2. O QUE É CHOQUE?
Choque pode ser definido como um reação desencadeada pelo organismo quando
a circulação sanguínea não é suficiente para perfundir órgãos vitais do corpo. Caso
a causa do choque não seja resolvida haverá uma falência múltipla de órgãos.
Vale ressaltar que a circulação sanguínea tem a função de distribuir sangue com
oxigênio e nutrientes para todos os tecidos corporais. Quando por algum motivo,
isso deixa de ocorrer e não há uma reversão desse quadro, ocorre o estado de
choque.
3. O QUE É CHOQUE?
Significa um estado de extrema gravidade colocando em risco a vida do paciente.
Medidas urgentes precisam ser tomadas para evitar a falência circulatória.
Em todos os tipos de choques ocorre a queda da pressão arterial e
consequentemente um distúrbio na circulação de sangue, afetando os órgãos e
tecidos do corpo. As principais causas de choque são diminuição dos fluídos do
corpo, falha no bombeamento do coração ou problemas nos vasos sanguíneos.
4. QUAIS AS CAUSAS DO CHOQUE
Ao estudar a fisiologia cardíaca, entendemos que, para que a circulação
sanguínea funcione, é preciso de 3 acontecimentos, chamados de tripé da
perfusão sanguínea, são eles:
O sangue deve circular pelo sistema vascular;
O coração deve contrair para que o sangue tenha a pressão necessária para
circular pelo corpo; e
O sangue deve ter a pressão necessária para vencer a resistência vascular
periférica.
5. QUAIS AS CAUSAS DO CHOQUE
Quando há uma falha na contração do coração, diminuição da volemia ou aumento
da resistência vascular periférica, há uma menor quantidade de sangue chegando
aos tecidos. Isto gera hipóxia e falta de nutrientes.
Na tentativa de restabelecer o fluxo sanguíneo adequado para os tecidos, o
organismo ativa o:
Sistema hematológico;
Sistema cardiovascular;
Rins;
Sistema Neuroendócrino.
6. SISTEMA HEMATOLÓGICO
O sistema hematológico é ativado quando há a presença de hemorragia. Neste
caso trata-se especificamente do choque cardiogênico, que iremos estudar logo
abaixo.
Neste sentido, o sistema hematológico ativa a chamada cascata de coagulação e
os vasos sanguíneos contraem-se com a intenção de cessar a perda de sangue.
7. SISTEMA CARDIOVASCULAR
Diante da diminuição da oferta de oxigênio e nutrientes para os órgãos vitais
durante o estado de choque, o organismo estimula o Sistema Nervoso Autônomo
Simpático que por sua vez, libera adrenalina e noradrenalina na corrente
sanguínea.
A adrenalina e noradrenalina aumentam a frequência cardíaca e faz
vasoconstricção periférica. A diminuição da luz dos vasos periféricos desloca o
sangue da periferia em direção aos grandes vasos, ao mesmo tempo em que há o
aumento da atividade cardíaca.
8. RINS
Quando a pressão sanguínea está baixa nos capilares renais, os rins ativam
o Sistema Renina Angiostensina Aldosterona (SRAA) com a finalidade de
aumentar a pressão arterial sistêmica.
O SRAA promove a retenção de sódio através dos rins e vasoconstricção periférica.
Maiores quantidades de sódio no sangue aumentam a volemia pois o sódio atrai
moléculas de água.
9. SISTEMA NEUROENDÓCRINO
Quando o volume sanguíneo está baixo, receptores localizados no átrio esquerdo e
nos grandes vasos pulmonares são ativados. Por sua vez, sinais são enviados a
partir desses receptores para o tronco cerebral e de lá para as células secretoras
de hormônio antidiurético (ADH).
O hormônio antidiurético atua sobre os rins aumentando a retenção de água com a
finalidade de elevar a pressão arterial e corrigir o choque.
13. CHOQUE HIPOVOLÊMICO
O choque hipovolêmico é provocado por uma redução acentuada do volume
circulante no organismo devido a:
perda de sangue (quadros hemorrágicos);
perda de plasma (lesões traumáticas, queimaduras ou contusões);
perda de líquido (diarreia, desidratação ou vômitos).
14. CHOQUE HIPOVOLÊMICO
O choque hipovolêmica é caracterizada por:
diminuição da pressão arterial;
redução da pressão venosa central (verificada na veia cava);
pressão venosa periférica baixa;
resistência periférica elevada (devido á ativada do Sistema Nervoso Autônomo
Simpático);
Débito cardíaco baixo.
15. CHOQUE HIPOVOLÊMICO
O choque hipovolêmico pode ser subdividido em mais três tipos de choque, saber:
CHOQUE HEMORRÁGICO:
A Hemorragia é a perda abrupta de sangue provocada pela ruptura de vasos sanguíneos durante
cirurgias, acidentes e outros. A perda sanguínea leva á diminuição da oferta de sangue oxigenado
para os tecidos instalando o choque.
CHOQUE EM DECORRÊNCIA DA DESIDRATAÇÃO (COMUM EM IDOSOS E BEBÊS):
A água é o principal componente do sangue e sempre estamos perdendo este líquido através da
urina, suor, fezes, vômitos e transpiração. A desidratação também ocorre por febre, diarreia, vômitos,
diabetes (quadros de hiperglicemia que provocam excesso de micção), transpiração excessiva em
dias quentes e descontrole no uso de diuréticos.
16. CHOQUE HIPOVOLÊMICO
CHOQUE HIPOVOLÊMICO POR SEQUESTRO DE LÍQUIDO:
Pacientes em estado de anasarca, (edema generalizado), são fortes candidatos para
choque hipovolêmico. Isto porque o sangue perde água para o terceiro espaço e não há
sangue suficiente para preencher os vasos sanguíneos.
Vale ressaltar que o edema é um exemplo de sequestro de líquido. A água desloca-se do
espaço intravascular e passa a ocupar o espaço intersticial (espaço entre células).
LEMBRE-SE: CHOQUE HIPOVOLÊMICO É CAUSADO POR DIMINUIÇÃO DO VOLUME DE
SANGUE.
17. CHOQUE CARDIOGÊNICO
O choque cardiogênico, como o próprio nome diz, é o choque que tem sua origem no tecido
cardíaco.
Como consequência, há uma falha no bombeamento do sangue devido ao enfraquecimento do
músculo cardíaco, das válvulas cardíaca ou do sistema de condução elétrica.
São situações que podem causar o choque cardiogênico:
infarto agudo do miocárdio;
insuficiência cardíaca congestiva;
arritmias;
miocardiopatias;
rejeição de transplante do coração.
18. CARACTERÍSTICAS DO CHOQUE CARDIOGÊNICO?
Pressão arterial sistólica menor do que 90 mmHg;
Índice cardíaco baixo;
Resistência vascular periférica elevada;
Acentuada redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo.
19. SINAIS E SINTOMAS DO CHOQUE CARDIOGÊNICO
Hipotensão;
Taquicardia;
Palidez cutânea;
Enchimento capilar lento;
Pulsos Finos;
Sudorese Fria;
Taquipneia;
Insuficiência Pulmonar;
Turgência Jugular;
Alterações do estão de consciência como agitação, confusão, sonolência ou coma.
LEMBRE-SE:
‘’O CHOQUE CARDIOGÊNICO É UM DOS TIPOS DE
CHOQUE QUE É GERADO NO TECIDO CARDÍACO’’.
20. CHOQUE DISTRIBUTIVO OUVASOGÊNICO
O choque distributivo tem sua origem nos vasos sanguíneos através de condições que
provoquem vasodilatação periférica. Assim, o sangue corporal torna-se insuficiência para
preencher todos os vasos sanguíneos.
Existem 3 situações que provocam vasodilatação periférica a ponto de instalar estado
de choque, são eles:
Quadro de infecção generalizada – septicemia (choque séptico);
Quadro de reação anafilática – reação alérgica (choque anafilático); e
Trauma espinhar com perda do controle do sistema circulatório (choque neurogênico).
22. CHOQUE SÉPTICO
O choque séptico é uma complicação da septicemia, ou seja, de uma infecção
generalizada. Os micro-organismos lançam toxinas que provocam dilatação dos vasos
sanguíneos de forma que a quantidade de sangue do organismo torna-se insuficiente para
preencher o sistema circulatório dilatado.
Além disso, as toxinas produzidas pelas bactérias causam uma inflamação descontrolada
em todo o organismo paralisando órgãos como os pulmões, fígado e rins.
O coração enfraquecido, tem dificuldade de bombear o sangue para o resto do corpo. Caso não
seja tomadas medidas urgentes para reverter o choque, o pacienta irá evoluir para a falência
múltipla de órgãos.
23. SINTOMAS DO CHOQUE SÉPTICO
Os sintomas do choque séptico envolvem 2 etapas, a saber:
Choque Quente (Etapa inicial);
Choque frio.
24. SINTOMAS DO CHOQUE SÉPTICO
CHOQUE QUENTE ( ETAPA INICIAL);
Os sintomas iniciais do choque séptico envolvem a fase quente e são decorrentes da da
vasodilatação. São eles:
Extremidades quentes e ruborescidas;
Febre;
Taquicardia;
Pulsos amplos;
Alcalose respiratória;
Confusão mental;
Débito urinário normal;
Pressão arterial sistêmica normal ou ligeiramente baixa.
25. SINTOMAS DO CHOQUE SÉPTICO
Fase hipodinâmica, fria ou tardia:
Cianose;
Pele fria e úmida (pegajosa);
Respiração rápida e superficial;
Anúria o oligúria;
Diminuição do débito cardíaco;
Redução do nível de consciência – Letargia, confusão mental, sonolência e coma;
Acidose metabólica – aumento do ácido lático (produção de energia sem a presença de oxigênio);
Leucocitose.
26. CHOQUE NEUROGÊNICO OUVASCULAR
O choque neurogênico ocorre por lesão medular.
Este tipo de choque é gerado quando há lesões na medula espinhal e há uma perda do
controle do sistema circulatório.
Sem o controle neuronal da vasos, ocorre vasodilatação e a quantidade de sangue
circulante torna-se insuficiente para preencher os vasos dilatados. Ocorre assim o choque
vascular.
Este é o único tipo de choque que apresenta a BRADICARDIA como sintoma. Isto acontece
porque o Sistema Nervoso perde a capacidade de controlar o miocárdio.
27. CHOQUE ANAFILÁTICO
O choque anafilático é uma consequência grave de uma reação alérgica. Uma reação
alérgica pode ser desencadeada por picadas de insetos, alimentos, medicamentos ou
qualquer substância em que o indivíduo seja alérgico.
A histamina liberada durante os quadros alérgicos promovem uma reação em cadeia que
estimula de forma exagerada o sistema imunológico gerando vasodilatação e colapso do
sistema cardiorrespiratório.
28. SINAIS E SINTOMAS DO ANAFILÁTICO
Prurido;
Ardor na pele;
Edema Generalizado;
Dispneia;
Sensação de queimação na pele;
Perda da consciência;
Pulso fraco;
Morte. LEMBRE-SE QUE O CHOQUE ANAFILÁTICO, NEUROGÊNICO E SÉPTICO
SÃO CHAMADOS DE CHOQUE DISTRIBUTIVO.
29. CHOQUE OBSTRUTIVO
O choque obstrutivo é causado por uma obstrução no miocárdio prejudicando
assim o seu funcionamento.
Este tipo de choque é gerado por:
pneumotórax,;
embolia pulmonar maciça; e
tamponamento do pericárdio.
É IMPORTANTE MENCIONAR QUE NÃO EXISTE O TERMO CHOQUE
CARDIOVASCULAR, SISTÊMICO, MACIÇO E NEM PULMONAR.
30. RESUMO
Choque hipovolêmico – Desencadeado por hemorragia, traumatismo, sequestro de
líquido, desidratação ou queimaduras extensas que levam á perda de volume
sanguíneo;
Choque cardiogênico – Originado no coração por disritmias, infarto agudo do miocárdio
e outros;
Choque séptico – Desencadeado por sepse microbiana;
Choque anafilático – Ocorre em reações alérgicas graves;
Choque neurogênico – Ocorre devido a lesão medular;
Choque obstrutivo – Causado por tamponamento cardíaco, pneumotórax e embolia
pulmonar;
31. LEMBRE-SE
Lembre-se que são tipos de Choque distributivo:
choque séptico (septicemia);
neurogênico (trauma medular); e
anafilático(reação alérgica);
32. COMO SOCORRER UMA VÍTIMA EM CHOQUE
Assuma sempre que a vítima vai entrar em choque.
Comece o tratamento pelo ABC da Vida (desobstrução das via aéreas com controle da
região cervical, manutenção da respiração e controle de hemorragias).
• Se o indivíduo estiver sangrando excessivamente, controle imediatamente a
hemorragia. Uma perda sanguínea de 20% já faz com que haja uma taquicardia,
elevando o pulso a 120 batimento por minuto.
• No caso de choque anafilático, onde a probabilidade de obstrução das vias aéreas
superiores é muito grande, esteja preparado para executar ventilação artificial
(respiração boca-a-boca) até a chegada de auxílio médico.
33. COMO SOCORRER UMA VÍTIMA EM CHOQUE
• Se possível, coloque a vítima de costas para o chão, se isso não for
comprometer a região cervical. Elevar as pernas cerca de 25 centímetros, a fim
de aumentar o retorno de sangue para o coração e cérebro. Se a vítima
apresentar ferimentos na cabeça, esta atitude não é aconselhável.
• Mantenha a vítima aquecida. Remova qualquer roupa úmida e isole-a do chão
(com isolante térmico ou saco de dormir). O objetivo é manter a temperatura
interna do corpo o mais próxima possível do normal. Em casos severos de
choque, o corpo perde sua capacidade de gerar calor, podendo levar a vítima à
hipotermia. Para que isto seja evitado, é preciso que uma ou duas pessoas,
fiquem junto à vitima, para que o calor de seus corpos a aqueça.
34. COMO SOCORRER UMA VÍTIMA EM CHOQUE
Caso a vítima esteja consciente, ministre fluidos (Atenção! Nunca dê bebidas
alcoólicas, chá ou café, por elas serem diuréticas, o que aumentará a perda de
fluidos). Dê água ou bebidas isotônicas.
• Pacientes em choque cardiogênico devem ser mantidos em repouso, para não
sobrecarregar o sistema circulatório que já está debilitado.
• Ligue para o socorro médico urgente!