1. PREFEITURA MUNICIPAL DE MARÍLIA
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO
Av. Santo Antonio, 2.377 - CEP 17.506-040 - Bairro Somenzari
Fone (14) 3402-6300 – Marília/SP
e-mail: semeduc@terra.com.br
PROPOSTA CURRICULAR PARA A
EDUCAÇÃO INFANTIL
BERÇÁRIO
“Educar é crescer. E crescer é viver.
Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra".
( Anísio Teixeira )
MARÍLIA/2011
2. 1
PROPOSTA CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO
INFANTIL
BERÇÁRIO
APRESENTAÇÃO
A proposta curricular para Berçário visa nortear o trabalho pedagógico no
aprimoramento da atuação de educadores, a fim de qualificar ainda mais o atendimento às
crianças de 0 a 2 anos, articulando cuidados e educação. Resultou da participação em
estudos, assessorias e reflexões sobre a prática, em que se discutiram saberes, interesses,
motivações, necessidades, experiências e opiniões e se constituíram em momentos de
formação, a partir da observação, do registro e do aprofundamento teórico.
Ao buscar um referencial articulado com as práticas educativas adequadas à faixa
etária, tornou-se necessário, discutir os aspectos que melhor contribuem para o
estabelecimento de relação entre saberes e competências, objetivando a construção de uma
proposta curricular específica.
Acreditamos na sistematização de nossas ações como um processo de reflexão e
documentação do caminho percorrido e do que ainda vislumbramos alcançar.
A organização do documento apresenta expectativas, conteúdos e orientações
didáticas sem a pretensão de ser um trabalho acabado. Esta proposta tem como foco o
estágio de desenvolvimento “sensório-motor” e almeja ser referência para discussões entre
os profissionais da área, de forma a contribuir para o planejamento, a concretização e a
avaliação de práticas educativas que considerem as diferenças e o ritmo de cada criança,
contribuindo favoravelmente para o desenvolvimento de sua identidade e a autonomia.
Marília, fevereiro de 2011.
Prof. Mário Bulgareli
Prefeito Municipal
Prof. Joaquim Bento Feijão Profª Rosani Puía de Souza Pereira
Diretor de Gestão Escolar Secretária Municipal da Educação
3. 2
SUMÁRIO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA______________________________________ 03, 04, 05, 06 e 07
EIXOS CURRICULARES
MOVIMENTO_____________________________________________________________ 08 e 09
MÚSICA _________________________________________________________________10 e 11
ARTES VISUAIS___________________________________________________________12 e 13
LINGUAGEM ORAL E ESCRITA___________________________________________14, 15 e 16
NATUREZA E SOCIEDADE______________________________________________ 16, 17 e 18
MATEMÁTICA ____________________________________________________________19 e 20
IDENTIDADE E AUTONOMIA__________________________________________ 20, 21, 22 e 23
MODALIDADES ORGANIZATIVAS____________________________________________24 e 25
AVALIAÇÃO______________________________________________________________26 e 27
BIBLIOGRAFIA ______________________________________________________________ 28
4. 3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O construtivismo piagetiano baseia-se na teoria de que o sujeito é o construtor de seu
próprio desenvolvimento e conhecimento, interagindo com o mundo dos objetos, das idéias e
das pessoas.
“A lógica da criança em especial não advém da experiência dos objetos, mas sim das
ações exercidas sobre os objetos.”(PIAGET, 1976, pg 37). A atividade da criança torna-se,
assim, fundamental na construção do conhecimento e da sua própria inteligência; a criança
“entrega-se a uma experiência física e abstrai a sua descoberta dos próprios objetos...”
(PIAGET, 1977,pg 43).
O período sensório-motor constitui uma maneira de conhecer restrita ao que estiver
presente num momento - conhecer por meio dos sentidos e da ação física. Sendo uma
forma de inteligência prática, o conhecimento sensório-motor permite que os bebês se
adaptem ao seu ambiente imediato. Na falta de um sistema simbólico, o bebê sensório-motor
fica preso no aqui e agora; como ainda não forma palavras e imagens que representem
objetos e eventos reais, ele pode apenas entender no plano sensorial e motor. Isso pode ser
particularmente verdadeiro durante o primeiro ano de vida.
Durante o segundo ano, e certamente até o fim dele, a criança começa a construir o
sistema simbólico, apresentando a capacidade de representar objetos e eventos
mentalmente na sua ausência. Isso inclui o uso de palavras e frases simples para falar de
coisas não percebidas (principalmente desejos e necessidades), imagens de objetos
ausentes (considerando o fato de que os objetos que desaparecem estão atrás de algo) e
movimentos abreviados (como o uso das mãos para transmitir idéias).
Logo que nascem, os únicos meios pelos quais os bebês experimentam o mundo são
as ações reflexivas, tais como, agarrar, chupar e engolir, bem como vários movimentos dos
olhos como piscar, focar e acompanhar. Esses atos reflexos constituem o seu meio de
sobrevivência e formam a base para o primeiro desenvolvimento mental.
Porém, como simples ações reflexivas levam à realização complexa que é o
conhecimento humano?
5. 4
Ao refletir sobre essa questão, Jacob (2002) exemplifica de uma maneira clara
indagando. “Como um bebê constrói conhecimento mais complexo sobre um chocalho,
quando as únicas ferramentas de conhecimento à sua disposição são umas poucas ações
reflexivas rígidas?”
De acordo com Jacob (2002):
(...) “primeiro os bebês constroem o conhecimento agindo sobre o objeto estão tentando
conhecê-lo. Conhecer o chocalho é conhecer o seu peso, manuseá-lo, que barulho faz, que
gosto tem, que cheiro tem. Conhecer um chocalho é agarrá-lo, sacudi-lo, cheirá-lo,
abocanhá-lo,etc. Segundo, as crianças ampliam seu conhecimento relacionando o que estão
tentando saber com o que sabem. Se um bebê já sabe como apertar e saborear objetos, um
novo objeto é conhecido exatamente sendo agarrado, apalpado e abocanhado. Para
apropriar-se desse conhecimento, a criança precisa usá-lo, para dominá-lo e torná-lo seu.
Praticar o que foi aprendido recentemente é a maneira da criança atribuir alguma
permanência ao conhecimento recém-adquirido”.
Por fim, as crianças apropriam-se do conhecimento usando-o. Uma vez que tenham
agido sobre algo e correlacionado com seu conhecimento prévio, precisam usá-lo para
dominá-lo e torná-lo seu. Praticar o que foi aprendido recentemente é a maneira da criança
atribuir alguma permanência ao conhecimento recém adquirido. Os bebês desenvolvem seu
potencial intelectual total por intermédio da exploração e da brincadeira, com grande margem
de escolha daquilo que possam se interessar, e numa atmosfera de amor, encorajamento e
apoio incondicionais.
O LÚDICO E O PAPEL DO EDUCADOR NA ATIVIDADE LÚDICA
Nessa perspectiva o BRINCAR se torna fundamental para o desenvolvimento dos
bebês e necessário na escola. Pensar o brincar é pensar a construção de um sujeito humano
que vai organizar sua relação com os objetos através da relação com o outro. A interação
entre adulto e bebê é fundamental, pois dá origem a uma relação especial e única, para toda
a vida, como o primeiro e mais forte objeto das futuras construções e relações. Se
6. 5
pensarmos no período entre 0 e 24 meses (sensório-motor) o brincar é fundamental, pois o
jogo será a própria atividade da criança pequena.
Bondioli e Mantovani (1998) nos ajudam a refletir sobre a atuação do educador e as
peculiaridades dos relacionamentos com bebês e crianças pequenas. Elucidam sobre o
envolvimento da criança pequena em rituais comunicativos, tais como oferta de objetos,
imitação, vocalização frente a frente, sincronismo de gestos. O educador é convocado a
estabelecer mediações na relação da criança com o mundo, possibilitando o vínculo positivo
dela com o processo de exploração do que a cerca. Dialogando com as crianças,
respondendo seus sinais, evocando suas respostas, tocando-as e sendo tocado, o adulto
facilita a apropriação por parte das crianças do funcionamento social.
Sabemos que os bebês aprendem através do papel da exploração e do BRINCAR,
para tanto, é necessário considerar aspectos importantes que podem garantir a qualidade
das brincadeiras e dos atos adaptados à situação instaurada:
A organização do material, que pode seguir os seguintes critérios:
• Disposição lógica do mobiliário lúdico;
• Escolha de brinquedos adequados ao nível de desenvolvimento e interesse da
criança;
• Diversificação dos objetos e dos papéis sugeridos pelo material disponível;
• Presença de um material completo para os roteiros planejados;
• Organização de “cantinhos”, possibilitando a autonomia das crianças, que
podem circular pela sala e escolher em que canto brincar e com quem;
• Intencionalidades educativas na disposição dos materiais, que não devem ser
escolhas casuais e sim fazer parte da intervenção das educadoras.
As interações que se estabelecem nesse contexto:
De acordo com as autoras, algumas competências auxiliam na educação e
desenvolvimento dos bebês:
• Responder aos primeiros sinais infantis (choro, vocalizações, mímicas faciais)
e atribuir a estes um significado, inserindo-os no diálogo a dois; no jogo;
7. 6
• Observar a interação das crianças que conduz a variações do próprio
comportamento em relação aos adultos e aos objetos;
• Criar situações de prazer e ter habilidade ao dirigir a atenção da criança sobre
elementos do mundo externo, estimulando comportamentos de exploração e
manipulação de objetos;
• Introduzir ritmos e regularidades nas atividades compartilhadas (rotina), para
torná-las compreensíveis e previsíveis para a criança permitindo sua
participação ativa;
• Introduzir propostas novas estimulando a resolução de problemas;
• Demonstrar atenção por todas as manifestações do comportamento infantil,
confirmando-as, estendendo-as, recuperando-as, dando-lhes significado e
organização;
• Ter atenção na progressão evolutiva da criança com quem brinca, para saber
reconhecer não somente as atividades lúdicas imediatamente satisfatórias
para a criança, mas perceber quando a criança está pronta para um salto de
qualidade, intervindo com “propostas novas ou mais complexas”;
• Ser um companheiro dócil, capaz de adaptar-se aos papéis e às situações
propostas pelas crianças, e um aliado capaz de inventar novas brincadeiras;
• Ampliar as possibilidades de brincadeiras em ambientes diferentes, com a
interação entre crianças de diferentes faixas etárias.
A escolha de brinquedos pensando em:
• Interesse: o brinquedo que convida a brincar, que desafia seu pensamento.
• Adequação: Deve atender a etapa de desenvolvimento em que a criança se encontra e
suas necessidades emocionais, sócio-culturais, físicas e intelectuais.
• Apelo à imaginação: Deve estimular a criatividade e não limitá-la.
8. 7
• Versatilidade: O brinquedo pode ser usado de diferentes formas, explorando a
inventividade.
• Composição: As crianças gostam de saber como o brinquedo é por dentro.
• Cores e formas: O colorido, texturas e formas diferentes a estimulam sensorialmente.
• Tamanho: Deve ser compatível com sua motricidade, (quanto menor a criança, maiores
serão as peças do brinquedo).
• Durabilidade: Brinquedos muito frágeis causam frustração não somente por que se
quebram, mas também porque não dão à criança tempo suficiente para estabelecer uma
relação com eles.
• Segurança: este é um dos mais importantes itens na escolha de um brinquedo. Deve ser
feito de tinta atóxica, sem pontas e arestas, nem peças que possam se soltar.
A brincadeira é uma linguagem natural da criança, é importante que esteja presente
na escola para que o aluno possa se colocar e se expressar através de atividades lúdicas,
considerando como lúdico, brincadeiras, jogos, artes, música, expressão corporal, ou seja,
atividades que mantenham a espontaneidade das crianças. Esse brincar, ora inventado, ora
transmitido de geração em geração, permite que eles conheçam o mundo e passem a fazer
parte dele.
BERÇÁRIO FOCO SENSÓRIO
MOTOR
9. 8
PROPOSTA CURRICULAR PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL:
BERÇÁRIO
EIXOS CURRICULARES
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Explorar possibilidades de gestos e ritmos corporais;
• Explorar movimentos por reflexo e por intenção;
• Desenvolver suas capacidades expressivas;
• Coordenar as diferentes habilidades motoras arrastando-se, engatinhando, correndo,
andando;
• Conhecer e entender segmentos de seu corpo;
• Desenvolver e integrar os sentidos;
• Desenvolver a independência para se locomover;
• Vivenciar diferentes experiências motoras e posturais;
• Favorecer habilidades motoras e expressivas por meio do brincar.
B) Conteúdos
• Reconhecimento de movimentos expressivos;
• Reconhecimento progressivo de segmentos e elementos do próprio corpo;
• Conhecimento de suas próprias capacidades expressivas;
• Identificação das expressões dos outros, ampliando sua comunicação;
• Exploração de diferentes posturas corporais e habilidades motoras,
(velocidade, força, flexibilidade de movimento, percepção espacial e equilíbrio);
• Desenvolvimento de ações como agarrar, pegar, raspar, apertar, morder, chacoalhar,
bater;
• Exploração de diferentes posturas como sentar, rolar, deitar, ficar de bruços;
• Manipulação de materiais diversos aperfeiçoando habilidades de encaixar, empilhar,
abrir, fechar, preender, lançar;
MOVIMENTO
10. 9
• Desenvolvimento progressivo da capacidade de andar com desenvoltura e deslocar-
se no ambiente;
• Participação de brincadeiras e jogos envolvendo capacidades físicas, expressão de
emoções, afetos e sentimentos.
Um bebê empurrando uma bola, sacudindo um chocalho, puxando um móbile está
descobrindo propriedades físicas desses objetos, como eles interagem entre si e
com ele. O aspecto central dessas interações implica em construir conhecimentos
de como interagir com esse objeto: ao manipulá-lo ativamente, ele descobre as
regularidades no ambiente e os efeitos de suas ações sobre ele;
Principalmente no período que antecede a fala, conhecer as capacidades
expressivas de si e do outro é fundamental para a expressão de sentimentos e o
desenvolvimento da comunicação dos bebês;
Organizar o ambiente com materiais como cilindros, bolas, túneis, móbiles
possibilitam a descoberta e exploração de movimentos como arrastar, chutar,
abaixar, ficar em pé, etc.;
Modificar posições dos bebês quando sentados ou deitados, observá-los para
descobrir posições mais ou menos confortáveis, propiciam experiências posturais e
corporais variadas;
Brincadeiras ritmadas, de mímica e a imitação possibilitam a percepção rítmica, a
identificação de segmentos do corpo. Momentos de acalento, do colo, do sono,
alimentação, banho, são importantes tanto para o desenvolvimento, quanto para a
criação de vínculos afetivos, fundamentais nesta faixa etária;
Conhecer jogos, brinquedos e brincadeiras apropriados à idade e ao estágio de
desenvolvimento do bebê é condição importante no auxílio ao desenvolvimento
harmonioso da motricidade;
São consideradas como experiências prioritárias para a aprendizagem do
movimento realizada pelos bebês: uso de gestos e ritmos corporais diversos para
expressar-se; deslocamentos no espaço sem ajuda. Para que isso ocorra é
necessário que sejam oferecidas condições para que as crianças explorem suas
capacidades expressivas, aceitando com confiança desafios corporais;
Valorizar seu empenho e suas conquistas, em função de seu progresso, é
fundamental;
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
11. 10
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Discriminar diferentes fontes sonoras e produções musicais;
• Ouvir e cantar diversas músicas;
• Conhecer e valorizar as possibilidades rítmicas e expressivas do próprio corpo;
• Brincar com a música;
• Apreciar diferentes obras musicais;
• Construir um repertório que lhes permitam se comunicar por meio dos sons;
• Explorar possibilidades vocais;
• Interagir com objetos e brinquedos sonoros estabelecendo um exercício sensorial e
motor com estes materiais;
• Participar em brincadeiras e rodas cantadas favorecendo a imitação, criação vocal, e
gesto corporal.
B) Conteúdos
FAZER MUSICAL
• Exploração de movimentos corporais através da música;
• Exploração de possibilidades vocais, (balbucio);
• Exploração de gestos sonoros, (bater palmas, pés, pernas);
• Exploração e interação de diferentes materiais para reprodução, imitação e criação de
sons;
APRECIAÇÃO MUSICAL
• Participação em situações que integrem diferentes músicas e canções;
• Integração da música em diferentes atividades que envolvam brincadeiras, jogos,
ritmos corporais e rodas cantadas;
• Escuta de diferentes obras musicais;
• Participação em brincadeiras e rodas cantadas.
MÚSICA
12. 11
Dos primeiros meses ao segundo ano de vida, os bebês ampliam os modos de
expressão musical pelas conquistas vocais e corporais. Articulam um maior
número de sons, reproduzem letras simples, onomatopéias, etc., exploram gestos ,
sons, especialmente depois de conquistas de movimentos, como , marchar, andar,
pular, etc. Nesta fase, conferem importância e equivalência a quantidade
de fonte sonora, interessam-se por modos de ação e produção dos sons;
O trabalho com a música deve reunir toda e qualquer fonte sonora: brinquedos,
objetos do cotidiano e instrumentos musicais de boa qualidade. É preciso lembrar
que a voz é o primeiro instrumento e o corpo humano é fonte de produção sonora;
A escuta musical deve estar integrada de maneira intencional às atividades
cotidianas dos bebês e das crianças pequenas;
A expressão musical nesta fase é caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e
afetivo e pela exploração sensório-motora dos materiais sonoros. As crianças
integram a música às demais brincadeiras e jogos: cantam enquanto brincam,
acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam
situações sonoras diversas, conferindo “personalidade” e significados simbólicos
aos objetos sonoros ou instrumentos musicais e à sua produção musical.O brincar
permeia a relação que se estabelece com os materiais: mais do que sons, podem
representar personagens, como animais,carros, máquinas, super-heróis, etc.;
As canções de ninar tradicionais, os brinquedos cantados e rítmicos, as rodas e
cirandas, os jogos com movimentos, as brincadeiras com palmas e gestos sonoros
corporais, assim como outras produções do acervo cultural infantil, podem estar e
devem se constituir em conteúdos de trabalho. Isso pode favorecer a interação e
resposta dos bebês, seja por meio da imitação e criação vocal, do gesto corporal, ou
da exploração sensório-motora de materiais sonoros, como objetos do cotidiano,
brinquedos sonoros, instrumentos musicais de percussão como chocalho, guizo,
blocos, sinos, tambores, etc.;
O espaço no qual ocorrerão as atividades de música deve ser dotado de mobiliário
que possa ser disposto e reorganizado em função das atividades a serem
desenvolvidas;
O espaço também deve ser preparado de modo a estimular o interesse e a
participação das crianças, contando com alguns estímulos sonoros;
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
13. 12
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Explorar características, propriedades e possibilidades em manuseio de objetos;
• Expressar-se livremente por meio de diferentes suportes e ferramentas gráficas;
• Expressar-se e comunicar-se por meio de diferentes materiais plásticos;
• Expressar-se através de diferentes ritmos e movimentos;
• Interessar-se por suas produções e as do grupo;
• Cuidar do espaço físico organizando materiais;
• Observar, apreciar e identificar imagens diversas;
• Observar e apreciar obras de arte;
B) Conteúdos
FAZER ARTÍSTICO
• Exploração e manipulação de diversos materiais para reconhecimento de formas,
tamanho, textura, peso, consistência;
• Expressão através da pintura, colagem, escultura e outros;
• Exploração e reconhecimento de movimentos corporais desenvolvendo todos os
segmentos de coordenação;
• Expressão através da dança e movimentos gestuais;
APRECIAÇÃO EM ARTES VISUAIS
• Leitura de imagens diversas;
• Apreciação de obras de artes diversas;
• Cuidado com o próprio corpo e de seus colegas em atividades integradas ao eixo;
• Socialização de suas produções, dos amigos e do grupo, manifestando interesse,
apreciação e cuidado.
ARTES VISUAIS
14. 13
Nos primeiros anos de vida a criança, ocasionalmente, mantém ritmos regulares e
produz seus primeiros traços gráficos, considerados muito mais como movimentos do
que como representações. Muito antes de saber representar graficamente o mundo
visual, a criança já o reconhece e identifica nele qualidades e funções. Mais tarde,
quando controlar o gesto e passar a coordená-lo, começa a registrar formas gráficas e
plásticas mais elaboradas;
Todas as atividades artísticas devem ser contempladas pelo professor, a fim de
diversificar a ação das crianças nas experimentações de materiais, do espaço e do
próprio corpo;
As atividades em artes plásticas que envolvem os mais diferentes tipos de materiais
indicam às crianças as possibilidades de transformação, de re-utilização e de
construção de novos elementos, formas, texturas, etc. A relação que a criança
pequena estabelece com os diferentes materiais se dá, no início, por meio da
exploração sensorial e da sua utilização em diversas brincadeiras;
Atividades de manuseio de materiais devem ser bem planejadas e delimitadas no
tempo, pois o interesse das crianças desta faixa etária é de curta duração, e o prazer
da atividade advém exatamente da ação exploratória;
O trabalho com estruturas tridimensionais podem ser desenvolvidos por meio da
colagem, montagem e justaposição de sucatas, previamente selecionadas. É preciso
oferecer sucatas que possam ser empilhadas, encaixadas, justapostas,etc.;
Quando se trata de atividades de desenho ou pintura, o professor deve oferecer
suportes variados e diferentes tamanhos para serem utilizados individualmente ou em
pequenos grupos, favorecendo um trabalho de exploração da dimensão espacial, tão
necessária as crianças desta faixa etária;
Ao trabalhar com a leitura de imagens, é importante elaborar perguntas que instiguem
a observação, a descoberta e o interesse das crianças;
A organização do tempo deve respeitar as possibilidades das crianças relativas ao
ritmo e interesse pelo trabalho, ao tempo de concentração bem como ao prazer na
realização das atividades.
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
15. 14
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Expressar-se em situações que envolvam a comunicação oral comunicando o que
sentem, desejam ou necessitam;
• Utilizar a fala de forma cada vez mais competente em diferentes contextos;
• Ampliar seu vocabulário;
• Perceber aspectos sonoros da fala como rimas e ritmos;
• Participar de situações em que se faz necessário o uso da leitura;
• Interessar-se pela leitura de histórias;
• Escolher livros para ler;
• Participar de situações em que se faz necessário o uso da escrita;
• Manusear materiais gráficos;
• Demonstrar interesse e curiosidade pela linguagem escrita;
• Identificar seu nome, de seus colegas, de imagens e objetos (pseudoleitura).
B) Conteúdos
• Relato de experiências;
• Comunicação por meio de gestos, sinais e linguagem corporal por meio de músicas,
parlendas, trava-línguas, etc.;
• Participação em situações em que se faz necessário o uso da leitura;
• Participação de diálogo com adulto e crianças em situações cotidianas;
• Participação em brincadeiras e faz de contas;
• Manuseio de diferentes tipos de textos: livros, revistas, gibis, etc.;
• Participação em situações cotidianas nas quais se faz necessário o uso da escrita;
• Observação e manuseio de materiais escritos, (lápis, papel, jornal, gibi, revista);
• Participação de produção de textos coletivos;
• Utilização de rabiscos, garatujas como representação gráfica;
• Identificação de seu nome, de seus colegas, de imagens e objetos.
LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
16. 15
O choro é o primeiro som que a criança expressa. Ele usualmente provoca uma
reação nas pessoas que a cerca, as quais respondem a ele conforme a interpretação
que lhe dão;
Deve-se estabelecer um diálogo imaginário com os bebês, falando com ele, como se
estivesse respondendo e participando ativamente da conversa. Nesse diálogo, a
criança vai sendo constituída como falante. Pouco a pouco, imitando e sendo imitada
pelo adulto, ela vai assumindo um papel mais ativo no diálogo. Começa a falar por si.
Inicialmente, apenas palavras a que se referem a uma ação ou situação inteira;
Nessa etapa, o educador tem um papel fundamental, dá significado aos sons das
crianças, organiza oportunidades para elas expressarem seus desejos, suas
necessidades, e suas idéias sobre o funcionamento das coisas e também das
relações pessoais. Para isso, é importante que exista uma relação afetiva entre o
educador e o aluno. Ele deve estar sempre atento ao jeito de cada criança se
expressar e buscar compreender o mundo dela;
A aprendizagem da fala se dá por meio das interações que a criança estabelece
desde que nasce. As diversas situações cotidianas nas quais os adultos falam com a
criança ou perto dela, configuram uma situação rica que permite conhecer e apropriar-
se do universo discursivo e dos diversos contextos nos quais a linguagem oral é
produzida;
É importante que o professor converse com os bebês e crianças, ajudando-os a se
expressarem, apresentando-lhes diversas formas de comunicar o que desejam,
sentem e necessitam;
O canto, a música e a escuta de histórias também propiciam o desenvolvimento da
oralidade;
A leitura pelo professor de textos escritos, em voz alta, em situações que permitem a
atenção e escuta das crianças fornecem a elas um repertório rico em oralidade e em
sua relação com a escrita;
Ouvir atentamente o que a criança diz para ter certeza de que entendeu o que ela
falou, podendo checar com ela, por meio de perguntas ou repetições, ajudará na
construção conjunta das falas, tornando-as mais completas e complexas;
O professor tem importante papel de “evocador” de lembranças. Objetos e figuras
podem ser desencadeadores das lembranças das crianças e seu uso pode ajudar a
enriquecer a narrativa delas;
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
17. 16
Uma parceria com os adultos, baseada na criação de um clima de confiança, respeito
e afeto, é fundamental para o desenvolvimento das crianças que experimentam o
prazer e a necessidade de se comunicar;
O acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos de materiais escritos, é
importante, pois, possibilita às crianças o contato com práticas mediadas pela escrita.
Comunicar práticas de leitura permite colocar as crianças no papel de “leitoras”;
Poesias, parlendas, trava-línguas, memorizados e repetidos, possibilitam às crianças
atentarem aos aspectos sonoros da linguagem, como ritmos e rimas, além das
questões culturais e afetivas envolvidas;
Para favorecer a leitura algumas condições devem ser consideradas como, dispor um
acervo em sala, organizar momentos de leitura, possibilitar às crianças a escolha de
leituras e o contato com diversos gêneros literários, possibilitar o empréstimo de
livros;
Crianças aprendem a escrever produzindo oralmente textos com destino escrito.
Nessas situações o professor é o escriba. A criança também aprende a escrever,
fazendo da forma como sabe, escrevendo de próprio punho. Em ambos os casos, é
necessário ter acesso à diversidade de textos escritos, testemunhar a utilização que
se faz da escrita em diferentes circunstâncias, considerando as condições nas quais é
produzida: para que, para quem, onde e como;
O trabalho com textos, produzidos oralmente pela criança, deve se constituir em uma
prática cotidiana onde, escrever tem sentido, trabalhando o uso social da escrita.
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Explorar o ambiente estabelecendo relações pessoais;
• Manifestar interesse e curiosidade pelo mundo que a cerca;
• Perceber a existência de objetos, seres, formas, cores, sons e odores;
• Movimentar-se no espaço e manipular objetos;
• Expressar e comunicar seus desejos e emoções;
• Interagir com adultos e crianças de diferentes idades;
• Reconhecer objetos do ambiente, seu uso e função;
• Interagir com pessoas as quais vive estabelecendo vínculos afetivos;
NATUREZA E SOCIEDADE
18. 17
• Identificar membros da família e outras pessoas com as quais convive;
• Estabelecer contato com pequenos animais e plantas;
• Ampliar o conhecimento de sua cultura, sua comunidade e outros;
• Desenvolver noções relacionadas às propriedades dos diferentes objetos e suas
possibilidades de transformação;
• Observar e explorar o meio em que vivem, a natureza ao redor;
• Desenvolver hábitos de organização para preservação do meio ambiente;
• Valorizar a natureza e seus elementos;
• Conhecer fenômenos da natureza;
B) Conteúdos
Construção de hipóteses e explicações individuais para diferentes acontecimentos;
Comunicação ao outro sobre seus sentimentos, desejos e conhecimentos;
Percepção de processos de transformação, como nas experiências com plantas,
animais ou materiais;
Comunicação sobre o meio que observam e vivem.
ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS E SEU MODO DE SER, VIVER E TRABALHAR
Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que
digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outras;
OS LUGARES E SUAS PAISAGENS
Percepção dos elementos que compõem a paisagem do lugar onde vive;
OBJETOS E PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO
Exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de
causa e efeito;
SERES VIVOS
Contato com pequenos animais e plantas;
Conhecimento do próprio corpo por meio do uso e exploração de suas habilidades
físicas, motoras e perceptivas;
FENÔMENOS DA NATUREZA
Observação direta e/ou indireta da natureza e sua relação com o homem.
19. 18
Quanto menores forem as crianças, mais suas representações e noções sobre o
mundo estão associadas aos objetos concretos da realidade conhecida,
observada, sentida e vivenciada;
O crescente domínio e uso da linguagem, assim como a capacidade de interação,
possibilitam, que seu contato com o mundo se amplie, sendo, cada vez mais
mediador a representações e os significados construídos culturalmente;
Cuidar de plantas, participar de seu processo de preparação e plantio, propiciam
às crianças acompanhar suas transformações e participar dos cuidados que
exigem;
O contato com pequenos animais, pode ser proporcionado por meio de atividades
que envolvam a observação, a troca de idéias, o cuidado e a criação com a ajuda
do adulto;
O brincar de faz-de-conta favorece o trabalho dentro do eixo, pois possibilita que
as crianças reflitam sobre o mundo. Ao brincar, as crianças podem reconstruir
elementos do mundo que as cerca com novos significados, tecer novas relações,
desvincular-se dos significados imediatamente perceptíveis e materiais para
atribuir-lhes novas significações, imprimir-lhes suas idéias e os conhecimentos
que têm sobre si mesmo, sobre as outras pessoas, sobre o mundo adulto, sobre
os lugares distantes e/ou conhecidos;
Brincadeiras, músicas, histórias, jogos e danças tradicionais favorecem a
ampliação e a valorização da cultura de seu grupo e de outros;
A observação e a exploração do meio constituem-se duas das principais
possibilidades de aprendizagem das crianças desta faixa etária. É dessa forma
que poderão, gradualmente, construir as primeiras noções a respeito das pessoas,
do seu grupo social e das relações humanas;
Para desenvolver noções relacionadas às propriedades dos diferentes objetos e
suas possibilidades de transformação, é necessário que as crianças possam,
desde pequenas, brincar com eles, explorá-los e utilizá-los de diversas formas. O
professor pode colocar diversos materiais e objetos que produzam sons, como,
chocalhos de vários tipos, tambores, sinos, etc.; brinquedos, livros, almofadas;
materiais que permitam construção, que possam ser justapostos, empilhados.
Atividades como, receitas culinárias, massas caseiras, tintas e outras misturas,
são atividades que permitem observar e lidar com transformações decorrentes de
misturas;
Ações pertinentes ao cotidiano oferecem condições para que as crianças possam
construir uma percepção integrada do próprio corpo. A aprendizagem dos nomes
de partes do corpo e de algumas funções também deve ser feita de forma
contextualizada, por meio de situações reais e cotidianas.
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
20. 19
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Situar-se e localizar se espacialmente;
• Recitar, ao seu modo, a seqüência numérica em situações cotidianas;
• Participar de situações de seriação;
• Participar de situações de classificação;
• Participar de situações de escrita numérica;
• Construir gradativamente conceitos matemáticos dentro de diferentes contextos;
B) Conteúdos
• Identificação de pontos de referência para situar-se e deslocar-se no espaço;
• Utilização da contagem oral em jogos, brincadeiras e músicas;
• Participação em contagens de rotina, comunicação de quantidades, utilizando a
linguagem oral;
• Manipulação e exploração de objetos e brinquedos construindo noções básicas de
forma, tamanho, textura, peso, grandeza, consistência, etc.;
• Estabelecimento de comparações, semelhanças e diferenças;
• Reconhecimento de características de objetos, agrupando-os de acordo com suas
características;
• Registro e leitura de números nos diferentes contextos em que se apresentam;
• Resolução de situações problemas utilizando jogos, brincadeiras e materiais diversos;
• Familiarização com elementos espaciais e numéricos;
• Aproximação com a seqüência numérica oral por meio de cantigas, rimas, contagens
de rotina;
MATEMÁTICA
21. 20
• O trabalho neste eixo deve partir de práticas para propor situações-problemas em que
a criança possa ampliar, aprofundar e construir novos sentidos para seus
conhecimentos;
• Situações cotidianas oferecem oportunidades privilegiadas para o trabalho com a
especificidade das idéias matemáticas como, recitar sequência numérica, comparar
quantidades entre notações numéricas, localizar-se espacialmente;
• Modificações no espaço, a construção de diferentes circuitos de obstáculos com
cadeiras, mesas, pneus onde as crianças possam engatinhar ou andar- subindo,
descendo, passando por dentro, por baixo, por cima, permitem a construção gradativa
de conceitos, dentro de um contexto significativo, ampliando experiências;
• Brincadeiras de construir torres, pistas de carrinhos, cidades com blocos de madeira
ou encaixe, possibilitam representar o espaço em diferentes dimensões;
• Os conhecimentos numéricos das crianças decorrem do contato e da utilização
desses conhecimentos em problemas cotidianos. O faz-de-conta das crianças
enriquece essas situações, organizando-se espaços próprios com objetos e
brinquedos que contenham números, como telefone, máquina de calcular, relógio,
etc., contribui para este processo;
• A contagem deve ser realizada de forma diversificada pelas crianças, com um
significado que se modifica conforme o contexto e a compreensão que desenvolvem
sobre o número. Ao contar os objetos as crianças aprendem a distinguir o que já
contaram do que ainda não contaram e a não contar duas (ou mais vezes) o mesmo
objeto;
• A comparação de comprimentos, pesos e capacidades, a marcação de tempo e a
noção de temperatura são experimentadas desde cedo pelas crianças pequenas,
permitindo-lhes pensar, num primeiro momento, essencialmente sobre características
opostas das grandezas e objetos, como grande/pequeno, comprido/curto, longe/perto,
muito/pouco, quente/frio, etc..
A) Expectativas de Aprendizagem:
Os alunos, ao final do berçário, deverão ser capazes de:
• Brincar, estabelecendo relação afetiva com o outro;
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
IDENTIDADE E AUTONOMIA
22. 21
• Ampliar suas relações sociais e interações;
• Ampliar sua comunicação e expressão;
• Desenvolver a sociabilidade entendendo e aceitando regras de convívio social;
• Desenvolver a capacidade de atenção, imitação, memorização e imaginação;
• Participar de jogos e brincadeiras;
• Interessar-se progressivamente pelo cuidado com o próprio corpo;
• Relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus professores e com
demais profissionais da instituição;
• Demonstrar suas necessidades e interesse;
• Participação em jogos e brincadeiras;
• Apropriar-se da imagem corporal, adquirindo consciência dos limites do próprio corpo;
• Identificar-se por meio da imagem;
• Reconhecer e cuidar de seus pertences;
B) Conteúdos
• Participação e interesse em situações que envolvam a relação com o outro;
• Utilização da imitação (faz-de-conta) e a linguagem para comunicar-se e expressar-
se;
• Comunicação e expressão de seus desejos, desagrados, necessidades, preferências
e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas;
• Imitação de ações e situações vivenciadas, compreendendo acontecimentos;
• Reprodução de gestos, expressões faciais e sons produzidos pelas pessoas com as
quais convive e de animais;
• Interesse por jogos e brincadeiras e pela exploração de diferentes brinquedos;
• Realização de ações simples relacionadas à saúde e higiene;
• Identificação progressiva de algumas singularidades próprias e das pessoas com as
quais convive no seu cotidiano em situações de interação;
• Realização de pequenas ações cotidianas ao seu alcance para que adquira maior
independência;
• Exploração de objetos e materiais diversos;
• Contato físico com outras crianças e adultos;
• Reconhecimento progressivo do próprio corpo;
• Reconhecimento das diferentes sensações e ritmos que produz;
23. 22
• Participação em jogos e brincadeiras;
• Identificação de si e relação com o nome através da imagem;
• Reconhecimento de seus pertences;
O estabelecimento de um clima de segurança, confiança, afetividade, incentivo,
elogios e limites colocados de forma sincera, clara e afetiva dão o tom de qualidade
da interação entre adultos e crianças. O professor, consciente de que o vínculo é para
a criança, fonte contínua de significações, reconhece e valoriza a relação
interpessoal;
Entre o bebê e as pessoas que interagem e brincam com ele se estabelece uma forte
relação afetiva envolvendo sentimentos complexos e contraditórios como amor,
carinho, encantamento, frustração, raiva, culpa, etc.. Essas pessoas não apenas
cuidam da criança, mas também medeiam seus contatos com o mundo, atuando com
ela, organizando e interpretando para ela esse mundo;
À medida que expandem seu campo de ação, as crianças orientam-se para outras
pessoas. Embora bem pequenas, elas também demonstram forte motivação para a
interação com outras crianças. A orientação para o outro, além de lhes garantir
acesso a um grande conjunto de informações, evidencia uma característica básica do
ser humano que é a capacidade de estabelecer vínculos;
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e
autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de
gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira, faz com que
ela desenvolva sua imaginação, atenção, a imitação, a memória, a socialização.
Brincar é, assim, um espaço no qual se pode observar a coordenação das
experiências prévias das crianças e aquilo que os objetos manipulados sugerem ou
provocam no momento presente;
A oposição é um recurso fundamental no processo de construção do sujeito. A
observação das interações infantis sugere que são diversos os temas de oposição, os
quais tendem a mudar com a idade. Embora seja de difícil administração por parte do
adulto, é bom ter em vista que esses momentos desempenham um papel importante
na diferenciação do eu;
Ao mesmo tempo que enriquece as possibilidades de comunicação e expressão, a
linguagem representa um potente veículo de socialização;
É na interação social que as crianças são inseridas na linguagem, partilhando
significados e sendo significadas pelo outro;
ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
24. 23
Demarcar o espaço individual no coletivo é imprescindível para que as crianças
tenham noção de que sua inserção no grupo não anula sua individualidade;
É importante que os adultos refiram-se a cada criança pelo nome, (e não por
apelidos), bem como, assegurem-se que conheçam os nomes de todos. Para isso,
várias atividades podem ser planejadas, com destaque para brincadeiras e cantigas
em que se podem inserir os nomes dos bebês, propiciando ditos e repetidos num
contexto lúdico e afetivo;
Desde pequenos os bebês já manifestam suas preferências e são, também, capazes
de escolher. Para isso dependem diretamente da mediação do adulto que interpreta
suas expressões faciais ou choro como indícios de preferência por uma ou outra
situação. Ao buscar compreender o significado desse tipo de manifestação e atendê-
la, quando possível, o adulto está dando, de uma forma indireta, possibilidade de
escolha à criança cuja relação com o mundo ele medeia;
Nessa faixa etária, o faz-de-conta utiliza-se principalmente da imitação para
acontecer. O professor pode propiciar situações para que as crianças imitem ações
que representam diferentes pessoas, personagens ou animais, reproduzindo
ambiente;
O desenvolvimento da capacidade de se relacionar depende, entre outras coisas, de
oportunidades de interação com crianças de mesma idade ou de idades diferentes em
situações diversas. O professor deve promover atividades individuais ou em grupo,
respeitando as diferenças, estimulando a troca entre as crianças;
Para as crianças que ainda não andam sozinhas, colchões ou almofadas espalhadas
pelo chão ajudam as interações, pois, as crianças se enxergam mais facilmente,
arrastam-se em direção ao parceiro, emitem balbucios ou sorrisos;
A disposição de objetos atraentes ao alcance das crianças auxilia o estabelecimento
de interações, uma vez que servem como suporte e estímulo para o encadeamento
de ações;
O espelho é um importante instrumento para a construção da identidade. Por meio
das brincadeiras que faz em frente a ele, a criança começa a reconhecer sua imagem
e as características físicas que integram a sua pessoa;
Junto aos bebês, a intervenção educativa deve satisfazer suas necessidades de
higiene, alimentação e descanso. À medida em que vão crescendo, o professor pode
incentivá-los a participar ativamente dessas atividades de atendimento das
necessidades. O professor favorece a independência quando estimula a criança,
exigindo dela com afeto e convicção daquilo que ela tem condição de fazer;
Com relação à alimentação, o adulto pode propiciar experiências que possibilitem a
aquisição de novas competências em relação ao ato de alimentar-se;
No momento em que é incluído na rotina, o banho, precisa ser planejado, preparado e
realizado como um procedimento que tanto promove o bem-estar quanto um
momento no qual a criança experimenta sensações, entra em contato com a água e
com objetos, interage com o adulto e com outras crianças;
25. 24
É necessário organizar o tempo de espera para o banho, oferecendo materiais, jogos,
e brincadeiras em um espaço planejado;
Um ambiente tranquilo e seguro, com pessoas e objetos conhecidos, particularmente
aqueles que tem um significado especial para a criança, (paninho, chupeta,etc.).
Embalos e canções de ninar acalmam e induzem ao sono. Geralmente as crianças
chegam às instituições muito apegadas a estes objetos e, com o novo ambiente a
tendência é que esse apego se reforce devido ao sentimento de insegurança, ao
estabelecer vínculos afetivos com as pessoas com as quais convive, gradativamente
vão se desligando dos mesmos.
ATIVIDADES PERMANENTES
As definições e especificidades de cada uma das modalidades organizativas são bem
claras. As atividades permanentes (também chamadas de atividades habituais) devem ser
realizadas regularmente. Normalmente, não estão ligadas a um projeto e, por isso, têm certa
autonomia. As atividades servem para familiarizar os bebês com determinados conteúdos e
construir hábitos. Por exemplo: a leitura diária em voz alta faz com que aprendam mais sobre
a linguagem e desenvolvam comportamentos leitores. Ao planejar esse tipo de tarefa, é
essencial saber o que se quer alcançar, que materiais usar e quanto tempo tudo vai durar.
Vale sempre contar para as crianças que a atividade em questão será recorrente ao longo do
semestre ou mesmo do ano todo. No trabalho com o berçário, além da leitura diária,
podemos citar as seguintes atividades permanentes: rodas de conversa, hora da história,
escuta de músicas, o brincar.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Já a sequência didática é um conjunto de propostas com ordem crescente de
dificuldade. Cada passo permite que o próximo seja realizado. Os objetivos são focar
conteúdos mais específicos, com começo, meio e fim (por exemplo: acolhimento dos bebês).
Em sua organização, é preciso prever esse tempo e como distribuir as sequências em meio
às atividades permanentes e aos projetos. É comum confundir essa modalidade com o que é
MODALIDADES ORGANIZATIVAS
26. 25
feito no dia a dia. A questão é: há continuidade? Se a resposta for não, você está usando
uma coleção de atividades com a cara de sequência.
PROJETO DIDÁTICO
Por fim, temos o projeto didático, modalidade que muitas vezes se confunde com os
projetos institucionais (que envolvem a escola toda). Suas principais características são a
existência de um produto final e objetivos mais abrangentes. Os erros mais comuns em sua
execução são certo descaso pelo processo de aprendizagem, com um excessivo cuidado em
relação à chamada culminância.
ROTINA ESCOLAR
A rotina escolar é a realização do planejamento. É através dela que se põe em prática
o previsto. A rotina orienta a ação da criança, assegurada a ela o dia-a-dia, possibilitando
que perceba e se situe na relação tempo-espaço, permitindo modificações, sem
necessariamente cair na mesmice, no repetir sempre o mesmo. Para o educador a rotina
escolar é uma seqüência de atividades que orienta suas ações e dos bebês, organizando o
tempo, favorecendo a previsão de situações que possam vir a acontecer. As atividades de
rotina são aquelas que devem ser realizadas diariamente, oportunizando aos bebês o
desenvolvimento e a manutenção de hábitos indispensáveis caracterizando-se como
facilitadora da aprendizagem.
27. 26
ROTINA SEMANAL – BERÇÁRIOS
I - ATIVIDADES PERMANENTES DIÁRIAS
• RECEPÇÃO E ACOLHIDA;
• RODA DE CONVERSA;
• HORA DA HISTÓRIA, (Leitura feita pelo professor);
• ESCUTA DE MÚSICAS;
• BRINCAR/ MOVIMENTO;
• BANHO, SONO, HIGIENE, REFEIÇÕES, CUIDADO E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO;
• AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DIÁRIAS IMPLEMENTADAS.
II- ATIVIDADES SEMANAIS
Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira
ARTES
VISUAIS
LINGUAGEM
ORAL E
ESCRITA
ARTES
VISUAIS
LINGUAGEM
ORAL E ESCRITA
ARTES
VISUAIS
MOVIMENTO NATUREZA E
SOCIEDADE
MOVIMENTO NATUREZA E
SOCIEDADE MATEMÁTICA
IDENTIDADE E
AUTONOMIA
MÚSICA MATEMÁTICA
IDENTIDADE E
AUTONOMIA
MÚSICA
28. 27
No processo de construção do conhecimento, as crianças utilizam diferentes
linguagens e exercem a capacidade que possuem de ter idéias e hipóteses originais sobre
aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva, as crianças constroem o conhecimento a
partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem.
O conhecimento não se constitui cópia da realidade, mas é fruto de um intenso trabalho de
criação, significação e “re-significação”. Deste modo, é de fundamental importância que o
educador acompanhe o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Para isto, deve
realizar um diagnóstico dos saberes e utilizar-se de indicadores para avaliar o processo
contínuo de aprendizagem dos alunos, registrando seus avanços, através de observação
diária em suas atividades e brincadeiras.
O planejamento da ação educativa é realizado a partir das necessidades de
atendimento a cada uma das crianças, articulando-se da mesma forma os componentes
curriculares. O trabalho do educador será o de permanecer atento a cada um e ao grupo
como um todo, no sentido de acolher os bebês, em termos afetivos, proporcionando-lhes
aprendizagem, cuidados e atenção num espaço rico de materiais e possibilidades de
exploração. Através de uma exploração ativa dos objetos do mundo físico, no estágio
sensório-motor, os bebês desenvolvem noções de objetos, de espaço, de tempo, de
causalidade, que constituem estruturas primárias e secundárias na construção de sua
inteligência. A partir dessa experiência, mediada pelos adultos e outras crianças com os
quais convivem, constroem significados e desenvolvem sua linguagem. As relações afetivas
que vivem nesse período serão também determinantes para o seu desenvolvimento moral.
Daí serem indissociáveis reflexões sobre propostas pedagógicas e avaliação, porque
uma ação avaliativa mediadora só poderá acontecer a partir da compreensão do professor
de todas essas possibilidades inerentes ao desenvolvimento de uma simples atividade com
os bebês. A compreensão das áreas a serem trabalhadas e das expectativas a serem
alcançadas, através das atividades e projetos, amplia o olhar do educador sobre a ação da
criança e fundamenta os desafios a lhe serem feitos, sob a forma de novas perguntas,
materiais, situações de aprendizagem. O espaço pedagógico é dessa forma, um espaço
AVALIAÇÃO
29. 28
construído reflexivamente pelo professor, por suas premissas teóricas e na relação com as
crianças.
A ação avaliativa implica em projetar o futuro a partir do cotidiano, em delinear a
continuidade da ação pedagógica, respeitando o bebê em seu desenvolvimento, em sua
espontaneidade na descoberta de mundo e oferecendo-lhe um ambiente de afeto e
segurança para suas tentativas.
A OBSERVAÇÃO constitui no principal instrumento do educador no apoio a
sua prática. Por meio dela o professor pode registrar os processos de aprendizagens da
criança, a qualidade das interações estabelecidas com outras crianças e com os adultos e
acompanhar os processos de desenvolvimento obtendo informações sobre as experiências
das crianças na instituição. O registro das observações realizadas é fundamental no exame
de melhores caminhos para orientar as aprendizagens das crianças. Auxilia ainda na partilha
com os pais do olhar a cerca de seus filhos. Conforme as observações vão sendo feitas e
registradas é possível avaliar o trabalho realizado e refletir sobre o andamento do mesmo.
Os RELATÓRIOS DIÁRIOS devem ser uma prática que tem por finalidade contribuir
para o professor reorganizar o seu saber didático, reunindo dados e reflexões sobre os
bebês e sobre as ações educativas desenvolvidas, diariamente, que lhe ajudem a repensar e
replanejar sua ação docente. Através da prática de relatórios diários e/ou gerais, o professor
tem a oportunidade de tomar consciência de onde partiu, o que construiu na sua trajetória em
termos de processos didáticos, podendo então fazer e refazer caminhos a partir de uma
atitude investigativa frente à sua ação pedagógica. No “Diário de Bordo” o professor
constrói uma narrativa e uma reflexão do trabalho em sala de aula.
O PORTFÓLIO é um procedimento de avaliação que permite aos
alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem. Ele pode ser realizado
de várias possibilidades; uma delas é a sua construção pelo aluno ou então coletivamente.
Nesse caso, o portfólio é uma coleção de suas produções, as quais apresentam as
evidências de sua aprendizagem que possam acompanhar o progresso individualmente ou
coletivamente.
Marília, fevereiro de 2011.
Equipe Pedagógica de Educação Básica
30. 29
ABRAMOWICZ, Anete- Educação Infantil: Creches: Atividades para crianças de 0a 6 anos/
Anete Abramowicz, Gisela Wajskop.- 2ª Ed.- São Paulo: Moderna,1999.
ARCE, Alessandra - Ensinando aos pequenos de 0 a 3 anos/ Alessandra Arce, Lígia N.
Martins e organizadores.-Campinas, SP.Ed. Alínea,2009.
BONDIOLI, Anna. Manual de Educação Infantil: de 0 a 3 anos/ ma abordagem reflexiva/
Anna Bondioli e Susanna Mantovani; trad. Rosana Severino Di Leone e Alba Olmi – 9ª Ed.-
Porto Alegre
BRASIL.Ministério da educação e do Desporto.Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do
Desporto.Volume 1: Introdução; Volume 2: Formação Pessoal e Social e Volume 3:
conhecimento de Mundo.Brasília:MEC/SEF, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, 30ª Ed.
São Paulo: Paz e Terra, 2004.
GODOI, Elisandra Girardelli. Avaliação na Educação Infantil: um encontro com a realidade-
Porto Alegre: Mediação, 2004.
HOFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação na Pré-Escola: Um olhar sensível e reflexivo
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JACOB, S.H.,-Estimulando a mente do bebê/S.H. Jacob; trad. Norberto de Paula Lima.- 6ª
Ed.- São Paulo: Madras, 2007.
KLECHEVSKY, Mara - Avaliação em Educação Infantil/ Mara Klechevsky; trad. Maria
Adriana Veríssimo Veroneze.- Porto Alegre: Artmed, 2001.
SHORES, Elizabeth F. Manual de Portfólio: um guia passo a passo para professores/
Elizabeth F. Shores e Cathy Grace; trad. Ronaldo Cataldo Costa. – Porto Alegre: Artmed,
2001.
UNICEF- Trocando em Miúdos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil.- Texto: Ana Maria Galvão Castro e Teresa Cristina Lemos Marinho.Realização
CECIP
VILLAS BOAS, Benigna Maria de Freitas. Portfólio, Avaliação e Trabalho Pedagógico/
Benigna Maria de Freitas Villas Boas. – Campinas, SP: Papirus, 2004.-(Coleção Magistério:
Formação e Trabalho Pedagógico).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS