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● Alteridade expressa e determina a qualidade, estado ou características do outro, ou
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● O Eu só pode ser entendido a partir da interação com o Outro;
● Racismo força o sujeito negro a existir como o Outro/a do sujeito branco, relações de
dominação racializam o sujeito negro como inferior;
● Branquitude como universal- negritude como exceção.
Esquema gênero-raça faz com
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ocupam uma posição difícil na
sociedade patriarcal da
supremacia branca. (Grada
Kilomba, p. 190)
De que modo pensar a alteridade, estudada
pela antropologia, e criticar o racismo dentro
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SÉCULO XIX: AVÊNUS HOTENTOTE
Sarah Baartman era uma mulher africana, do povo khoi, de origem
Bantu. Recebeu a alcunha de Vênus (deusa romana do amor) Hotentote
(termo que os europeus davam a sua etnia, hoje considerado ofensivo),
circulando pela Europa colonialista como parte de shows de
aberrações.Um caso clássico de racismo e machismo, no momento em
que a sociedade dita moderna refletia cada vez mais sobre os povos
ditos primitivos.
A alteridade aqui era tratada de um modo em que se considerava a
branquitude, ocidental, europeia e modernizada, superior a qualquer
outro modo de vida. A negritude de Sarah emergia como marca de uma
sociedade que tratava sua diferença como algo negativo, inferior e
passível de ser dominado e violentado. A diferença de Sarah era
essencializada, ela era reduzida a sua “estranheza”. Esse processo de
marcação pode ser chamado de racialização.
Um exemplo: a frenologia era vista como uma
antropologia criminal. Pela suposta densidade do
cérebro, e outras característica fenotípicas, medida pelo
tamanho crânio, poderia se prever padrões criminosos.
Tenta-se explicar a diferença entre seres humanos a
partir da biologia (um dos aspectos racialização).
Século XIX: Racismo científico
SÉCULO XIX: EVOLUCIONISMO SOCIAL NAANTROPOLOGIA
● História da humanidade, coesa e linear, desembocando na modernidade;
● Diacrônico -- ocupa-se de investigar a história das sociedades;
● Método comparativo e antropologia de gabinete;
● Cultura no singular e etnocentrismo do “progresso”.
De acordo com Lewis Henry Morgan (1818-1881)...
Selvageria
Barbárie
Civilização
Morgan utilizava como critério o
desenvolvimento tecnológico das sociedades
para reconstruir uma suposta história da
humanidade.
O conceito de cultura na antropologia evolucionista
“[Cultura é] todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a
lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como
membro de uma sociedade” -- Edward B. Tylor (1832-1917), em 1871
● Apesar das críticas, que não são poucas, temos a unidade psíquica da
humanidade.
● Quais são as semelhanças e as diferenças da antropologia evolucionista e da
frenologia?
Membros da expedição ao Estreito de Torres (entre a Austrália e Nova Guiné) de 1898.
Em pé (da esquerda para a direita): Rivers, Seligman, Ray, Wilkin. Sentado: Haddon
O antropólogo Bronislaw Malinowski
conversa com Togugu’a, um feiticeiro
trobriandês. Ilhas Trobriand, costa
oriental da Nova Guiné. Por volta de
1915.
SÉCULO XX: UMA REVOLUÇÃO NAANTROPOLOGIA
● Críticas teóricas à história conjectural e etnocentrismo dos evolucionistas;
● Trabalho de campo como método;
● Foco na etnografia;
● Invenção do relativismo cultural e nova percepção da alteridade;
● Cultura na sua pluralidade.
Estados Unidos --particularidades das culturas
● Particularismo histórico: corrente de investigação antropológica que enfocava na
história de culturas particulares (diacrônico);
● Franz Boas (1858-1942): crítica ao racismo científico e ao evolucionismo;
● Proposta de várias antropologias (antropologia física, antropologia cultural,
antropologia linguística, etc…) e trabalho de campo coletivo;
● Culturas no plural. Cada sociedade particular tem uma história particular e,
portanto, uma cultura particular.
Inglaterra --as sociedades como elas são vividas
● A antropologia descobre a sociologia de Durkheim (antropologia social),
funcionalismo e estrutural-funcionalismo;
● Bronislaw Malinowski (1884-1942): funcionalista, considerado o pai do trabalho
de campo. Individualista metodológico, chama mais atenção para a agência
individual como enfoque da descrição etnográfica;
● Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955): estrutural-funcionalista, partia de um
coletivismo metodológico e procurava explicar o funcionamento de estruturas
sociais em suas etnografias. Aplicava nas sociedades tradicionais a teoria
durkheimiana;
● Ambos os antropólogos tinham uma perspectiva sincrônica.
França --e a volta dos universais
● Marcel Mauss (1872-1950): embora não trabalhasse diretamente no campo,
analisava as etnografias de autores como Malinowski ou Boas, chegando a
importantes teorias antropológicas. Dádiva.
Chega a metade do século XX
● Claude Lévi-Strauss (1908-2009): estruturalismo no pensamento e na ciência da
antropologia, buscou enfatizar a existência de operações simbólicas universais no
campo da atividade social. Parentesco e passagem da natureza à cultura.
Cultura (de novo no singular?)
● Voltamos a um sentido singular de cultura, mas ele não é o mesmo dos
evolucionistas. Não nos preocupamos aqui com a evolução e o progresso da
civilização ocidental;
● Cultura como uma esfera da ação humana que ganha autonomia com relação
à natureza -- conhecimento produzido socialmente pelas diferentes sociedades
em relações;
● A pergunta lançada pelo estruturalismo é a seguinte: que operações simbólicas
elementares (estruturais) são compartilhadas por todas as sociedades ao
passarem para o campo da cultura?
● Tensão entre particular e universal, uma reflexão sobre racismo.
Referências Bibliográficas e Sugestões de leitura
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos). 2006.
Livro introdutório sobre o conceito de cultura, de onde veio o texto adaptado do formulário “Você tem cultura?”. A Coleção Primeiros Passos cobre uma vasta
gama de temas e pode ser bem interessante para quem quiser se aproximar de algum assunto pela primeira vez.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó. 2019.
Livro que discute a questão do racismo cotidiano: chamando atenção para sua relação com a experiência vivida pelas pessoas consideradas “Outras” em relação
à “norma da branquitude”, e a construção do conhecimento.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001.
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes. 1981.
Livros introdutório que apresentam discussões sobre a história da antropologia e seus conceitos
ERIKSEN, Thomas Hylland; NIELSEN, Finn Silvert. História da Antropologia. Petrópolis: Vozes. 2010.
Livro de tom mais acadêmico, busca sistematizar a história da antropologia, aprofundando os temas apresentados, contextualizando com muitas outras vertentes
teóricas e metodológicas.

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  • 1. História da Antropologia: teoria, método e colonialismo
  • 2. SÉCULO XIX: O NASCIMENTO DE DUAS CIÊNCIAS SOCIAIS Sociologia: surge na Europa do fim do século XIX, tendo como problemática a sociedade moderna. (SOCIEDADE) Antropologia: surge na Europa do fim do século XIX, tendo como problemática as sociedades primitivas. (CULTURA) A MODERNIDADE E SEU OUTRO COLONIALISMO E ALTERIDADE
  • 3. ALTERIDADE E RACISMO -O QUE SIGNIFICA SER O OUTRO ● Alteridade expressa e determina a qualidade, estado ou características do outro, ou seja, aquilo que é diferente daquilo que vivemos; ● O Eu só pode ser entendido a partir da interação com o Outro; ● Racismo força o sujeito negro a existir como o Outro/a do sujeito branco, relações de dominação racializam o sujeito negro como inferior; ● Branquitude como universal- negritude como exceção. Esquema gênero-raça faz com que mulheres negras, por não serem brancas nem homens ocupam uma posição difícil na sociedade patriarcal da supremacia branca. (Grada Kilomba, p. 190) De que modo pensar a alteridade, estudada pela antropologia, e criticar o racismo dentro e fora do pensamento científico?
  • 4. SÉCULO XIX: AVÊNUS HOTENTOTE Sarah Baartman era uma mulher africana, do povo khoi, de origem Bantu. Recebeu a alcunha de Vênus (deusa romana do amor) Hotentote (termo que os europeus davam a sua etnia, hoje considerado ofensivo), circulando pela Europa colonialista como parte de shows de aberrações.Um caso clássico de racismo e machismo, no momento em que a sociedade dita moderna refletia cada vez mais sobre os povos ditos primitivos. A alteridade aqui era tratada de um modo em que se considerava a branquitude, ocidental, europeia e modernizada, superior a qualquer outro modo de vida. A negritude de Sarah emergia como marca de uma sociedade que tratava sua diferença como algo negativo, inferior e passível de ser dominado e violentado. A diferença de Sarah era essencializada, ela era reduzida a sua “estranheza”. Esse processo de marcação pode ser chamado de racialização.
  • 5. Um exemplo: a frenologia era vista como uma antropologia criminal. Pela suposta densidade do cérebro, e outras característica fenotípicas, medida pelo tamanho crânio, poderia se prever padrões criminosos. Tenta-se explicar a diferença entre seres humanos a partir da biologia (um dos aspectos racialização). Século XIX: Racismo científico
  • 6. SÉCULO XIX: EVOLUCIONISMO SOCIAL NAANTROPOLOGIA ● História da humanidade, coesa e linear, desembocando na modernidade; ● Diacrônico -- ocupa-se de investigar a história das sociedades; ● Método comparativo e antropologia de gabinete; ● Cultura no singular e etnocentrismo do “progresso”.
  • 7. De acordo com Lewis Henry Morgan (1818-1881)... Selvageria Barbárie Civilização Morgan utilizava como critério o desenvolvimento tecnológico das sociedades para reconstruir uma suposta história da humanidade.
  • 8. O conceito de cultura na antropologia evolucionista “[Cultura é] todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” -- Edward B. Tylor (1832-1917), em 1871 ● Apesar das críticas, que não são poucas, temos a unidade psíquica da humanidade. ● Quais são as semelhanças e as diferenças da antropologia evolucionista e da frenologia?
  • 9. Membros da expedição ao Estreito de Torres (entre a Austrália e Nova Guiné) de 1898. Em pé (da esquerda para a direita): Rivers, Seligman, Ray, Wilkin. Sentado: Haddon
  • 10. O antropólogo Bronislaw Malinowski conversa com Togugu’a, um feiticeiro trobriandês. Ilhas Trobriand, costa oriental da Nova Guiné. Por volta de 1915.
  • 11. SÉCULO XX: UMA REVOLUÇÃO NAANTROPOLOGIA ● Críticas teóricas à história conjectural e etnocentrismo dos evolucionistas; ● Trabalho de campo como método; ● Foco na etnografia; ● Invenção do relativismo cultural e nova percepção da alteridade; ● Cultura na sua pluralidade.
  • 12. Estados Unidos --particularidades das culturas ● Particularismo histórico: corrente de investigação antropológica que enfocava na história de culturas particulares (diacrônico); ● Franz Boas (1858-1942): crítica ao racismo científico e ao evolucionismo; ● Proposta de várias antropologias (antropologia física, antropologia cultural, antropologia linguística, etc…) e trabalho de campo coletivo; ● Culturas no plural. Cada sociedade particular tem uma história particular e, portanto, uma cultura particular.
  • 13. Inglaterra --as sociedades como elas são vividas ● A antropologia descobre a sociologia de Durkheim (antropologia social), funcionalismo e estrutural-funcionalismo; ● Bronislaw Malinowski (1884-1942): funcionalista, considerado o pai do trabalho de campo. Individualista metodológico, chama mais atenção para a agência individual como enfoque da descrição etnográfica; ● Alfred Radcliffe-Brown (1881-1955): estrutural-funcionalista, partia de um coletivismo metodológico e procurava explicar o funcionamento de estruturas sociais em suas etnografias. Aplicava nas sociedades tradicionais a teoria durkheimiana; ● Ambos os antropólogos tinham uma perspectiva sincrônica.
  • 14. França --e a volta dos universais ● Marcel Mauss (1872-1950): embora não trabalhasse diretamente no campo, analisava as etnografias de autores como Malinowski ou Boas, chegando a importantes teorias antropológicas. Dádiva. Chega a metade do século XX ● Claude Lévi-Strauss (1908-2009): estruturalismo no pensamento e na ciência da antropologia, buscou enfatizar a existência de operações simbólicas universais no campo da atividade social. Parentesco e passagem da natureza à cultura.
  • 15. Cultura (de novo no singular?) ● Voltamos a um sentido singular de cultura, mas ele não é o mesmo dos evolucionistas. Não nos preocupamos aqui com a evolução e o progresso da civilização ocidental; ● Cultura como uma esfera da ação humana que ganha autonomia com relação à natureza -- conhecimento produzido socialmente pelas diferentes sociedades em relações; ● A pergunta lançada pelo estruturalismo é a seguinte: que operações simbólicas elementares (estruturais) são compartilhadas por todas as sociedades ao passarem para o campo da cultura? ● Tensão entre particular e universal, uma reflexão sobre racismo.
  • 16. Referências Bibliográficas e Sugestões de leitura SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos). 2006. Livro introdutório sobre o conceito de cultura, de onde veio o texto adaptado do formulário “Você tem cultura?”. A Coleção Primeiros Passos cobre uma vasta gama de temas e pode ser bem interessante para quem quiser se aproximar de algum assunto pela primeira vez. KILOMBA, Grada. Memórias da plantação - Episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó. 2019. Livro que discute a questão do racismo cotidiano: chamando atenção para sua relação com a experiência vivida pelas pessoas consideradas “Outras” em relação à “norma da branquitude”, e a construção do conhecimento. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001. DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Petrópolis: Vozes. 1981. Livros introdutório que apresentam discussões sobre a história da antropologia e seus conceitos ERIKSEN, Thomas Hylland; NIELSEN, Finn Silvert. História da Antropologia. Petrópolis: Vozes. 2010. Livro de tom mais acadêmico, busca sistematizar a história da antropologia, aprofundando os temas apresentados, contextualizando com muitas outras vertentes teóricas e metodológicas.