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CAMILO CASTELO BRANCO
UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ
OS ACONTECIMENTOS
1825 - Nasceu em Lisboa, na Rua da Rosa, a 16 de Março. O segundo filho de Manuel Joaquim Botelho
Castelo Branco, solteiro, e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira , sua criada, foi registado como
filho de mãe incógnita, certamente devido às origens humildes da progenitora.
Apenas com dois anos de idade, Camilo ficou órfão de mãe, sendo perfilhado pelo pai, juntamente com
a sua irmã Carolina. Por esta altura, a sua família deslocou-se para Vila Real, onde o pai fora colocado
como responsável pelos correios.
1827 – Morre a mãe.
1835 – Morre o pai.
1836 – Camilo e a irmã partem para Vila Real. Passam a viver com uma tia paterna.
1831 - Os três membros da família regressaram à capital, após a demissão de Manuel Joaquim por
acusação de fraude. Com a morte deste, as duas crianças foram entregues aos cuidados de sua tia
paterna, D. Rita Emília da Veiga Castelo Branco.
1841 - Com apenas dezasseis anos de idade, Camilo casou-se com Joaquina Pereira de França, em São
Salvador, e instalou-se em Friúme.
1843 - Nasce Rosa Pereira de França Castelo Branco. Nesse ano, o jovem fixou-se pela primeira vez no
Porto, numa casa da Rua Escura. Em Trás-os-Montes deixara a tia Rita, a mulher e uma filha de meses.
- Matriculou-se no 1º ano de Anatomia da Escola Médico-Cirúrgica e depois em Química, na
Academia Politécnica. Frequentou o primeiro ano do Curso de Medicina e no ano seguinte voltou a
inscrever-se na Escola Médica, mas perdeu o ano por faltas, uma vez que era mais assíduo frequentador
dos ambientes boémios do que das aulas.
1
1844 - Começou então a participar nos abadessados ou outeiros de abadessados (certames poéticos que
ocorriam nos pátios conventuais e duravam três dias e três noites, nos quais os poetas glosavam motes
dados pelas Monjas, que em troca, ofereciam doces e vinho fino) e publicou as primeiras obras poéticas.
Depois de conseguir tomar posse do que restava da sua herança, voltou a Vila Real. Nesta terra perdeu-
se de amores pela prima Patrícia Emília do Carmo Barros. Com ela fugiu para o Porto.
1846 - Passou 11 dias na Cadeia da Relação, por ter sido acusado de roubar 20 000 cruzados a João
Pinto da Cunha, pai de Patrícia e amante da sua tia.
- Depois de libertado, regressou a Vila Real e manteve a relação com a prima Patrícia Emília.
1847 - Na sequência da morte da sua esposa, Joaquina Pereira, voltou ao Porto.
1848 - Alojou-se no Hotel Francês ( Paris ), da Rua da Fábrica.
- Morre a filha Rosa e nasce a filha Bernardina Amélia ( casou com um capitalista idoso), fruto da
sua relação com Patrícia Emília, criança que foi colocada na Roda dos Expostos, depois entregue à freira
Isabel Cândida Vaz Mourão, do portuense convento de São Bento de Avé-Maria, amante de Camilo.
1851 - Passou algum tempo na capital, onde redigiu o seu primeiro romance, Anátema, publicado no
Porto.
- Tomou parte na polémica entre Herculano e alguns padres sobre o milagre de Ourique e
enamorou-se da escritora Ana Augusta Plácido, noiva de Manuel Pinheiro Alves.
1852 - Nesta fase da sua vida, imbuído de um surpreendente fervor religioso que se julga ter sido
inspirado na impressão causada pelo exemplo do Dr. Câmara Sinval, lente da Escola Médica, que, já
idoso, tomou ordens tornando-se pregador em S. Filipe de Nery, ponderou seguir uma carreira
religiosa. Para tal, matriculou-se nas Aulas de Teologia, Dogmática e Moral, do Seminário Diocesano, ao
tempo instalado no Paço Episcopal, e chegou mesmo a requerer ordens menores.
1857 - Instalou-se em Viana do Castelo, onde, trabalhou como redactor do periódico A Aurora do Lima.
Mas não estava só. Acompanhava-o Ana Plácido, esposa de Pinheiro Alves, que para aí o seguira, com a
desculpa de acompanhar uma irmã. Muito rapidamente, esta ligação amorosa viria a tornar-se pública e
notória. 2
1859 - Camilo e Ana Plácido partiram para Lisboa. Mas a vida não estava fácil para os dois amantes que,
na prática, eram dois fugitivos, deambulando pelo país e debatendo-se com dificuldades económicas.
- A 11 de Agosto deste ano, nasceu Manuel Plácido, filho de Camilo e Ana Plácido, mas que veio a
ser registado legalmente como filho de Pinheiro Alves.
1860 - Pinheiro Alves, o marido traído, moveu-lhes um processo de adultério que os atirou para a
Cadeia da Relação do Porto. Ana Plácido foi presa a 6 de Junho e Camilo, que andara fugido no Entre-
Douro-e-Minho, entregou-se às autoridades no primeiro dia de Outubro. No cárcere, onde, em abono
da verdade, dispunha de algumas comodidades e, sobretudo, não se encontrava exclusivamente
confinado a uma cela, Camilo recebeu a visita de D. Pedro V, por duas ocasiões, e escreveu, no prazo
record de 15 dias, o seu mais lido e popular romance, Amor de Perdição.
1861 - Ana e Camilo foram julgados e absolvidos por influência do Dr. José Maria Teixeira de Queiroz,
pai de Eça, conselheiro do Tribunal.
1862 - O casal foi viver para Lisboa.
1863 - Nasce o seu filho Jorge Camilo Plácido de Castelo-Branco.
- Morte de Pinheiro Alves e o seu "filho" legal, Manuel Plácido, herdou a casa de São Miguel de
Seide, em Famalicão.
1864 - A família muda-se para São Miguel de Seide, onde nasceria, em 15 de Setembro, o terceiro filho
do casal, Nuno Plácido de Castelo-Branco.”
3
OS FILHOS
Manuel
Registado legalmente como filho de Pinheiro Alves
Parece ter sido um jovem que amava bailes, que morreria aos 19 anos de uma "febre", provavelmente
meningite.
Jorge
Era declaradamente louco, com episódios violentos em que agredia os pais, tendo estado mesmo
internado no Hospital de Alienados Conde Ferreira aos cuidados dos psiquiatras Ricardo Jorge, António
Maria de Sena e Júlio de Matos, tendo sido considerado um doente irrecuperável. Terminou os seus dias
num estado de apatia depressiva e de degradação (cuspia a quem passava e impedia que lhe limpassem
o quarto, despejando os dejectos no soalho).
4
Nuno
Viria a ser um estróina irresponsável, sempre metido em sarilhos sórdidos. Desordeiro, alcoólico,
perdulário, viciado no jogo , e incapaz de trabalhar, em 1881, casou-se por interesse com uma herdeira
rica, Maria Isabel da Costa Macedo que raptara, instigado e ajudado pelo seu pai Camilo. Com Maria
Isabel da Costa Macedo teve uma filha, que acabaria por morrer poucos dias depois da infeliz mãe. Por
via da morte da filha, Nuno herdou o remanescente da fortuna da mulher, que entretanto fora gastando
na boémia continuada. No mesmo ano, ligou-se a Ana Rosa Correia descendente de lavradores de
Landim, com quem teria 7 filhos.
1877 - Camilo vê morrer na Póvoa de Varzim, aos 19 anos, o seu filho predilecto, Manuel.
1878 - Pioram os problemas de visão e foi ferido num acidente de comboio entre São Romão e
Ermesinde.
1882 - As relações com o filho Nuno degradaram-se e Camilo acabou por expulsá-lo de casa.
1883 - Leiloou a biblioteca pessoal, em Lisboa, devido a dificuldades financeiras.
1884 - Morre a nora Maria Isabel.
- Morre a neta Camila, filha de Nuno.
1888 - Formalizou a sua ligação com Ana Plácido, com quem casou, na Invicta, em 9 de Março na Igreja
de Santo Ildefonso. Habitou na Rua de Santa Catarina no actual nº 630 – 2º andar.
1890 - Suicídio do escritor Júlio César Machado, amigo de Camilo.
5
1890 - No dia 1 de Junho depois de uma derradeira consulta num especialista de oftalmologia, matou a
última réstia de esperança de curar a cegueira, suicidou-se, como já antes havia ameaçado, com um
tiro disparado sobre o ouvido direito. Foi sepultado no jazigo do seu amigo Freitas Fortuna, no cemitério
da Lapa, no Porto, lugar que previamente escolhera para sua última morada.”
Nota - A 17 de Março de 1915, um violento incêndio devorou completa e inexplicavelmente a casa de
S. Miguel de Seide.
6
CAMILO CASTELO BRANCO NO PORTO
“Cansei-me de ouvir dizer que a segunda cidade de Portugal é um enxame de moedeiros falsos, de
contrabandistas, de mercadores de negros, de exportadores, e de magistrados de alquilaria.
Venalidade, crueza e latrocínio são os três eixos capitais sobre que roda, no entender da crítica
mordente, o maquinismo social de cem mil almas.
A minha análise aprofunda mais o espírito do Porto. Ali, o viver íntimo tem faces desconhecidas ao olho
da polícia, e da economia social.” 7
MUITA ESCOLA - POUCO ESTUDO
ESCOLA MÉDICO - CIRÚRGICA
Matriculou-se no 1º ano de Anatomia da Escola Médico-Cirúrgica Hospital de Santo António
ACADEMIA POLITÉCNICA
“Estudava eu Química na Academia do Porto.
De dois discípulos somente me recordo bem. Um era o melhor estudante; o outro, último da lista, seria
o pior do curso, se eu lá não estivesse.
[...] Fugíamos da aula de cócoras, quando o sol de Deus nos estava incitando à rebelião. Com que
tristeza eu via o sol e invejava a minha vida lá das serras donde viera estudar o sesquióxido de ferro e o
bicarbonato de soda naquelas salas frias do convento da Graça.
Praça Gomes Teixeira ( dos Leões )
“[...] Soou a hora do acto. Já de antemão os condiscípulos me davam os pêsames: dizia-se que eu, além
de ser um parvo quimicamente falando, tinha quarenta e oito faltas, afora vinte e duas abonadas, sete
negas e cinco fugidas.
[...] Que acto eu fiz! Desenruguei a fronte do lente, enchi de júbilo os arguentes, espantei os
condiscípulos e fui aprovado nemine discrepante”.
(In Cavar em ruínas) 8
SEMINÁRIO DIOCESANO
Terreiro da Sé
Matriculou-se nas Aulas de Teologia, Dogmática e Moral, do Seminário Diocesano, ao tempo instalado
no Paço Episcopal.
MORADA INCERTA
Rua Escura
«Eu morava na rua Escura, no bairro mais pobre e lamacento do Porto, um beco fétido de
coirama surrada…»
(In Rapsódia Camiliana, de António Joaquim) 9
Rua da Fábrica
“A D. Ana dos Estudantes era [...] a mais conhecida, mais antiga e mais económica hospedeira dos
académicos, no Porto. Nova ainda, viera estabelecer-se com quartel de estudantes ao cimo da Rua da
Fábrica, em frente à Praça de Santa Teresa, numa casa de dois andares. Ali se hospedou também,
quando estudante, Camilo Castelo Branco.
- Nunca cá veio um maldito mais endiabrado do que aquele! - comentava escandalizada. E contava as
partidas que ele lhe fizera.
Sentado à escrivaninha do quarto com janela aberta para a Rua da Fábrica, Camilo passa os dias a
escrever.
Chega a noite e junta-se à cavaqueira na sala de jantar da hospedaria. As caricatas ocorrências da noite
anterior no Teatro São João envolvendo opulentos comerciantes, no baile da Assembleia Portuense ou
na Sociedade Filarmónica, os espontâneos versos de amor a “Ela, a mulher anjo”, fazem as delícias de
quem ali se encontra.”
10
Rua do Almada
Ou na Rua Chã ou em Cimo de Vila
Rua Chã Cimo de Vila
11
Rua de Santa Catarina ( lado norte )
Rua da Sovela/Rua Mártires da Liberdade
12
Rua de Santo António
Rua do Pinheiro
Pensão na Quinta do Pinheiro (antiga Escola Académica e depois Teatro Experimental do Porto onde houve um incêndio)
13
Rua do Sol ( à esquerda )
Rua de D. Pedro ( já demolida )
14
OS CAFÉS
Zona dos boutequins
Praça Nova
Praça da Liberdade
15
Café Ghichard
Praça Nova Praça da Liberdade
“Camilo encontrava-se, numa noite, com uns amigos, no café Guichard, do Porto, quando viu entrar
certo sujeito. Ergueu-se da cadeira, foi ao encontro dele, abraçou-o efusivamente e exclamou em voz
alta:
– Ó Lacerda, ao tempo que te não via!
– V. Ex.ª, Sr. Camilo, deve estar enganado – murmurou o homem, que, como quase toda a gente do
Porto, dessa época, conhecia o romancista, não apenas de nome, mas de vista.
– Enganado?
– Com certeza, Sr. Camilo. Porque eu não sou Lacerda: sou Rodrigues.
Logo, Camilo, espantoso de naturalidade:
– Não é Lacerda? Que pena! E eu que precisava tanto de uma rima para mandar a certo sítio um
cavalheiro que ali está!”
Maio 15, 2012 por casadecamilo
"Em 1849...o Café Guichard - que eu chamaria uma colmeia onde se emelavam doces favos de espírito,
se aquele botequim não fosse antes um vespeiro que desferia, às revoadas, ferretoando os bócios dos
gordos filistinos da "Assembleia" e as macias espáduas lácteas das suas consortes no coração e nos
ádipos."
In Serões de São Miguel de Seide
Camilo Castelo Branco
16
Café Águia d´Ouro
Praça da Batalha
Café Suisso
Praça Nova Praça da Liberdade
17
Hotel Francês ( Paris )
Em 1848 Camilo alojou-se no Hotel Francês, da Rua da Fábrica
PASSEANDO
Palácio de Cristal
18
A banhos em Leça e na Foz
OS TEATROS
REAL TEATRO DE S. JOÃO
Praça da Batalha
19
TEATRO BAQUET
Entrada principal - Rua de Santo António Rua 31 de Janeiro – Edifício da CGD
Entrada pela rua de Sá da Bandeira Hotel Teatro
20
REAL TEATRO-CIRCO DO PRÍNCIPE REAL
Rua Sá da Bandeira
Casas particulares do século XIX convertidas em teatros
“Naquela época, o Teatro e a Imprensa, a par com as tertúlias dos cafés, apareceram como os mais
importantes mentores e difusores da cultura portuense.
No que ao Teatro diz respeito há que esclarecer que uma parte significativa das salas então existentes
funcionavam em casas particulares.”
http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=456689&page=-1
21
AMORES DE PERDIÇÃO
(apenas o que se sabe )
“Apenas dezasseis anos de idade, Camilo casou-se com Joaquina Pereira de França.
A 25 de Agosto de 1843 nasceu Rosa Pereira de França Castelo Branco, filha de Camilo com Joaquina.
Depois de conseguir tomar posse do que restava da sua herança, voltou a Vila Real. Nesta terra perdeu-
se de amores pela prima Patrícia Emília do Carmo Barros. Com ela fugiu para o Porto. “
Patrícia Emília
NO CONVENTO DE S.BENTO DA AVÉ-MARIA
“Começou a participar nos abadessados ou outeiros de abadessados (certames poéticos que ocorriam
nos pátios conventuais e duravam três dias e três noites, nos quais os poetas glosavam motes dados
pelas Monjas, que em troca, ofereciam doces e vinho fino).
Em 1848 morreu-lhe a filha Rosa e nasceu-lhe a filha Bernardina Amélia, fruto da sua relação com
Patrícia Emília, criança que foi colocada na Roda dos Expostos, depois temporariamente criada em
Samardã e, por fim, entregue à freira Isabel Cândida Vaz Mourão, do portuense convento de São Bento
de Ave-maria, amante de Camilo.”
22
A PERDIÇÃO
O TRIBUNAL
Praça D. Filipa de Lencastre
23
A CADEIA
Em 1846, já estivera aqui preso por ter raptado Patrícia Emília.( Cordoaria )
UM AMIGO INESPERADO ( OU TALVEZ NÃO )
Chefe da quadrilha mais famosa do Marão, Zé do Telhado é conhecido por "roubar aos ricos para dar
aos pobres" e, por isso, muitos o consideram o Robin dos Bosques português.
24
A CELA
“No cárcere, onde, em abono da verdade, dispunha de algumas comodidades e, sobretudo, não se encontrava
exclusivamente confinado a uma cela, Camilo recebeu a visita de D. Pedro V, por duas ocasiões, e escreveu, no
prazo record de 15 dias, o seu mais lido e popular romance, Amor de Perdição.”
O ROMANCE DOS ROMANCES
Convento de Monchique
— Onde é Monchique? — perguntou Simão a Mariana. — É acolá, senhor Simão —
respondeu, indicando-lhe o mosteiro, que se debruça sobre a margem do Douro, em
Miragaia.
In”Amor de Perdição” 25
COM ANA PLÁCIDO DE CASA EM CASA
( OS VIZINHOS NÃO PERDOAM )
Rua de Cedofeita
Rua da Picaria
26
Foz do Douro
Rua do Almada
27
Rua do Triunfo/Rua de D. Manuel II
“Mudou da rua do Almada para um prédio da rua do Triunfo, em frente do portão que dá ingresso a
veículos no Jardim do Palácio de Cristal.”
Rua de S. Lázaro /Av. Rodrigues de Freitas
Em 1872, recebeu D. Pedro II, imperador do Brasil, na sua casa da Rua de São Lázaro.
28
Rua do Bonjardim
Rua de Santa Catarina, nº 630 - 2º
“Aqui formalizou a sua ligação com Ana Plácido, com quem casou a 9 de Março de 1888, na Igreja de
Santo Ildefonso.”
29
A MORADA CERTA
(POR EMPRÉSTIMO)
1890
30
Fontes:
http://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?P_pagina=1000859
http://portoacademico.blogspot.pt/2010_03_01_archive.html
http://casadecamilo.wordpress.com/
http://pontopin.blogspot.pt/2012/02/baixa-e-francesa.html
http://www.triplov.com/isabel_cruz/academia_politec/olhar_sobre.html
http://pt.slideshare.net/CafesNNM/cafs-do-porto-antes-e-depois?next_slideshow=1
http://comunidade.sol.pt/blogs/pereiradasilva/archive/2010/03/28/Os-Caf_E900_s-da-Baixa-do-
Porto.aspx
http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/
http://portoarc.blogspot.pt/2013_11_01_archive.html
http://www.apha.pt/boletim/boletim2/pdf/CafesDoPorto.pdf
http://www.oportoencanta.com/2013/05/por-um-circuito-cultural-e-com.html
http://www.publico.pt/local-porto/jornal/viagem-ao-porto-dos-escritores-187767
http://www.ulisses.us/lucia-148-camilo-mulheres-abismos.htm
http://scans.library.utoronto.ca/pdf/7/37/otorturadodeseid00pime/otorturadodeseid00pime.pdf
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CAMILO CASTELO BRANCO, O ESCRITOR PORTUENSE

  • 1. CAMILO CASTELO BRANCO UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ OS ACONTECIMENTOS 1825 - Nasceu em Lisboa, na Rua da Rosa, a 16 de Março. O segundo filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, solteiro, e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira , sua criada, foi registado como filho de mãe incógnita, certamente devido às origens humildes da progenitora. Apenas com dois anos de idade, Camilo ficou órfão de mãe, sendo perfilhado pelo pai, juntamente com a sua irmã Carolina. Por esta altura, a sua família deslocou-se para Vila Real, onde o pai fora colocado como responsável pelos correios. 1827 – Morre a mãe. 1835 – Morre o pai. 1836 – Camilo e a irmã partem para Vila Real. Passam a viver com uma tia paterna. 1831 - Os três membros da família regressaram à capital, após a demissão de Manuel Joaquim por acusação de fraude. Com a morte deste, as duas crianças foram entregues aos cuidados de sua tia paterna, D. Rita Emília da Veiga Castelo Branco. 1841 - Com apenas dezasseis anos de idade, Camilo casou-se com Joaquina Pereira de França, em São Salvador, e instalou-se em Friúme. 1843 - Nasce Rosa Pereira de França Castelo Branco. Nesse ano, o jovem fixou-se pela primeira vez no Porto, numa casa da Rua Escura. Em Trás-os-Montes deixara a tia Rita, a mulher e uma filha de meses. - Matriculou-se no 1º ano de Anatomia da Escola Médico-Cirúrgica e depois em Química, na Academia Politécnica. Frequentou o primeiro ano do Curso de Medicina e no ano seguinte voltou a inscrever-se na Escola Médica, mas perdeu o ano por faltas, uma vez que era mais assíduo frequentador dos ambientes boémios do que das aulas. 1
  • 2. 1844 - Começou então a participar nos abadessados ou outeiros de abadessados (certames poéticos que ocorriam nos pátios conventuais e duravam três dias e três noites, nos quais os poetas glosavam motes dados pelas Monjas, que em troca, ofereciam doces e vinho fino) e publicou as primeiras obras poéticas. Depois de conseguir tomar posse do que restava da sua herança, voltou a Vila Real. Nesta terra perdeu- se de amores pela prima Patrícia Emília do Carmo Barros. Com ela fugiu para o Porto. 1846 - Passou 11 dias na Cadeia da Relação, por ter sido acusado de roubar 20 000 cruzados a João Pinto da Cunha, pai de Patrícia e amante da sua tia. - Depois de libertado, regressou a Vila Real e manteve a relação com a prima Patrícia Emília. 1847 - Na sequência da morte da sua esposa, Joaquina Pereira, voltou ao Porto. 1848 - Alojou-se no Hotel Francês ( Paris ), da Rua da Fábrica. - Morre a filha Rosa e nasce a filha Bernardina Amélia ( casou com um capitalista idoso), fruto da sua relação com Patrícia Emília, criança que foi colocada na Roda dos Expostos, depois entregue à freira Isabel Cândida Vaz Mourão, do portuense convento de São Bento de Avé-Maria, amante de Camilo. 1851 - Passou algum tempo na capital, onde redigiu o seu primeiro romance, Anátema, publicado no Porto. - Tomou parte na polémica entre Herculano e alguns padres sobre o milagre de Ourique e enamorou-se da escritora Ana Augusta Plácido, noiva de Manuel Pinheiro Alves. 1852 - Nesta fase da sua vida, imbuído de um surpreendente fervor religioso que se julga ter sido inspirado na impressão causada pelo exemplo do Dr. Câmara Sinval, lente da Escola Médica, que, já idoso, tomou ordens tornando-se pregador em S. Filipe de Nery, ponderou seguir uma carreira religiosa. Para tal, matriculou-se nas Aulas de Teologia, Dogmática e Moral, do Seminário Diocesano, ao tempo instalado no Paço Episcopal, e chegou mesmo a requerer ordens menores. 1857 - Instalou-se em Viana do Castelo, onde, trabalhou como redactor do periódico A Aurora do Lima. Mas não estava só. Acompanhava-o Ana Plácido, esposa de Pinheiro Alves, que para aí o seguira, com a desculpa de acompanhar uma irmã. Muito rapidamente, esta ligação amorosa viria a tornar-se pública e notória. 2
  • 3. 1859 - Camilo e Ana Plácido partiram para Lisboa. Mas a vida não estava fácil para os dois amantes que, na prática, eram dois fugitivos, deambulando pelo país e debatendo-se com dificuldades económicas. - A 11 de Agosto deste ano, nasceu Manuel Plácido, filho de Camilo e Ana Plácido, mas que veio a ser registado legalmente como filho de Pinheiro Alves. 1860 - Pinheiro Alves, o marido traído, moveu-lhes um processo de adultério que os atirou para a Cadeia da Relação do Porto. Ana Plácido foi presa a 6 de Junho e Camilo, que andara fugido no Entre- Douro-e-Minho, entregou-se às autoridades no primeiro dia de Outubro. No cárcere, onde, em abono da verdade, dispunha de algumas comodidades e, sobretudo, não se encontrava exclusivamente confinado a uma cela, Camilo recebeu a visita de D. Pedro V, por duas ocasiões, e escreveu, no prazo record de 15 dias, o seu mais lido e popular romance, Amor de Perdição. 1861 - Ana e Camilo foram julgados e absolvidos por influência do Dr. José Maria Teixeira de Queiroz, pai de Eça, conselheiro do Tribunal. 1862 - O casal foi viver para Lisboa. 1863 - Nasce o seu filho Jorge Camilo Plácido de Castelo-Branco. - Morte de Pinheiro Alves e o seu "filho" legal, Manuel Plácido, herdou a casa de São Miguel de Seide, em Famalicão. 1864 - A família muda-se para São Miguel de Seide, onde nasceria, em 15 de Setembro, o terceiro filho do casal, Nuno Plácido de Castelo-Branco.” 3
  • 4. OS FILHOS Manuel Registado legalmente como filho de Pinheiro Alves Parece ter sido um jovem que amava bailes, que morreria aos 19 anos de uma "febre", provavelmente meningite. Jorge Era declaradamente louco, com episódios violentos em que agredia os pais, tendo estado mesmo internado no Hospital de Alienados Conde Ferreira aos cuidados dos psiquiatras Ricardo Jorge, António Maria de Sena e Júlio de Matos, tendo sido considerado um doente irrecuperável. Terminou os seus dias num estado de apatia depressiva e de degradação (cuspia a quem passava e impedia que lhe limpassem o quarto, despejando os dejectos no soalho). 4
  • 5. Nuno Viria a ser um estróina irresponsável, sempre metido em sarilhos sórdidos. Desordeiro, alcoólico, perdulário, viciado no jogo , e incapaz de trabalhar, em 1881, casou-se por interesse com uma herdeira rica, Maria Isabel da Costa Macedo que raptara, instigado e ajudado pelo seu pai Camilo. Com Maria Isabel da Costa Macedo teve uma filha, que acabaria por morrer poucos dias depois da infeliz mãe. Por via da morte da filha, Nuno herdou o remanescente da fortuna da mulher, que entretanto fora gastando na boémia continuada. No mesmo ano, ligou-se a Ana Rosa Correia descendente de lavradores de Landim, com quem teria 7 filhos. 1877 - Camilo vê morrer na Póvoa de Varzim, aos 19 anos, o seu filho predilecto, Manuel. 1878 - Pioram os problemas de visão e foi ferido num acidente de comboio entre São Romão e Ermesinde. 1882 - As relações com o filho Nuno degradaram-se e Camilo acabou por expulsá-lo de casa. 1883 - Leiloou a biblioteca pessoal, em Lisboa, devido a dificuldades financeiras. 1884 - Morre a nora Maria Isabel. - Morre a neta Camila, filha de Nuno. 1888 - Formalizou a sua ligação com Ana Plácido, com quem casou, na Invicta, em 9 de Março na Igreja de Santo Ildefonso. Habitou na Rua de Santa Catarina no actual nº 630 – 2º andar. 1890 - Suicídio do escritor Júlio César Machado, amigo de Camilo. 5
  • 6. 1890 - No dia 1 de Junho depois de uma derradeira consulta num especialista de oftalmologia, matou a última réstia de esperança de curar a cegueira, suicidou-se, como já antes havia ameaçado, com um tiro disparado sobre o ouvido direito. Foi sepultado no jazigo do seu amigo Freitas Fortuna, no cemitério da Lapa, no Porto, lugar que previamente escolhera para sua última morada.” Nota - A 17 de Março de 1915, um violento incêndio devorou completa e inexplicavelmente a casa de S. Miguel de Seide. 6
  • 7. CAMILO CASTELO BRANCO NO PORTO “Cansei-me de ouvir dizer que a segunda cidade de Portugal é um enxame de moedeiros falsos, de contrabandistas, de mercadores de negros, de exportadores, e de magistrados de alquilaria. Venalidade, crueza e latrocínio são os três eixos capitais sobre que roda, no entender da crítica mordente, o maquinismo social de cem mil almas. A minha análise aprofunda mais o espírito do Porto. Ali, o viver íntimo tem faces desconhecidas ao olho da polícia, e da economia social.” 7
  • 8. MUITA ESCOLA - POUCO ESTUDO ESCOLA MÉDICO - CIRÚRGICA Matriculou-se no 1º ano de Anatomia da Escola Médico-Cirúrgica Hospital de Santo António ACADEMIA POLITÉCNICA “Estudava eu Química na Academia do Porto. De dois discípulos somente me recordo bem. Um era o melhor estudante; o outro, último da lista, seria o pior do curso, se eu lá não estivesse. [...] Fugíamos da aula de cócoras, quando o sol de Deus nos estava incitando à rebelião. Com que tristeza eu via o sol e invejava a minha vida lá das serras donde viera estudar o sesquióxido de ferro e o bicarbonato de soda naquelas salas frias do convento da Graça. Praça Gomes Teixeira ( dos Leões ) “[...] Soou a hora do acto. Já de antemão os condiscípulos me davam os pêsames: dizia-se que eu, além de ser um parvo quimicamente falando, tinha quarenta e oito faltas, afora vinte e duas abonadas, sete negas e cinco fugidas. [...] Que acto eu fiz! Desenruguei a fronte do lente, enchi de júbilo os arguentes, espantei os condiscípulos e fui aprovado nemine discrepante”. (In Cavar em ruínas) 8
  • 9. SEMINÁRIO DIOCESANO Terreiro da Sé Matriculou-se nas Aulas de Teologia, Dogmática e Moral, do Seminário Diocesano, ao tempo instalado no Paço Episcopal. MORADA INCERTA Rua Escura «Eu morava na rua Escura, no bairro mais pobre e lamacento do Porto, um beco fétido de coirama surrada…» (In Rapsódia Camiliana, de António Joaquim) 9
  • 10. Rua da Fábrica “A D. Ana dos Estudantes era [...] a mais conhecida, mais antiga e mais económica hospedeira dos académicos, no Porto. Nova ainda, viera estabelecer-se com quartel de estudantes ao cimo da Rua da Fábrica, em frente à Praça de Santa Teresa, numa casa de dois andares. Ali se hospedou também, quando estudante, Camilo Castelo Branco. - Nunca cá veio um maldito mais endiabrado do que aquele! - comentava escandalizada. E contava as partidas que ele lhe fizera. Sentado à escrivaninha do quarto com janela aberta para a Rua da Fábrica, Camilo passa os dias a escrever. Chega a noite e junta-se à cavaqueira na sala de jantar da hospedaria. As caricatas ocorrências da noite anterior no Teatro São João envolvendo opulentos comerciantes, no baile da Assembleia Portuense ou na Sociedade Filarmónica, os espontâneos versos de amor a “Ela, a mulher anjo”, fazem as delícias de quem ali se encontra.” 10
  • 11. Rua do Almada Ou na Rua Chã ou em Cimo de Vila Rua Chã Cimo de Vila 11
  • 12. Rua de Santa Catarina ( lado norte ) Rua da Sovela/Rua Mártires da Liberdade 12
  • 13. Rua de Santo António Rua do Pinheiro Pensão na Quinta do Pinheiro (antiga Escola Académica e depois Teatro Experimental do Porto onde houve um incêndio) 13
  • 14. Rua do Sol ( à esquerda ) Rua de D. Pedro ( já demolida ) 14
  • 15. OS CAFÉS Zona dos boutequins Praça Nova Praça da Liberdade 15
  • 16. Café Ghichard Praça Nova Praça da Liberdade “Camilo encontrava-se, numa noite, com uns amigos, no café Guichard, do Porto, quando viu entrar certo sujeito. Ergueu-se da cadeira, foi ao encontro dele, abraçou-o efusivamente e exclamou em voz alta: – Ó Lacerda, ao tempo que te não via! – V. Ex.ª, Sr. Camilo, deve estar enganado – murmurou o homem, que, como quase toda a gente do Porto, dessa época, conhecia o romancista, não apenas de nome, mas de vista. – Enganado? – Com certeza, Sr. Camilo. Porque eu não sou Lacerda: sou Rodrigues. Logo, Camilo, espantoso de naturalidade: – Não é Lacerda? Que pena! E eu que precisava tanto de uma rima para mandar a certo sítio um cavalheiro que ali está!” Maio 15, 2012 por casadecamilo "Em 1849...o Café Guichard - que eu chamaria uma colmeia onde se emelavam doces favos de espírito, se aquele botequim não fosse antes um vespeiro que desferia, às revoadas, ferretoando os bócios dos gordos filistinos da "Assembleia" e as macias espáduas lácteas das suas consortes no coração e nos ádipos." In Serões de São Miguel de Seide Camilo Castelo Branco 16
  • 17. Café Águia d´Ouro Praça da Batalha Café Suisso Praça Nova Praça da Liberdade 17
  • 18. Hotel Francês ( Paris ) Em 1848 Camilo alojou-se no Hotel Francês, da Rua da Fábrica PASSEANDO Palácio de Cristal 18
  • 19. A banhos em Leça e na Foz OS TEATROS REAL TEATRO DE S. JOÃO Praça da Batalha 19
  • 20. TEATRO BAQUET Entrada principal - Rua de Santo António Rua 31 de Janeiro – Edifício da CGD Entrada pela rua de Sá da Bandeira Hotel Teatro 20
  • 21. REAL TEATRO-CIRCO DO PRÍNCIPE REAL Rua Sá da Bandeira Casas particulares do século XIX convertidas em teatros “Naquela época, o Teatro e a Imprensa, a par com as tertúlias dos cafés, apareceram como os mais importantes mentores e difusores da cultura portuense. No que ao Teatro diz respeito há que esclarecer que uma parte significativa das salas então existentes funcionavam em casas particulares.” http://www.jn.pt/paginainicial/interior.aspx?content_id=456689&page=-1 21
  • 22. AMORES DE PERDIÇÃO (apenas o que se sabe ) “Apenas dezasseis anos de idade, Camilo casou-se com Joaquina Pereira de França. A 25 de Agosto de 1843 nasceu Rosa Pereira de França Castelo Branco, filha de Camilo com Joaquina. Depois de conseguir tomar posse do que restava da sua herança, voltou a Vila Real. Nesta terra perdeu- se de amores pela prima Patrícia Emília do Carmo Barros. Com ela fugiu para o Porto. “ Patrícia Emília NO CONVENTO DE S.BENTO DA AVÉ-MARIA “Começou a participar nos abadessados ou outeiros de abadessados (certames poéticos que ocorriam nos pátios conventuais e duravam três dias e três noites, nos quais os poetas glosavam motes dados pelas Monjas, que em troca, ofereciam doces e vinho fino). Em 1848 morreu-lhe a filha Rosa e nasceu-lhe a filha Bernardina Amélia, fruto da sua relação com Patrícia Emília, criança que foi colocada na Roda dos Expostos, depois temporariamente criada em Samardã e, por fim, entregue à freira Isabel Cândida Vaz Mourão, do portuense convento de São Bento de Ave-maria, amante de Camilo.” 22
  • 23. A PERDIÇÃO O TRIBUNAL Praça D. Filipa de Lencastre 23
  • 24. A CADEIA Em 1846, já estivera aqui preso por ter raptado Patrícia Emília.( Cordoaria ) UM AMIGO INESPERADO ( OU TALVEZ NÃO ) Chefe da quadrilha mais famosa do Marão, Zé do Telhado é conhecido por "roubar aos ricos para dar aos pobres" e, por isso, muitos o consideram o Robin dos Bosques português. 24
  • 25. A CELA “No cárcere, onde, em abono da verdade, dispunha de algumas comodidades e, sobretudo, não se encontrava exclusivamente confinado a uma cela, Camilo recebeu a visita de D. Pedro V, por duas ocasiões, e escreveu, no prazo record de 15 dias, o seu mais lido e popular romance, Amor de Perdição.” O ROMANCE DOS ROMANCES Convento de Monchique — Onde é Monchique? — perguntou Simão a Mariana. — É acolá, senhor Simão — respondeu, indicando-lhe o mosteiro, que se debruça sobre a margem do Douro, em Miragaia. In”Amor de Perdição” 25
  • 26. COM ANA PLÁCIDO DE CASA EM CASA ( OS VIZINHOS NÃO PERDOAM ) Rua de Cedofeita Rua da Picaria 26
  • 27. Foz do Douro Rua do Almada 27
  • 28. Rua do Triunfo/Rua de D. Manuel II “Mudou da rua do Almada para um prédio da rua do Triunfo, em frente do portão que dá ingresso a veículos no Jardim do Palácio de Cristal.” Rua de S. Lázaro /Av. Rodrigues de Freitas Em 1872, recebeu D. Pedro II, imperador do Brasil, na sua casa da Rua de São Lázaro. 28
  • 29. Rua do Bonjardim Rua de Santa Catarina, nº 630 - 2º “Aqui formalizou a sua ligação com Ana Plácido, com quem casou a 9 de Março de 1888, na Igreja de Santo Ildefonso.” 29
  • 30. A MORADA CERTA (POR EMPRÉSTIMO) 1890 30
  • 31. Fontes: http://sigarra.up.pt/up/pt/web_base.gera_pagina?P_pagina=1000859 http://portoacademico.blogspot.pt/2010_03_01_archive.html http://casadecamilo.wordpress.com/ http://pontopin.blogspot.pt/2012/02/baixa-e-francesa.html http://www.triplov.com/isabel_cruz/academia_politec/olhar_sobre.html http://pt.slideshare.net/CafesNNM/cafs-do-porto-antes-e-depois?next_slideshow=1 http://comunidade.sol.pt/blogs/pereiradasilva/archive/2010/03/28/Os-Caf_E900_s-da-Baixa-do- Porto.aspx http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/ http://portoarc.blogspot.pt/2013_11_01_archive.html http://www.apha.pt/boletim/boletim2/pdf/CafesDoPorto.pdf http://www.oportoencanta.com/2013/05/por-um-circuito-cultural-e-com.html http://www.publico.pt/local-porto/jornal/viagem-ao-porto-dos-escritores-187767 http://www.ulisses.us/lucia-148-camilo-mulheres-abismos.htm http://scans.library.utoronto.ca/pdf/7/37/otorturadodeseid00pime/otorturadodeseid00pime.pdf 31