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“Tão certo é que a paisagem
depende do ponto de vista, e que o
melhor modo de apreciar o chicote
é ter-lhe o cabo na mão”
QUINCAS
BORBA
Quincas Borba
Quincas Borba é um livro Realista
em que
história gira em torno da vida de
Pedro Rubião de Alvarenga, ex-
professor primário, que torna-se
enfermeiro e discípulo do filósofo
Quincas Borba, que falece no
Rio, na casa de Brás Cubas.
Com isso, Rubião é nomeado
herdeiro universal do filósofo,
sob a condição de cuidar de seu
cachorro, de nome Quincas
Borba também.
Rubião, então, parte para o Rio
de Janeiro e, na viagem,
conhece o capitalista Cristiano
de Almeida e Palha e também
Sofia que lhe dispensava olhares
e delicadezas. Sofia era mulher"Ao vencido, ódio ou compaixão; Ao vencedor, as
batatas"
QUINCAS BORBA
O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a
assumi-lo perante Sofia. Para o espanto, Sofia recusa
seu amor, mesmo tendo lhe dado esperanças tempos
atrás, e conta o fato para Cristiano.
Apesar de sua indignação, o capitalista continua
suas relações com Rubião pois queria obter os restos
da fortuna que ainda existia.
O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos
começa a despertar a loucura em Rubião. Essa
loucura o levou à morte e foi comparada à mesma
que causou o falecimento de Quincas Borba. Louco e
explorado por várias pessoas, principalmente Palha e
Sofia, Rubião morre na miséria e assim se
exemplifica a tese do humanitismo.
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista,
dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista,
crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro
em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço
de negro e português, Francisco José de Assis, e de D.
Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a
tornar-se o maior escritor do país e um mestre da
língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela
madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica
ao menino e o matricula na escola pública, única que
frequentara o autodidata Machado de Assis.De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da
juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na
igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época
morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do
bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No
colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que
assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.
“Cada qual sabe amar a seu modo; O modo, pouco importa; O
Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em
aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa,
proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de
Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de
Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento
Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram
agregados seus pais.
Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o
poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito.
A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o
citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de
tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever
durante o tempo livre. Conhece o então diretor do
órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias
de um sargento de milícias, que se torna seu protetor.
Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e
colaborador da Marmota,e ali integra-se à sociedade
lítero-humorística Pet alógica, fundada por Paula Brito.
Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam
parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de
Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.
Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o
jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer
parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia
também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana
Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das
Famílias.
Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm
para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral,
cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso
livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a
direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais.
Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título
de Crisálidas.
Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do
Diário Oficial.
Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo
Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois,
em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta
Xavier de Novais.
Nessa época, o escritor era um típico homem de letras
brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um
cargo público e por um casamento feliz que durou 35
Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma
sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a
celebrizou.
Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação
para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da
Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que
seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida.
No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em
folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e
romances para as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira.
Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro
Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente
para a comemoração do tricentenário de Camões, em
festividades programadas pelo Real Gabinete Português
de Leitura.
Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897,
publica aquelas que foram consideradas suas melhores
crônicas.
Em 1881, com a posse como ministro interino da
Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís
Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de
Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o
estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado,
juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na
literatura brasileira.
Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem
data(1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa
velha (1906).
Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de
1889.
Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que
dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam
reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia
de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira
de Letras. Machado desde o princípio apoiou a idéia e
compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de
janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito
presidente da instituição, cargo que ocupou até sua
morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de
1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico
Rui Barbosa.
É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de
José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono.
Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras
passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita,
reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e
a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo
ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar.
... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre
da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma
romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível
estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o
estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do
pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e
iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos."
“Não é amigo aquele que alardeia a amizade:
é traficante; a amizade sente-se, não se diz...”
OBRAS
 Romances
 Ressurreição, (1872)
 A mão e a luva, (1874)
 Helena, (1876)
 Iaiá Garcia, (1878)
 Memórias Póstumas de Brás Cubas, (1881)
 Casa Velha, (1885)
 Quincas Borba, (1891)
 Dom Casmurro, (1899)
 Esaú e Jacó, (1904)
 Memorial de Aires, (1908)
OBRAS
 Coletânea de poesias
 Crisálidas, (1864)
 Falenas, (1870)
 Americanas, (1875)
 Ocidentais, (1880)
 Poesias Completas, (1901)
OBRAS
 Coletânea de contos
 Contos Fluminenses, (1870)
 Histórias da Meia-Noite, (1873)
 Papéis Avulsos, (1882)
 Histórias sem Data, (1884)
 Várias Histórias, (1896)
 Páginas Recolhidas, (1899)
 Relíquias da Casa Velha, (1906)
OBRAS
 Peças de teatro
 Hoje Avental, Amanhã Luva, (1860)
 Queda que as mulheres têm para os tolos, (1861)
 Desencantos, (1861)
 O Caminho da Porta, (1863)
 O Protocolo, (1863)
 Teatro, (1863)
 Quase Ministro, (1864)
 Os Deuses de Casaca, (1866)
 Tu, só tu, puro amor, (1880)
 Não Consultes Médico, (1896)
 Lição de Botânica, (1906)
OBRAS
 Contos selecionados
 "A Cartomante"
 "Miss Dollar"
 "O Alienista" (†)
 "Teoria do Medalhão"
 "A Chinela Turca"
 "Na Arca"
 "D. Benedita"
 "O Segredo do Bonzo"
 "O Anel de Polícrates"
 "O Empréstimo"
 "A Sereníssima República"
 "O Espelho (conto)"
ENREDOA narrativa inicia-se com uma reflexão do protagonista Rubião, que olhando
para o mar em sua casa luxuosa de Botafogo, lembra-se de que “se a mana
Piedade tivesse casado com Quincas Borba, seria uma esperança colateral,
mas, ambos morreram e tudo está comigo...”
Logo se arrepende dos seus pensamentos e acrescenta que estão juntos no
céu.
Seu criado era espanhol, embora quisesse contratar seus crioulos de Minas
Gerais, mas Cristiano achava melhor ter criados brancos e o cozinheiro era
francês.
Rubião observa sua casa: a bandeja de prata foi conselho de Cristiano e os
quadros foram recomendados por Sofia.
Há um ano atrás era professor na cidade mineira de
Barbacena, hoje com 41 anos, sentia que não era
inteiramente feliz, mas a felicidade completa estava
próxima.
Rubião recorda-se como conheceu o filósofo Quincas
Borba.
Quincas Borba não tinha família. O seu último tio
morrera e deixara uma herança fabulosa. Quando
chegou á Barbacena enamorou-se de Piedade, irmã de
Rubião, mas a moça não correspondeu seu afeto e
logo morreu. Este romance foi á ligação de Rubião com
Quincas Borba. Na época era professor e como o
amigo filósofo estava doente, abandonou a escola para
ENREDOQuincas Borba tinha um cão com o mesmo nome.
“Desde que Humanitas é o princípio da vida e reside por toda a parte, existe
também no cão e este pode receber um nome de gente”, caso Quincas Borba, o
filósofo morresse antes, sobreviveria no nome de Quincas Borba, o cão.
Quincas Borba conta-lhe a morte da avó. Foi no Rio de Janeiro, defronte da
Capela Imperial, em dia de festa. Ela atravessou a rua para sentar-se numa
cadeira no Largo do Paço, uma besta assustou-se e a pisoteou. O dono da sege
tinha fome...
Aí reside o princípio Humanitas: na morte da avó,
não há morte, há vida, porque a supressão de uma
delas é a condição de sobrevivência da outra.
Supõe um campo de batatas e duas tribos famintas.
As batatas chegam para alimentar uma das tribos,
que assim adquire forças para transpor a montanha
e ir à outra vertente onde há batatas em abundância,
mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas,
não chega nutrir-se suficientemente e morrem de
inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra
é a conservação.
“Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as
ENREDOQuando se ferve água as bolhas desfazem-se de contínuo, tudo fica na água –
os indivíduos são bolhas transitórias.
Quando há peste e eliminam-se os organismos fracos, há observação e
descoberta da droga curativa.
Rubião não aceita a Teoria do Humanitismo, defendendo a distribuição
igualitária.
No dia seguinte, Quincas Borba comunica a Rubião sua decisão de ir ao Rio de
Janeiro, cuidar de seus negócios. Sua doença estava avançada e ele não
podia ausentar-se de sua casa. No entanto, a possibilidade de alteração do seu
testamento, favorecendo Rubião, fez com que o mesmo não impedisse a
viagem. Rubião fica incumbido de cuidar da casa e do cão, o
que resulta em zombarias da vizinhança.
Depois de sete semanas Quincas Borba envia uma
carta dizendo que se sentia completo, pois descobrira
ser Santo Agostinho.
Rubião desespera-se, pois se descobrissem que
Quincas Borba não estava em sua plena consciência,
a alteração do testamento seria invalidada.
O médico cobra notícias sobre Quincas Borba e
Rubião não revela a carta.
No começo da semana seguinte Quincas Borba
morre e os noticiários não fazem nenhuma alusão à
sua demência.
ENREDO
Rubião, imediatamente entrega o Quincas Borba, cão à comadre Angélica.
Aberto o testamento, revela-se que Rubião era o herdeiro universal, perante
uma única cláusula: ele ficaria responsável pelo bem estar do cão e quando
morresse, daria uma sepultura decente em terreno próprio e futuramente,
desenterraria seus ossos e os depositaria em uma caixa de madeira, no
lugar mais honrado da casa.
Rubião assina a documentação e ao chegar a casa, lembra-se que tinha
dado o cão. Já, estava descumprindo a cláusula. Dirige-se a casa da
comadre Angélica, consegue resgatar o cão e sai a gritar:
“- Ao vencedor, as batatas!”
Mandou rezar uma missa, mas a ralé não foi e partiu de trem
para o Rio de Janeiro.
Já na viagem a existência de Rubião começa a mudar. Na
estação de Vassouras, conhece e se aproxima do casal Cristiano Palha
e Sofia, gente da melhor sociedade do Rio de Janeiro. Falaram sobre
gado, política, escravatura. Rubião comenta que gostaria de ir a Europa e
fala do inventário.
Chegados à estação, despediram. Palha ofereceu sua casa em
Santa Teresa e um advogado. Rubião optou por uma hospedaria,
mas aceitou o advogado.
ENREDO
A amizade entre Rubião e a família Palha se fortificou. Seguiram vários
almoços e jantares.
Rubião notou que Sofia era melhor na casa que no trem.
Segue a mudança de Rubião para Botafogo. Cristiano e Sofia o
ajudaram a compor e decorar a casa.
Rubião vive a pensar nos olhos de Sofia. Acredita que ela o ama,
afinal, ela aperta suas mãos com tanto agrado!
Dois amigos vieram almoçar. Tinham-lhe sido apresentados
em um armazém: Carlos Maria, vinte e quatro anos que roia os
bens da mãe e, Freitas, quarenta e seis anos que não tinha o que
roer.
Rubião sentia-se melhor na companhia de Freitas: elogiava tudo
, era vivo, alegre e adora flores.
Rubião convida Freitas para irem a Europa. Ele nega dizendo que é
amigo livre.
Carlos Maria, por sua vez, era muito senhor de si.
Sofia manda-lhe uma cesta com frutas para o almoço e convida-o
para jantar em sua casa.
ENREDO
Freitas e Carlos Maria estavam presentes e perceberam o desconcerto de
Rubião.
Rubião beija o bilhete diversas vezes e acredita que sua finalização com
“verdadeira amiga” era metafórica.
No jantar ele conhece o Major Siqueira e sua filha D. Tonica.
No entanto, Rubião só tem olhos para Sofia.
D. Tonica tenta atraí-lo, porém parecia que a alma de Sofia convidava a dele
para viajarem juntos.
Sofia, então, convida D. Tonica e Rubião para passearem no jardim. D.
Tonica alega que está com o pé dormente.
Já, em céu aberto, Rubião compara as estrelas com os olhos de Sofia.
Ela tenta livrar-se dos galanteios, mas ele a detém e pede para que ela
não se esquecesse aqueles dez minutos sublimes e que, olhasse todas as
noites para o Cruzeiro às 22:00 horas. Ele também o fitaria e os
pensamentos de ambos iriam achar-se ali juntos, íntimos entre Deus e os
homens. Em seguida, tenta beijar sua mão.
Sofia, para quem o flerte é apenas um direito natural de sua própria
beleza, fica ofendida.
O Siqueira os surpreende em flagrante e eles inventam que contavam uma
anedota do Pe. Mendes.
ENREDO“- Olá! Estão apreciando a lua? Realmente, está deliciosa; está uma noite para
namorados... Sim, deliciosa... Há muito que não vejo uma noite assim... Olhem só
para baixo, os bicos de gás... Deliciosa! Para namorados... Os namorados gostam
sempre da lua. No meu tempo, em Icaraí...
Era Siqueira, o terrível major. Rubião não sabia que dissesse; Sofia, passados os
primeiros instantes readquiriu a posse de si mesma; respondeu que, em verdade,
a noite era linda; depois contou que Rubião teimava dizer que as noites do Rio
não podiam comparar-se às de Barbacena, e, a propósito disso, referira uma
anedota de um padre Mendes... Não era Mendes?
- Mendes, sim, o padre Mendes, murmurou Rubião.
O major mal podia conter o assombro. Tinha visto as duas mãos
presas, a cabeça do Rubião meio inclinada, o movimento rápido de
ambos, quando ele entrou no jardim; e sai-lhe de tudo isto um padre
Mendes... Olhou para Sofia; viu-a risonha, tranquila, impenetrável.
Nenhum medo, nenhum acanhamento; falava com tal simplicidade,
que o major pensou ter visto mal. Mas Rubião estragou tudo. Vexado,
calado, não fez mais que tirar o relógio para ver as horas, levá-lo ao
ouvido, como se lhe parecesse que não andava, depois limpá-lo com
o lenço, devagar, devagar, sem olhar para um nem para outro...”
ENREDORubião, no íntimo, tinha vontade de ir à casa de Sofia. Se o tílburi viesse da
direita, com certeza, ele não ligaria ao fato de não ser um carro. Mas daí a pouco
vieram muitas caleças da direita. É muito curioso o fato de serem caleças que
voltavam de um enterro. Poderá ser a coincidência, mas a partir dessa decisão,
começa o “enterro” de Rubião. É a destruição que caminha a passos largos ao
seu encontro. É a vida que se acaba rapidamente.
À noite, na casa de Sofia, Rubião foi apresentado a D. Maria Augusta e sua filha,
Maria Benedita, tia e sobrinha de Sofia que viviam na roça. Sofia achava que ela
deveria aprender piano, francês para arrumar um bom marido. D. Maria Augusta
temendo a solidão queria evitar isso.
Rubião acusa Sofia de ter estragado sua vida e entrega-lhe a carta.
Ela pede para ele abri-la. Tratava-se de uma circular.
Rubião ausentou-se dois meses da casa dos Palhas. Mesmo
assim, Sofia remeteu-lhe a subscrição para as “Alagoas”.
Cristiano, na época, administrava o dinheiro de Rubião.
Um dia sonhou com Benedita e Sofia e ele era Napoleão.
Não procurou mais Sofia, mas tinha contato com Cristiano. Num
desses encontros, ficou sabendo que na próxima quarta-feira era o
aniversário de Sofia. Pediu dinheiro a Cristiano e comprou um
diamante.
ENREDOTodos gostaram do novo visual, menos Camacho.Rubião ora era Rubião
originalmente, ora era Napoleão, imperador e, essa dupla personalidade
equilibrava-se, mas nunca se misturavam.
Com o desenrolar dos capítulos, ou por ter herdado a insânia do filósofo ou por ter
uma consciência demasiadamente estreita para compreender a complexidade do
mundo em que agora vive, Rubião começa a ser tomado por delírios de grandeza.
Somente nestes momentos é que consegue compreender a filosofia de Humanitas
desenvolvida pelo finado Quincas Borba, filosofia que tinha no lema “ao vencedor,
às batatas” sua grande síntese.
Rubião insiste em ver Sofia e perante sua recusa, ele invade seu coupé.
No momento, passava tudo na cabeça de Sofia: a vontade do beijo,
a aversão aquele homem, contar ao marido, mas ele nada pedia e
nada fazia.
De repente, ele descreve cenas e acontecimentos românticos entre
os dois. Sofia imagina que sua intenção era que o cocheiro ouvisse
e suspeitasse de uma aventura irreal.Mas, quando ela chama-o por
Rubião, ele retruca e diz: “Napoleão, não, chama-me Luís, teu Luís”,
e continuou a dizer frases desconexas. Disse-lhe que daria um título
de duquesa e pede para apear ali mesmo.
A partir desse dia, espalha-se pela região a mania de imperador de
Rubião. Em seu delírio chegava a repetir filosofias de Quincas Borba
que ele nunca havia entendido.
D. Fernanda e seu marido, Teófilo, alertam os Palhas para o
ENREDOMorre o noivo de Tonica, três dias antes do casamento e inaugura-se o palacete
dos Palhas. No baile Sofia ostenta o colar que ganhou de Rubião.D. Fernanda
recebe uma carta do diretor do hospital comunicando a fuga de Rubião.Rubião
tinha escrito ao Cristiano. Já estava consciente e pedia para tirá-lo de lá e
emprestar-lhe 100 mil réis para presentear às pessoas que lhe tinham servido.
Palha promete tirá-lo em uma semana. Na saída em conversa com o diretor, foi
aconselhado a deixá-lo por mais dois meses.Rubião e o cão fogem e retornam
então, para Barbacena.
Vagam pelas ruas sob forte temporal e, famintos.
Subindo a Rua Tiradentes grita: “Ao vencedor, as batatas!”
Angélica o reconhece e o recebe. Rubião conta os
fatos e depois os delírios recomeçam. Mandam chamar
o doutor.
E é no meio de um deles que, “poucos dias depois
morreu... Não morreu súdito nem vencido. Antes de
principiar a agonia que foi curta, pôs a coroa na
cabeça, uma coroa que não era, ao menos, um chapéu
velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem
a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou
nada e cingiu nada; só ele via a insígnia imperial,
pesada de ouro, rútilas brilhantes e outras pedras
preciosas”. (cap. CC)
ENREDO“Acaba-se o mundo, chore quem quiser, ria, gargalhe a humanidade, que os
astros do céu pouco estão ligando para os risos e lágrimas humanas. Ficarão
sempre firmes e inabaláveis, longe das intempéries do planeta dos homens.
Assistirão com a mesma indiferença e impassibilidade de sempre, "às bodas de
Jacó e ao suicídio de Lucrécia". (cap. XLVI) .
No último e curto capítulo, o narrador zomba sobre o título do livro, dizendo que
ele tanto pode referir-se ao filósofo quanto ao cão. Convoca o leitor para o riso
ou para a lágrima em função das mortes de Rubião e de Quincas Borba. E
arremata, afirmando a absoluta indiferença da natureza a respeito da
tragicomédia humana:
“O cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe
pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os
risos e as lágrimas dos homens”. (cap. CCI)
CONFLITO
 O conflito vivido pelo personagem do livro é um
conflito interno, pois logo ao ganhar a fortuna
Rubião é tomado pela ambição, e assim deixa a
cidade onde morava para ir para o Rio de
Janeiro. Ele mesmo é sua limitação e obstáculo.
Seu corpo, sua mente, seus sentimentos o
atrapalham.
FOCO NARRATIVO
O principal elemento da estrutura da narrativa de Machado
de Assis é o narrador. Em Quintas Borba, também é um
personagem dúplice, narrando em primeira ou terceira pessoa,
ele está fora da narrativa, mas às vezes, assume o “eu narrado.
Ex.: “Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler
as...”.
É onisciente, e interfere na história, fazendo comentários
e dirigindo-se ao leitor. Sua participação é, portanto, interventiva.
Machado de Assis foi um antecipador da chamada estética
de receptação ao incluir em suas narrativas, o diálogo entre o
narrador e o leitor. Este é, também, personagem, um leitor
virtual, explicitado ou não na narrativa.
Enfim, são diferentes as formas como Machado de Assis
estabelece o diálogo entre narrador - o personagem que conta
a história - e o leitor - personagem para quem se narram os fatos
- antecipando, em quase cem anos, a importância desses
elementos na narrativa contemporânea e a participação do leitor
implícito, intratextual, para a elaboração do sentido do texto.
PERSONAGENS
 Rubião: Amigo do filósofo Quincas Borba; vaidoso, ostentador.
Não cumpre enquanto pode, o pedido do antigo amigo de cuidar
do seu cão com todo carinho. Apaixona-se por Sofia, compra a
amizade de Palha, o esposo, e usa o seu dinheiro para
amealhar hipócritas. Termina louco ao lado do Quincas Borba,
o cão, que foi mais fiel e generoso que o próprio.
 Quincas Borba: Filósofo criador da teoria Humanita. Morre e
deixa a fortuna para Rubião e dá o próprio nome ao seu cão.
 Quincas Borba (2) – Cão de estimação tanto de Quincas Borba
(que lhe deu seu nome) quanto de Rubião, mostra-se fiel e
amável com ambos. Rubião até pensa que o cão recebeu a
alma do filósofo depois de sua morte, devido a suas atitudes.
Provavelmente, representa a animalidade ou o instinto do
homem.
 Sofia: Casada com Palha, usa do seu poder de sedução,
apaixona- se por Carlos Maria e para não cometer o pecado da
traição casa-o com sua prima. É dissimulada e gosta de ser
PERSONAGENS
 Palha: Ambicioso, fecha os olhos para os galanteios
de outros com sua esposa, contanto que, estes
tenham algo a lhe oferecer. Toma a fortuna de Rubião
a conta-gotas e quando o amigo precisa, nega-lhe
ajuda. É egoísta e sem o caráter que a amizade
necessita.
 Camacho: Político, deseja eleger Rubião deputado.
 Maria Benedita: Morava na roça , prima de Sofia,
casa-se com Carlos Maria, aprende bons costumes
com a prima.
 Carlos Maria: Expansivo, franco, bons modos.
 Siqueira: Terrível Major, sagaz, maledicente.
 D. Tonica: Filha do major Siqueira, solteirona.
 D. Fernanda: Simpática; amava os fracos e os tristes,
pela necessidade de fazê-los ledos e corajosos.
TEMPO E ESPAÇO
A história inicia-se em 1867, em Barbacena,
MG, estendendo-se para o Rio de Janeiro, a
partir de 1870. O desfecho dramático de Rubião
é, também, em Barbacena, alguns anos depois.
TIPO DE DISCURSO
O discurso é direto quando pois são os
personagens que
falam.
 Ex.:O narrador, interrompendo a narrativa, as
coloca em cena e cede-lhes a palavra. Exemplo:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo
que apareceu à porta do jardim, em Santa
Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas,
estive arranjando uns papéis. Mas não é tão
tarde assim, continuou Rubião, vendo o
relógio;são quatro horas e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia,
em ar de censura."
CARACTERÍSTICAS REALISTA
 O Realismo retrata a vida contemporânea.
Enquanto o romântico se volta ao passado ou se
projeta no futuro, o realista se fixa no presente,
porque o que lhe interessa é a vida que o rodeia .
Sem se prender às delimitações de tempo e
espaço, pode-se afirmar que Quincas Borba é
obra perene e imune à ação corrosiva do tempo:
"é uma grande sátira da vida, de seus
ingredientes e de suas verdades.
CARACTERÍSTICAS REALISTA
 FIDELIDADE NA DESCRIÇÃO DAS PERSONAGENS:
O romântico, dando asa à sua fantasia e imaginação, impregna
sua personagens de uma dimensão quase sobrenatural e
idealista, o escritor realista faz exatamente o contrário: encara a
realidade direta e objetivamente.
 ANÁLISE INTROSPECTIVA DAS PERSONAGENS: A grande
preocupação de Machado no romance é em sondar a alma
humana, em analisar-lhe os porquês das marchas e
contramarchas. Observe-se que, no caso do Quincas Borba, a
técnica machadiana é de sempre narrar um fato para depois
analisá-lo.
 OBJETIVIDADE E IMPESSOALIDADE:O objetivismo realista,
pois aqui o escritor procura evitar sempre as emoções
subjetivas, conduzindo a obra de maneira direta e objetiva.
 NARRATIVA LENTA E PORMENORIZADA: Não interessa ao
realista a ação, mas a análise das personagens, a sua
sondagem psicológica. Deste modo, a narrativa realista é lenta e
pormenorizada, cheia de paradas e vaivéns, ao contrário do
romântico que se concentra mais na ação, na intriga que
desenvolve.
CARACTERÍSTICAS REALISTA
Oposição ao idealismo romântico. Não há
envolvimento sentimental
Representação mais fiel da realidade
Romance como meio de combate e crítica às
instituições sociais decadentes, como o
casamento, por exemplo
Análise dos valores burgueses com visão crítica
denunciando a hipocrisia e corrupção da classe
Influência dos métodos experimentais
Conclusão
 Quincas Borba não é o romance mais conhecido de
Machado de Assis – posto disputado por Memórias
Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro –, mas
tem a mesma relevância. Diferentemente do que
acontece nessas obras, o narrador, aqui, se
apresenta sob o foco da terceira pessoa, mas nem
por isso deixa de haver o mesmo questionamento da
verdade que caracterizava o autor
 O romance é a representação da filosofia criada por
Quincas Borba, em que a vida é um campo de
batalha e só sobreviverão os mais fortes. Os fracos e
ingênuos, tal qual Rubião, serão os manipulados e
anulados pelos mais espertos, a exemplo o casal
Sofia e Palha, que no desfecho de Quincas Borba
Referências bibliográficas
 Machado de Assis. Quincas Borba. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1994. VOL 1

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A Herança de Quincas Borba

  • 1. “Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão” QUINCAS BORBA
  • 2. Quincas Borba Quincas Borba é um livro Realista em que história gira em torno da vida de Pedro Rubião de Alvarenga, ex- professor primário, que torna-se enfermeiro e discípulo do filósofo Quincas Borba, que falece no Rio, na casa de Brás Cubas. Com isso, Rubião é nomeado herdeiro universal do filósofo, sob a condição de cuidar de seu cachorro, de nome Quincas Borba também. Rubião, então, parte para o Rio de Janeiro e, na viagem, conhece o capitalista Cristiano de Almeida e Palha e também Sofia que lhe dispensava olhares e delicadezas. Sofia era mulher"Ao vencido, ódio ou compaixão; Ao vencedor, as batatas"
  • 3. QUINCAS BORBA O amor era tão grande que Rubião foi obrigado a assumi-lo perante Sofia. Para o espanto, Sofia recusa seu amor, mesmo tendo lhe dado esperanças tempos atrás, e conta o fato para Cristiano. Apesar de sua indignação, o capitalista continua suas relações com Rubião pois queria obter os restos da fortuna que ainda existia. O amor de Sofia, não correspondido, aos poucos começa a despertar a loucura em Rubião. Essa loucura o levou à morte e foi comparada à mesma que causou o falecimento de Quincas Borba. Louco e explorado por várias pessoas, principalmente Palha e Sofia, Rubião morre na miséria e assim se exemplifica a tese do humanitismo.
  • 4. Machado de Assis Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentara o autodidata Machado de Assis.De saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na igreja da Lampadosa. Com a morte do pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando. “Cada qual sabe amar a seu modo; O modo, pouco importa; O
  • 5. Mesmo sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender. Consta que, em São Cristóvão, conheceu uma senhora francesa, proprietária de uma padaria, cujo forneiro lhe deu as primeiras lições de Francês. Contava, também, com a proteção da madrinha D. Maria José de Mendonça Barroso, viúva do Brigadeiro e Senador do Império Bento Barroso Pereira, proprietária da Quinta do Livramento, onde foram agregados seus pais. Aos 16 anos, publica em 12-01-1855 seu primeiro trabalho literário, o poema "Ela", na revista Marmota Fluminense, de Francisco de Paula Brito. A Livraria Paula Brito acolhia novos talentos da época, tendo publicado o citado poema e feito de Machado de Assis seu colaborador efetivo.Com 17 anos, consegue emprego como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, e começa a escrever durante o tempo livre. Conhece o então diretor do órgão, Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias, que se torna seu protetor. Em 1858 volta à Livraria Paula Brito, como revisor e colaborador da Marmota,e ali integra-se à sociedade lítero-humorística Pet alógica, fundada por Paula Brito. Lá constrói o seu círculo de amigos, do qual faziam parte Joaquim Manoel de Macedo, Manoel Antônio de Almeida, José de Alencar e Gonçalves Dias.
  • 6. Começa a publicar obras românticas e, em 1859, era revisor e colaborava com o jornal Correio Mercantil. Em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passa a fazer parte da redação do jornal Diário do Rio de Janeiro. Além desse, escrevia também para a revista O Espelho (como crítico teatral, inicialmente), A Semana Ilustrada(onde, além do nome, usava o pseudônimo de Dr. Semana) e Jornal das Famílias. Seu primeiro livro foi impresso em 1861, com o título Queda que as mulheres têm para os tolos, onde aparece como tradutor. No ano de 1862 era censor teatral, cargo que não rendia qualquer remuneração, mas o possibilitava a ter acesso livre aos teatros. Nessa época, passa a colaborar em O Futuro, órgão sob a direção do irmão de sua futura esposa, Faustino Xavier de Novais. Publica seu primeiro livro de poesias em 1864, sob o título de Crisálidas. Em 1867, é nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Agosto de 1869 marca a data da morte de seu amigo Faustino Xavier de Novais, e, menos de três meses depois, em 12 de novembro de 1869, casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Nessa época, o escritor era um típico homem de letras brasileiro bem sucedido, confortavelmente amparado por um cargo público e por um casamento feliz que durou 35
  • 7. Sua união foi feliz, mas sem filhos. A morte de sua esposa, em 1904, é uma sentida perda, tendo o marido dedicado à falecida o soneto Carolina, que a celebrizou. Seu primeiro romance, Ressurreição, foi publicado em 1872. Com a nomeação para o cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, estabiliza-se na carreira burocrática que seria o seu principal meio de subsistência durante toda sua vida. No O Globo de então (1874), jornal de Quintino Bocaiúva, começa a publicar em folhetins o romance A mão e a luva. Escreveu crônicas, contos, poesias e romances para as revistas O Cruzeiro, A Estação e Revista Brasileira. Sua primeira peça teatral é encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II em junho de 1880, escrita especialmente para a comemoração do tricentenário de Camões, em festividades programadas pelo Real Gabinete Português de Leitura. Na Gazeta de Notícias, no período de 1881 a 1897, publica aquelas que foram consideradas suas melhores crônicas. Em 1881, com a posse como ministro interino da Agricultura, Comércio Obras Públicas do poeta Pedro Luís Pereira de Sousa, Machado assume o cargo de oficial de
  • 8. Publica, nesse ano, um livro extremamente original , pouco convencional para o estilo da época: Memórias Póstumas de Brás Cubas -- que foi considerado, juntamente com O Mulato, de Aluísio de Azevedo, o marco do realismo na literatura brasileira. Extraordinário contista, publica Papéis Avulsos em 1882, Histórias sem data(1884), Vária Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1889), e Relíquias da casa velha (1906). Torna-se diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia, no ano de 1889. Grande amigo do escritor paraense José Veríssimo, que dirigia a Revista Brasileira, em sua redação promoviam reuniões os intelectuais que se identificaram com a idéia de Lúcio de Mendonça de criar uma Academia Brasileira de Letras. Machado desde o princípio apoiou a idéia e compareceu às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, cargo que ocupou até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1908. Sua oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa. É o fundador da cadeira nº. 23, e escolheu o nome de José de Alencar, seu grande amigo, para ser seu patrono. Por sua importância, a Academia Brasileira de Letras passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis.
  • 9. Dizem os críticos que Machado era "urbano, aristocrata, cosmopolita, reservado e cínico, ignorou questões sociais como a independência do Brasil e a abolição da escravatura. Passou ao longe do nacionalismo, tendo ambientado suas histórias sempre no Rio, como se não houvesse outro lugar. ... A galeria de tipos e personagens que criou revela o autor como um mestre da observação psicológica. ... Sua obra divide-se em duas fases, uma romântica e outra parnasiano-realista, quando desenvolveu inconfundível estilo desiludido, sarcástico e amargo. O domínio da linguagem é sutil e o estilo é preciso, reticente. O humor pessimista e a complexidade do pensamento, além da desconfiança na razão (no seu sentido cartesiano e iluminista), fazem com que se afaste de seus contemporâneos." “Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz...”
  • 10. OBRAS  Romances  Ressurreição, (1872)  A mão e a luva, (1874)  Helena, (1876)  Iaiá Garcia, (1878)  Memórias Póstumas de Brás Cubas, (1881)  Casa Velha, (1885)  Quincas Borba, (1891)  Dom Casmurro, (1899)  Esaú e Jacó, (1904)  Memorial de Aires, (1908)
  • 11. OBRAS  Coletânea de poesias  Crisálidas, (1864)  Falenas, (1870)  Americanas, (1875)  Ocidentais, (1880)  Poesias Completas, (1901)
  • 12. OBRAS  Coletânea de contos  Contos Fluminenses, (1870)  Histórias da Meia-Noite, (1873)  Papéis Avulsos, (1882)  Histórias sem Data, (1884)  Várias Histórias, (1896)  Páginas Recolhidas, (1899)  Relíquias da Casa Velha, (1906)
  • 13. OBRAS  Peças de teatro  Hoje Avental, Amanhã Luva, (1860)  Queda que as mulheres têm para os tolos, (1861)  Desencantos, (1861)  O Caminho da Porta, (1863)  O Protocolo, (1863)  Teatro, (1863)  Quase Ministro, (1864)  Os Deuses de Casaca, (1866)  Tu, só tu, puro amor, (1880)  Não Consultes Médico, (1896)  Lição de Botânica, (1906)
  • 14. OBRAS  Contos selecionados  "A Cartomante"  "Miss Dollar"  "O Alienista" (†)  "Teoria do Medalhão"  "A Chinela Turca"  "Na Arca"  "D. Benedita"  "O Segredo do Bonzo"  "O Anel de Polícrates"  "O Empréstimo"  "A Sereníssima República"  "O Espelho (conto)"
  • 15. ENREDOA narrativa inicia-se com uma reflexão do protagonista Rubião, que olhando para o mar em sua casa luxuosa de Botafogo, lembra-se de que “se a mana Piedade tivesse casado com Quincas Borba, seria uma esperança colateral, mas, ambos morreram e tudo está comigo...” Logo se arrepende dos seus pensamentos e acrescenta que estão juntos no céu. Seu criado era espanhol, embora quisesse contratar seus crioulos de Minas Gerais, mas Cristiano achava melhor ter criados brancos e o cozinheiro era francês. Rubião observa sua casa: a bandeja de prata foi conselho de Cristiano e os quadros foram recomendados por Sofia. Há um ano atrás era professor na cidade mineira de Barbacena, hoje com 41 anos, sentia que não era inteiramente feliz, mas a felicidade completa estava próxima. Rubião recorda-se como conheceu o filósofo Quincas Borba. Quincas Borba não tinha família. O seu último tio morrera e deixara uma herança fabulosa. Quando chegou á Barbacena enamorou-se de Piedade, irmã de Rubião, mas a moça não correspondeu seu afeto e logo morreu. Este romance foi á ligação de Rubião com Quincas Borba. Na época era professor e como o amigo filósofo estava doente, abandonou a escola para
  • 16. ENREDOQuincas Borba tinha um cão com o mesmo nome. “Desde que Humanitas é o princípio da vida e reside por toda a parte, existe também no cão e este pode receber um nome de gente”, caso Quincas Borba, o filósofo morresse antes, sobreviveria no nome de Quincas Borba, o cão. Quincas Borba conta-lhe a morte da avó. Foi no Rio de Janeiro, defronte da Capela Imperial, em dia de festa. Ela atravessou a rua para sentar-se numa cadeira no Largo do Paço, uma besta assustou-se e a pisoteou. O dono da sege tinha fome... Aí reside o princípio Humanitas: na morte da avó, não há morte, há vida, porque a supressão de uma delas é a condição de sobrevivência da outra. Supõe um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente onde há batatas em abundância, mas se as duas tribos dividirem em paz as batatas, não chega nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. “Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as
  • 17. ENREDOQuando se ferve água as bolhas desfazem-se de contínuo, tudo fica na água – os indivíduos são bolhas transitórias. Quando há peste e eliminam-se os organismos fracos, há observação e descoberta da droga curativa. Rubião não aceita a Teoria do Humanitismo, defendendo a distribuição igualitária. No dia seguinte, Quincas Borba comunica a Rubião sua decisão de ir ao Rio de Janeiro, cuidar de seus negócios. Sua doença estava avançada e ele não podia ausentar-se de sua casa. No entanto, a possibilidade de alteração do seu testamento, favorecendo Rubião, fez com que o mesmo não impedisse a viagem. Rubião fica incumbido de cuidar da casa e do cão, o que resulta em zombarias da vizinhança. Depois de sete semanas Quincas Borba envia uma carta dizendo que se sentia completo, pois descobrira ser Santo Agostinho. Rubião desespera-se, pois se descobrissem que Quincas Borba não estava em sua plena consciência, a alteração do testamento seria invalidada. O médico cobra notícias sobre Quincas Borba e Rubião não revela a carta. No começo da semana seguinte Quincas Borba morre e os noticiários não fazem nenhuma alusão à sua demência.
  • 18. ENREDO Rubião, imediatamente entrega o Quincas Borba, cão à comadre Angélica. Aberto o testamento, revela-se que Rubião era o herdeiro universal, perante uma única cláusula: ele ficaria responsável pelo bem estar do cão e quando morresse, daria uma sepultura decente em terreno próprio e futuramente, desenterraria seus ossos e os depositaria em uma caixa de madeira, no lugar mais honrado da casa. Rubião assina a documentação e ao chegar a casa, lembra-se que tinha dado o cão. Já, estava descumprindo a cláusula. Dirige-se a casa da comadre Angélica, consegue resgatar o cão e sai a gritar: “- Ao vencedor, as batatas!” Mandou rezar uma missa, mas a ralé não foi e partiu de trem para o Rio de Janeiro. Já na viagem a existência de Rubião começa a mudar. Na estação de Vassouras, conhece e se aproxima do casal Cristiano Palha e Sofia, gente da melhor sociedade do Rio de Janeiro. Falaram sobre gado, política, escravatura. Rubião comenta que gostaria de ir a Europa e fala do inventário. Chegados à estação, despediram. Palha ofereceu sua casa em Santa Teresa e um advogado. Rubião optou por uma hospedaria, mas aceitou o advogado.
  • 19. ENREDO A amizade entre Rubião e a família Palha se fortificou. Seguiram vários almoços e jantares. Rubião notou que Sofia era melhor na casa que no trem. Segue a mudança de Rubião para Botafogo. Cristiano e Sofia o ajudaram a compor e decorar a casa. Rubião vive a pensar nos olhos de Sofia. Acredita que ela o ama, afinal, ela aperta suas mãos com tanto agrado! Dois amigos vieram almoçar. Tinham-lhe sido apresentados em um armazém: Carlos Maria, vinte e quatro anos que roia os bens da mãe e, Freitas, quarenta e seis anos que não tinha o que roer. Rubião sentia-se melhor na companhia de Freitas: elogiava tudo , era vivo, alegre e adora flores. Rubião convida Freitas para irem a Europa. Ele nega dizendo que é amigo livre. Carlos Maria, por sua vez, era muito senhor de si. Sofia manda-lhe uma cesta com frutas para o almoço e convida-o para jantar em sua casa.
  • 20. ENREDO Freitas e Carlos Maria estavam presentes e perceberam o desconcerto de Rubião. Rubião beija o bilhete diversas vezes e acredita que sua finalização com “verdadeira amiga” era metafórica. No jantar ele conhece o Major Siqueira e sua filha D. Tonica. No entanto, Rubião só tem olhos para Sofia. D. Tonica tenta atraí-lo, porém parecia que a alma de Sofia convidava a dele para viajarem juntos. Sofia, então, convida D. Tonica e Rubião para passearem no jardim. D. Tonica alega que está com o pé dormente. Já, em céu aberto, Rubião compara as estrelas com os olhos de Sofia. Ela tenta livrar-se dos galanteios, mas ele a detém e pede para que ela não se esquecesse aqueles dez minutos sublimes e que, olhasse todas as noites para o Cruzeiro às 22:00 horas. Ele também o fitaria e os pensamentos de ambos iriam achar-se ali juntos, íntimos entre Deus e os homens. Em seguida, tenta beijar sua mão. Sofia, para quem o flerte é apenas um direito natural de sua própria beleza, fica ofendida. O Siqueira os surpreende em flagrante e eles inventam que contavam uma anedota do Pe. Mendes.
  • 21. ENREDO“- Olá! Estão apreciando a lua? Realmente, está deliciosa; está uma noite para namorados... Sim, deliciosa... Há muito que não vejo uma noite assim... Olhem só para baixo, os bicos de gás... Deliciosa! Para namorados... Os namorados gostam sempre da lua. No meu tempo, em Icaraí... Era Siqueira, o terrível major. Rubião não sabia que dissesse; Sofia, passados os primeiros instantes readquiriu a posse de si mesma; respondeu que, em verdade, a noite era linda; depois contou que Rubião teimava dizer que as noites do Rio não podiam comparar-se às de Barbacena, e, a propósito disso, referira uma anedota de um padre Mendes... Não era Mendes? - Mendes, sim, o padre Mendes, murmurou Rubião. O major mal podia conter o assombro. Tinha visto as duas mãos presas, a cabeça do Rubião meio inclinada, o movimento rápido de ambos, quando ele entrou no jardim; e sai-lhe de tudo isto um padre Mendes... Olhou para Sofia; viu-a risonha, tranquila, impenetrável. Nenhum medo, nenhum acanhamento; falava com tal simplicidade, que o major pensou ter visto mal. Mas Rubião estragou tudo. Vexado, calado, não fez mais que tirar o relógio para ver as horas, levá-lo ao ouvido, como se lhe parecesse que não andava, depois limpá-lo com o lenço, devagar, devagar, sem olhar para um nem para outro...”
  • 22. ENREDORubião, no íntimo, tinha vontade de ir à casa de Sofia. Se o tílburi viesse da direita, com certeza, ele não ligaria ao fato de não ser um carro. Mas daí a pouco vieram muitas caleças da direita. É muito curioso o fato de serem caleças que voltavam de um enterro. Poderá ser a coincidência, mas a partir dessa decisão, começa o “enterro” de Rubião. É a destruição que caminha a passos largos ao seu encontro. É a vida que se acaba rapidamente. À noite, na casa de Sofia, Rubião foi apresentado a D. Maria Augusta e sua filha, Maria Benedita, tia e sobrinha de Sofia que viviam na roça. Sofia achava que ela deveria aprender piano, francês para arrumar um bom marido. D. Maria Augusta temendo a solidão queria evitar isso. Rubião acusa Sofia de ter estragado sua vida e entrega-lhe a carta. Ela pede para ele abri-la. Tratava-se de uma circular. Rubião ausentou-se dois meses da casa dos Palhas. Mesmo assim, Sofia remeteu-lhe a subscrição para as “Alagoas”. Cristiano, na época, administrava o dinheiro de Rubião. Um dia sonhou com Benedita e Sofia e ele era Napoleão. Não procurou mais Sofia, mas tinha contato com Cristiano. Num desses encontros, ficou sabendo que na próxima quarta-feira era o aniversário de Sofia. Pediu dinheiro a Cristiano e comprou um diamante.
  • 23. ENREDOTodos gostaram do novo visual, menos Camacho.Rubião ora era Rubião originalmente, ora era Napoleão, imperador e, essa dupla personalidade equilibrava-se, mas nunca se misturavam. Com o desenrolar dos capítulos, ou por ter herdado a insânia do filósofo ou por ter uma consciência demasiadamente estreita para compreender a complexidade do mundo em que agora vive, Rubião começa a ser tomado por delírios de grandeza. Somente nestes momentos é que consegue compreender a filosofia de Humanitas desenvolvida pelo finado Quincas Borba, filosofia que tinha no lema “ao vencedor, às batatas” sua grande síntese. Rubião insiste em ver Sofia e perante sua recusa, ele invade seu coupé. No momento, passava tudo na cabeça de Sofia: a vontade do beijo, a aversão aquele homem, contar ao marido, mas ele nada pedia e nada fazia. De repente, ele descreve cenas e acontecimentos românticos entre os dois. Sofia imagina que sua intenção era que o cocheiro ouvisse e suspeitasse de uma aventura irreal.Mas, quando ela chama-o por Rubião, ele retruca e diz: “Napoleão, não, chama-me Luís, teu Luís”, e continuou a dizer frases desconexas. Disse-lhe que daria um título de duquesa e pede para apear ali mesmo. A partir desse dia, espalha-se pela região a mania de imperador de Rubião. Em seu delírio chegava a repetir filosofias de Quincas Borba que ele nunca havia entendido. D. Fernanda e seu marido, Teófilo, alertam os Palhas para o
  • 24. ENREDOMorre o noivo de Tonica, três dias antes do casamento e inaugura-se o palacete dos Palhas. No baile Sofia ostenta o colar que ganhou de Rubião.D. Fernanda recebe uma carta do diretor do hospital comunicando a fuga de Rubião.Rubião tinha escrito ao Cristiano. Já estava consciente e pedia para tirá-lo de lá e emprestar-lhe 100 mil réis para presentear às pessoas que lhe tinham servido. Palha promete tirá-lo em uma semana. Na saída em conversa com o diretor, foi aconselhado a deixá-lo por mais dois meses.Rubião e o cão fogem e retornam então, para Barbacena. Vagam pelas ruas sob forte temporal e, famintos. Subindo a Rua Tiradentes grita: “Ao vencedor, as batatas!” Angélica o reconhece e o recebe. Rubião conta os fatos e depois os delírios recomeçam. Mandam chamar o doutor. E é no meio de um deles que, “poucos dias depois morreu... Não morreu súdito nem vencido. Antes de principiar a agonia que foi curta, pôs a coroa na cabeça, uma coroa que não era, ao menos, um chapéu velho ou uma bacia, onde os espectadores palpassem a ilusão. Não, senhor; ele pegou em nada, levantou nada e cingiu nada; só ele via a insígnia imperial, pesada de ouro, rútilas brilhantes e outras pedras preciosas”. (cap. CC)
  • 25. ENREDO“Acaba-se o mundo, chore quem quiser, ria, gargalhe a humanidade, que os astros do céu pouco estão ligando para os risos e lágrimas humanas. Ficarão sempre firmes e inabaláveis, longe das intempéries do planeta dos homens. Assistirão com a mesma indiferença e impassibilidade de sempre, "às bodas de Jacó e ao suicídio de Lucrécia". (cap. XLVI) . No último e curto capítulo, o narrador zomba sobre o título do livro, dizendo que ele tanto pode referir-se ao filósofo quanto ao cão. Convoca o leitor para o riso ou para a lágrima em função das mortes de Rubião e de Quincas Borba. E arremata, afirmando a absoluta indiferença da natureza a respeito da tragicomédia humana: “O cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar, como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens”. (cap. CCI)
  • 26. CONFLITO  O conflito vivido pelo personagem do livro é um conflito interno, pois logo ao ganhar a fortuna Rubião é tomado pela ambição, e assim deixa a cidade onde morava para ir para o Rio de Janeiro. Ele mesmo é sua limitação e obstáculo. Seu corpo, sua mente, seus sentimentos o atrapalham.
  • 27. FOCO NARRATIVO O principal elemento da estrutura da narrativa de Machado de Assis é o narrador. Em Quintas Borba, também é um personagem dúplice, narrando em primeira ou terceira pessoa, ele está fora da narrativa, mas às vezes, assume o “eu narrado. Ex.: “Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as...”. É onisciente, e interfere na história, fazendo comentários e dirigindo-se ao leitor. Sua participação é, portanto, interventiva. Machado de Assis foi um antecipador da chamada estética de receptação ao incluir em suas narrativas, o diálogo entre o narrador e o leitor. Este é, também, personagem, um leitor virtual, explicitado ou não na narrativa. Enfim, são diferentes as formas como Machado de Assis estabelece o diálogo entre narrador - o personagem que conta a história - e o leitor - personagem para quem se narram os fatos - antecipando, em quase cem anos, a importância desses elementos na narrativa contemporânea e a participação do leitor implícito, intratextual, para a elaboração do sentido do texto.
  • 28. PERSONAGENS  Rubião: Amigo do filósofo Quincas Borba; vaidoso, ostentador. Não cumpre enquanto pode, o pedido do antigo amigo de cuidar do seu cão com todo carinho. Apaixona-se por Sofia, compra a amizade de Palha, o esposo, e usa o seu dinheiro para amealhar hipócritas. Termina louco ao lado do Quincas Borba, o cão, que foi mais fiel e generoso que o próprio.  Quincas Borba: Filósofo criador da teoria Humanita. Morre e deixa a fortuna para Rubião e dá o próprio nome ao seu cão.  Quincas Borba (2) – Cão de estimação tanto de Quincas Borba (que lhe deu seu nome) quanto de Rubião, mostra-se fiel e amável com ambos. Rubião até pensa que o cão recebeu a alma do filósofo depois de sua morte, devido a suas atitudes. Provavelmente, representa a animalidade ou o instinto do homem.  Sofia: Casada com Palha, usa do seu poder de sedução, apaixona- se por Carlos Maria e para não cometer o pecado da traição casa-o com sua prima. É dissimulada e gosta de ser
  • 29. PERSONAGENS  Palha: Ambicioso, fecha os olhos para os galanteios de outros com sua esposa, contanto que, estes tenham algo a lhe oferecer. Toma a fortuna de Rubião a conta-gotas e quando o amigo precisa, nega-lhe ajuda. É egoísta e sem o caráter que a amizade necessita.  Camacho: Político, deseja eleger Rubião deputado.  Maria Benedita: Morava na roça , prima de Sofia, casa-se com Carlos Maria, aprende bons costumes com a prima.  Carlos Maria: Expansivo, franco, bons modos.  Siqueira: Terrível Major, sagaz, maledicente.  D. Tonica: Filha do major Siqueira, solteirona.  D. Fernanda: Simpática; amava os fracos e os tristes, pela necessidade de fazê-los ledos e corajosos.
  • 30. TEMPO E ESPAÇO A história inicia-se em 1867, em Barbacena, MG, estendendo-se para o Rio de Janeiro, a partir de 1870. O desfecho dramático de Rubião é, também, em Barbacena, alguns anos depois.
  • 31. TIPO DE DISCURSO O discurso é direto quando pois são os personagens que falam.  Ex.:O narrador, interrompendo a narrativa, as coloca em cena e cede-lhes a palavra. Exemplo: "- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa. - Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio;são quatro horas e meia. - Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
  • 32. CARACTERÍSTICAS REALISTA  O Realismo retrata a vida contemporânea. Enquanto o romântico se volta ao passado ou se projeta no futuro, o realista se fixa no presente, porque o que lhe interessa é a vida que o rodeia . Sem se prender às delimitações de tempo e espaço, pode-se afirmar que Quincas Borba é obra perene e imune à ação corrosiva do tempo: "é uma grande sátira da vida, de seus ingredientes e de suas verdades.
  • 33. CARACTERÍSTICAS REALISTA  FIDELIDADE NA DESCRIÇÃO DAS PERSONAGENS: O romântico, dando asa à sua fantasia e imaginação, impregna sua personagens de uma dimensão quase sobrenatural e idealista, o escritor realista faz exatamente o contrário: encara a realidade direta e objetivamente.  ANÁLISE INTROSPECTIVA DAS PERSONAGENS: A grande preocupação de Machado no romance é em sondar a alma humana, em analisar-lhe os porquês das marchas e contramarchas. Observe-se que, no caso do Quincas Borba, a técnica machadiana é de sempre narrar um fato para depois analisá-lo.  OBJETIVIDADE E IMPESSOALIDADE:O objetivismo realista, pois aqui o escritor procura evitar sempre as emoções subjetivas, conduzindo a obra de maneira direta e objetiva.  NARRATIVA LENTA E PORMENORIZADA: Não interessa ao realista a ação, mas a análise das personagens, a sua sondagem psicológica. Deste modo, a narrativa realista é lenta e pormenorizada, cheia de paradas e vaivéns, ao contrário do romântico que se concentra mais na ação, na intriga que desenvolve.
  • 34. CARACTERÍSTICAS REALISTA Oposição ao idealismo romântico. Não há envolvimento sentimental Representação mais fiel da realidade Romance como meio de combate e crítica às instituições sociais decadentes, como o casamento, por exemplo Análise dos valores burgueses com visão crítica denunciando a hipocrisia e corrupção da classe Influência dos métodos experimentais
  • 35. Conclusão  Quincas Borba não é o romance mais conhecido de Machado de Assis – posto disputado por Memórias Póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro –, mas tem a mesma relevância. Diferentemente do que acontece nessas obras, o narrador, aqui, se apresenta sob o foco da terceira pessoa, mas nem por isso deixa de haver o mesmo questionamento da verdade que caracterizava o autor  O romance é a representação da filosofia criada por Quincas Borba, em que a vida é um campo de batalha e só sobreviverão os mais fortes. Os fracos e ingênuos, tal qual Rubião, serão os manipulados e anulados pelos mais espertos, a exemplo o casal Sofia e Palha, que no desfecho de Quincas Borba
  • 36. Referências bibliográficas  Machado de Assis. Quincas Borba. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. VOL 1