Apresentação elaborada para seminário da disciplina de doutorado Materiais Didáticos e as 4 Habilidades no ensino e aprendizagem de LE, ministrada pela Profa. Dra. Marília dos Santos Lima no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Unisinos em 2014.
11oC_-_Mural_de_Portugues_4m35.pptxTrabalho do Ensino Profissional turma do 1...
Desafios e perspectivas dos estudos em letramento digital
1. WARSCHAUER, Mark. Digital literacy
studies: progress and prospects (2010).
Fátima Gonçalves
Raquel Salcedo Gomes
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada - Unisinos
Materiais Didáticos e as 4 Habilidades
Profa. Dra. Marília Lima
2. A área dos Estudos em Letramento
está preparada para os desafios
surgidos com as TICs?
Warschauer aborda tais desafios a partir de
uma perspectiva triádica:
Mudança
Poder
Aprendizagem
3. Mudança: revelando novos
letramentos
Tecnologias digitais: 4ª revolução nos meios de produção de
conhecimento, a maior e mais veloz
Visão ampliada da área de letramento
Diversos recursos semióticos
Letramentos invisíveis (Bayham, 1995)
New London Group (1996): multiplicidade e integração de
modos semióticos, aumento da interação entre línguas e dialetos
(cross-language / cross-dialect) devido à globalização
4. Kress (2003, 1998, 1999); Kress & van Leeuwen
(1996, 2001): língua e som são governados por
sequência e temporalidade, enquanto imagens são
governadas por espaço, disposição e simultaneidade
A combinação dos modos semióticos resulta em
transformação, transdução e sinestesia
Modos semióticos diversos
5. Modos semióticos diversos
Hull, Hull & Nelson (2005), Nelson (2006), Hull &
Katz (2006)- análise de narrativas digitais:
o significado dos modos semióticos juntos os transcende, em
vez de meramente combiná-los
resemiotização através da repetição, consciência da
topologia linguística
ampliação da autoralidade
exploração de novas formas de identidade e agenciamento
6. Interação entre línguas
Emergência de hibridismos culturais e linguísticos com
novas formas de interação online combinadas à emigração,
diáspora e comunicação global
Exemplos: imigrantes chineses aos EUA, jovens
profissionais egípcios no Cairo - interação entre suas
línguas-mães e o inglês
Experiências de transculturalização, em detrimento do
aculturamento
7. Novas formas de interação social
Web 2.0: blogs, wikis, sites de redes sociais, multiplayer online
games - redefinição dos conceitos tradicionais de autoralidade,
audiência (interlocutores), artefatos textuais (textualidade)
Gee (2003, 2004):
36 princípios advindos de videogames e que deveriam estar na
escola (gamification)
Identidade tripartite: virtual, no mundo real e projetiva -
ampliação do conceito de identidade, forjada pela experiência,
desenvolvimento de habilidades e realizações nos games
8. Novas formas de interação social
Orientandos de Gee:
Steinkuehler (2007) - práticas de letramento de jogadores
no massively multiplayer online game de RPG Lineage
Black (2008) - práticas de letramento de aprendentes de
inglês no site Fanfiction.net. Estudo de caso: Nanako,
chinesa de 16 anos, imigrante no Canadá, publicou mais de
50 textos e recebeu mais de 6000 comentários
9. Novas formas de interação social
Natureza do letramento digital:
Estudos de letramento servem à produção de significados com
diversos recursos semióticos, não à mera decodificação textual
Compreensão de letramento como um processo social que ocorre
mediante formas complexas de comunicação em rede
Os estudos em letramento enfocam práticas não reconhecidas que
ocorrem em casa, na comunidade e em outras configurações não
escolarizadas ou informais (à margem)
10. Poder: um modelo ideológico de
letramento digital
Novos letramentos digitais não se desenvolvem no vácuo,
mas em meio a contextos sociais, econômicos e políticos mais
amplos
Transição do capitalismo industrial para o capitalismo pós-
industrial: da produção vertical em massa para a produção
flexível, horizontalizada em redes e orientada à informação
Novos modos de exclusão (Castells, 1998) - informacional,
digital
11. Poder: um modelo ideológico de
letramento digital
Street (1993): práticas de letramento são elementos não
apenas da cultura, mas também das estruturas de poder
Defesa do modelo ideológico de letramento, em detrimento do
modelo autônomo
A maioria dos pesquisadores citados tem tentado desafiar os
discursos dominantes ao examinar e promover mudanças nas
pautas do que seria o “letramento verdadeiro”, contudo, há
ainda um longo caminho a percorrer
12. Poder: um modelo ideológico de
letramento digital
Elementos do poder influenciam no desenvolvimento e nas
práticas de letramento digital
A maioria das pesquisas até agora enfocaram casos de sucesso de
práticas de letramento de pessoas de condições sociais favorecidas
Contraste entre o caso de Zeke e de Kadesha
É necessário analisar as condições em que essas práticas ocorrem
e desenvolver um modelo ideológico de letramento digital
13. Poder: um modelo ideológico de
letramento digital
Warschauer apresenta exemplos e advoga em favor de uma
ampliação das oportunidades de práticas autênticas de
letramento aos menos favorecidos
Também defende que haja um equilíbrio entre as pesquisas que
examinam casos de sucesso e aquelas que focam o esforço dos
menos letrados, equilibrando ainda entre o que se constitui como
“verdadeiro letramento” sem minimizar as dinâmicas de raça,
classe social, linguagem (variedades) e gênero
14. Poder: um modelo ideológico de
letramento digital
Para o autor, tal equilíbrio tem mais chances de ser obtido
mediante o exame de práticas ordinárias em comunidades
específicas (em detrimento de práticas de sujeitos bem
sucedidos no letramento) e através de pesquisas comparativas
que situam práticas de letramento digital dentro das
dinâmicas mais amplas de raça, classe social e linguagem
Warschauer também menciona a demanda por pesquisas
sobre a blogosfera, relações de poder e batalhas discursivas
ocorridas neste âmbito
15. Aprendizagem: letramentos
digitais na sala de aula
De que maneira o uso das novas mídias pode ajudar
estudantes a adquirir competências em leitura, produção escrita
e letramentos digitais, bem como no domínio de conteúdos
acadêmicos?
New London Group (1996): modelo pedagógico baseado em
um design com diversas fontes de sentido, incorporação da
prática situada, instrução explícita e enquadramento crítico
16. Aprendizagem: letramentos
digitais na sala de aula
Muitas pesquisas focam nas práticas de aprendizagem
através de novas mídias fora da escola,lamentando seu
uso restrito na escola, embora defendam a necessidade
de melhoria dessa situação
Para que essa melhoria seja efetiva, Warschauer
advoga a necessidade de superação de duas deficiências
na área de pesquisa em letramentos digitais:
17. Aprendizagem: letramentos
digitais na sala de aula
Necessidade de realização de mais pesquisas em escolas, em
contextos formais de escolarização e letramento
Necessidade do desenvolvimento de métodos formais de
avaliação dos resultados das instruções em letramento,
argumentando que “o que não é avaliado e medido não é
ensinado”
18. Aprendizagem: letramentos
digitais na sala de aula
O autor observa o quanto a interseção entre a
reforma na tecnologia, letramento e educação está se
internacionalizando e prevê que a popularização de
programas como “One Laptop per Child” aumente
a gama de perguntas e objetos de pesquisa na área
19. Conclusão
Crítica ao modelo autônomo de letramento que o desvincula do
contexto social
Crítica a uma visão salvacionista do letramento e das demais
tecnologias
Tais perspectivas de pesquisa têm acentuado os “gaps” ao invés
de amenizá-los
Defesa de um modelo ideológico de letramento no cumprimento
da agenda arrolada, a fim de equilibrar as pesquisas e contribuir
para a equidade de desenvolvimento e oportunidades