a paz e a segurança continentais; promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio da não- intervenção; prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução pacífica das controvérsias que surjam entre os seus membros; organizar a ação solidária destes em caso de agressão; procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos que surgirem entre os Estados membros; promover, por meio da ação cooperativa, o seu desenvolvimento econômico, social e cultural; e alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento económico-social dos Estados membros.
  • 14. 14 Como resposta a todos estes acordos e tratados com o objetivo de parar a expansão dos socialismos, pouco tempo depois, um alto dirigente soviético, Andrei Jdanov, formaliza, por sua vez, a rutura entre as duas potências. Afirmava que a divisão do mundo se fazia em dois campos opostos: um “imperialista e antidemocrático” tutelado pelos EUA e outro “anti-imperialista e democrático”, tutelado pela URSS, defende o direito à extensão da influência comunista até ao centro da Europa pela transformação dos países vizinhos, libertados da dominação nazi por ação do Exército Vermelho, em satélites políticos da URSS. Em janeiro de 1949, Moscovo “responde” também ao Plano Marshall, lançando o Plano Molotov, consistia numa série de acordos bilaterais, entre o estado soviético e cada uma das democracias populares, que estipulavam, a longo prazo, ajuda técnica e financeira, intercâmbio de produtos e matérias-primas. Para a coordenação conjunta da planificação económica, criou-se em 1949 o COMECON (Conselho de Assistência Económica Mútua), esta era uma organização de cooperação económica, científica e técnica fundada pela URSS, Polónia, Checoslováquia, Bulgária e Albânia. No campo financeiro, integram o COMECON duas instituições sediadas em Moscovo: o Banco Internacional de Cooperação Económica e o Banco Internacional de Investimento. O primeiro administra as contas bilaterais, de compensação de pagamentos e os créditos a curto prazo para regularização de desequilíbrios temporários entre os estados-membros. O segundo assegura o financiamento multilateral dos investimentos e gere um fundo especial de ajuda económica aos países em desenvolvimento. Documento 8 – Distribuição da ajuda do plano Marshall
  • 15. 15 No atual momento da história do mundo, quase todas as nações têm de escolher entre dois modos de vida alternativos. E essa escolha não é, normalmente, livre. Um dos modos de vida baseia-se na vontade da maioria e distingue-se pelas suas instituições livres, por um governo representativo, por eleições livres, pela garantia da liberdade individual, de liberdade de expressão e de religião e pela ausência de opressão política. O segundo modo de vida baseia-se na vontade da minoria imposto pela força a maioria. Assenta no terror e na opressão, numa imprensa e num rádio controlados, em eleições viciadas e na supressão das liberdades individuais. Penso que a política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres que se encontram a desenvolver ações de resistência contra as tentativas de subjugação lançadas por minorias armadas e apoiadas por pressões externas. (…) Penso que a nossa ajuda deverá ser essencialmente de natureza económica e financeira, essencial à estabilidade económica e a uma vida política serena. As potências que atuam no teatro mundial agrupam-se em dois campos distintos: o campo imperialista e antidemocrático de um lado; O anti-imperialista e democrático do outro. Os Estados Unidos são a principal força dirigente do campo imperialista, a Inglaterra e a França estão unidas aos Estados Unidos. (…) O seu objetivo consiste no fortalecimento do imperialismo, na preparação de uma nova guerra imperialista, na luta contra o socialismo e a democracia, assim como não apoio todos os regimes e movimentos reacionários, antidemocráticos e pró-fascistas. O outro campo é constituído pelas forças anti- imperialistas e democráticas. A sua força reside na URSS e nas novas democracias. O campo anti-imperialista apoia-se no movimento operário e nos movimentos democráticos de todos os países, nos partidos comunistas irmãos, nos movimentos de libertação dos países coloniais e dependentes. (…) É á União Soviética e a sua política externa que pertence o papel dirigente na concretização desta tarefa primordial do pós-guerra. Documento 9 – A Doutrina Truman Documento 10 – A Doutrina de Jdanov
  • 16. 16 Documento 11 - O Estado-providência veio substituir o conceito de Estado liberal. O Estado-Providência seria semelhante á caricatura, uma mão que segura uma almofada para amparar a população sem estabilidade suficiente. O mundo capitalista Na Europa do pós-guerra, os governos lançam um vasto programa de nacionalização, que atinge os bancos, as companhias de seguros, a produção de energia, os transportes, a mineração, entre outros setores. O estado torna-se, por esta via, o principal agente económico do país, o que lhe permite exercer a função reguladora da economia, garantindo emprego e definindo a política salarial. Paralelamente, revê-se o sistema de impostos, reforçando-se o caráter progressivo das taxas. Este princípio, que onera os rendimentos dos mais ricos e gera grandes receitas, permitiu assegurar uma redistribuição mais equitativa da riqueza nacional, sob a forma de auxílios sociais. Um tal conjunto de medidas modificou, de forma profunda, a conceção liberal do estado dando origem ao Estado Providência que, desde então até aos nossos dias, marcou fortemente a vida das democracias ocidentais O sistema de proteção social generaliza-se a toda a população, passando a acautelar as situações de desemprego, acidente, velhice e doença; estabelecem-se prestações de ajuda familiar e outros subsídios aos mais pobres. Complementarmente ampliam-se as responsabilidades do estado no que concerne à habitação, ao ensino e à assistência médica. Este conjunto de medidas visa um duplo objetivo: por um lado, reduz a miséria e o mal-estar social, contribuindo para uma repartição mais equitativa de riqueza; por outro, assegura uma certa estabilidade e economia, já que evita descidas drásticas da procura como o que ocorreu durante a crise dos anos 30. Assim, o Estado Providência foi também um fator de grande prosperidade económica que o ocidente viveu nas 3 décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
  • 17. 17 O crescimento económico do pós-guerra estruturou se em bases sólidas: os governos não só assumiram grandes responsabilidades económicas como delinearam planos de desenvolvimento coerentes, permitiram estabelecer prioridades, rentabilizar e ajudar Marshall e definir diretrizes futuras; internacionalmente, os acordos de Bretton Woods, a criação do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) e de espaços económicos alargados consolidaram as relações económicas entre os países. Escorado por esta nova filosofia de ação, o capitalismo que na década de 30 parecera condenado pela grande depressão, emergiu dos escombros da guerra e atingiu o seu auge. Entre 1945 e 1973, a produção mundial mais do que triplicou e, em 7 dos setores, como a produção energética e do automóvel, multiplicou-se por dez. As economias cresceram de forma contínua, sem períodos de crise, registando apenas, de tempos a tempos, pequenos abrandamentos de ritmo. As taxas de crescimento especialmente altas de certos países, como a França ou o Japão, surpreenderam os analistas, que começaram a referir-se-lhes como “milagre económico”. Estes 30 anos de uma prosperidade material sem precedentes ficaram na história como os Trinta Gloriosos. As conferências de Bretton Woods, definindo o Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceram-se em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. O sistema Bretton Woods foi o primeiro exemplo, na história mundial, de uma ordem monetária totalmente negociada, tendo como objetivo governar as relações monetárias entre Nações-Estado independentes. O Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, foi um acordo internacional estabelecido em 1947, visando promover o comércio internacional e remover ou reduzir barreiras comerciais, tais como tarifas ou quotas de importação, e a eliminação de preferências entre os signatários, visando obter vantagens mútuas. Trata-se de um conjunto de normas tarifárias destinadas a impulsionar o livre comércio e a combater práticas protecionistas nas relações comerciais internacionais.
  • 18. 18 0 1 2 3 4 5 6 1820-70 1870-1913 1913-50 1950-73 2 2.2 Podemos assim destacar os seguintes desenvolvimentos: A aceleração do progresso tecnológico, atingindo todos os setores como os das fibras sintéticas, ou dos plásticos, da medicina, da aeronáutica, da eletrónica, entre muitos outros. Rapidamente produzidas em série, as inovações tecnológicas revolucionaram a vida cotidiana e os processos de produção. O recurso ao petróleo como matéria energética por excelência, em detrimento do carvão, que, desde a revolução industrial, se mantinha num destacado primeiro lugar. A extração do petróleo desloca-se nos anos 60, para os países do Médio Oriente, que se tornaram os seus principais fornecedores A sua abundância e baixo preço alimentavam a prosperidade económica, permitindo uma revolução nos transportes, para além de um novo conjunto de produtos industriais. O aumento da concentração industrial e do número de multinacionais, verdadeiros gigantes económicos que fabricam e comercializam os seus produtos nos quatro cantos do mundo. Presentes em praticamente todos os setores estas empresas investem grandes somas na investigação científica, contribuindo para a aceleração do progresso técnico. O aumento significativo da população ativa proporcionado pelo reforço da mão-de- obra feminina no mercado de trabalho, o baby-boom* dos anos 40-60 e a imigração de trabalhadores oriundos dos países menos desenvolvidos. Para além de mais Documento 12 – Taxa de crescimento anual médio do PIB mundial (em percentagem) 1.9 5
  • 19. 19 numerosa, a mão-de-obra tornou-se também mais qualificada, em virtude do prolongamento da escolaridade. Só os imigrantes destoavam deste quadro, assegurando os trabalhos que não requeriam alto nível de formação profissional e eram, por isso, mal remunerados. A modernização da agricultura, setor onde a produtividade aumenta de tal modo que permite aos países desenvolvidos passarem de importadores a exportadores de produtos alimentares. Renovado, por grandes investimentos e nova tecnologia o setor agrícola liberta, em pouco tempo, grandes quantidades de mão-de-obra, que migra para os núcleos urbanos. O crescimento do setor terciário que absorveu a maior percentagem de trabalhadores. O surto espetacular das trocas comerciais, aposta no ensino, os serviços sociais prestados pelo estado e a complexidade crescente da administração das empresas multiplicou o número de postos de trabalho neste setor. Assim, as classes médias alargam-se, o que contribui para a subida do nível de vida e para o equilíbrio social. Como consequência dos "Trinta Gloriosos", ocorreu uma generalização do conforto material. O pleno emprego, os salários altos e a produção maciça de bens a preços acessíveis conduziram à sociedade de consumo, sociedade de abundância identificada pelo consumo em massa de bens supérfluos, que passam a ser encarados como essenciais à vida, e pelo desperdício. Nesta sociedade, o cidadão comum é permanentemente estimulado a depender mais do que o necessário, facto bem orquestrado pela publicidade que criou necessidades que antes as pessoas não sentiam. Documento 13 – Cartaz publicitário á coca-cola.
  • 20. 20 Como os gastos na alimentação e em outros bens essenciais deixaram de absorver a quase totalidade dos orçamentos familiares, as casas tornaram-se cómodas e bem equipadas, onde se podia encontrar uma vasta gama de eletrodomésticos e um automóvel na garagem ou na rua. As férias pagas vieram acentuar a ideia de que a vida merece ser desfrutada e o dinheiro existe para se gastar. *baby-boom: Definição genérica para uma explosão demográfica decorrente do aumento súbito do crescimento vegetativo de uma população, ou seja, pelo grande número de nascimentos. Em geral, a expressão baby boomers refere-se às pessoas nascidas nos primeiros anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, entre 1946 e 1964, período em que se registrou uma explosão populacional, nos Estados Unidos, em decorrência de um aumento importante da taxa de natalidade. Indivíduos nascidos nesse período foram jovens durante as décadas de 60 e 70 e viveram as importantes transformações culturais e sociais dessas duas décadas. O mundo comunista A expansão do mundo comunista fez-se, em grande parte, sobre a égide da URSS. Após a Segunda Guerra Mundial, o reforço da posição militar soviética e o desencadear do processo de descolonização criaram condições favoráveis quer á extensão do comunismo, quer ao estreitamento dos laços de amizade e cooperação entre Moscovo e os países recentemente emancipados. A URSS saiu, assim, do isolamento a que estivera desde a revolução de outubro, alargando a sua influência nos quatro continentes. A primeira vaga da extensão do comunismo atingiu a Europa Oriental, fez-se sob a pressão direta da União Soviética. Em meados de 1948, os partidos comunistas dos países de leste tinham-se já assumido como partidos únicos e, em pouco tempo, a vida política, social e económica destas regiões foi reorganizada em moldes semelhantes aos da URSS. Os novos países socialistas receberam a designação de democracias populares. Por oposição às democracias liberais, julgadas incapazes de garantir a verdadeira igualdade devido à persistência dos privilégios de classe, as democracias populares defendem que a gestão do estado pertence, em exclusivo, às classes trabalhadoras. Estas, que constituem a esmagadora maioria da população, exercem o poder através do partido comunista, que, supostamente, representam os seus interesses.
  • 21. 21 As eleições existem e realizam-se mediante sufrágio universal, mas o sistema funciona como a apresentação de candidaturas e listas únicas, de caráter oficial. Os dirigentes do partido ocupam, também, os altos cargos do estado que desempenha um papel primordial em todas as esferas da vida da nação: defina vida política, as opções económicas, o enquadramento ideológico e cultural dos cidadãos. Em suma, a Europa de Leste reconstrói-se de acordo com a ideologia marxista e a interpretação de que dela faz o regime soviético. Em 1955, os laços entre as democracias populares foram reforçados com a O Pacto de Varsóvia constituiu uma organização claramente oposta à OTAN, simbolizando o antagonismo militar que marcou a guerra fria. O Pacto de Varsóvia ou Tratado de Varsóvia foi uma aliança militar formada em 14 de maio de 1955 pelos países socialistas do Leste Europeu e pela União Soviética, países estes que também ficaram conhecidos como bloco do leste. O tratado correspondente foi firmado na capital da Polônia, Varsóvia, e estabeleceu o alinhamento dos países membros com Moscovo, criando um compromisso de ajuda mútua em caso de agressões militares e legalizando na prática a presença de milhões de militares soviéticos nos países do Leste Europeu desde 1945. Art.1 – A República socialista da Checoslováquia é um estado socialista fundado na aliança sólida entre operários, camponeses e intelectuais, liderados pela classe operária (…). ela faz parte do sistema socialista mundial. Art. 2 - Todo o poder pertencente ao povo trabalhador quem exerce os poderes do estado através das suas estruturas representativas (…) Art. 4 - A força dirigente na sociedade e no estado é a vanguarda da classe operária, o partido comunista da Checoslováquia (…). Art. 13 - Todas as escolas pertencem ao estado (…). Art. 22 - A radiodifusão e a televisão constituem em um direito exclusivo do estado (…). Art. 24 - Garante-se o direito de reunião e associação desde que não ameace as instituições populares e democráticas ou a paz e a ordem pública (…). Art. 26 - Todos os cidadãos têm direito ao trabalho. Esse direito está essencialmente garantido pela organização do trabalho, dirigida pelo estado segundo os princípios da economia planificada (…). Documento 14 – Democracia Popular da Checoslováquia
  • 22. 22 O organismo militar foi alegadamente instituído em contraponto à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização internacional que uniu as democracias da Europa Ocidental e os Estados Unidos para a prevenção e defesa dos países membros contra eventuais ataques vindos do Leste Europeu. Considerando-se a “pátria do socialismo”, a União Soviética impôs um modelo único e rígido, do qual não admitiu desvios. E assim que, quando estalou um protesto e rebeliões contra o seu excessivo domínio, Moscovo não hesitou em utilizar a força para manter a coesão do seu bloco. Os dois casos mais graves ocorreram na Hungria, em 1956, e na Checoslováquia, em 1968. As ruas de Budapeste e Praga viram-se, então, ocupadas pelos tanques soviéticos, que, depois de uma repressão severa, garantiam a normalização da vida política. O esmagamento militar da primavera de Praga levou ao líder soviético Brejnev assumir, perante o mundo, que a soberania dos países do pacto de Varsóvia se encontrava limitada pelos superiores interesses do socialismo. Outra preocupação para os dirigentes comunistas da Europa de Leste era a situação de Berlim. De facto, a cidade tornara-se numa ponte de passagem para o ocidente. Milhares de cidadãos da Alemanha comunista utilizavam Berlim oriental como forma de alcançar a República Federal Alemã. Eram, sobretudo, quadros técnicos, jovens diplomados que se sentiam atraídos pelos salários altos e pelo consumismo da sociedade capitalista. Estas “deserções “afetavam gravemente a economia da RDA e, mais do que isso, afetavam o prestígio do mundo socialista. O problema acabaria por ser solucionado em 1961, com a construção, pela RDA, do célebre muro de Berlim, que, em breve, se tornaria no símbolo da Guerra Fria. Art. 1º. As partes contratantes comprometem-se (…) a abster-se nas suas relações internacionais de ameaças de violência ou da sua aplicação e a resolverem os seus litígios internacionais por meios pacíficos, de forma a não ameaçarem a paz e a segurança mundiais. (…) Art 4.º Em caso de agressão armada na Europa contra um ou vários dos estados signatários do tratado (…) cada estado signatário do tratado, exercendo o seu direito á autodefesa individual ou coletiva de acordo com o artigo 51 da carta da organização das Nações Unidas, concederá ao estado ou estados vítimas de uma tal agressão assistência imediata (…). Documento 15 – O Pacto de Varsóvia
  • 23. 23 Terminada a guerra com a vitória sobre os nossos inimigos, a União Soviética entrou numa nova etapa de paz e desenvolvimento económico. Na hora presente, cabe ao povo soviético a tarefa (…) de seguir em frente, de forma a criar as condições de um novo e poderoso impulso da economia nacional. Devemos, no mais curto espaço de tempo, fechar as feridas provocadas pelo inimigo e restabelecer o nível económico que tínhamos antes da guerra, de forma a podermos ultrapassar esse nível num futuro próximo, aumentar o bem-estar material do nosso povo e reforçar ainda mais o poderio económico e militar da União Soviética. Documento 16 - A aposta na indústria, discurso proferido por Estaline na ocasião do 28º aniversário do Exército Vermelho, fevereiro de 1946. O Balanço económico da Segunda Guerra Mundial foi especialmente pesado para a União Soviética: milhões de hectares de cultivo foram destruídos, centenas de cidades arrasadas e uma parte importante do equipamento industrial perdeu-se. Assim, logo após a guerra terminar, a URSS retomou o modelo de planificação económica que tinha implementado nos anos 20. Tal como já acontecera, a indústria pesada e as infraestruturas recebem prioridade absoluta. Imensos complexos fazem da união soviética a segunda potência industrial do mundo e garantem o poder militar necessário ao afrontamento dos tempos da Guerra Fria. A proclamação das repúblicas populares implanta também o modelo económico soviético. Os meios de produção são coletivizados e reorganizados em moldes idênticos aos da URSS. É dada prioridade absoluta à industrialização, baseada na indústria pesada. Assim, os novos países socialistas europeus, que, com exceção da Checoslováquia e da RDA, eram essencialmente agrícolas, industrializam-se rapidamente. Esta industrialização foi um dos maiores êxitos das economias planificadas. No entanto, o nível de vida das populações não acompanha esta evolução económica. As jornadas de trabalho mantêm-se excessivas, os salários sobem a um ritmo muito lento e as carências de bens de toda a espécie mantêm-se. Negligenciados pelos primeiros planos, a agricultura, a construção habitacional, as indústrias de consumo e o setor terciário, considerado improdutivo, avançam lentamente. Nas cidades, que a industrialização fez crescer a um ritmo muito rápido, a população amontoa-se em bairros periféricos, superpovoados. As longas filas de espera para adquirir os bens essenciais tornam-se uma rotina diária. Passado o primeiro impulso industrializador, as economias planificadas começam a mostrar, de forma mais evidente, as suas debilidades. A planificação é excessiva entre as empresas, que não gozam da autonomia na seleção das produções, do equipamento e dos trabalhadores, na fixação de salários e preços ou na escolha de fornecedores e clientes. Uma gestão burocrática, sem entusiasmo nem iniciativa, limita-se a procurar cumprir as quantidades previstas no plano, sem atender à qualidade dos produtos ao potencial de rentabilidade dos equipamentos e da mão de obra.
  • 24. 24 Face aos problemas económicos, implantou-se, nos anos 60, um vasto conjunto de reformas em praticamente todos os países da Europa socialista. O exemplo partiu da URSS, onde o novo líder, Nikita Kruchtchev, abre uma via de renovação, quer política quer económica. O plano é iniciado em 1959, este reforça o investimento nas indústrias de consumo, na habitação e na agricultura, neste setor é lançado um vasto programa de arroteamento das terras não cultivadas do Cazaquistão e da Sibéria Ocidental.  A duração do trabalho semanal reduz-se passando de 48 horas para 42 assim como a idade da reforma que se estende aos trabalhadores agrícolas, pela primeira vez.  Nas empresas procurava-se incentivar a produtividade e aumentar a autonomia dos gestores em relação aos funcionários do estado assim cria-se um sistema de prémios para os trabalhadores mais ativos. No entanto, os efeitos destas medidas não atingiram as expectativas e não foram capazes de relançar as economias do bloco socialista. Na década de 70 a burocracia reforça-se e alastra uma onda de corrupção sem precedentes. As prioridades voltam-se para o complexo militar-industrial, e a exploração dos recursos naturais, no entanto os custos de exploração do território siberiano revelam- se excessivos e os resultados não atingem o esperado. As dificuldades soviéticas refletiram-se em todos os países-satélite. Estas dificuldades económicas acentuaram- se na década de 70 afetando o mundo industrializado refletindo-se sobretudo em falhas do sistema que se foram agravando ao longo do tempo. Estes bloqueios económicos acabaram por conduzir à falência dos regimes comunistas europeus, no fim dos anos 80. Documento 17 – Nikita Kruchtchev aperta a mão do presidente dos Estados Unidos, a sua liderança inaugura uma etapa na política externa da URSS, marcada pelo diálogo com os Estados Unidos, assim em 1959, Kruchtchev visita os EUA.
  • 25. 25 Os conflitos militares O muro de Berlim A derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial resultou na divisão do país, que se tornou o marco de dois blocos político-económicos antagônicos. A contínua expansão do comunismo fez com que os americanos e ingleses olhassem a Alemanha, não como um inimigo vencido, mas sim como um aliado indispensável ao combate do avanço socialista, assim, o renascimento alemão tornou-se uma prioridade para os Estados Unidos. Com o objetivo de intensificar os esforços as três potências aliadas – Reino Unido, Estados Unidos e França - unem os seus territórios alemães criando a RFA (República Federal Alemã). Como resposta, e considerando a criação da RAF como uma clara violação dos acordos estabelecidos, a União Soviética acabou por desenvolver uma atuação semelhante na sua própria zona, isto conduziu á criação de um Estado Paralelo, denominado de RDA (República Democrática Alemã). Dessa forma, o território alemão ficava dividido e o mundo enxergava com mais clareza a construção da ordem bipolar. Graças à ajuda norte-americana, a RFA conseguiu organizar uma reforma econômica que apresentou resultados positivos desde os primeiros anos da década de 1950. A criação de uma nova moeda, o marco alemão, e a inserção do país na economia de mercado simbolizavam o trunfo do projeto capitalista. Documento 17 – Representação da cortina de ferro e marcação das duas Alemanhas
  • 26. 26 Em troca dos incentivos do bloco capitalista, a Alemanha Ocidental organizou grandes e eficientes projetos de assistência social que trouxeram conforto à população. No lado oriental, a RDA passou por maiores dificuldades tendo em vista que, sob o ponto de vista histórico e econômico, essa sempre fora a parte menos desenvolvida da Alemanha. Além desses problemas, os comunistas locais pretendiam constituir uma nação livre da interferência soviética e guiada pelo regime pluripartidarista. Este processo de divisão trouxe para o centro da discórdia a situação de Berlim, já que na capital, situada no coração da área soviética, continuavam estacionadas as forças militares das três potências ocidentais. Numa tentativa de forçar a sua retirada, Estaline bloqueia, aos aliados, todos os acessos terrestres á cidade. Fora colocado um alambrado provisório de 155 quilômetros que separava as duas partes de Berlim. Os meios de transporte ficaram interrompidos e nenhum podia atravessar de um lado para o outro. Durante os dias seguintes, começou-se a construção de um muro de tijolos e as pessoas cujas casas estavam na linha de construção foram desalojadas. Criando-se assim o Muro de Berlim. Com o passar dos anos, houve muitas tentativas de escapar, algumas com sucesso, o que levou à ampliação do muro até limites insuspeitados para aumentar a segurança. O Muro de Berlim acabou por se tornar uma parede de concreto com uma altura entre 3,4 e 4 metros, com um interior formado de cabos de aço para aumentar a sua resistência. Na parte superior, foram colocadas superfícies semiesféricas para que ninguém se pudesse segurar. Acompanhando o muro, foi criada a chamada “faixa da morte”, formada por um fosso, um alambrado, uma avenida pela qual circulavam constantemente veículos militares, sistemas de alarme, armas automáticas, torres de vigilância e patrulhas acompanhadas de cães, 24 horas do dia. Em 1975, 43 quilômetros do muro eram acompanhados das medidas de segurança da faixa da morte, e o resto estava protegido por cercas.
  • 27. 27 A queda do muro foi motivada pela abertura das fronteiras entre a Áustria e a Hungria em maio de 1989, já que cada vez mais alemães viajavam à Hungria para pedir asilo nas diferentes embaixadas da República Federal Alemã. Este fato motivou enormes manifestações, o que fez com que, no dia 9 de novembro de 1989, o governo da RDA afirmasse que a passagem para o lado oeste estava permitida. Nesse mesmo dia, milhares de pessoas aglomeraram-se nos pontos de controlo para poder passar para o outro lado e ninguém os poderia deter, levando a um êxodo massivo. No dia seguinte foram abertas as primeiras brechas no muro e começou a contagem regressiva para o final dos seus dias. Depois de terem sido libertados, famílias e amigos puderam voltar a ver-se, ao fim de 28 anos de separação forçada. A Guerra da Coreia A Guerra da Coreia foi um conflito armado travado entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, no contexto da Guerra Fria. As Nações Unidas, com os Estados Unidos como sua principal força, vieram em ajuda aos sul-coreanos. A China, por sua vez, interveio em favor do norte, com a União Soviética dando-lhes apoio logístico e político. A Coreia foi governada pelo Japão desde 1910 até o final da Segunda Guerra Mundial. Em agosto de 1945, os soviéticos declararam guerra contra os japoneses, como resultado de um acordo feito com os Estados Unidos e libertaram o norte do Paralelo 38. Tropas norte-americanas, logo em seguida, moveram-se para ocupar o sul da península. Em 1948, como resultado do início da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, a península coreana foi dividida em duas regiões, com governos separados. Representantes da zona sul, a o lado capitalista, de influência americana e da zona norte, o lado comunista, de influência soviética. Cada um Documento 18 - Curva do Muro de Berlim nas proximidades do Portão de Brandemburgo. Vista de cima do edifício do Reichstag em novembro de 1961.
  • 28. 28 afirmava ser o legítimo governo da Coreia, e nenhum lado aceitava as fronteiras da época. O conflito escalou para uma guerra aberta total quando os norte-coreanos, apoiados belicamente pelos soviéticos e chineses, invadiram o sul, em 25 de junho de 1950. Naquele período, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reconheceu isto como uma invasão ilegal e exigiu um cessar-fogo. A 27 de junho, o Conselho da ONU aprovou a intervenção na invasão e envia uma tropa sob a bandeira das Nações Unidas para restabelecer a paz na península coreana. Cerca de vinte e um países contribuíram para as forças militares na missão da ONU, porém 88% dos soldados eram, na verdade, americanos. Documento 18 – Desenvolvimento da guerra da Coreia ao longo dos anos, até ao seu fim.
  • 29. 29 De acordo com historiadores, quase cinco milhões de pessoas morreram na guerra e mais da metade eram civis. A guerra teve consequências gigantes tanto na Coreia do Norte quanto na Coreia do Sul, sendo que boa parte do conflito ocorreu ao redor da zona desmilitarizada, uma região de 5km de largura que divide as duas Coreias de leste a oeste e que foi estabelecida durante o armistício. Desde 1953, existe tensões entre ambos os governos. A Coreia do Sul conta com a presença de mais de 20.000 soldados americanos na zona desmilitarizada e transformou-se numa potência econômica e tecnológica regional. Já a Coreia do Norte tornou-se num dos países mais isolados do mundo. O conflito de Cuba Outro episódio, é chamado a Crise dos Mísseis de 1962, este refere-se aos treze dias de impasse entre Estados Unidos e União Soviética, em outubro de 1962, devido à instalação de mísseis nucleares soviéticos na ilha de Cuba. No ano de 1959, um movimento revolucionário derrubou o ditador cubano Fulgêncio Batista, instalando no país um governo socialista liderado por Fidel Castro. O novo governo de Cuba alinhou-se á URSS e torna-se dependente economicamente do país. O líder soviético, Nikita Khrushchev, com o objetivo de provar a capacidade bélica e nuclear da União Soviética, aproveitou-se da influência que exercia no governo cubano e da relação hostil que este mantinha com os Estados Unidos e instalou mísseis na ilha direcionados ao território americano. Documento 19 - Vista aérea onde é visível a base de lançamento dos mísseis em Cuba, novembro de 1962
  • 30. 30 A 14 de Outubro, os Estados Unidos divulgaram fotos de um voo secreto realizado sobre Cuba apontando cerca de quarenta depósitos para abrigar mísseis nucleares. Houve uma enorme tensão entre as duas superpotências pois uma guerra nuclear parecia mais próxima do que nunca. O governo de John F. Kennedy, apesar de suas ofensivas no ano anterior, encarou aquilo como um ato de guerra contra os Estados Unidos. Nikita Kruschev afirmou que os mísseis nucleares eram apenas defensivos, e que tinham sido lá instalados para dissuadir outra tentativa de invasão da ilha. A situação rapidamente evoluiu para um confronto aberto entre as duas potências. O ponto culminante da crise foi o “sábado negro”, 27 de outubro, quando um dos aviões, espiões, americanos foi abatido sobre Cuba e seu piloto morreu. A guerra parecia cada vez mais iminente e as negociações tornaram-se muito difíceis. Foram treze dias de suspense mundial devido ao medo de uma possível guerra nuclear, até que, em 28 de Outubro, Kruschev, após conseguir secretamente uma futura retirada dos mísseis norte-americanos da Turquia e um acordo de que os EUA nunca invadiriam a ilha vizinha, concordou em remover os mísseis de Cuba. Na televisão, todos os canais federais dos EUA interromperam os programas e transmitiram o comunicado urgente de Kruschev. Nós concordamos em retirar de Cuba os meios que consideram ofensivos. Concordamos em fazer isto e declarar na ONU este compromisso. Seus representantes farão uma declaração de que os EUA, considerando a inquietação e preocupação do Estado soviético, retirarão seus meios análogos da Turquia Documento 20 – Parte do comunicado de Kruschev aos média.
  • 31. 31 A escala armamentista e o início da era espacial A corrida ao armamento Para além dos esforços postos na constituição das alianças internacionais, os dois blocos procuraram preparar-se para uma eventual guerra, investido grandes somas na conceção e fabrico de armamento cada vez mais sofisticado. Mas primeiros anos do pós-guerra, os Estados Unidos sentiram-se protegidos por uma evidente superioridade técnica. Só eles tinham o segredo da bomba atómica, que consideravam a sua melhor defesa. Porém em setembro de 1949, quando os russos fizeram explodir a sua primeira bomba atómica, a confiança do ocidente desmoronou-se. De imediato, os cientistas americanos incrementaram as pesquisas de uma arma ainda mais destrutiva: em 1952 testava-se, no pacífico, a primeira bomba de hidrogénio, com uma potência mil vezes maior que a bomba de Hiroxima. A corrida ao armamento tinha oficialmente começado. Documento 21 - Equipamento para provas nucleares no campo de provas de Semipalatinsk Documento 22 - Nuvem provocada pela explosão de uma bomba de Hidrogênio
  • 32. 32 O poder de destruição constatado pelo terrível armamento desencadeou o pesadelo da chamada "hecatombe nuclear", que passou a assombrar a vida dos habitantes do globo. Acreditava-se que o ataque de um dos lados, num momento qualquer, desencadearia uma guerra que poria fim à vida humana na Terra. Surgiria assim um jogo político-diplomático macabro conhecido como "o equilíbrio do terror", que se transformou num dos elementos principais do jogo de poder entre EUA e URSS. Os dois buscavam produzir cada vez mais armamentos de destruição em massa, como forma de ameaçar o inimigo. A corrida armamentista implicava também uma estratégia de dominação, em que as alianças regionais e a instalação de bases militares eram de extrema importância. Os exércitos de ambos os lados possuíam centenas de soldados, armas convencionais, armas mortais, mísseis de todos os tipos, inclusive nucleares que estavam permanentemente apontados para o inimigo, com objetivo de atingir o alvo a partir de longas distâncias. Esta competição insana duraria décadas, somente terminando de fato com a assinatura dos Tratados de Redução de Armas Estratégicas I e II, em 1972 e 1993. Eles previam a extinção gradual dos arsenais dos EUA e de países integrantes da URSS que detinham essas armas no seu território. Outro tratado relacionado às armas nucleares, o Tratado para a Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT), data de 1996. Para entrar em vigor, necessita da ratificação de todos os 44 países com capacidade conhecida de produzir armas nucleares. A era espacial Pode considerar-se que a Era Espacial foi inaugurada em 1926, com o primeiro lançamento, nos EUA, pelo físico norte-americano Robert Hutchings Goddard, de um foguetão propulsionado a combustível líquido. O cientista ficou de igual modo considerado como um dos pioneiros da aeronáutica. Em 1931 surgia a teoria do Big Bang, da autoria do matemático e astrofísico Lemaître, sacerdote de nacionalidade belga, uma teoria relativista do universo em expansão, que depois seria retomada em 1940 pelo astrónomo norte-americano George Gamow. A Segunda
  • 33. 33 Guerra Mundial congelou um pouco os esforços de exploração do espaço, ou a preparação científica para a mesma. Nos anos 50 a investigação científica com vista à exploração do espaço passa a ter um novo impulsionador, a União Soviética, que envereda por uma política de corrida espacial com os EUA, no âmbito da Guerra Fria que então despontava. Assim, em 1957, eram os soviéticos os primeiros a lançar no espaço o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik, este era tripulado pelo primeiro ser vivo colocado no espaço, a cadela Laika. Em 1958 os EUA deram um significativo passo na pesquisa científica e nas iniciativas de exploração do espaço, com a fundação da National Aeronautics and Space Administration (NASA, com centros operacionais de maior destaque em Houston e no cabo Canaveral), que teria a responsabilidade de coordenar as investigações aeronáuticas e espaciais civis americanas. Neste mesmo ano já os norte-americanos tinham colocado também o seu primeiro satélite artificial no espaço, o Explorer 1, um satélite de comunicações. Mas passados três anos, seria a União Soviética a ganhar avanço na corrida ao espaço, ao colocar o primeiro ser humano em órbita, o astronauta soviético Iuri Gagarin, a bordo da nave espacial Vostok 1. Neste mesmo ano de 1961, responderiam os americanos com a colocação no espaço do astronauta Alan Shepard, que tripulava a nave Mercury III. No ano seguinte, 1962, os EUA lançariam o primeiro satélite de comunicações transatlânticas, o Telstar. A Era Espacial estava cada vez mais marcada pela Guerra Fria, sendo o espaço alvo de disputa e de grandes atenções políticas e avultados investimentos nos EUA e na URSS, com a Europa ainda numa certa letargia espacial. Documento 23 - Laika, a cadelinha que se tornou no primeiro ser vivo a ir para o espaço
  • 34. 34 Porém, o grande marco desta era espacial, foi a chegada do homem á lua. Os técnicos americanos estavam seguros de que conseguiriam esse feito, e contavam com Wernher von Braun como trunfo. O engenheiro espacial alemão, que já construíra foguetes para a Alemanha nazista, emigrara para os EUA após a Segunda Guerra, com quase 100 de seus especialistas, e fundara o programa de mísseis americano. Para a opinião pública do país, na época, ele era uma sumidade científica absoluta. Só anos mais tarde, em meados dos anos 70, críticos começaram a questionar o seu passado nazista e o envolvimento em crimes de guerra. Os EUA colocaram em marcha um ambicioso programa espacial tripulado que ganhou o nome: Projeto Mercury, que usava uma cápsula espacial com capacidade para um astronauta em manobras em órbita terrestre, seguido pelo Projeto Gemini com capacidade para dois astronautas, e finalmente o Projeto Apollo, cuja espaçonave tinha capacidade de levar três astronautas e pousar na Lua. Por problemas nas suas missões os soviéticos não foram capazes de levar homens à órbita da Lua antes dos Estados Unidos. Sendo bem-sucedidos com o seu objetivo de alcançar a Lua antes da URSS, em 1969, com a missão Apollo 11 doze astronautas, americanos, caminharam sobre o solo lunar. Ficou famosa a frase do primeiro astronauta a pisar na Lua, Neil Armstrong: "Um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade". Documento 24 - Astronauta Buzz Aldrin fotografado por Neil Armstrong (o primeiro homem a pisar na Lua) durante a missão Apollo 11, em 20 de Julho de 1969.
  • 35. 35 Conclusão Concluo, assim, o meu trabalho de pesquisa e esclarecimento sobre a Guerra Fria. Depois de passar por duas Guerras Mundiais, o globo vivia com o medo constante de acontecer uma terceira guerra e desta vez não haver forma de recuperar. A Guerra Fria foi sobretudo um confronto ideológico, que encerra com o fim da corrida espacial, e com a chegada do homem á lua. Apesar de ter sido um confronto de ideias muitos países e povos sofreram com o embate entre os Estados Unidos e a URSS. Com a exploração deste tema posso facilmente concluir que as relações mundiais são mais frágeis do que pensamos, e que uma guerra pode acontecer de várias formas, e mesmo assim ter um impacto enorme sobre o mundo. Este período da história alterou o mapa mundo como o conhecíamos permitindo nascer vários países conhecidos hoje, alterou a política, a sociedade e a cultura, mas sobretudo, é o resultado de uma população que aprendeu com os seus erros, que depois de duas guerras percebeu que os conflitos armados nunca são a solução. A criação da UNO é a representação disso, e com certeza sem ela, a Guerra Fria poderia ter-se tornado um verdadeiro combate entre gigantes, onde todos á sua volta sairiam espezinhados.
  • 36. 36 Web/Bibliografia “Um novo Tempo da História” – Parte 2, História A, 12º ano https://www.coc.com.br/blog/soualuno/historia/o-que-foi-a-guerra-fria https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Ialta https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Potsdam https://pt.wikipedia.org/wiki/Cortina_de_Ferro https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas https://www.unidosparaosdireitoshumanos.com.pt/what-are-human- rights/universal-declaration-of-human-rights/articles-01-10.html http://educacao.globo.com/historia/assunto/guerra-fria/mundo-bipolar-e-guerra- fria.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Marshall https://www.infoescola.com/geografia/otan/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_dos_Estados_Americanos http://www.oas.org/juridico/portuguese/a_organiza%C3%A7%C3%A3o_dos_estados_a meric.htm https://noseahistoria.wordpress.com/2012/01/15/o-inicio-da-guerra-fria/ https://www.infopedia.pt/$comecon https://www.dw.com/pt-br/a-divis%C3%A3o-da-alemanha-de-1945-a-1989/a-958753 https://www.preparaenem.com/historia/a-divisao-da-alemanha.htm https://www.tudosobreberlim.com/muro-berlim https://histdocs.blogspot.com/2012/06/o-estado-providencia.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_Bretton_Woods https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Geral_de_Tarifas_e_Com%C3%A9rcio http://maquinatemporal.blogspot.com/2010/02/os-anos-50-e-sociedade-de- consumo.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Baby_boom https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_de_Vars%C3%B3via https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Coreia https://www.politize.com.br/guerra-da-coreia/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Crise_dos_m%C3%ADsseis_de_Cuba https://www.infoescola.com/historia/crise-dos-misseis-de-1962/ https://br.sputniknews.com/defesa/2018081311944119-apocalipse-bomba- hidrogenio-urss-teste-foto-video/ https://escolakids.uol.com.br/historia/origem-bomba-hidrogenio.htm