Credo parte 1

A síntese da fé explicada pelo
Catecismo da Igreja Católica
(CIC).
Seminarista, Leitor Instituído
João Miguel Pereira
joaofreigil@hotmail.com
A SIGLA "CIC" SIGNIFICA "CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA"; É SEGUIDA PELO NÚMERO DO PARÁGRAFO | JOÃO PEREIRA - JOAOFREIGIL@HOTMAIL.COM

CREIO EM UM SÓ DEUS
A Israel, seu povo eleito, Deus revelou-Se como sendo único: «Escuta, Israel! O
Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu
coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5).
O próprio Jesus confirma que Deus é «o único Senhor», e que é necessário amá-Lo
«com todo o coração, com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as
forças» (cf. Mc 12, 29-30). Ao mesmo tempo, dá a entender que Ele próprio é «o
Senhor» (cf. Mc 12, 35-37). Confessar que «Jesus é o Senhor» é próprio da fé cristã.
Isso não vai contra a fé num Deus Único. Do mesmo modo, crer no Espírito Santo,
«que é Senhor e dá a Vida», não introduz qualquer espécie de divisão no Deus
único: «Nós acreditamos com firmeza e afirmamos simplesmente que há um só
Deus verdadeiro, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável.
Pai e Filho e Espírito Santo: três Pessoas, mas uma só essência, uma só
substância ou natureza absolutamente simples» (IV Concílio d Latrão).

Consequências desta afirmação:
Viver em ação de graças: Se Deus é o Único, tudo o que nós somos e tudo quanto
possuímos vem d'Ele: «Que possuis que não tenhas recebido?» (1 Cor 4, 7). «Como
agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu?» (Sl 116, 12).
Conhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens: todos eles foram
feitos «à imagem e semelhança de Deus» (Gn 1, 26).
Fazer bom uso das coisas criadas: A fé no Deus único leva-nos a usar de tudo quanto
não for Ele, na medida em que nos aproximar d'Ele, e a desprender-nos de tudo, na
medida em que d'Ele nos afastar. Além do mais, se só Ele é Deus, não podemos
querer destruir as leis naturais por Ele estabelecidas.

PAI
Os cristãos são batizados «em nome» (singular) do Pai e do Filho e do Espírito
Santo, e não «nos nomes» deles porque não há senão um só Deus – o Pai
Omnipotente, o Seu Filho Unigénito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade.
Para haver um Pai é preciso que haja um ou mais filhos.
Em Israel, Deus é chamado Pai enquanto criador do mundo (cf. Dt 32,6; Ml 2,10).
Mais ainda, Deus é Pai em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu «filho
primogénito» (Ex 4, 22). Também é chamado Pai do rei de Israel (cf. 2Sm 7,14). E é
muito especialmente «o Pai dos pobres», do órfão e da viúva, entregues à sua
proteção amorosa (cf. Sl 68,6).
Jesus revelou que Deus é «Pai» num sentido inédito: não o é somente enquanto
Criador: é Pai eternamente em relação ao seu Filho único, o qual, eternamente, só
é Filho em relação ao Pai.

TODO-PODEROSO, CRIADOR DO CÉU E DA
TERRA
A omnipotência é nomeada no Símbolo. Significa que Deus, porque tudo criou, tudo
governa e tudo pode.
As Sagradas Escrituras confessam o poder universal de Deus: Ele é chamado «o
Poderoso de Jacob» (Gn 49, 24; Is 1, 24: etc.) «o Senhor dos Exércitos», «o Forte, o
Poderoso» (SI 24, 8-10). Se Deus é omnipotente «no céu e na terra» (Sl 135, 6), é
porque foi Ele quem os fez. Portanto, nada Lhe é impossível (cf Jr 32,17; Lc 1,37) e
Ele dispõe à vontade da sua obra (cf. Jr 27,5); Ele é o Senhor do Universo, cuja
ordem foi por Ele estabelecida e Lhe permanece inteiramente submissa e
disponível; Ele é o Senhor da história; governa os corações e os acontecimentos
segundo a sua vontade: «O vosso poder imenso sempre vos assiste – e quem
poderá resistir à força do Vosso braço?» (Sb 11, 21). CIC269

TERRA
A Escritura começa com as palavras: «No princípio, Deus criou o céu e a terra»
(Gn1,1).
Questão: “o que fazia então Deus antes de criar o céu e a terra?”
«Pela fé, sabemos que o mundo foi organizado pela palavra de Deus, de modo que
o que se vê provém de coisas invisíveis» (Heb 11,3).
«No princípio era o Verbo [...] e o Verbo era Deus [...] Tudo se fez por meio d'Ele e,
sem Ele, nada se fez» (Jo 1, 1-3).
A fé da Igreja afirma igualmente a acção criadora do Espírito Santo: Ele é Aquele
«que dá a vida», «o Espírito Criador» (Veni, Creator Spiritus), a «Fonte de todo o
bem» CIC292.

TERRA
Sintetizando:
A ação criadora do Filho e do Espírito Santo, inseparavelmente unida à do Pai, é
claramente afirmada pela regra de fé da Igreja: «Existe um só Deus. Ele é o Pai, é
Deus, é o Criador, o Autor, o Ordenador. Fez todas as coisas por Si mesmo, quer
dizer, pelo Seu Verbo e pela sua Sabedoria» «pelo Filho e pelo Espírito» que são
como «as suas mãos» (St. Ireneu de Lião). A criação é obra comum da Santíssima
Trindade CIC 292.

TERRA
Questão: “a narrativa da criação pode ser entendida como científica?”
«Os autores inspirados puseram-nos no princípio da Escritura, de maneira a
exprimirem, na sua linguagem solene, as verdades da criação, da sua origem e do
seu fim em Deus, da sua ordem e da sua bondade, da vocação do homem, e enfim,
do drama do pecado e da esperança da salvação. Lidas à luz de Cristo, na unidade
da Sagrada Escritura e na Tradição viva da Igreja, estas palavras continuam a ser a
fonte principal para a catequese dos mistérios do «princípio»: criação, queda,
promessa da salvação» CIC289.

TERRA
Questão: “com que objetivo e que motivos levaram Deus a criar?”
A Escritura e a Tradição não cessam de ensinar e de celebrar: «O mundo foi criado
para glória de Deus»: «Na sua bondade e pela sua força omnipotente, não para
aumentar a sua felicidade nem para adquirir a sua perfeição, mas para a manifestar
pelos bens que concede às suas criaturas, Deus, no seu libérrimo desígnio, criou do
nada simultaneamente e desde o princípio do tempo uma e outra criatura — a
espiritual e a corporal» (Con. Vaticano I).
Para criar, Deus não tem outra razão senão o seu amor e a sua bondade: «As
criaturas saíram da mão (de Deus) aberta pela chave do amor» (S. Tomás de
Aquino).

TERRA
Sintetizando:
O mundo não é fruto duma qualquer necessidade, dum destino cego ou do acaso.
Acreditamos que ele procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas
participantes do seu Ser, da sua sabedoria e da sua bondade:
«porque Vós criastes todas as coisas e, pela vossa vontade, elas receberam a
existência e foram criadas» (Ap 4, 11). «Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
Tudo fizestes com sabedoria» (Sl 104, 24). «O Senhor é bom para com todos e a
sua misericórdia estende-se a todas as criaturas» (Sl 145, 9) CIC 295.

TERRA
Algumas notas:
Deus não precisa de nada preexistente para criar CIC 296.
Deus transcende a criação ao mesmo tempo que está presente nela CIC300.
Deus não abandona as criaturas mas a cada instante lhe dá existência (está criando) CIC301.
A criação não está acabada mas caminha para uma perfeição última sustentada pela
Providência Divina CIC302.
Isso não anula que as criaturas, e de forma mais plena o humano, atuem livremente
CIC306.
Elas podem livremente não consentir no plano de Deus, está aí a origem do mal CIC309 a
314.
Deus não é causa do mal moral. Permite o mal por respeito à liberdade das suas criaturas e
misteriosamente sabe tirar dele o bem CIC311.A SIGLA "CIC" SIGNIFICA "CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA"; É SEGUIDA PELO NÚMERO DO PARÁGRAFO | JOÃO PEREIRA - JOAOFREIGIL@HOTMAIL.COM

DE TODAS AS COISAS, VISÍVEIS E INVISÍVEIS
A existência dos seres espirituais, não-corporais, a que a Sagrada Escritura
habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão
claro como a unanimidade da Tradição CIC328.
Anjo é o ofício de um ser espiritual, isto é, mensageiro de Deus. Eles continuamente
contemplam o rosto de Deus (cf. Mt 18,10). São dotados de inteligência, vontade e
imortalidade. Excedem em perfeição todas as criaturas visíveis. Toda a vida da
Igreja beneficia da ajuda misteriosa dos anjos. «Cada fiel tem a seu lado um anjo
como protetor e pastor para o guiar na vida» (S. Basílio Magno). CIC 328 a 336

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