2. SÉCULO XIX: O NASCIMENTO DE DUAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Sociologia: surge na Europa do fim do
século XIX, tendo como problemática a
sociedade moderna. (SOCIEDADE)
Antropologia: surge na Europa do fim do
século XIX, tendo como problemática as
sociedades primitivas. (CULTURA)
A MODERNIDADE
E
SEU OUTRO
COLONIALISMO
E
ALTERIDADE
3. ALTERIDADE E RACISMO -O QUE SIGNIFICA SER O OUTRO
● Alteridade expressa e determina a qualidade, estado ou características do outro, ou
seja, aquilo que é diferente daquilo que vivemos;
● O Eu só pode ser entendido a partir da interação com o Outro;
● Racismo força o sujeito negro a existir como o Outro/a do sujeito branco, relações de
dominação racializam o sujeito negro como inferior;
● Branquitude como universal- negritude como exceção.
Esquema gênero-raça faz com
que mulheres negras, por não
serem brancas nem homens
ocupam uma posição difícil na
sociedade patriarcal da
supremacia branca. (Grada
Kilomba, p. 190)
De que modo pensar a alteridade, estudada
pela antropologia, e criticar o racismo dentro
e fora do pensamento científico?
4. SÉCULO XIX: AVÊNUS HOTENTOTE
Sarah Baartman era uma mulher africana, do povo khoi, de origem
Bantu. Recebeu a alcunha de Vênus (deusa romana do amor) Hotentote
(termo que os europeus davam a sua etnia, hoje considerado ofensivo),
circulando pela Europa colonialista como parte de shows de
aberrações.Um caso clássico de racismo e machismo, no momento em
que a sociedade dita moderna refletia cada vez mais sobre os povos
ditos primitivos.
A alteridade aqui era tratada de um modo em que se considerava a
branquitude, ocidental, europeia e modernizada, superior a qualquer
outro modo de vida. A negritude de Sarah emergia como marca de uma
sociedade que tratava sua diferença como algo negativo, inferior e
passível de ser dominado e violentado. A diferença de Sarah era
essencializada, ela era reduzida a sua “estranheza”. Esse processo de
marcação pode ser chamado de racialização.
5. Um exemplo: a frenologia era vista como uma
antropologia criminal. Pela suposta densidade do
cérebro, e outras característica fenotípicas, medida pelo
tamanho crânio, poderia se prever padrões criminosos.
Tenta-se explicar a diferença entre seres humanos a
partir da biologia (um dos aspectos racialização).
Século XIX: Racismo científico
6. SÉCULO XIX: EVOLUCIONISMO SOCIAL NAANTROPOLOGIA
● História da humanidade, coesa e linear, desembocando na modernidade;
● Diacrônico -- ocupa-se de investigar a história das sociedades;
● Método comparativo e antropologia de gabinete;
● Cultura no singular e etnocentrismo do “progresso”.
7. De acordo com Lewis Henry Morgan (1818-1881)...
Selvageria
Barbárie
Civilização
Morgan utilizava como critério o
desenvolvimento tecnológico das sociedades
para reconstruir uma suposta história da
humanidade.
8. O conceito de cultura na antropologia evolucionista
“[Cultura é] todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a
lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como
membro de uma sociedade” -- Edward B. Tylor (1832-1917), em 1871
● Apesar das críticas, que não são poucas, temos a unidade psíquica da
humanidade.
● Quais são as semelhanças e as diferenças da antropologia evolucionista e da
frenologia?
9. Membros da expedição ao Estreito de Torres (entre a Austrália e Nova Guiné) de 1898.
Em pé (da esquerda para a direita): Rivers, Seligman, Ray, Wilkin. Sentado: Haddon
10. O antropólogo Bronislaw Malinowski
conversa com Togugu’a, um feiticeiro
trobriandês. Ilhas Trobriand, costa
oriental da Nova Guiné. Por volta de
1915.
11. SÉCULO XX: UMA REVOLUÇÃO NAANTROPOLOGIA
● Críticas teóricas à história conjectural e etnocentrismo dos evolucionistas;
● Trabalho de campo como método;
● Foco na etnografia;
● Invenção do relativismo cultural e nova percepção da alteridade;
● Cultura na sua pluralidade.
12. Estados Unidos --particularidades das culturas
● Particularismo histórico: corrente de investigação antropológica que enfocava na
história de culturas particulares (diacrônico);
● Franz Boas (1858-1942): crítica ao racismo científico e ao evolucionismo;
● Proposta de várias antropologias (antropologia física, antropologia cultural,
antropologia linguística, etc…) e trabalho de campo coletivo;
● Culturas no plural. Cada sociedade particular tem uma história particular e,
portanto, uma cultura particular.
13. Inglaterra --as sociedades como elas são vividas
● A antropologia descobre a sociologia de Durkheim (antropologia social),
funcionalismo e estrutural-funcionalismo;
● Bronislaw Malinowski (1884-1942): funcionalista, considerado o pai do trabalho
de campo. Individualista metodológico, chama mais atenção para a agência
individual como enfoque da descrição etnográfica;
● Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955): estrutural-funcionalista, partia de um
coletivismo metodológico e procurava explicar o funcionamento de estruturas
sociais em suas etnografias. Aplicava nas sociedades tradicionais a teoria
durkheimiana;
● Ambos os antropólogos tinham uma perspectiva sincrônica.
14. França --e a volta dos universais
● Marcel Mauss (1872-1950): embora não trabalhasse diretamente no campo,
analisava as etnografias de autores como Malinowski ou Boas, chegando a
importantes teorias antropológicas. Dádiva.
Chega a metade do século XX
● Claude Lévi-Strauss (1908-2009): estruturalismo no pensamento e na ciência da
antropologia, buscou enfatizar a existência de operações simbólicas universais no
campo da atividade social. Parentesco e passagem da natureza à cultura.
15. Cultura (de novo no singular?)
● Voltamos a um sentido singular de cultura, mas ele não é o mesmo dos
evolucionistas. Não nos preocupamos aqui com a evolução e o progresso da
civilização ocidental;
● Cultura como uma esfera da ação humana que ganha autonomia com relação
à natureza -- conhecimento produzido socialmente pelas diferentes sociedades
em relações;
● A pergunta lançada pelo estruturalismo é a seguinte: que operações simbólicas
elementares (estruturais) são compartilhadas por todas as sociedades ao
passarem para o campo da cultura?
● Tensão entre particular e universal, uma reflexão sobre racismo.
16. Referências Bibliográficas e Sugestões de leitura
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos). 2006.
Livro introdutório sobre o conceito de cultura, de onde veio o texto adaptado do formulário “Você tem cultura?”. A Coleção Primeiros Passos cobre uma vasta
gama de temas e pode ser bem interessante para quem quiser se aproximar de algum assunto pela primeira vez.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó. 2019.
Livro que discute a questão do racismo cotidiano: chamando atenção para sua relação com a experiência vivida pelas pessoas consideradas “Outras” em relação
à “norma da branquitude”, e a construção do conhecimento.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001.
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes. 1981.
Livros introdutório que apresentam discussões sobre a história da antropologia e seus conceitos
ERIKSEN, Thomas Hylland; NIELSEN, Finn Silvert. História da Antropologia. Petrópolis: Vozes. 2010.
Livro de tom mais acadêmico, busca sistematizar a história da antropologia, aprofundando os temas apresentados, contextualizando com muitas outras vertentes
teóricas e metodológicas.