2. BARCAÇA
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1
Editorial
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2
Desporto Regional da responsabilidade de
TOPSECRET
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3
Associativismo da responsabilidade de
Olímpio Fernandes
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4
História e Monumentos da responsabilidade de
Mário Silva
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5/6/
7
Poesia da Responsabilidade de:
Mara Kopke – Garça Real – Isabel Capinha
3. PAG
8
HISTÓRIAS DA NOSSA TERRA
Dília Brandão Fernandes
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9
AGRICULTURA E FORMAÇÃO
Mário Pardal
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10
POLÍTICA REGIONAL
Carolina Aires
Francisco Leal
Nuno Gonçalves
4. O tempo foge-nos a sete pés, as memórias que ainda resistem devemos escrever
porque essa é a forma do preservar e quem atrás venha, fique com um quadro umas
vezes duro outras simplesmente delicioso.
Viajar na BARCAÇA ao sabor da corrente, com a força dos braços e ajuda algumas
vezes da corda que ligava as duas margens, não era pera doce. Ainda o sol não tinha
nascido e na volta já o sol se tinha posto, era assim o dia a dia da faina agrícola.
Lá longe na torre da igreja o sino dava as badaladas que orientavam os capatazes e
ao domingo o toque da sirene avisa do meio-dia.
Foram criadas páginas com
sabores, seja no desporto,
associativismo, poesia,
monumentalidade, histórias
de outros tempos,
agricultura/ formação e
política regional/nacional.
Com estes ingredientes desejamos quinzenalmente fazer chegar aos nossos
seguidores do Concelho, um sabor da terra das gentes da cultura do desporto, ou
seja, as nossas vivências.
"aos filhos dos homens que nunca foram meninos". Soeiro Pereira Gomes. –
Esteiros
"aos filhos dos homens que nunca foram meninos".
Soeiro Pereira Gomes. - Esteiros
5. DESPORTO REGIONAL
Falar Desporto Regional será uma
página forte da nossa BARCAÇA.
Falaremos e entrevistamos um leque de
participantes tanto a nível desportivo
como no associativismo. Ambos se
completam e deveras importante para
nossa sociedade. Se a sua participação
é importante e desejamos mais
envolvimento devemos estar presentes e
sentir o pulsar dos seus corações.
Hoje em dia devido ao grande desgaste
que os dirigentes são sujeitos e como
todos sabemos os críticos de bancada
são mais que muitos, vamos dar voz e
acarinhar estes homens e mulheres que
desenvolvem uma acção muito
importante nas suas colectividades.
Ouvir as suas dificuldades, as suas
lutas e os seus sonhos quem sabem se
com isso lhe damos o alento necessário
para continuarem a sua Obra.
Vamos palmilhar os dois Concelhos
tanto de Montemor-o-Velho como da
Figueira da Foz entrar nas suas sedes e
saber como vão.
Onde se tocam, que diferenças nos
trazem e mais importante quanto
gratificante é o seu trabalho.
Sabemos porque já tivemos essa
experiência das grandes dificuldades e
hoje mais do que antes com as novas
tecnologias que estão presentes em
nossas casas a dificuldade do
recrutamento e para ajudar estamos
em anos atipicos de pandemia.
Sobreviver é a luta desta gente que
merece o nosso apoio e por isso lhe
vamos dar voz.Mas não olvidamos as
autarquias que teem aqui um papel
muito
importante
de fortalçecer
e dar
garantias que
o trabalho
destes
homens e
mulheres não
desapareça porque isso é cidadania é
amor à camisola.
Fazem um trabalho meritório
substituindo o estado.
Fica a pergunta
para que servem os
nossos imposto?
6. Luiz Pessoa, o nosso diretor da BARCAÇA, "navegando " agora pelas margens de
vidas heroicas no passado e na sua intensa ruralidade, entendeu convidar o casal
Fernandes, como escrevinhadores de unas soltos parágrafos sobre o associativismo
em Montemor-o-Velho e mais adiante sobre as suas freguesias.
A cada um de nós o pulsar das nossas vivências coletivas nesta BARCAÇA, a
transbordar de excelentes colaboradores, levando a bom porto este projeto de
comunicação necessário e urgente num Montemor sem vozes críticas e
independentes. libertadas de qualquer poder político ou religioso. num chão amado
e de serviço público. Porém, no que me pede o nosso diretor Luiz Pessoa, sobre as
nobres causas associativas,
resta-me deixar para os
historiadores o seu saber
académico:
De todo e sem mesquinhas
falsidades, o que me resta,
repito, foi ter sido compensado
por uma longa aprendizagem
com centenas e centenas de
entrevistados nas rádios locais, também pelos extintos jornais em Montemor,
refugiando-me nos jornais da Região Centro, por aí me orgulho de ter partilhado
com associativistas exemplares, a minha escola feita de carolice e apoio sistemático
aos que construíram e continuam a escrever a longevidade do tecido associativo na
Vila Histórica.
Com efeito, foi no seu espaço interventivo, sob a égide das artes, do recreio e do
desporto, que subsiste o meu reconhecimento ainda hoje acrescido na minha
memória. Julgam por fim, os hipotéticos leitores deste curto bitaite na BARCAÇA,
da minha inopinada presunção sobre matéria tão relevante como são os valores
associativos por Terras de Montemor, mas o sentido como o faço no jogo rasgado na
sua solidariedade, limita-me no espaço como se tivesse sido um carregador de piano
e que leve ele foi numa caminhada ao lado dos verdadeiros e nobres cidadãos que
souberam amar as suas coletividades em Montemor e pelas suas freguesias.
De qualquer modo e reduzido no meu conhecimento histórico, quem sabe se na
próxima edição da Barcaça, não trago as memórias dos Panchitas, os Castelhanos,
a juventude Radiosa do Padre João Direito, quem sabe?
“Julgam por fim, os hipotéticos leitores deste curto
bitaite na BARCAÇA, da minha inopinada
presunção sobre matéria tão relevante como são
os valores associativos por Terras de Montemor”
7. Capela do Mártir Santo São Sebastião
A capela do Mártir Santo São Sebastião foi edificada na sequência de
uma terrível epidemia que assolou as terras de Montemor-o-Velho, em meados do
século XVI. Diga-se, contextualizando, que São Sebastião era o santo invocado pelo
povo como “depulsor pestilitatis” – intercessor divino e “escudo” da Igreja contra
“fomes, pestes e guerras” –, pela sua resistência às flechas do primeiro martírio
(associadas e interpretadas pelos fiéis como proteção contra o castigo das “flechas
da peste”).
De planta centralizada, apresenta corpo de volumetria quadrangular, coberto de
cúpula hemisférica simples, antecedido de alpendre com telhado de três águas. A
fachada principal, orientada a poente, é rasgada por porta de verga direita, ladeada
por duas janelas retangulares baixas, e protegida por alpendre de oito colunas
dóricas que formam três vãos na frente e dois a cada lado. Nos ângulos do templo
levantam-se quatro pináculos, formando os da frontaria, pelo agrupamento de
outros dois, duas pequenas sineiras.
Na singeleza do seu interior, emerge um espaço unificado e iluminado pelas duas
janelas já aludidas. Por cima do altar, emerge um lindíssimo retábulo de pedra
policromada, datado também, do século XVI, com três nichos. No nicho central,
guarda-se uma imagem do mártir São Sebastião e nos dois laterais as imagens de
São Roque e São Lázaro.
8. Soneto - Cenário, por Mara Kopke
Perpassas pelas brumas da memória,
E eu tão-pouco ouso imaginar
Como seria se te fosse encontrar
Segurando os fios da nossa história.
Frases avulsas, um porto vazio,
E esta ânsia que foste sem nome.
Este banquete de sabor a fome.
Este choro que não formou um rio…
Das minhas mãos o tempo que não corre
É fonte de mel de lugar nenhum
Sem saudade, alegria ou cor…
De trás da cortina a cena não sobe,
Os dias que trazem um sabor comum,
Não escutarão sussurros nem clamor!
9.
10. Quem vem de longe e te avista, castelo,
Sente um arrepio de emoção,
sente o verde dos campos,
sente a mensagem de boas vindas.
Percebe que aqui moram os afetos,
que aqui somos mais nós, mais autênticos
neste reencontro de sempre
que acontece ao desfazer a curva,
dessa primeira curva
que ocultava tanto encanto.
Sorrimos deslumbrados.
O nosso rosto ganha vida,
o coração bate mais forte e
enche-se de recordações,
de memórias, de saudades.
Cada pedra desse castelo
conta uma história,
canta uma vida vivida
à sombra de heras viçosas.
Cada recanto é um hino,
cada olhar cúmplice trocado
sabe a alegria, sabe à ternura doce
dos encontros marcados,
tem a marca da saudade, mas
tem a cor viva da alegria.
11. Os medos
As pessoas cultivavam a
superstição, toda a gente
tinha algo para contar de
sobrenatural que, de
algum modo, alguém
tinha visto ou
presenciado. Falavam, ao
serão, em reuniões
familiares. Na luz da
lareira quem duvidaria da
veracidade de tais
narrativas? As crianças
ouviam as histórias
contadas como
verdadeiras e, desta
forma, passavam a fazer
parte das suas memórias,
recordações da infância
fortemente reforçadas
pela imaginação dos
petizes. As crianças
passavam facilmente de
recetores a emissores
destas histórias e, como
quem conta um conto
acrescenta um ponto,
como um novelo, as
histórias dos mais velhos
acrescentavam-se às
vivências dos mais novos,
numa teia entretecida que
constitui a tradição oral.
Estamos em Montemor
em anos bastante
recuados. Na Vila havia
locais especiais onde
"apareciam" os medos, e
ai de quem duvidasse de
tais achamentos e,
principalmente, da
palavra de quem os tinha
observado. Na Rua Dr.
José Galvão pelas dez
horas da noite (hora dos
medos) um caixão a
rastejar atravessava a rua
e, sumia-se num bueiro
grande que existia
encostado à casa do
fidalgo José Fortunato;
hoje tudo desaparecido,
casa, bueiro e fidalgo.
Outro local apontado era
um poço (de água)
empedrado situado numa
terra do mesmo fidalgo,
na estrada que liga a Vila
de Montemor à Barca, já
perto da antiga ponte.
Mas não menos
assustador era a baixeira
do Cano, frente à Quinta
do mesmo nome, a
caminho do Areal e do
Moinho da Mata, é aqui o
local desta história:
- Mariana era costureira e
ia laborar aos dias na
casa das freguesas. Ia a
pé e carregava a máquina
de costura à cabeça,
chamada máquina de
mão, porque isenta de
pedal, tinha uma
manivela que era
acoplada à roda e era
acionada pela mão da
costureira. A jorna
começava na alvorada e
terminava ao entardecer.
Comia qualquer coisa, na
casa da patroa, e só
depois regressava a sua
casa. Uma tarde, no
regresso da casa de uma
família do Areal,
encontrou a comadre
Júlia também de
Montemor e, lado a lado,
animadas pela
companhia recíproca,
continuaram o seu
caminho. Apressadas,
pois, ao longe já eram
visíveis as primeiras
estrelas pontilhando o
céu, e também porque a
baixeira do Cano lhes
causava receios. E,
porque os sentidos iam
alerta, a conversa recaiu
nas aparições estranhas.
"- Eu nunca vi nada, dizia
a Mariana, mas acredito
que alguma coisa há-de
haver, ao tempo que se
fala nisto, isto já vem de
trás... tenho medo!"
12. “- Pois, pois, dizia a
comadre, eu também
nunca vi nada, mas já a
minha Avó contava
aquela da Galinha preta,
grande grande, maior do
que uma pessoa, batia as
asas e fazia tanto barulho
e vento que levantava o
pó do chão. Eu tenho
muito medo não gosto de
aqui passar assim mais
tarde, mas, às vezes, lá
tem que ser..."
- Como a noite se
aproximava, o filho da
costureira ignorando que
a mãe teria companhia,
resolveu ir ao seu
encontro. Ao vê-la ao
longe, acompanhada,
pensou numa brincadeira.
Escondeu-se atrás duma
árvore e esperou, deixou-
as passar e em passo
ligeiro, mas leve foi atrás
delas, aproximou-se
bastante e quase
encostado fez um valente
assopro que, naquele
silêncio, soou bem
audível. Ambas deram
um grito, a Mariana
deitou a mão á máquina e,
em simultâneo,
agarraram-se uma á
outra, para logo se
soltarem e desatarem a
correr estrada fora sem
olharem para trás. O
rapaz que esperava uma
risada e tal não aconteceu,
já estava arrependido, e
corria enquanto gritava "-
esperem, esperem, sou eu,
esperem..." Não
esperaram nada, e só
quando pisaram o chão
da Vila e as forças
começavam a traí-las, é
que pararam a tremer de
medo e cansaço e
olharam para trás.
Ali estava a razão de tanto
medo, uma diabrura do
filho da Mariana e
afilhado da Júlia. Agora
incrédulas quanto à
situação que não
esperavam, olhavam o
jovem e não sabiam se
haviam de ralhar, de rir,
ou de chorar, pois o rapaz,
arrependido, tinha
perdido o riso, e um jovem
triste faz pena.
Decidiram-se pelo riso.
Não há como uma
gargalhada alegre para
afastar o medo e ganhar
coragem para enfrentar
os receios enraizados por
séculos de superstição. É
assim o nosso povo e as
nossas gentes.
13. Em pleno século 21, com a sociedade a transformar-se e permear-se cada vez mais para ser
justa, ecológica, educativa, entusiasta, cultural, saudável, acentua-se ainda mais a
necessidade de ultrapassar tantas posições do século passado.
Com as eleições autárquicas à porta, e como é publico a minha envolvência no projeto
apoiado pela CDU, muitos têm sido os contactos que tenho(temos)feito.
E já ouvi:
“Voto em vocês, contem com isso. Mas não pode ser público porque se sabem que estou
convosco, terei represálias”.
“Não posso fazer parte das vossas listas porque tenho um negócio e tenho medo de
perder clientes”
“Não posso apoiar-vos porque temo ser despedido”
Entendo os receios partilhados, porque sei que são reais e têm o seu fundo de verdade.
Porque sei que as pessoas ainda são julgadas pelo seu trabalho, pela sua posição social,
pela sua cor, pela sua orientação sexual, também, pela sua posição política.
Este sentimento de “ser refém” de alguém, uma instituição, uma administração, um
patrão, da própria sociedade em si, diminuía participação democrática e enfraquece
a própria democracia. Fragilizar a democracia aperta-me o coração.
Felizmente eu consigo afirmar-me como Mulher, como Mãe, como Médica, como
heterossexual, como defensora de uma sociedade que projecto e idealizo adequada às
minhas filhas (como crianças), à minha Mãe (como idosa), a mim (como população activa).
Há dias que custam mais.
Há dias que são mais difíceis, porque vejo atropelados os direitos das crianças.
Há dias que me sinto inferiorizada por ser mulher.
Há dias que me olham de lado por ser muito “opinadora”.
Há dia sem que o meu coração fica devastado por ver os idosos a serem maltratados (pela
família, pelos cuidadores), sem resposta do sistema que nos deveria amparar quando tudo
falha).
O resto dos dias sinto-me livre, capaz de assumir as minhas escolhas, o meu caminho, as
minhas lutas. E com força para contrariar posturas e comportamentos
e sentimentos do século passado, inquisição-like.
Caça às bruxas, não obrigada!!
14. A vacina do Baixo Mondego. Uma realidade ou uma miragem?
Ao longo deste último ano e meio não ouvimos falar de outra coisa que não seja da tão desejada
vacina para que possamos deixar este calvário que todos temos atravessado, onde vamos perdendo
muitos dos nossos hábitos, dos nossos costumes, das nossas relações interpessoais e até mesmo de
amigos e familiares.
No entanto o concelho de Montemor-o-Velho há muito que necessita de uma “vacina” que o faça
despertar para o país e o mundo.
Nos últimos dias, com a saída dos resultados preliminares dos Censos 2021, apercebemo-nos da
urgência de implementação de medidas para inverter a situação em que se encontra o nosso concelho.
Temos uma quebra demográfica superior à média nacional. Temos um concelho envelhecido e nada
atrativo para a fixação de jovens. Montemor é um concelho riquíssimo e um verdadeiro diamante por
lapidar. Desde a agricultura, a cultura, o desporto e a gastronomia que temos uma panóplia de
recursos que deviam ser explorados para tornarmos o nosso concelho atrativo e dinâmico. Montemor
podia ser um verdadeiro oásis da Região Centro. Ou como costumo dizer muitas vezes, podia ser a
“Capital do Baixo Mondego”.
Como é possível temos o segundo maior castelo do país, inúmeros monumentos
culturais e menos atrativos turisticamente?
Como é possível ainda não termos acessos e infraestruturas suficientes que nos liguem facilmente
dentro do concelho e os concelhos limítrofes seja de autocarro, comboio ou carro?
Como é possível temos um concelho com uma das maiores ofertas gastronómicas do país e não
sabemos explorar essa marca?
Como é possível temos uma escola como o CITEC e um festival como o CITEMOR e não explorar
essa marca?
Como é possível não criarmos condições mínimas para fixar jovens e empresários?
Mas ao invés de isso, temos assistido a um concelho cada vez mais estagnado e esquecido no tempo.
Um jovem da minha geração ou mais novo, hoje em dia, não tem qualquer atração ou incentivo que
o faça permanecer no concelho. Desde cedo que somos obrigados a sair do concelho seja por questões
de educação, de saúde ou profissionais levando-nos a um afastamento que a médio prazo se torna
permanente.
É preciso inverter este ciclo. De criar condições para que os jovens se fixem no concelho. Não é difícil
conseguirmos isso. Basta querer!!!...
Num ano em que se avizinham eleições autárquicas é importante que os protagonistas apresentem
soluções para estes “velhos problemas”. Os montemorenses estão cansados de ouvir falar em projetos
e soluções que nunca passam do papel. É preciso que sejam pragmáticos e concisos.
Os montemorenses têm de acreditar que é possível ter um concelho jovem, atrativo e dinâmico.
Os montemorenses têm de acreditar que é possível sermos a Capital do Baixo Mondego.