2. Introdução
● As células do corpo humano dependem de uma
produção regular de energia para a sustentação de suas
atividades metabólicas, cabendo à glicose o papel de
principal substrato energético celular
● Glicemia: regulada pela interação de múltiplos hormônios
3. Introdução
● O feto depende exclusivamente da oferta materna de
glicose para manter a sua glicemia
● O RN é obrigado a utilizar as suas reservas hepáticas de
glicogênio ou da gliconeogênese
4. — Sociedade Brasileira de
Pediatria
“Valores que definem hipo e
hiperglicemia neonatal permanecem
controversos”
5. Introdução
● Há muito que pode ser feito na
assistência das crianças com risco
aumentado de hipoglicemia
● Deve-se reconhecer diversas condições
maternas, fetais e neonatais
6. Esquema Conceitual
Homeostase da
glicose no feto e
no RN
01 Tratamento
04
Identificação de
risco para
hipoglicemia
neonatal
02 Sequelas
05
Diagnóstico da
hipoglicemia
neonatal
03
8. Homeotase
● O feto depende da oferta transplacentária de nutrientes,
como a glicose
● A transferência da glicose se dá por difusão facilitada
● A placenta é impermeável aos demais hormônios que
controlam a glicemia
● Havendo oferta de glicose que ultrapasse as
necessidades energéticas de crescimento do feto, o
excesso é acumulado como glicogênio hepático
9. Homeotase
● A enzima glicocogênio-sintetase e a insulina fetal
aumentam a captação de glicose pelos tecidos muscular
e adiposo, resultando em armazenamento do glicogênio
muscular e de gordura
10. Nascimento
● Pela interrupção súbita da oferta transplacentária de
glicose, o RN passa a depender da glicogenólise e da
gliconeogênese
● A demanda por substrato energético aumenta para suprir
as exigências metabólicas, como: esforço respiratório,
atividade muscular e manutenção da temperatura
corporal
11. Nascimento
● Existe uma queda quase universal da glicemia nas
primeiras 3-6 horas de vida extrauterina, a qual é
estabilizada posteriormente a valores próximos de 50-
60mg/dL
12. Fatores de risco para baixa
glicemia pós-parto
● Diabetes ou toxemia materna
● Crescimento intrauterino restrito
● Retardo no início da alimentação oral
● Asfixia perinatal
● Hipotermia
14. Identificação
de risco
A maioria dos casos de hipoglicemia
é transitória, limitada ao período
neonatal e de fácil correção
É raro a hipoglicemia secundária a
endocrinopatias ou a erros inatos do
metabolismo
15. Associada a alterações no
metabolismo materno
Associada a enfermidades do
recém-nascido
Administração no intraparto
excessiva de glicose
Idiopática
Uso de hipoglicemiantes orais Prematuridade
Diabetes materna Asfixia perinatal
Hipoglicemia transitória
16. Secundária a
hiperinsulinismo
Secundária a
endocrinopatias
Secundária a erros
inatos do
metabolismo
Hiperplasia de células
B-pancreáticas
Insuficiência pituitária Galactosemia
Adenoma pancreático Deficiência de cortisol Intolerância à frutose
Síndrome de Beckwith-
Wiedemann
Doença do xarope do
bordo
Acidemia propiônica
Deficiência de carnitina
Hipoglicemia persistente ou recorrente
17. Acompanhamento da
glicemia
● Diante dos fatores de risco supracitados, deve-se
estabelecer o acompanhamento sistemático da glicemia, o
Screening, a fim de promover a remoção/correção desses
fatores e, quando possível, iniciar precocemente o tratamento
● Faz-se o uso das fitas reagentes à base de glicose-oxidase
ou peroxidase
18. — Sociedade Brasileira de
Pediatria
“Não havendo consenso quanto a sua
periodicidade, o Screening deve ser
realizado nas primeiras horas de vida”
19. Acompanhamento da
glicemia
● No Rio de Janeiro, realiza-se nas primeiras 3-6 horas e a
cada 2-6 horas a seguir, dependendo da tendência da
glicemia
● Na eventualidade de ser baixa glicemia por fita reagente,
uma nova amostra de sangue é colhida e enviada
prontamente para determinação laboratorial
● Alguns estudos chegam a evidenciar uma queda na glicose
sanguínea de 3-18mg/h
21. Diagnóstico
● Uma determinação isolada da glicemia do RN reflete apenas o
resultado momentâneo do balanço entre estímulos opostos:
- Hipoglicemiante: representando pela maior ou menor utilização
de glicose pelos órgãos e tecidos
- Hiperglicemiante: pela produção hepática de glicose e/ou pela
oferta exógena
● Sob influência do confronto do hormônio hipoglicemiante, a
insulina, e os hormônios hiperglicemiantes, o glucagon, a
adrenalina, o cortisol e o hormônio do crescimento
22. — Sociedade Brasileira de
Pediatria
“A glicemia baixa e prolongada pode
resultar em danos sistêmicos e/ou
neurológicos”
23. Diagnóstico
RN a termo: os valores então praticados para a definição de
hipoglicemia são
● Glicemia inicial < 30mg/dL
● Glicemia mais tarde < 40mg/dL
RN prematuro:
● Glicemia inicial < 20mg/dL
● Uma só determinação baixa, na presença de dois ou mais
sintomas
● Se assintomático, pelo menos uma hora de intervalo entre as
colheitas
24. Diagnóstico
● Valores que oscilam entre 40-50mg/dL ou 60mg/dL (altos) são
propostos como o limite inferior da glicemia normal no período
neonatal
● Centro de Prematuros do RJ: valor de glicose no sangue ou
plasma < 40mg/dL
25. Presença ou não
de sintomas
A hipoglicemia neonatal pode ser
sintomática ou assintomática, porém
nenhum dos sintomas é espécifico
Alguns sinais clínicos se associam
usualmente à hipoglicemia e obrigam uma
pronta determinação da glicemia no RN,
independente dos fatores de risco:
• Alterações do nível de consciência
(letargia, irritabilidade e estupor)
• Apneia, dispneia e crise de cianose
• Recusa alimentar, hipotermia,
hipotonia, tremores, coma, convulsões
26. Presença ou não
de sintomas
A ocorrência de convulsão sugere que o
cérebro não consegue mais suprir as suas
necessidades energéticas com outro
substrato, estando, assim, com maior
risco de sequelas neurológicas
28. Tratamento
Com risco de ocorrência de lesão cerebral, torna-se obrigatório um
diagnóstico pronto e um tratamento imediato, pois é uma postura de
negligência só atuar na presença de sintomas
Recomenda-se, respectivamente:
● A determinação seriada ou pontual da glicemia por fita reagente,
por exemplo < 45 mg/dl
● A obtenção de uma amostra plasmática para determinação em
laboratório central
29. Tratamento
Enquanto se aguarda o resultado do exame laboratorial, algumas
providências devem ser tomadas:
● Aumento da oferta de glicose
● Aumento do volume/frequência das mamadas, se o RN estiver
aceitando bem via oral
30. Tratamento
Havendo confirmação laboratorial de hipoglicemia com valor muito
baixo, acompanhado de sintomas, RN requer tratamento mais
agressivo:
● Infusão venosa rápida de 200-300mg/kg de peso (2 a 3mL de
glicose a 10%/kg de peso), em “bolo”, seguida de infusão de
manutenção de 6-8mg de glicose/kg de peso/minuto
31. Tratamento
Após esse tratamento, espera-se que a hipoglicemia seja corrigida e
deve-se realizar novo screening entre 30-60 minutos
Caso não seja corrigida a hipoglicemia:
● O “bolo” de glicose pode ser repetido, seguido do aumento da
taxa de infusão de glicose a 10-12 mg/kg/minuto
32. Tratamento
● Estratégia de screening e tratamento incluem a observação de
que, quando sintomática e presente nas primeiras horas de vida,
a hipoglicemia costuma ocorrer em valores < 20-25mg/dL
● A glicemia < 35mg/dL ocorrendo isoladamente nas primeiras
horas de vida de um RN de risco a termo ou próximo do termo,
mas assintomática, pode representar apenas uma queda
fisiológica que é corrigida espontaneamente em pouco tempo
33. Tratamento
● Filhos de mães diabéticas ou RN GIG beneficiam-se de um
screening mais frequente e de início mais precoce e da ingestão
de leite materno ou fórmula láctea, sendo que novas glicemias
serão determinadas antes da próxima mamada
34. Tratamento
● Já os PIG ou prematuros tardios devem ser submetidos a um
screening mais prolongado, estendendo-se de 24-72 horas de
vida, devido a um retardo no alcance da homeostase da glicose
● A diminuição da infusão venosa de glicose deve ser gradual e
acompanhada de incremento proporcional de ingestão oral de
leite e de novas glicemias capilares
35. Tratamento
● Nas glicemias denominadas persistentes (resistentes) ou
recorrentes é demandada, muitas vezes, a repetição do push de
glicose, bem como o aumento da taxa de infusão contínua de
glicose para valores maiores que 12-15mg/kg/minuto
● Situação que obriga o emprego de um acesso venoso central
36. Fatores de risco
Presença de sintomas
Sim
Glicemia por fita
reagente
>45mg/dL
Manter screening
<45mg/dL
Sintomas
Sim
Aumentar a infusão
venosa de glicose ou o
volume/frequência das
mamadas
Não
Push de glicose
intravenosa, seguido de
aumento da infusão de
manutenção
Não
Hipoglicemia persistente ou recorrente
37. Tratamento
● Opção terapêutica: Diazóxido - aumenta a produção de
adrenalina e dimunui a produção de insulina, resultando em
aumento na produção hepática de glicose e diminuição da sua
captação celular
● Doses: 2-5mg/kg, VO, a cada 8 horas
● Bem tolerado em casos de hiperinsulinismo
38. Tratamento
● Opção terapêutica: Glucagon – aumenta a glicogenólise
hepática e promove a gliconeogênese
● Doses: 150-300mcg/kg, EV ou IM, 4 a 6 vezes por dia
39. Tratamento
● Opção terapêutica: Adrenalina e Corticoides – apresentam
indicações muito restritas em razão dos seus efeitos colaterais
indesejáveis
● Opção terapêutica: Hormônio do crescimento – indicado em
casos de deficiência primária e hipopituitarismo
41. Hipoglicemia transitória
Presença de
sintomas
Glicemia < 40mg/dL
= Glicose IV
Ausência de
sintomas
0-4 horas de vida
Iniciar alimentação com 1h
Glicemia ¹/2 após
alimentação
Glicemia inicial
< 25mg/Dl =
Alimentar e
repetir glicemia
em 1h
< 25mg/dL = Glicose IV
25 – 40mg/dL =
Realimentar Glicose
IV (se necessário)
4 – 24 horas de vida
Manter alimentação de
2/2h ou de 3/3h
Glicemia antes de cada
alimentação
Glicemia inicial <
35mg/dL =
Alimentar e repetir
glicemia em 1h
< 35mg/dL =
Glicose IV
35-45mg/dL =
Realimentar Glicose
IV (se necessário)
43. Sequelas
Relatos pioneiros sobre os efeitos tardios da hipoglicemia neonatal
descrevem incidência de lesão do sistema nervoso central e/ou
exame oftalmológico anormal:
● de 50 % no subgrupo da hipoglicemia sintomática com
convulsões
● de 12% nos subgrupos da hipoglicemia sintomática sem
convulsões
● de 3% nos subgrupos das crianças hipoglicêmicas
assintomáticas
● de 5% no grupo-controle normoglicêmico