Este documento analisa como as ideias de Monteiro Lobato sobre os homens do campo brasileiro mudaram ao longo do tempo, inicialmente adotando um olhar determinista e depois higienista, influenciado pelo contexto histórico. Ele usa obras e cartas de Lobato, além de fontes históricas, para entender como o autor passou a ver os problemas de saúde pública no campo e a defender reformas de saneamento rural na década de 1910.
1. De degenerado a
medicalizado: o caso do
Jeca e a campanha do
saneamento rural
(1910-1920)
Rodolfo Alves Pereira
Mestrando – UNIVERSO, Niterói-RJ
2. Tema
• Análise do pensamento social brasileiro a partir da interpretação do
Brasil e de seu povo sob a ótica de Monteiro Lobato (1882-1948), nos
contos Uma velha praga e Urupês (1914) e nos livros Urupês e
Problema Vital (1918). A princípio, o autor adotou um olhar
determinista e, posteriormente, higienista, demonstrando o quanto o
contexto histórico influenciou a produção literária e as mudanças no
pensamento do criador do Sítio do Pica-Pau amarelo e do Jeca Tatu.
3. Questões-problema
• Como Lobato enxergava o homem do campo?
• Quais foram as influências e as ideias que contribuíram para a
elaboração de seu pensamento sobre o caboclo?
• Quando Lobato mudou de opinião acerca do homem do campo?
• Quais fatos promoveram essa mudança de ideias materializadas na
obra lobatiana?
4. Fontes históricas
• Fontes primárias ou diretas
Contos e livros de Monteiro Lobato - Contos: Uma velha praga; Urupês (1914); Jeca
Tatu: a ressureição (1924). Livros: Urupês e Problema Vital (1918).
Cartas escritas por Monteiro Lobato destinadas a Godofredo Rangel, reunidas no
livro A barca de Gleyre (1944), dentre outras correspondências, como as trocadas
entre o escritor e os médicos Belisário Penna e Arthur Neiva, além de livros e artigos
escritos pelos referidos sanitaristas.
Jornais: O Estado de S. Paulo (SP), Correio da Manhã (RJ), A Gazeta Clínica (RJ)
dentre outros.
• Fontes secundárias ou indiretas
Livros, artigos científicos, dissertações e teses escritas por historiadores, sociólogos,
cientistas políticos, antropólogos, médicos etc.
5. Metodologia
• Em nossa pesquisa, utilizamos o método de investigação histórica da
produção literária de Monteiro Lobato e das demais fontes.
• Consideramos também “os processos “hermenêuticos” de
interpretação e decodificação das fontes, e em geral a crítica externa e
interna destas, no sentido do que os historiadores tradicionais
chamavam de “estabelecimento dos fatos”. (CARDOSO, 1992, p. 108).
6. Concepções teórico-metodológicas
• Marc Bloch: O historiador não julga, antes deve procurar compreender as ações do
Homem no tempo. Isso não significa passividade frente aos fatos.
• “O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da
sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinha o poder. Só
a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-
lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa”
(LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990. p. 288).
• O problema da História: “o questionar do documento” (FOUCAULT, 1969, p. 13 apud
LE GOFF, 1990, p. 288).
• “Os documentos só revelam o verdadeiro significado quando fazem parte integrante
de uma globalidade que se apresenta como a existência do homem no tempo” (J.
Matoso, 1988).
7. Estrutura dos capítulos
• Capítulo 1: Monteiro Lobato: o intelectual e seu tempo
1.1: Monteiro Lobato: a trajetória de um industrioso “homem de letras”
1.2: Herdeiro de uma específica época psicossociocultural brasileira
1.3: Uma queixa que virou livro
• Capítulo 2: Brasil: um país para sanear
2.1: Sanitarismo e higienismo: uma nova ciência do século XIX
2.2: Sanitarismo no Brasil e as reformas urbanas (1903-1909)
2.3: Brasil: um imenso hospital
• Capítulo 3: Metamorfoses do Jeca (1914-1924)
3.1: O Jeca não é assim, está assim
3.2: O problema vital do Brasil
3.3: A ressureição do homem brasileiro: medicina, higiene e educação
8. Bibliografia
BLOCH, Marc. Apologia da história ou ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas, SP: Editora Unicamp, 1994.
LINO, M. C. Rev. Lusófona de Educação n.12 Lisboa 2008. Disponível on-line:
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-72502008000200014 > Acesso em: 20 nov. 2016.
MATTOSO, J. A escrita da história: teoria e métodos. Lisboa: Editorial Estampa, 1988.
• https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/100885/311487.pdf?sequence=1
• http://www.ufjf.br/graduacaocienciassociais/files/2010/11/JECA-TATU-Um-personagem-composto-por-quest%C3%B5es-sociais-parte-2.pdf
• http://www.dfe.uem.br/TCC/Trabalhos_2012/CAROLINA_FSOUZA.PDF
• KOSHIYAMA, Alice Mitika. Monteiro Lobato – intelectual, empresário, editor. São Paulo: EDUSP, 2006.
(https://books.google.com.br/books?id=VhNMgk4_vJwC&pg=RA1-PT31&lpg=RA1-
PT31&dq=Estou+nomeado+promotor+p%C3%BAblico+de+Areias+carta+de+lobato&source=bl&ots=KBXJQgEAU4&sig=Q74CCKNAYzmYjL3
65Tnn-D4Q5w4&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwij7vnT1t7LAhWEWpAKHfddC3oQ6AEIHDAA#v=onepage&q&f=false)
• http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141994000100017
• http://www.geografiaememoria.ig.ufu.br/downloads/Anselmo_Bray.pdf
• LOBATO, Monteiro. A barca de Gleyre. São Paulo: Brasiliense, 1961. (Obras Completas, Literatura Geral, v. 1, v. 2)