O documento discute o desenvolvimento cognitivo, moral e da personalidade na adolescência de acordo com Piaget, Kohlberg e Erikson. Aborda os estágios cognitivos de Piaget, os estágios morais de Kohlberg e os processos de construção da identidade e autoconceito de acordo com Erikson.
2. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
PIAGET
• Período Sensório-motor (0 a 2 anos) No recém nascido as
funções mentais limitam-se ao exercício dos aparelhos reflexos
inatos. O universo que circunda a criança é conquistado
mediante a percepção e os movimentos (sucção, movimento dos
olhos, por exemplo). Não há ainda o que conhecemos como
elaboração mental.
• Período pré-operatório: (2 a 6 anos) aparecimento da função
simbólica ou semiótica, ou seja, a emergência da linguagem.
Nessa concepção, a inteligência é anterior à emergência da
linguagem. Para Piaget, a linguagem é uma condição necessária
mas não suficiente ao desenvolvimento cognitivo. A linguagem
representa um avanço na esfera simbólica da inteligência
humana, expressa pelo uso simbólico da palavra.
3. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
PIAGET
• Período Operatório Concreto: (7 a 11, 12 anos) emergência
da capacidade da criança de estabelecer relações e coordenar
pontos de vista diferentes e de integrá-los de modo lógico e
coerente. Aparecimento da capacidade de interiorizar as ações,
ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não
mais apenas através de ações físicas.
• Embora a criança seja capaz de um certo pensamento abstrato,
é na adolescência que estas abstrações adquirem a forma de
hipótese, pois agora se utiliza de uma estratégia que consiste
em formular todo um conjunto de explicações possíveis para,
posteriormente, submetê-las à prova por meio da confirmação
concreta.
4. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
PIAGET
• Período das Operações Formais: (13 anos em diante) ampliando
as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue
raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar
esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações
mentais dentro de princípios da lógica formal.
• Adquire capacidade de criticar e questionar os sistemas sociais e
propor novos códigos de conduta: discute valores morais de seus
pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia).
Estas novas habilidades cognitivas também são fundamentais para
que o adolescente compreenda alguns conceitos científicos mais
abstratos, presentes nas disciplinas do ensino médio e superior.
5. A CONCEPÇÃO PIAGETIANA DAS
OPERAÇÕES FORMAIS
• A importância deste estágio do desenvolvimento cognitivo
reside no fato de ser o estágio final da seqüência do
desenvolvimento cognitivo.
• Se durante a infância a criança pensa sobre os elementos de
um problema tal como lhe foi apresentado, na adolescência
se adquire a capacidade de prever outras relações causais
possíveis entre seus elementos. Diferentemente da etapa
anterior, agora é o real que está subordinado ao possível.
• Por este motivo, de acordo com a perspectiva Piagetiana,
iniciam as contestações de regras e tradições familiares.
6. DESENVOLVIMENTO MORAL
• A teoria do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kolhberg
descreve um ciclo evolutivo sobre o desenvolvimento da Moral.
Por moral, entende-se uma série de conceitos abstratos que
fornecem ao sujeito orientações relacionadas a dilemas do
cotidiano que envolvem algum tipo de julgamento (“certo” e
“errado”, “Justo” e “não justo”).
• A esposa de Heinz estava prestes a morrer. O farmacêutico
estava cobranco R$2.000,00 pelo remédio, custo é R$200,00.
Heinz pediu ajuda a toda sua família mas só conseguiu metade
do valor. O farmacêutico não aceitou a oferta e, durante a noite,
Heinz invadiu a farmácia e roubou a farmácia.
7. • Moralidade pré-convencional (a partir dos 2 anos): Aqui as
crianças agem de acordo com os controles externos. Elas
obedecem as regras para evitarem punições ou para receberem
recompensas (fonte de autoridade). Em função do
egocentrismo marcante desse momento do desenvolvimento,
as crianças tendem a desconsiderar as necessidades do outro.
• Crianças nesse período responderia ao dilema afirmando que
ele não pode fazer isso, e que agora deverá ser preso.
DESENVOLVIMENTO MORAL
8. DESENVOLVIMENTO MORAL
• Moralidade Convencional (a partir dos 10 anos): Aqui, as
crianças internalizam e reproduzem as regras sociais com a
intenção de agradar aos outros e manter a ordem social. As
normais morais asseguram a convivência.
• As crianças nesse estágio responderiam ao dilema com um
discurso um tanto confuso, afirmando que foi errado mas que
para ele era importante, ou que ele está certo em roubar mas
precisa pagar por isso.
9. DESENVOLVIMENTO MORAL
• Moralidade Pós-Convencional (a partir dos 12 anos):
Muitas pessoas não atingem esse nível de desenvolvimento
moral. Aqui, o sujeito reconhece conflitos entre padrões
morais, e já é capaz de reconhecer a relatividade das leis,
normas e princípios. Os comportamentos serão julgados pelos
direitos humanos universais que estão acima das normas
sociais.
• O Adolescente neste estágio teria um discurso que envolve a
valorização da vida, a relatividade do crime, como: Ele está
certo em roubar porque a vida é um bem supremo na nossa
sociedade, de modo que não deve ser condenado por isso.
10. PERSONALIDADE E AUTOCONCEITO
• Mudanças físicas e psíquicas na adolescência irá repercutir
sobre o autoconceito do sujeito. Nova imagem, novo corpo. A
aparência aos poucos será substituída por características
atribuídas a seu sistema de crenças, a sua filosofia de vida e
perspectivas de futuro. Maior capacidade de abstração para o
pensamento formal e introspecção (pensamentos, sentimentos,
aspirações, desejos = definição pelo interior picológico).
• Importância das relações sociais como referência (“eu gosto
de gente sincera”). Desenvolvimento de novos papéis,
autoconceito múltiplo. “Falso eu”: tantas contradições,
corresponder às expectativas do outro. Visão fragmentada e
incoerente de si, insegurança.
11. PERSONALIDADE E AUTO-ESTIMA
• Auto-estima: aspectos valorativos e afetivos ligados ao
autoconceito (+ ou –). Novas dimensões: relações afetivo-
sexuais, orientação profissional ou atração física. (capacidades
intelectual x físico).
• Diferenças em função do gênero: meninas (atração física e
habilidades interpessoais); meninos (habilidades esportivas e
sentimento de eficácia). Importância da popularidade entre
iguais. Família: importante influência, percepção opositiva,
relação afetiva, controle democrático.
• Vulnerabilidades: doença crônica, deficiência, etnia, mudanças
físicas, mudanças escolares, início das relações sexuais.
12. A BUSCA PELA IDENTIDADE
• O avanço nas operações cognitivas que acontecem durante a
adolescência, viabilizam a construção de um conceito super
elaborado: O conceito de “Eu”.
• Erik Erikson desenvolveu uma teoria sobre esse processo de
construção do Eu, que chamou de “Identidade”.
• Para Erikson, os esforços para desenvolver um conceito de
“Eu” fazem parte do desenvolvimento saudável humano, sendo
um esforço necessário durante toda a vida. A identidade se
formaria à medida que o adolescente resolve três questões
principais:
13. A BUSCA PELA IDENTIDADE
1) ESCOLHA DE UMA OCUPAÇÃO.
2) ADOÇÃO DE VALORES.
3) DESENVOLVIMENTO DE UMA IDENTIDADE SEXUAL SATISFATÓRIA.
• Estes três processos acontecem na interação do indivíduo com
seu contexto social, de modo que são um produto de:
necessidades biológicas, sociais e culturais. E ocupação,
valores e identidade sexual.
14. A BUSCA PELA IDENTIDADE
• James E. Marcia estabeleceu 4 estados do desenvolvimento da
identidade, baseado na teoria de Erikson. Estes estados não
devem ser confundidos com estágios, e se baseiam em dois
conceitos centrais:
• Crise: Seria um período de tomada de decisão consciente.
• Compromisso: Seria um investimento pessoal em uma
ocupação ou ideologia.
15. A BUSCA PELA IDENTIDADE
• Identidade Difusa: Aqui, não existe um envolvimento com o
processo decisório, expresso por uma tendência de esquivar-se
da crise. Também não existem pressões e expectativas externas
para a tomada de decisão (ausência de crise e
comprometimento). Geralmente, há uma fantasia de que as
coisas se resolverão por si só.
• “Não penso muito em religião, tanto faz”.
• “Ainda não escolhi a carreira que quero seguir, mas enquanto
não encontro coisa melhor qualquer uma serve”.
16. A BUSCA PELA IDENTIDADE
• Identidade Hipotecada: Aqui, não observa-se um grande
investimento na tomada de decisão (não houve reflexão e
exploração), de modo que não se observa a presença da crise
(compromisso sem crise). Se prende à valores e crenças
sugeridas por outros.
• “Faz muito tempo que meus pais decidiram a carreira que
tenho que seguir, estou cumprindo os planos deles”.
17. A BUSCA PELA IDENTIDADE
• Identidade em Moratória: Neste estado, o sujeito considera uma
ampla variedade de possibilidades (busca e experimentação) e até
demonstra tendência por algumas delas, mas enfrenta dificuldade
para adotá-las (presença apenas da crise).
• “Ainda não estou seguro do que a religião significa pra mim,
ainda estou conhecendo algumas”.
• “Ainda não me decidi, muitas profissões me interessam”.
18. A BUSCA PELA IDENTIDADE
• Identidade Conquistada: Neste estado, dedica-se muito tempo
à reflexão e algum esforço emocional para as questões
importantes da vida. As escolhas são feitas com um forte
sentimento de comprometimento (crise e compromisso).
• “Pensei muito sobre minhas ideias políticas, e concordo com
algumas de pais, mas também descordo de outras”.
• “Demorei para tomar essa decisão, mas agora sei que carreira
vou seguir”.
19. A IDENTIDADE SEXUAL
• A entrada na puberdade coloca o jovem diante de mais um
dilema: adequar seus impulsos sexuais aos valores sociais
vigentes em sua cultura. Dentre as várias questões que
envolvem o desenvolvimento psicossocial da sexualidade, a
orientação sexual e/ou gênero talvez seja a que mais gera
ansiedade entre os adolescentes.
• As características da sociedade moderna como a aceitação do
sexo antes do casamento, homossexualidade, a acessibilidade
ao contato sexual casual e o surgimento de uma nova categoria
de contato sexual (o sexo virtual), abriram um leque de opção
que, facilitou a satisfação sexual e aumentou as dúvidas do
adolescentes quanto a sua sexualidade.
20. A IDENTIDADE SEXUAL
• A escolha da preferência sexual é apenas uma das etapas do
processo de construção da identidade sexual do adolescente.
Identidade Sexual: sexo, orientação sexual (objeto de desejo) e
identidade de gênero (papéis sociais).
• A identificação com os papéis desempenhados por homens e
mulheres na sociedade, irão compor uma esfera complexa da
Identidade Sexual: Identidade de Gênero.
• Embora estejam relacionadas, a identidade sexual e a
identidade de gênero podem se desenvolver de maneira
independente. Os cursos que estes processos tomam definem o
produto final da Identidade Sexual do Adolescente.