1. Universo
dos
Heterónimos
&
Álvaro de
Campos
Margarida Rodrigues, Nº18, 12ºB
2. ‘’Vi como um danado’’
Albero Caeiro, o ‘’Mestre’’ , o
poeta do real concreto.
Toma nos sentidos a única fonte de
conhecimento do mundo real. Renuncia,
assim, todo e qualquer pensamento.
Vivendo exclusivamente de sensações.
Sente sem pensar.
De todas as sensações o ato de ver é o mais importante, por traduzir a realidade imediata.
ϕ É um verdadeiro adorador da Natureza, ela é a eterna
Nega ,então, tudo novidade das coisas, é a total expressão da verdade e da
o que é abstrato inocência .
inclusive a religião, ϕA sua visão panteísta é a quase divinização da Natureza, já
o mistério das que tal fenómeno, tão belo e espontâneo nunca poderia ser
coisas, a filosofia, a menos que divinizado .
medida do tempo , ϕA sua liberdade projeta-se na forma como faz poesia, de
o pensamento … métrica irregular, ( versilibrismo) linguagem familiar e
coloquial.
3. Pessoa diz : ‘’pus em Ricardo Reis toda a minha disciplina mental’’
A sua poesia intelectual faz a apologia da
indiferença do Homem diante do arbítrio e do poder
dos deuses, faz renascer o objectivismo helénico Inevitabilidade
Destino
implacável
reencarnando uma reexperimentação de da morte
pensamento e de estética que se distancia de
Pessoa, mas que o configura face à partilha das Fugacidade
mesmas angústias. da vida
Procura a serenidade, livre de afectos e de tudo o
que possa perturbar o seu espírito.
Há no seu pensamento, uma tensão, uma atitude de
luta contra tudo o que lhe tire o desassossego;
Próximo de Caeiro, há na sua poesia a aurea
mediocritas, o sossego do campo, o fascínio pela
natureza onde busca a felicidade relativa
Predomínio da ode Horaciana ; regularidade
métrica; uso frequente do hipérbato , do gerúndio , e
do presente do conjuntivo com valor de imperativo; Angústia
RICARDO REIS
4. Reconhecendo a fraqueza humana e a
inevitabilidade da morte, Reis procura uma
forma de viver sem o mínimo de sofrimento.
Por isso defende um esforço lúdico e
disciplinado para obter uma calma qualquer,
pratica uma filosofia de vida de inspiração
Horaciana , Greco-Romana.
Epicurismo: defesa do prazer para o caminho
da felicidade. Trata-se , porém, de um prazer sem
inquietação, em repouso e em equilíbrio com a
natureza – viver o momento presente ‘’carpe
diem’’. Este estado de serenidade só é conseguido
pela ataraxia : que evita o excesso de emoções
pela tranquilidade livre de perturbações mesmo
perante o sofrimento causado .
Estoicismo: corrente filosófica que considera ser possível encontrar a felicidade desde que
se viva em conformidade com as leis do Destino que regem o Mundo. O ideal ético é a apatia,
que se define como ausência de paixão condenando o sujeito a um estado de indiferença
perante os acontecimentos.
6. É o heterónimo que descreve a curva evolutiva mais acentuada
Forma-se em engenharia naval, por isso todos os seus poemas contêm
experiências itinerantes ;
O seu universo poético passa por três fases distintas :
Futurismo
Intimismo
Decadentismo
7. Fase decadentista
• É conhecida principalmente por um
poema, ‘’Opiário’’, motivado por uma
viagem de Campos ao oriente, a
expressão do tédio, a morbidez o
decadentismo, a sonolência provocam a
necessidade de novas sensações;
• Envolvido nesta atmosfera decadente
refugia-se no ópio , na embriaguez. Aqui
os estupefacientes surgem como escape a
monotonia e a um certo horror da vida.
Embora, nada resolvam.
8. Atmosfera de uma vida
passiva, dependente de
estupefacientes ;
Falta de objetivos na vida;
Busca de novas sensações;
O ópio como refugio;
A frustração ;
Marcado pelo
Romantismo e pelo
Simbolismo
9. ‘’Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu
sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos
modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um
excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó
máquinas! (…)
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se
exprime!
Ser completo como uma máquina! ’’
‘’Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente, ’’
10. Fase Futurista O poema ‘’ Ode Triunfal ‘’ combina a essência
& desta fase, a celebração do triunfo da máquina
e da civilização moderna, da força mecânica ;
Ode Triunfal
Para Campos a sensação é tudo. O Já neste poema, Campos dá-nos a
sensacionismo torna a sensação a realidade sensação de uma frustração radical, é
de vida e a base da arte. Quer ‘’sentir tudo de na máquina irracional que se projetam
todas as maneiras’’, em especial a os seus desejos ‘’ Ser completo como
complexidade e a dinâmica da vida moderna. uma máquina’’
Procura sentir a violência e a força de todas
as sensações. Completamente integrado no
modernismo e nas vanguardas europeias,
exalta o progresso técnico , a beleza dos A sua procura da chave do ser e
‘’maquinismos em fúria’’. da inteligência do Mundo torna-se
Há nele a vontade de ultrapassar os limites desesperante;
das prórpias sensações da energia e do A nova tecnologia das fábricas
movimento , que o leva a querer ‘’ser toda a provoca-lhe a vontade de
gente e toda a parte’’ ultrapassar os limites das
O sensacionismo inspirado em Walt sensações numa vertigem
Whitman, e no futurismo de Marinetti insaciável
11. Álvaro de Campos - O sensacionista
Alberto Caeiro- O sensacionista
Ambos são sensacionistas, mas Campos como discípulo de Caeiro substitui a
serenidade da serenidade da Natureza do ‘’Mestre’’ pela visão exaltada do Mundo
moderno.
Campos deixa-se levar pelos excessos do futurismo, evidenciados nas onomatopeias,
nas aliterações, nas frases exclamativas, nas interjeições e nas repetições.
12. Fase Intimista
‘’Campos é Pessoa mais nu deixando correr à solta a torrente de angústia que o
sufoca, fazendo o processo da sua abulia’’
TÉDIO
Incapacidade INCAPAZ DE SENTIR
Exaltação
heroica das REVOLTA
realizações
CANSAÇO
Passada uma fase de euforia, o desassossego que o toma, fá-lo desejar pela sua
própria destuição. Há aí a abulia e a experiência do tédio, da melancolia.
Tal como Pessoa, anseia por voltar a sua infância, onde foi feliz por ser
inconsciente. Verifica-se a presença do niilismo sobre si próprio ( do nada , da
falta de sentido da existência Humana) .
Abulia : deterioração mais ou menos evidente da vontade de actuar, que se
traduz na indecisão, na incapacidade para conceber ou concretizar acções e
tomar decisões.
13. O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...