SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Envie para:
Ministério da Educação
Coordenação Geral de Educação Infantil
Revista Criança/ Professor Faz Literatura
Esplanada dos Ministérios – Bloco L
6º andar – Sala 637
Edifício Sede
Cep: 70047-900
Brasília – DF
e-mail: coedi-sef@mec.gov.br
professor faz literatura
Introdução
No Brasil, há décadas os mo-
vimentos sociais procuram discu-
tir o problema da marginalização
de diversos grupos. Um deles,
excluído pela falta de acesso a
uma educação de qualidade, é
o grupo das crianças de zero a
seis anos.
Nos últimos dez anos, observa-
mos um avanço significativo nas
concepções e nas práticas rela-
cionadas à Educação Infantil. Esse
avanço foi provocado sobretudo
por movimentos sociais em larga
escala, que envolveram educa-
dores, mães e outros segmentos
sociais. Todo esse esforço culmi-
nou na formulação de leis, como
a LDB (1996), que finalmente in-
cluíram a Educação Infantil no
Sistema Brasileiro de Educação
Conhecimento do Mundo Natural e Social:
Desafios para a Educação Infantil
Maria Inês Mafra Goulart*
Básica. A partir daí, muitas ações
foram realizadas no sentido de se
construir um referencial curricular
para esse segmento educativo,
cujo propósito era o desenvolvi-
mento da prática pedagógica dos
professores. Com isso, coloca-
mos em questão o que fazer com
as crianças dessa faixa etária,
bem como suas possibilidades de
aprendizagem.
EmborasórecentementeaEdu-
cação Infantil tenha se tornado di-
reito das crianças, o atendimento
a essa faixa etária em instituições
variadas, como as pré-escolas, os
jardins de infância, as creches e
outros, já existe no Brasil há mais
de cem anos. Durante todo esse
século, a discussão sobre como
as crianças aprendem, ou seja, a
compreensão dos processos que
artigos
levam a criança a construir conhe-
cimentos, bem como sobre o que
elas são capazes de aprender, ou
seja, a relevância dos conteúdos
a serem socializados, tornou-se
uma questão central centrais para
os profissionais que lidam com
esse segmento educativo.
O debate sobre o letramento, a
alfabetização e a matematização
já vem sendo travado há mais de
uma década. No entanto, a dis-
cussão sobre as maneiras pelas
quais as crianças menores de
sete anos investigam o mundo
social e natural ainda se encon-
tra em seus primórdios. Na ver-
dade, existe uma crença de que
crianças muito pequenas não
seriam capazes de aprender os
conceitos próprios desse tipo de
conhecimento. Sendo assim, elas
estariam excluídas do acesso ao
conhecimento social e científico.
Estamos, portanto, abrindo
uma nova discussão no campo da
Educação Infantil, considerando
que as crianças pequenas estão
imersas em um ambiente social e
natural e, portanto, interessadas
em dar um significado ao mundo
em que vivem. Neste artigo, va-
mos discutir duas questões que,
para um primeiro momento, nos
parecem cruciais: de que ma-
neiras as crianças investigam o
mundo natural e social? Como o
professor pode acompanhar as
crianças nessa aventura?
revista criança 25
Hélcio Toth
Esta seção é reservada a você, professora e
professor. Aqui, você também pode mostrar sua
criatividade. Este espaço está aberto para a pu-
blicação de suas produções textuais: poemas,
crônicas, contos, rimas, cordéis, entre tantas ou-
tras. Envie-nos suas criações para compartilhar
com os colegas e conheça as deles também.
Revista_Criança_39.indd 24-25 1/4/2005 14:27:46
revista criança 26 27 revista criança26
artigosartigos
De que maneiras as
crianças investigam
o mundo natural e
social?
Vivemos em um mundo com-
plexo, onde existem cada vez
mais coisas a serem conhecidas.
Ao nascer, o ser humano já se in-
sere nessa complexidade e tem
pela frente a tarefa de desvendar
seu próprio ambiente. Se com-
pararmos o mundo de hoje com
aquele vivido no início do século
XX, vamos perceber uma enor-
me diferença. Naquela época,
não existiam sofisticadas tecno-
logias como os computadores,
os telefones celulares, meios de
transporte como carros, aviões
e outras tantas parafernálias que
acompanham nosso dia-a-dia. Já
estamos tão acostumados com
esse estilo de vida que o consi-
deramos uma forma “natural” de
viver. Mas não é. É fruto do de-
senvolvimento social e científico
da humanidade.
As crianças pequenas têm o
desejo, a curiosidade e a neces-
sidade de compreender o mundo
em que vivem. Muitas vezes essa
necessidade está ligada à cons-
trução de sua identidade (Quem
sou eu? O que vim fazer neste
mundo?) e à compreensão da
cultura produzida pela sociedade
(por que as pessoas se portam
de determinadas maneiras?). Ou-
tras vezes o desejo de conhecer
está ligado a uma curiosidade fru-
to das observações que as crian-
ças fazem sobre os fenômenos
da natureza (Por que o trovão é
barulhento? Para onde vai o sol
quando chega a noite?).
Essa investigação acontece
em todos os ambientes pelos
quais elas transitam. Observando
as relações que acontecem na
própria família, vivendo em so-
ciedade, utilizando instrumentos
que estão à sua disposição no
cotidiano, observando insetos,
animais de estimação, fenôme-
nos como a chuva, os raios, o dia
e a noite, as crianças colocam-se
questões, que muitas vezes são
verbalizadas e outras aparecem
nas brincadeiras ou mesmo na
manipulação de objetos. Quem
nunca viu crianças entretidas
na hora do banho de banheira,
tentando afundar ou fazer boiar
brinquedos que estão à sua dis-
posição? Quem nunca se surpre-
endeu com as perguntas que elas
fazem?
Mas é na escola que essas
questões encontram um campo
fértil para sua exploração. Cer-
ta vez, um grupo de crianças de
quatro anos, após a leitura de um
livro sobre macacos, estabeleceu
o seguinte diálogo:
- Primeiro veio o macaco, de-
pois nasceu a gente. Os macacos
que se transformaram em ho-
mens, macaco homem e macaca
mulher.
- É pura mentira, primeiro nas-
ceram as mulheres porque é da
barriga delas que nascem as pes-
soas.
- Mas a mulher não pode ter
nascido primeiro que Deus, por-
que senão Deus ia ficar todo en-
rolado.
- Então foi Deus quem nasceu
primeiro.
-A minha mãe me contou que o
Deus estava muito sozinho, então
ele criou o mundo, mas continuou
sozinho. Então ele pegou o barro
e fez o homem e a mulher igual
ao Romeu e Julieta. Depois de
criar o homem e a mulher Deus
falou que eles não podiam comer
da maçã. Então apareceu uma
cobra que era do mal e falou:
come, come! Pra castigar , Deus
fez ficar igual é hoje: criou escola
e fez o homem ter que fazer um
monte de coisas, porque era um
castigo.(Goulart, 1999).
Esse fragmento mostra-nos
um rico diálogo que exprime o
esforço que as crianças fazem
para tentar compreender a vida.
Diversas informações se cruzam,
vindas de diversas fontes, de-
monstrando o quanto as crianças
estão atentas ao que os adultos
falam, fazem e como se compor-
tam. Assim, quando as crianças
se engajam na atividade de ler
um livro de literatura infantil, os
conteúdos expressos nessas his-
tórias disparam informações e ex-
periências que elas já possuem,
criando possibilidades diversas
de se problematizar a vida. O re-
conhecimento dessas questões
e a divergência de opiniões en-
tre elas criam um movimento no
grupo, que utiliza diversos meios
para montar uma explicação ra-
zoável. A ampliação da compre-
ensão do fenômeno, então, vai
depender da condução de um
adulto que consiga captar a de-
manda colocada pelas crianças e
transformá-la em ações concre-
tas de conhecimento. Em se tra-
tando da escola, esse adulto que
faz a mediação é, na maioria das
vezes, a professora/professor.
Nesse episódio, podemos per-
ceber as inúmeras questões que
estão presentes: a compreensão
da origem do homem na face da
terra; a compreensão do modo
como a cultura produz e distribui
o poder; as questões éticas, o que
é certo, o que é errado; o que sig-
nifica a punição; qual é a melhor
maneira de viver em sociedade;
as possíveis negociações. Falan-
do dessa forma, até parece que a
criança tem a capacidade de for-
mular reflexões sobre os grandes
mistérios da vida. Na verdade,
elas têm. É claro que a formula-
ção dessas grandes questões
não vem organizada em forma
de proposições, mas expressa
em atos, em verbalizações ainda
pouco organizadas, em observa-
ções impossíveis de serem tradu-
zidas em palavras. Recentemente
chegada ao mundo simbólico, a
criança pequena necessita de
ajuda para compreender como a
sociedade vem construindo rela-
ções entre os homens e entre es-
tes e o mundo natural.
Como vimos por meio des-
se exemplo, as crianças vêm ao
mundo ávidas por compreendê-
lo. Mas esse exercício só ocor-
rerá no encontro com o outro,
detentor da histórica cultural do
grupo ao qual ela pertence, ob-
jeto de afeto, que criará laços de
possibilidade de aprendizagens
múltiplas.
Como o professor
pode acompanhar
as crianças nessa
aventura?
Rompendo com uma visão
mais tradicional de ensino, te-
mos observado que as escolas
infantis brasileiras que procuram
inovar têm colocado como eixo
a transformação da curiosidade
e das perguntas trazidas pelas
crianças em conhecimentos a
serem explorados. De uma ques-
tão particular ou de uma narrativa
trazida por um grupo de crianças,
os professores procuram captar o
que tem de intrigante, o que sub-
verte a ordem, auxiliando a turma
a organizar boas perguntas. No
campo da exploração do mun-
do social e da natureza, temos
observado trabalhos a partir de
questões como: “Pra onde vai o
sol quando a noite chega?” “Por
que os homens fazem guerra?”
“Vamos todos morrer?” “Por que
chove?” A partir daí, o planeja-
mento das atividades é organiza-
do junto com as crianças, procu-
rando ampliar as diversas fontes
de conhecimento com pesquisas
em livros, vídeos, jornais, revistas
etc. e organizar variadas formas
de registros, tais como elabo-
ração de livros sobre o assunto,
desenhos das crianças, painéis,
portfólios.
Por exemplo, a partir da con-
versa das crianças sobre a origem
do homem na Terra, a professora
criou um espaço organizado para
a fala do grupo, enquanto procu-
rou escutar e tentar compreen-
der as concepções das crianças
sobre a origem da humanidade.
A partir de uma atitude de escu-
ta, a professora problematizou o
assunto e organizou um plane-
jamento junto com as crianças
26 revista criança 27revista criança 26
Hélcio Toth
HélcioToth
Revista_Criança_39.indd 26-27 1/4/2005 14:27:50
artigosartigos
procurando dar um sentido ao
conhecimento. Promoveu, ainda,
discussões nas famílias e colocou
à disposição das crianças diversos
materiais: livros que falavam sobre
a evolução das espécies, outros
que colocavam a posição das
religiões cristãs, além de lendas
indígenas e africanas.
As crianças, então, trabalharam
utilizando diversas linguagens. Ou
seja, elas conversaram sobre o
assunto, fizeram desenhos ilus-
trando as diversas versões para o
aparecimento do homem na Terra,
fizeram esculturas do “homem de
barro” e construíram, com a ajuda
da professora, pequenos textos
que resumiam aquilo que haviam
aprendido.
Para sistematizar o trabalho,
a turma propôs fazer um teatro
representando as diversas ver-
sões já levantadas, com suas di-
ferentes explicações para esse
fenômeno que, na verdade, ainda
não pode ser totalmente esclare-
cido. Com isso, as crianças pu-
deram perceber que não temos
uma só resposta para a origem
do ser humano no planeta e que
esse conhecimento continua
ainda em debate.
Essa forma de trabalhar na Edu-
cação Infantil apresenta-se como
inovadora porque procura superar
a fragmentação dos conteúdos e
a visão de que a escola é um lugar
de respostas corretas. Quebra-se,
definitivamente, a idéia de que as
crianças vão à escola para ouvir
explicações corretas, vindas de
pessoas detentoras dos diversos
saberes. Rompe-se, ainda, com
uma visão de escolarização ba-
seada na oferta e na repetição de
informações pouco significativas.
O encontro com o conhecimen-
to passa a ter um outro caráter
– o de ampliar as possibilidades
de compreensão sobre o mundo
que nos cerca. Interessante no-
tar, também, o quanto as crian-
ças estão empenhadas na busca
de respostas a perguntas que,
desde os primórdios, a humani-
dade se colocou. Ouvir as crian-
ças, portanto, não se limita a
escutar banalidades, mas muitas
vezes nos leva a encarar ques-
tões existenciais profundas.
Embora já tenhamos avança-
do bastante na compreensão
das maneiras como as crianças
abordam o conhecimento e, con-
seqüentemente, tenhamos nos
esforçado por produzir metodo-
logias de ensino que se aproxi-
mem dessas formas de conhecer,
ainda temos muito a aprender
sobre a condução dos trabalhos
com os pequenos. Um dos dile-
mas vividos pelos que procuram
inovar na Educação Infantil é a
dosagem do material colocado à
disposição das crianças. Muitas
vezes o trabalho se pauta por um
excesso de informações que as
crianças absorvem rapidamente.
Esse fato causa certo encanta-
mento nas professoras e nos
professores.
Dito de outra forma, as crian-
ças têm, nessa idade, uma ca-
pacidade extraordinária de reter
informações pelo próprio mo-
mento de desenvolvimento em
que se encontram e acabam en-
cantando as pessoas à sua volta.
Nessa fase, a memória está em
pleno desenvolvimento e contri-
bui, sobremaneira, para dar uma
impressão de que as crianças,
assim estimuladas, tornam-se
verdadeiros “gênios”. Professoras
e professores vêm-se confiantes,
julgando ter feito um bom traba-
lho. As famílias também tendem
a caracterizar como boas esco-
las aquelas em que as crianças
discorrem sobre vários assuntos,
repetindo informações coletadas
por meio do projeto. Esse ex-
cesso de informações acaba in-
telectualizando prematuramente
as crianças, que aprendem que
aprender é falar corretamente
sobre um assunto que alguém já
pesquisou.
Um outro dilema que surge em
decorrência deste colocado an-
teriormente é uma ênfase exage-
rada na verbalização. Aprender,
nesse sentido, limita-se a falar so-
bre determinado assunto. Em se
tratando da investigação do mun-
do da natureza, especialmente, a
aprendizagem não se restringe à
apropriação de uma verbalização
específica. Agir sobre os objetos,
manipulá-los, utilizar instrumentos
diversos e vivenciar desafios são
formas mais eficazes de compre-
ensão.
Um último dilema refere-se à
noção de problematização. Como
o próprio nome indica, trata-se de
colocar em destaque problemas
gerados na prática social, prove-
nientes de uma percepção inicial
dos acontecimentos. Por exem-
plo, no episódio narrado, há um
problema real, o da origem da hu-
manidade, que pode ser refletido
colocando-se à disposição das
crianças os debates que já foram
sistematizados e as descobertas
produzidas pelas ciências, assim
como pelas diversas crenças.
Nesse caso, temos um problema
que se encontra insolúvel até os
dias de hoje, uma vez que ainda
não se descobriu o “elo perdido”.
No entanto, a questão da pro-
blematização torna-se confusa
quando os professores passam a
problematizar todos os momen-
tos da vida da criança na esco-
la. Muitas vezes, a exploração de
temáticas referentes ao mundo
da natureza leva os professores
a problematizarem noções es-
paciais como “dentro/fora”, “em
cima/embaixo”, “grande/peque-
no” como se estas não fossem
idéias já construídas na própria
ação da criança em seu meio. A
problematização dessas noções
falseia as vivências infantis, co-
locando problemas onde, na ver-
dade, não existem. Isso pode até
acarretar um problema mais sé-
rio, quando as crianças passam a
não acreditar na possibilidade de
aprendizagens nesse espaço de
vivências e a dar crédito somen-
te às aprendizagens que passam
por um modelo escolarizador.
De algumas coisas já temos
clareza: o conhecimento das ci-
ências sociais e naturais na Edu-
cação Infantil não pode ser esco-
larizado. O importante é tocar a
curiosidade infantil e brincar com
as idéias, apresentar dilemas,
descobrir truques, subverter a
ordem. Buscar na cultura a base
para a compreensão das relações
entre os homens e não transmi-
tir informações vazias de signifi-
cado. Dar ênfase aos processos
intensos de se fazer ciência e não
relatar uma ciência acabada. O
importante é tocar na vibração
racional, emocional e moral, pro-
vocando momentos inusitados de
prazer e descoberta.
Para finalizar
Neste artigo, abrimos a pos-
sibilidade de uma discussão im-
portante para a Educação Infantil.
A exploração do mundo social e
natural é tão vital para a criança
pequena quanto sua necessidade
de brincar, de se exercitar, de ser
amada. Isso porque esse peque-
no ser tem necessidade de dar
um sentido à sua vida. E como
sua vida se produz e reproduz no
meio sociocultural, compreender
esse mundo é vital para que ela
também se compreenda.
É importante ter em mente
que nessa faixa etária as crian-
ças estão vivenciando o mundo
com seu corpo, sua mente, suas
emoções. Mais importante que
trabalhar determinadas noções
acerca da sociedade e do mundo
científico é as crianças poderem ir
construindo, gradativamente, sua
compreensão do universo que ha-
bitam, observando, perguntando,
levantando hipóteses, buscando
informações, explorando, experi-
mentando, confrontando idéias,
comunicando e registrando suas
descobertas.
Não pretendemos, neste espa-
ço, dar respostas corretas sobre
essas questões. Ao contrário, pre-
tendemos abrir o debate convidan-
do a todos que entrem nesse diá-
logo e dêem suas contribuições.
Dada a complexidade das crian-
ças e dos ambientes educativos
que elas freqüentam, só nos resta
prosseguir aprendendo. O campo
é vasto, e o convite está feito.
*Maria Inês Mafra Goulart é psicóloga, mestre e
doutoranda em Educação pela
Faculdade de Educação da Universidade Federal
de Minas Gerais, onde é também
professora nos cursos de Licenciatura e Peda-
gogia.
Bibliografia
CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F.; FERREIRA,
I. M. Creches e pré-escolas no Brasil. São Paulo:
Cortez/FCC, 1992.
GOULART, M. I. Uma abordagem processual na
prática da Educação Infantil. Presença Pedagógi-
ca, Belo Horizonte, 29, p. 29-37, set./out. 1999.
KUHLMANN, M. Educação infantil e currículo.
In: FARIA, A. L. G.; PALHARES, M. S. (Orgs.)
Educação Infantil pós-LDB: rumos e desafios.
Campinas: Autores Associados, 1999.
MACHADO, M. L. A. Pré-escola é não é escola:
a busca de um caminho. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1991.
revista criança28 28
Hélcio Toth
Revista_Criança_39.indd 28-29 1/4/2005 14:27:50

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

PORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLY
PORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLYPORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLY
PORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLYcmeirosalina
 
Reunião de pais inicio de ano 2011.2012
Reunião de pais inicio de ano 2011.2012Reunião de pais inicio de ano 2011.2012
Reunião de pais inicio de ano 2011.2012Diana Mendes Crespo
 
As atividades pré numéricas e a construção do conceito de número pel...
As  atividades  pré numéricas  e  a  construção  do  conceito  de número  pel...As  atividades  pré numéricas  e  a  construção  do  conceito  de número  pel...
As atividades pré numéricas e a construção do conceito de número pel...Edeil Reis do Espírito Santo
 
As etapas do desenvolvimento do desenho infantil
As etapas do desenvolvimento do desenho infantilAs etapas do desenvolvimento do desenho infantil
As etapas do desenvolvimento do desenho infantilDébora Frazao
 
Leitura no Pré-Escolar
Leitura no Pré-EscolarLeitura no Pré-Escolar
Leitura no Pré-EscolarRBCondeixa
 
Dia do pai todos os pais são diferentes
Dia do pai todos os pais são diferentesDia do pai todos os pais são diferentes
Dia do pai todos os pais são diferentesTeresa Ramos
 
Jogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com Deficiência
Jogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com DeficiênciaJogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com Deficiência
Jogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com DeficiênciaRosane Domingues
 
Estilos parentais e práticas educativas
Estilos parentais e práticas educativasEstilos parentais e práticas educativas
Estilos parentais e práticas educativasLudmila Moura
 
Dificuldades de aprendizagem
Dificuldades de aprendizagemDificuldades de aprendizagem
Dificuldades de aprendizagemDeisiane Cazaroto
 
Caracterização 2 anos
Caracterização 2 anosCaracterização 2 anos
Caracterização 2 anoscatarina leal
 
Jardim de infância como espaço educativo..........
Jardim de infância como espaço educativo..........Jardim de infância como espaço educativo..........
Jardim de infância como espaço educativo..........Sara Fonseca
 
Matemática na Educação Infantil
Matemática na Educação InfantilMatemática na Educação Infantil
Matemática na Educação InfantilEliane Dantas Sales
 
Avaliação na educação infantil
Avaliação na educação infantilAvaliação na educação infantil
Avaliação na educação infantilclaudia_4051
 

Mais procurados (20)

Geografia na educação infantil
Geografia na educação infantilGeografia na educação infantil
Geografia na educação infantil
 
PORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLY
PORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLYPORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLY
PORTIFÓLIO BERÇÁRIO II - AUXILIARES JULIANA E MARLY
 
Reunião de pais inicio de ano 2011.2012
Reunião de pais inicio de ano 2011.2012Reunião de pais inicio de ano 2011.2012
Reunião de pais inicio de ano 2011.2012
 
As atividades pré numéricas e a construção do conceito de número pel...
As  atividades  pré numéricas  e  a  construção  do  conceito  de número  pel...As  atividades  pré numéricas  e  a  construção  do  conceito  de número  pel...
As atividades pré numéricas e a construção do conceito de número pel...
 
Uma história de carnaval
Uma história de carnavalUma história de carnaval
Uma história de carnaval
 
As etapas do desenvolvimento do desenho infantil
As etapas do desenvolvimento do desenho infantilAs etapas do desenvolvimento do desenho infantil
As etapas do desenvolvimento do desenho infantil
 
Leitura no Pré-Escolar
Leitura no Pré-EscolarLeitura no Pré-Escolar
Leitura no Pré-Escolar
 
Como fosse dinheiro
Como fosse dinheiroComo fosse dinheiro
Como fosse dinheiro
 
Dia do pai todos os pais são diferentes
Dia do pai todos os pais são diferentesDia do pai todos os pais são diferentes
Dia do pai todos os pais são diferentes
 
Jogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com Deficiência
Jogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com DeficiênciaJogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com Deficiência
Jogos e Dinâmicas de Grupo - Pessoa com Deficiência
 
Diário de bordo
Diário de bordoDiário de bordo
Diário de bordo
 
Estilos parentais e práticas educativas
Estilos parentais e práticas educativasEstilos parentais e práticas educativas
Estilos parentais e práticas educativas
 
Dificuldades de aprendizagem
Dificuldades de aprendizagemDificuldades de aprendizagem
Dificuldades de aprendizagem
 
EDUCAÇÃO INFANTIL
EDUCAÇÃO INFANTILEDUCAÇÃO INFANTIL
EDUCAÇÃO INFANTIL
 
Caracterização 2 anos
Caracterização 2 anosCaracterização 2 anos
Caracterização 2 anos
 
Planejamento 1º periodo
Planejamento 1º periodoPlanejamento 1º periodo
Planejamento 1º periodo
 
Jardim de infância como espaço educativo..........
Jardim de infância como espaço educativo..........Jardim de infância como espaço educativo..........
Jardim de infância como espaço educativo..........
 
Matemática na Educação Infantil
Matemática na Educação InfantilMatemática na Educação Infantil
Matemática na Educação Infantil
 
Ludicidade
LudicidadeLudicidade
Ludicidade
 
Avaliação na educação infantil
Avaliação na educação infantilAvaliação na educação infantil
Avaliação na educação infantil
 

Destaque

Conhecimento do mundo físico e natural
Conhecimento do mundo físico e naturalConhecimento do mundo físico e natural
Conhecimento do mundo físico e naturaleducacaomesquita
 
Proposta Curricular - Educação Infantil
Proposta Curricular - Educação InfantilProposta Curricular - Educação Infantil
Proposta Curricular - Educação InfantilRebecaRuan
 
Jogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidade
Jogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidadeJogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidade
Jogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidadePriscilla Barbosa
 
Proposta do maternal l e ll educação infantil
Proposta do maternal l e ll   educação infantilProposta do maternal l e ll   educação infantil
Proposta do maternal l e ll educação infantilRosemary Batista
 

Destaque (6)

Conhecimento do mundo físico e natural
Conhecimento do mundo físico e naturalConhecimento do mundo físico e natural
Conhecimento do mundo físico e natural
 
Proposta Curricular - Educação Infantil
Proposta Curricular - Educação InfantilProposta Curricular - Educação Infantil
Proposta Curricular - Educação Infantil
 
Plano de aula meio ambiente
Plano de aula meio ambientePlano de aula meio ambiente
Plano de aula meio ambiente
 
Jogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidade
Jogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidadeJogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidade
Jogos e brincadeiras para desenvolver a lateralidade
 
Proposta do maternal l e ll educação infantil
Proposta do maternal l e ll   educação infantilProposta do maternal l e ll   educação infantil
Proposta do maternal l e ll educação infantil
 
Sequência Didática PARLENDA
Sequência Didática PARLENDASequência Didática PARLENDA
Sequência Didática PARLENDA
 

Semelhante a Desafios para a Educação Infantil

Estudos-de-Bebes-1.pdf
Estudos-de-Bebes-1.pdfEstudos-de-Bebes-1.pdf
Estudos-de-Bebes-1.pdfmaria367173
 
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T..."A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...Jurjo Torres Santomé
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioTania Braga
 
Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.
Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.
Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.Fábio Fernandes
 
«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...
«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...
«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...Jurjo Torres Santomé
 
TCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docx
TCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docxTCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docx
TCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docxJHony342614
 
Protagonismo Infantil na História Brasileira
Protagonismo Infantil na História BrasileiraProtagonismo Infantil na História Brasileira
Protagonismo Infantil na História BrasileiraImprensa-semec
 
4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx
4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx
4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptxMayraAzevedo3
 
Apresentacao De Projeto
Apresentacao De ProjetoApresentacao De Projeto
Apresentacao De Projetoanaluprof
 
Aula-1-problemas-e-dificuldades.pptx
Aula-1-problemas-e-dificuldades.pptxAula-1-problemas-e-dificuldades.pptx
Aula-1-problemas-e-dificuldades.pptxMarcoNogueira25
 
Direitos humanos
Direitos humanosDireitos humanos
Direitos humanosTecaAdri
 
Ed infantil matematica
Ed infantil matematicaEd infantil matematica
Ed infantil matematicaRute Pereira
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Biblioteca Campus VII
 
educacaoinfantilbarbara.pptx
educacaoinfantilbarbara.pptxeducacaoinfantilbarbara.pptx
educacaoinfantilbarbara.pptxFabioLeao9
 
Artigo acadêmico piaget e vigotsky
Artigo acadêmico   piaget e vigotskyArtigo acadêmico   piaget e vigotsky
Artigo acadêmico piaget e vigotskyGladis Maia
 

Semelhante a Desafios para a Educação Infantil (20)

Pnaic caderno 9
Pnaic caderno 9Pnaic caderno 9
Pnaic caderno 9
 
Estudos-de-Bebes-1.pdf
Estudos-de-Bebes-1.pdfEstudos-de-Bebes-1.pdf
Estudos-de-Bebes-1.pdf
 
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T..."A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
"A rigidez do modelo educativo é uma rigidez militar". Entrevista com Jurjo T...
 
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênioSão vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
São vários os problemas que se perpetuam e se intensificam nesse novo milênio
 
Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.
Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.
Diferentes fontes de informação sobre sexualidade.
 
«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...
«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...
«A escola sempre esteve e estará desajustada (Entrevista a Jurjo Torres Santo...
 
Pnaic caderno 2
Pnaic caderno 2Pnaic caderno 2
Pnaic caderno 2
 
TCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docx
TCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docxTCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docx
TCC_ARTIGO EM CONSTRUÇÃO_Danielly.docx
 
Protagonismo Infantil na História Brasileira
Protagonismo Infantil na História BrasileiraProtagonismo Infantil na História Brasileira
Protagonismo Infantil na História Brasileira
 
4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx
4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx
4.1 EDUCAÇÃO INFANTIL - slide ptg 4º semestre 2019.pptx
 
Apresentacao De Projeto
Apresentacao De ProjetoApresentacao De Projeto
Apresentacao De Projeto
 
A criança e o brincar
A criança e o brincarA criança e o brincar
A criança e o brincar
 
Monografia Jeame Pedagogia 2012
Monografia Jeame Pedagogia 2012Monografia Jeame Pedagogia 2012
Monografia Jeame Pedagogia 2012
 
Aula-1-problemas-e-dificuldades.pptx
Aula-1-problemas-e-dificuldades.pptxAula-1-problemas-e-dificuldades.pptx
Aula-1-problemas-e-dificuldades.pptx
 
Histórico Ed Infantil
Histórico Ed InfantilHistórico Ed Infantil
Histórico Ed Infantil
 
Direitos humanos
Direitos humanosDireitos humanos
Direitos humanos
 
Ed infantil matematica
Ed infantil matematicaEd infantil matematica
Ed infantil matematica
 
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
Monografia Agda Pedagogia Itiúba 2012
 
educacaoinfantilbarbara.pptx
educacaoinfantilbarbara.pptxeducacaoinfantilbarbara.pptx
educacaoinfantilbarbara.pptx
 
Artigo acadêmico piaget e vigotsky
Artigo acadêmico   piaget e vigotskyArtigo acadêmico   piaget e vigotsky
Artigo acadêmico piaget e vigotsky
 

Mais de RebecaRuan

Os Primeiros Desenhos
Os Primeiros DesenhosOs Primeiros Desenhos
Os Primeiros DesenhosRebecaRuan
 
Inclusão de crianças com deficiência
Inclusão de crianças com deficiênciaInclusão de crianças com deficiência
Inclusão de crianças com deficiênciaRebecaRuan
 
Educação Infantil: Práticas Cotidianas
Educação Infantil: Práticas CotidianasEducação Infantil: Práticas Cotidianas
Educação Infantil: Práticas CotidianasRebecaRuan
 
Reportagem - Consciência Ecológica
Reportagem - Consciência EcológicaReportagem - Consciência Ecológica
Reportagem - Consciência EcológicaRebecaRuan
 
Projeto 2016 Educação Ambiental
Projeto 2016 Educação AmbientalProjeto 2016 Educação Ambiental
Projeto 2016 Educação AmbientalRebecaRuan
 
Proposta curricular
Proposta curricularProposta curricular
Proposta curricularRebecaRuan
 

Mais de RebecaRuan (6)

Os Primeiros Desenhos
Os Primeiros DesenhosOs Primeiros Desenhos
Os Primeiros Desenhos
 
Inclusão de crianças com deficiência
Inclusão de crianças com deficiênciaInclusão de crianças com deficiência
Inclusão de crianças com deficiência
 
Educação Infantil: Práticas Cotidianas
Educação Infantil: Práticas CotidianasEducação Infantil: Práticas Cotidianas
Educação Infantil: Práticas Cotidianas
 
Reportagem - Consciência Ecológica
Reportagem - Consciência EcológicaReportagem - Consciência Ecológica
Reportagem - Consciência Ecológica
 
Projeto 2016 Educação Ambiental
Projeto 2016 Educação AmbientalProjeto 2016 Educação Ambiental
Projeto 2016 Educação Ambiental
 
Proposta curricular
Proposta curricularProposta curricular
Proposta curricular
 

Último

trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresLilianPiola
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptxLinoReisLino
 

Último (20)

trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolaresALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
[Bloco 7] Recomposição das Aprendizagens.pptx
 

Desafios para a Educação Infantil

  • 1. Envie para: Ministério da Educação Coordenação Geral de Educação Infantil Revista Criança/ Professor Faz Literatura Esplanada dos Ministérios – Bloco L 6º andar – Sala 637 Edifício Sede Cep: 70047-900 Brasília – DF e-mail: coedi-sef@mec.gov.br professor faz literatura Introdução No Brasil, há décadas os mo- vimentos sociais procuram discu- tir o problema da marginalização de diversos grupos. Um deles, excluído pela falta de acesso a uma educação de qualidade, é o grupo das crianças de zero a seis anos. Nos últimos dez anos, observa- mos um avanço significativo nas concepções e nas práticas rela- cionadas à Educação Infantil. Esse avanço foi provocado sobretudo por movimentos sociais em larga escala, que envolveram educa- dores, mães e outros segmentos sociais. Todo esse esforço culmi- nou na formulação de leis, como a LDB (1996), que finalmente in- cluíram a Educação Infantil no Sistema Brasileiro de Educação Conhecimento do Mundo Natural e Social: Desafios para a Educação Infantil Maria Inês Mafra Goulart* Básica. A partir daí, muitas ações foram realizadas no sentido de se construir um referencial curricular para esse segmento educativo, cujo propósito era o desenvolvi- mento da prática pedagógica dos professores. Com isso, coloca- mos em questão o que fazer com as crianças dessa faixa etária, bem como suas possibilidades de aprendizagem. EmborasórecentementeaEdu- cação Infantil tenha se tornado di- reito das crianças, o atendimento a essa faixa etária em instituições variadas, como as pré-escolas, os jardins de infância, as creches e outros, já existe no Brasil há mais de cem anos. Durante todo esse século, a discussão sobre como as crianças aprendem, ou seja, a compreensão dos processos que artigos levam a criança a construir conhe- cimentos, bem como sobre o que elas são capazes de aprender, ou seja, a relevância dos conteúdos a serem socializados, tornou-se uma questão central centrais para os profissionais que lidam com esse segmento educativo. O debate sobre o letramento, a alfabetização e a matematização já vem sendo travado há mais de uma década. No entanto, a dis- cussão sobre as maneiras pelas quais as crianças menores de sete anos investigam o mundo social e natural ainda se encon- tra em seus primórdios. Na ver- dade, existe uma crença de que crianças muito pequenas não seriam capazes de aprender os conceitos próprios desse tipo de conhecimento. Sendo assim, elas estariam excluídas do acesso ao conhecimento social e científico. Estamos, portanto, abrindo uma nova discussão no campo da Educação Infantil, considerando que as crianças pequenas estão imersas em um ambiente social e natural e, portanto, interessadas em dar um significado ao mundo em que vivem. Neste artigo, va- mos discutir duas questões que, para um primeiro momento, nos parecem cruciais: de que ma- neiras as crianças investigam o mundo natural e social? Como o professor pode acompanhar as crianças nessa aventura? revista criança 25 Hélcio Toth Esta seção é reservada a você, professora e professor. Aqui, você também pode mostrar sua criatividade. Este espaço está aberto para a pu- blicação de suas produções textuais: poemas, crônicas, contos, rimas, cordéis, entre tantas ou- tras. Envie-nos suas criações para compartilhar com os colegas e conheça as deles também. Revista_Criança_39.indd 24-25 1/4/2005 14:27:46
  • 2. revista criança 26 27 revista criança26 artigosartigos De que maneiras as crianças investigam o mundo natural e social? Vivemos em um mundo com- plexo, onde existem cada vez mais coisas a serem conhecidas. Ao nascer, o ser humano já se in- sere nessa complexidade e tem pela frente a tarefa de desvendar seu próprio ambiente. Se com- pararmos o mundo de hoje com aquele vivido no início do século XX, vamos perceber uma enor- me diferença. Naquela época, não existiam sofisticadas tecno- logias como os computadores, os telefones celulares, meios de transporte como carros, aviões e outras tantas parafernálias que acompanham nosso dia-a-dia. Já estamos tão acostumados com esse estilo de vida que o consi- deramos uma forma “natural” de viver. Mas não é. É fruto do de- senvolvimento social e científico da humanidade. As crianças pequenas têm o desejo, a curiosidade e a neces- sidade de compreender o mundo em que vivem. Muitas vezes essa necessidade está ligada à cons- trução de sua identidade (Quem sou eu? O que vim fazer neste mundo?) e à compreensão da cultura produzida pela sociedade (por que as pessoas se portam de determinadas maneiras?). Ou- tras vezes o desejo de conhecer está ligado a uma curiosidade fru- to das observações que as crian- ças fazem sobre os fenômenos da natureza (Por que o trovão é barulhento? Para onde vai o sol quando chega a noite?). Essa investigação acontece em todos os ambientes pelos quais elas transitam. Observando as relações que acontecem na própria família, vivendo em so- ciedade, utilizando instrumentos que estão à sua disposição no cotidiano, observando insetos, animais de estimação, fenôme- nos como a chuva, os raios, o dia e a noite, as crianças colocam-se questões, que muitas vezes são verbalizadas e outras aparecem nas brincadeiras ou mesmo na manipulação de objetos. Quem nunca viu crianças entretidas na hora do banho de banheira, tentando afundar ou fazer boiar brinquedos que estão à sua dis- posição? Quem nunca se surpre- endeu com as perguntas que elas fazem? Mas é na escola que essas questões encontram um campo fértil para sua exploração. Cer- ta vez, um grupo de crianças de quatro anos, após a leitura de um livro sobre macacos, estabeleceu o seguinte diálogo: - Primeiro veio o macaco, de- pois nasceu a gente. Os macacos que se transformaram em ho- mens, macaco homem e macaca mulher. - É pura mentira, primeiro nas- ceram as mulheres porque é da barriga delas que nascem as pes- soas. - Mas a mulher não pode ter nascido primeiro que Deus, por- que senão Deus ia ficar todo en- rolado. - Então foi Deus quem nasceu primeiro. -A minha mãe me contou que o Deus estava muito sozinho, então ele criou o mundo, mas continuou sozinho. Então ele pegou o barro e fez o homem e a mulher igual ao Romeu e Julieta. Depois de criar o homem e a mulher Deus falou que eles não podiam comer da maçã. Então apareceu uma cobra que era do mal e falou: come, come! Pra castigar , Deus fez ficar igual é hoje: criou escola e fez o homem ter que fazer um monte de coisas, porque era um castigo.(Goulart, 1999). Esse fragmento mostra-nos um rico diálogo que exprime o esforço que as crianças fazem para tentar compreender a vida. Diversas informações se cruzam, vindas de diversas fontes, de- monstrando o quanto as crianças estão atentas ao que os adultos falam, fazem e como se compor- tam. Assim, quando as crianças se engajam na atividade de ler um livro de literatura infantil, os conteúdos expressos nessas his- tórias disparam informações e ex- periências que elas já possuem, criando possibilidades diversas de se problematizar a vida. O re- conhecimento dessas questões e a divergência de opiniões en- tre elas criam um movimento no grupo, que utiliza diversos meios para montar uma explicação ra- zoável. A ampliação da compre- ensão do fenômeno, então, vai depender da condução de um adulto que consiga captar a de- manda colocada pelas crianças e transformá-la em ações concre- tas de conhecimento. Em se tra- tando da escola, esse adulto que faz a mediação é, na maioria das vezes, a professora/professor. Nesse episódio, podemos per- ceber as inúmeras questões que estão presentes: a compreensão da origem do homem na face da terra; a compreensão do modo como a cultura produz e distribui o poder; as questões éticas, o que é certo, o que é errado; o que sig- nifica a punição; qual é a melhor maneira de viver em sociedade; as possíveis negociações. Falan- do dessa forma, até parece que a criança tem a capacidade de for- mular reflexões sobre os grandes mistérios da vida. Na verdade, elas têm. É claro que a formula- ção dessas grandes questões não vem organizada em forma de proposições, mas expressa em atos, em verbalizações ainda pouco organizadas, em observa- ções impossíveis de serem tradu- zidas em palavras. Recentemente chegada ao mundo simbólico, a criança pequena necessita de ajuda para compreender como a sociedade vem construindo rela- ções entre os homens e entre es- tes e o mundo natural. Como vimos por meio des- se exemplo, as crianças vêm ao mundo ávidas por compreendê- lo. Mas esse exercício só ocor- rerá no encontro com o outro, detentor da histórica cultural do grupo ao qual ela pertence, ob- jeto de afeto, que criará laços de possibilidade de aprendizagens múltiplas. Como o professor pode acompanhar as crianças nessa aventura? Rompendo com uma visão mais tradicional de ensino, te- mos observado que as escolas infantis brasileiras que procuram inovar têm colocado como eixo a transformação da curiosidade e das perguntas trazidas pelas crianças em conhecimentos a serem explorados. De uma ques- tão particular ou de uma narrativa trazida por um grupo de crianças, os professores procuram captar o que tem de intrigante, o que sub- verte a ordem, auxiliando a turma a organizar boas perguntas. No campo da exploração do mun- do social e da natureza, temos observado trabalhos a partir de questões como: “Pra onde vai o sol quando a noite chega?” “Por que os homens fazem guerra?” “Vamos todos morrer?” “Por que chove?” A partir daí, o planeja- mento das atividades é organiza- do junto com as crianças, procu- rando ampliar as diversas fontes de conhecimento com pesquisas em livros, vídeos, jornais, revistas etc. e organizar variadas formas de registros, tais como elabo- ração de livros sobre o assunto, desenhos das crianças, painéis, portfólios. Por exemplo, a partir da con- versa das crianças sobre a origem do homem na Terra, a professora criou um espaço organizado para a fala do grupo, enquanto procu- rou escutar e tentar compreen- der as concepções das crianças sobre a origem da humanidade. A partir de uma atitude de escu- ta, a professora problematizou o assunto e organizou um plane- jamento junto com as crianças 26 revista criança 27revista criança 26 Hélcio Toth HélcioToth Revista_Criança_39.indd 26-27 1/4/2005 14:27:50
  • 3. artigosartigos procurando dar um sentido ao conhecimento. Promoveu, ainda, discussões nas famílias e colocou à disposição das crianças diversos materiais: livros que falavam sobre a evolução das espécies, outros que colocavam a posição das religiões cristãs, além de lendas indígenas e africanas. As crianças, então, trabalharam utilizando diversas linguagens. Ou seja, elas conversaram sobre o assunto, fizeram desenhos ilus- trando as diversas versões para o aparecimento do homem na Terra, fizeram esculturas do “homem de barro” e construíram, com a ajuda da professora, pequenos textos que resumiam aquilo que haviam aprendido. Para sistematizar o trabalho, a turma propôs fazer um teatro representando as diversas ver- sões já levantadas, com suas di- ferentes explicações para esse fenômeno que, na verdade, ainda não pode ser totalmente esclare- cido. Com isso, as crianças pu- deram perceber que não temos uma só resposta para a origem do ser humano no planeta e que esse conhecimento continua ainda em debate. Essa forma de trabalhar na Edu- cação Infantil apresenta-se como inovadora porque procura superar a fragmentação dos conteúdos e a visão de que a escola é um lugar de respostas corretas. Quebra-se, definitivamente, a idéia de que as crianças vão à escola para ouvir explicações corretas, vindas de pessoas detentoras dos diversos saberes. Rompe-se, ainda, com uma visão de escolarização ba- seada na oferta e na repetição de informações pouco significativas. O encontro com o conhecimen- to passa a ter um outro caráter – o de ampliar as possibilidades de compreensão sobre o mundo que nos cerca. Interessante no- tar, também, o quanto as crian- ças estão empenhadas na busca de respostas a perguntas que, desde os primórdios, a humani- dade se colocou. Ouvir as crian- ças, portanto, não se limita a escutar banalidades, mas muitas vezes nos leva a encarar ques- tões existenciais profundas. Embora já tenhamos avança- do bastante na compreensão das maneiras como as crianças abordam o conhecimento e, con- seqüentemente, tenhamos nos esforçado por produzir metodo- logias de ensino que se aproxi- mem dessas formas de conhecer, ainda temos muito a aprender sobre a condução dos trabalhos com os pequenos. Um dos dile- mas vividos pelos que procuram inovar na Educação Infantil é a dosagem do material colocado à disposição das crianças. Muitas vezes o trabalho se pauta por um excesso de informações que as crianças absorvem rapidamente. Esse fato causa certo encanta- mento nas professoras e nos professores. Dito de outra forma, as crian- ças têm, nessa idade, uma ca- pacidade extraordinária de reter informações pelo próprio mo- mento de desenvolvimento em que se encontram e acabam en- cantando as pessoas à sua volta. Nessa fase, a memória está em pleno desenvolvimento e contri- bui, sobremaneira, para dar uma impressão de que as crianças, assim estimuladas, tornam-se verdadeiros “gênios”. Professoras e professores vêm-se confiantes, julgando ter feito um bom traba- lho. As famílias também tendem a caracterizar como boas esco- las aquelas em que as crianças discorrem sobre vários assuntos, repetindo informações coletadas por meio do projeto. Esse ex- cesso de informações acaba in- telectualizando prematuramente as crianças, que aprendem que aprender é falar corretamente sobre um assunto que alguém já pesquisou. Um outro dilema que surge em decorrência deste colocado an- teriormente é uma ênfase exage- rada na verbalização. Aprender, nesse sentido, limita-se a falar so- bre determinado assunto. Em se tratando da investigação do mun- do da natureza, especialmente, a aprendizagem não se restringe à apropriação de uma verbalização específica. Agir sobre os objetos, manipulá-los, utilizar instrumentos diversos e vivenciar desafios são formas mais eficazes de compre- ensão. Um último dilema refere-se à noção de problematização. Como o próprio nome indica, trata-se de colocar em destaque problemas gerados na prática social, prove- nientes de uma percepção inicial dos acontecimentos. Por exem- plo, no episódio narrado, há um problema real, o da origem da hu- manidade, que pode ser refletido colocando-se à disposição das crianças os debates que já foram sistematizados e as descobertas produzidas pelas ciências, assim como pelas diversas crenças. Nesse caso, temos um problema que se encontra insolúvel até os dias de hoje, uma vez que ainda não se descobriu o “elo perdido”. No entanto, a questão da pro- blematização torna-se confusa quando os professores passam a problematizar todos os momen- tos da vida da criança na esco- la. Muitas vezes, a exploração de temáticas referentes ao mundo da natureza leva os professores a problematizarem noções es- paciais como “dentro/fora”, “em cima/embaixo”, “grande/peque- no” como se estas não fossem idéias já construídas na própria ação da criança em seu meio. A problematização dessas noções falseia as vivências infantis, co- locando problemas onde, na ver- dade, não existem. Isso pode até acarretar um problema mais sé- rio, quando as crianças passam a não acreditar na possibilidade de aprendizagens nesse espaço de vivências e a dar crédito somen- te às aprendizagens que passam por um modelo escolarizador. De algumas coisas já temos clareza: o conhecimento das ci- ências sociais e naturais na Edu- cação Infantil não pode ser esco- larizado. O importante é tocar a curiosidade infantil e brincar com as idéias, apresentar dilemas, descobrir truques, subverter a ordem. Buscar na cultura a base para a compreensão das relações entre os homens e não transmi- tir informações vazias de signifi- cado. Dar ênfase aos processos intensos de se fazer ciência e não relatar uma ciência acabada. O importante é tocar na vibração racional, emocional e moral, pro- vocando momentos inusitados de prazer e descoberta. Para finalizar Neste artigo, abrimos a pos- sibilidade de uma discussão im- portante para a Educação Infantil. A exploração do mundo social e natural é tão vital para a criança pequena quanto sua necessidade de brincar, de se exercitar, de ser amada. Isso porque esse peque- no ser tem necessidade de dar um sentido à sua vida. E como sua vida se produz e reproduz no meio sociocultural, compreender esse mundo é vital para que ela também se compreenda. É importante ter em mente que nessa faixa etária as crian- ças estão vivenciando o mundo com seu corpo, sua mente, suas emoções. Mais importante que trabalhar determinadas noções acerca da sociedade e do mundo científico é as crianças poderem ir construindo, gradativamente, sua compreensão do universo que ha- bitam, observando, perguntando, levantando hipóteses, buscando informações, explorando, experi- mentando, confrontando idéias, comunicando e registrando suas descobertas. Não pretendemos, neste espa- ço, dar respostas corretas sobre essas questões. Ao contrário, pre- tendemos abrir o debate convidan- do a todos que entrem nesse diá- logo e dêem suas contribuições. Dada a complexidade das crian- ças e dos ambientes educativos que elas freqüentam, só nos resta prosseguir aprendendo. O campo é vasto, e o convite está feito. *Maria Inês Mafra Goulart é psicóloga, mestre e doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, onde é também professora nos cursos de Licenciatura e Peda- gogia. Bibliografia CAMPOS, M. M.; ROSEMBERG, F.; FERREIRA, I. M. Creches e pré-escolas no Brasil. São Paulo: Cortez/FCC, 1992. GOULART, M. I. Uma abordagem processual na prática da Educação Infantil. Presença Pedagógi- ca, Belo Horizonte, 29, p. 29-37, set./out. 1999. KUHLMANN, M. Educação infantil e currículo. In: FARIA, A. L. G.; PALHARES, M. S. (Orgs.) Educação Infantil pós-LDB: rumos e desafios. Campinas: Autores Associados, 1999. MACHADO, M. L. A. Pré-escola é não é escola: a busca de um caminho. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. revista criança28 28 Hélcio Toth Revista_Criança_39.indd 28-29 1/4/2005 14:27:50