2. O objetivo deste Boletim Técnico é
oferecer subsídios para o entendimento
da problemática relativa à crescente
resistência das plantas daninhas
a herbicidas e suas consequências.
Além disso, pretende promover o
aprofundamento técnico no manejo
da resistência e ganhos qualitativos
com a utilização de Fascinate BR e do
portfólio de herbicidas UPL nas lavouras
brasileiras.
3. Í N D I C E
04 Histórico
Descrição da
problemática01
09 Modo de ação
10 Manejo de resistência
Características técnicas
do glufosinato02
11 Benefícios
Principais
benefícios03
18 Algodão
19 Feijão
19 Milho
20 Soja
Recomendação
de uso05
14 Ensaio 1
15 Ensaio 2
15 Ensaio 3
16 Ensaio 4
16 Ensaio 5
Resultados
04
21 Resistência ao glufosinato
Sobre culturas resistentes
ao glufosinato de amônio06
24 Anexos
26 Bibliografia
4. As plantas daninhas possuem características que as tornam
capazes de sobreviver em ambientes agrícolas e desenvolver
resistências ao controle. Entre elas, podemos citar: habilidade
competitiva, alta capacidade de reprodução, desuniformidade
no processo germinativo (algumas espécies podem germinar
e emergir a grandes profundidades), viabilidade dos órgãos de
reprodução em condições desfavoráveis, mecanismos alternativos
de reprodução, facilidade na disseminação dos propágulos,
crescimento e rápido desenvolvimento inicial. A combinação de
várias dessas características pode levar à expressiva variabilidade
genética, com a presença de amplo número de biótipos nas
populações que ocorrem nos agroecossistemas.
Algumas espécies de plantas daninhas destacam-se das demais,
seja por sua ampla disseminação, causando perdas elevadas
por serem naturalmente tolerantes, ou até mesmo por terem
desenvolvido resistência aos herbicidas comumente utilizados.
01. Descrição da problemática
Orgulho de colaborar para
um eficiente manejo de
resistência de plantas daninhas
5. Nos últimos anos, pode-se dizer que o gênero Conyza tornou-se uma das maiores
preocupações no Brasil, principalmente pela resistência das espécies de Conyza bonariensis
e C. canadensis ao herbicida glifosato. A espécie C. sumatrensis, além do grupo inibidor da
EPSPs, resiste também ao grupo dos inibidores da ALS, possuindo, ainda, biótipos desta
espécie com resistência cruzada entre esses dois grupos.
Mais recentemente, foi identificada, ainda, a resistência de biótipo de C. sumatrensis ao grupo
de inibidores do fotossistema I (Heap, 2017). Esta espécie é facilmente polinizada e possui
alta produção de sementes, com estruturas para dispersão que, associadas à resistência dos
biótipos da espécie a herbicidas, transformaram a C. sumatrensis em importante infestante de
áreas agrícolas e não agrícolas, principalmente em locais onde o distúrbio do solo é limitado
(Vidal et al., 2007). Com a expansão do sistema de plantio direto, aliado às lavouras com
culturas transgênicas, a utilização do herbicida glifosato foi ampliada, provocando pressão de
seleção que propiciou a seleção de biótipos de plantas de buva resistentes.
5
7. Controla as plantas
daninhas resistentes
Antecipa a colheita a
partir da dessecação
Herbicida multiculturas
Na soja:
7
8. O glufosinato é um herbicida derivado da fitotoxina natural
L-fosfinotricina (PPT) que, por sua vez, é um bioproduto da quebra
de bialafos produzidos por Streptomyces viridochromogenes e
S. hygroscopicus (Dayan et al., 2009; Dayan e Duke 2014). É
um herbicida não seletivo que é aplicado em pós-emergência,
com baixa translocação e um amplo espectro de controle de
plantas daninhas. Uma mistura sintética dos isômeros óticos D- e
L- da fosfinotricina produz o glufosinato, que é o único herbicida
comercial que tem como alvo a glutamina sintetase (GS), uma
enzima diretamente relacionada ao metabolismo do nitrogênio em
plantas (Carbonari et al., 2016).
O glufosinato - cujo mecanismo de ação é o dos inibidores da
glutamina sintetase (GS), pertence ao Grupo H da classificação
do HRAC e tem em sua composição comercial ammonium
4-[hydroxy(methyl)phosphinoyl]-DL-homoalaninate ou ammonium
DLhomoalanin-4-yl(methyl) phosphinate (glufosinato-sal de amônio)
com 200 g/L (20,0% m/v) e ingredientes inertes. O produto
comercial tem o nome de Fascinate BR e pertence à classe dos
herbicidas não seletivos de ação total do grupo homoalanina
substituída, tendo a formulação com concentrado solúvel.
Apresenta classificação toxicológica I e classificação do potencial
de periculosidade ambiental III.
O produto não deve ser aplicado em plantas daninhas ou
culturas que estejam sob “stress”, ou quando o solo apresentar
deficiência hídrica. Os melhores resultados são obtidos quando
as plantas daninhas se apresentam em condições favoráveis de
desenvolvimento. Evitar aplicações quando as plantas daninhas
estiverem excessivamente molhadas. Para o bom funcionamento
do produto, deve ser observado um período de 6 horas sem
ocorrência de chuvas (Rodrigues e Almeida, 2011).
Na planta, o glufosinato é absorvido pelas folhas, com translocação
limitada tanto pelo floema como pelo xilema.
02. Características técnicas
do glufosinato
Orgulho de vencer as plantas
daninhas resistentes
9. Modo de ação*
O nitrogênio tem funções fundamentais na constituição de plantas, especialmente por formar
aminoácidos, enzimas, proteínas, ácidos nucléicos e outros compostos intermediários
que integram rotas metabólicas essenciais para o desenvolvimento e sobrevivência das
plantas. A glutamina sintetase é uma enzima fundamental em sua assimilação, sendo uma
enzima chave para que a planta utilize amônio, produza aminoácidos e também participe da
desintoxicação da amônia como metabólito resultante da redução do nitrato.
A GS existe em duas formas: a citossólica e a cloroplástica (Guiz et al., 1979). A isoenzima
cloroplástica é codificada pelo gene GS2, enquanto a citossólica é codificada por 3 a 5
genes, dependendo da espécie. A citossólica trabalha, primariamente, na assimilação de
amônio produzido na maioria dos processos fisiológicos nas células, com exceção de dois:
assimilação da amônia reduzida a partir do nitrito nos cloroplastos e reassimilação da amônia
liberada durante a fotorrespiração, sendo que esta última é, primariamente, executada pela
isoforma cloroplástica (Lam et al., 1995; Taira et al., 2004). Estudos demonstram que ambas
as isoenzimas são reguladas no tecido vegetal de acordo com o estágio de desenvolvimento
da planta e cada isoenzima possui uma diferente função específica no contexto metabólico
(Tobin et al., 1985; Habash et al., 2001). Em trigo, por exemplo, Bernard et al. (2008)
comentam que esta espécie possui dez sequências de cDNA que codificam a GS que,
posteriormente, são agrupadas em quatro subfamílias: GS1, GS2, GSr e GSe. O bloqueio
dessas enzimas resulta no acúmulo de amônia dentro da célula (Kishore e Shah, 1988).
Apesar de o acúmulo de amônia nas células ser a consequência primária da inibição
irreversível da GS, Krieg et al. (1990) descobriram que esta substância não causa
diretamente a inibição do crescimento de plantas de alfafa (Medicago sativa) em meio de
cultura, mesmo quando submetidas a altos níveis de amônia no meio. Por outro lado, Lea
(1991) reporta que a morte da planta é, na verdade, causada pela consequência da falta de
nitrogênio das células, como inibição da síntese de aminoácidos e, consequentemente, de
proteínas, aumento de níveis tóxicos de glyoxylato e insuficiente regeneração de compostos
intermediários em rotas metabólicas que são dependentes do nitrogênio.
* Conteúdo extraído de Christoffoleti e Nicolai, 2016.
9
10. Manejo da resistência
A aplicação correta de herbicidas é essencial para evitar que o aparecimento de biótipos
resistentes aconteça. A seleção de biótipos resistentes devido à exposição de populações
de plantas daninhas a baixas doses de herbicidas é amplamente aceita e documentada
na literatura (Busi e Powles, 2009; Neve e Powles, 2005; Norswothy, 2012), onde está
relacionada à seleção de biótipos com mecanismos de resistência poligênica.
Existem evidências de que a eficácia do glufosinato de amônio é dependente das
condições ambientais no momento de sua aplicação. Anderson et al. (1993), estudando
as espécies Setaria viridis e Hordeum vulgare, relatam que a umidade relativa influencia
a eficácia do glufosinato de amônio mais do que a temperatura do ambiente. Mersey et
al. (1990), estudando as mesmas espécies que Anderson et al. (1993), concluíram que a
susceptibilidade diferencial dessas ao glufosinato de amônio eram devidas às diferenças na
absorção e translocação do herbicida.
Interessantemente, Sellers et al. (2003), estudando a espécie Abutilon thophrasti, que tem
a habilidade de movimentar seus limbos foliares de acordo com o período do dia (a fim
de incrementar a interceptação de radiação), descobriram que o momento da aplicação
influencia estatisticamente a eficácia do glufosinato de amônio. Quando aplicado próximo
ao pôr do sol, sua interceptação diminuiu em 50% se comparado ao controle. Além da
reduzida interceptação, quando aplicado próximo ao fim do dia, de acordo com os autores,
é possível que a eficácia reduzida do glufosinato de amônio esteja ligada à inativação da GS
na ausência de radiação solar.
Informações técnicas de Fascinate BR®
Princípio ativo: glufosinato de amônio (C5H15N2O4P)
Formulação: concentrado solúvel (SL)
Concentração: glufosinato-sal de amônio (200 g/L)
Grupo químico: herbicida não seletivo de ação total
do grupo químico da homoalanina substituída
Pressão de vapor: pouco volátil
Estabilidade em pH: estável entre 5,7 a 9
Classe toxicológica: I - extremamente tóxico - faixa vermelha
Mecanismo de ação: Inibidor de glutamina sintetase (Grupo H)
Ação pós-emergente, sem atividade residual no solo.
11. O objetivo do manejo de plantas daninhas nas culturas é minimizar
as perdas devido à interferência, beneficiar as condições de
colheita, reduzir o incremento do banco de sementes de plantas
daninhas e evitar a seleção de biótipos resistentes aos herbicidas.
Tudo isso com a menor contaminação ambiental possível e maior
lucratividade (Oliverira e Brunharo, 2016).
O glufosinato de amônio é uma molécula amplamente adotada
para o controle de plantas daninhas na agricultura devido ao seu
amplo espectro de ação. Em especial, por ter a peculiaridade
de se comportar como um substrato análogo ao glutamato,
inibindo irreversivelmente a glutamina sintetase. Recentemente,
sua utilização vem aumentando devido à seleção de biótipos
resistentes a herbicidas de amplo espectro de controle como
o glifosato, onde o glufosinato funciona como um herbicida
alternativo para o controle desses biótipos. Além disso, o
desenvolvimento de culturas resistentes ao glufosinato também
vêm estimulando a ampla adoção deste herbicida (Brunharo et al.,
2014).
O glufosinato, aplicado em pós-emergência de jato dirigido,
controla eficientemente plantas daninhas em culturas que não
foram alteradas geneticamente para resistência a este herbicida e
também na dessecação de feijão, batata e soja. O herbicida pode
também ser aplicado na dessecação em pré-plantio de soja e
milho e também na pós-emergência total de culturas modificadas
03. Principais benefícios
Orgulho de aumentar a
lucratividade no campo
11
12. geneticamente (Rodrigues e Almeida, 2011). É altamente solúvel em água (1,37x106
mg/L); tem comportamento de ácido fraco (pKa<2,0); coeficiente de partição octanol/água
(Kow)<0,1; e não é volátil (pressão de vapor<0,1 mPa)-(Agricultural Research Service-ARS,
2009; Rodrigue e Almeida, 2011).
No solo, é pouco sorvido, rapidamente degradado por microrganismos a 3-metil-non-
phytotoxic ácido phosphinicopropionic, como sendo um intermediário da degradação do
produto (Hoerlein, 1994; Ullrich et al., 1990).
A aplicação de glufosinato na agricultura tem vantagens consideráveis, incluindo: baixo
impacto ambiental, baixa dose de aplicação, não volatilização, rápida degradação no solo,
baixo potencial de lixiviação e bioacumulação, devido ao baixo Kow (Hoerlein, 1994; Metz
et al., 1998; Mullner et al., 1993). O glufosinato é considerado um herbicida que resulta em
baixa pressão de seleção sobre as plantas daninhas, em especial, por não possuir atividade
residual no solo (Moss e Rubin, 1993).
O uso de mais de um mecanismo de ação no controle de uma planta daninha problema é
recomendado tanto para evitar o aparecimento de biótipos resistentes como para remediar a
seleção já ocorrida, de modo que essa diversificação de modos de ação resulta na redução
do banco de sementes no solo (Norsworthy et al., 2012).
13. Antecipa a colheita a
partir da dessecação
Uniformiza a lavoura,
aumentando a rentabilidade
e qualidade
Herbicida multiculturas
No feijão:
13
14. Fotos
21 DAA:
04. Resultados
Orgulho de fazer a
diferença no controle
de plantas daninhas
Ensaio 1
Testemunha Fascinate BR 1,5 L/ha Glufosinato 1,5 L/ha
*Spray drop Pesquisas e Desenvolvimento/Fornarolli Ciência Agrícola Ltda.
(média dos ensaios). Em fase de registro.
**Alvo em fase de registro.
73.25
65
95
90
0
20
40
60
80
100
1,5 L/ha 1,5 L/ha
Fascinate BR Glufosinato
% Controle 21 DAA
Commelina benghalensis**
Conyza bonariensis*
Testemunha
0.0
18. 05. Recomendação de uso
Orgulho de oferecer a melhor
solução para cada cultura
Algodão
Para controle das plantas daninhas, aplicar na entrelinha
da cultura, quando esta estiver com 40 cm de altura.
Para capim-pé-de-galinha**, capim-colchão**, capim-marmelada e
capim-massambará**, realizar a aplicação no início do perfilhamento.
Para carrapicho-de-carneiro, trapoeraba, caruru**, amendoim-
bravo, caruru-rasteiro**, picão-preto e fedegoso**, realizar a
aplicação quando as plantas daninhas estiverem com 4 a 8 folhas.
Recomenda-se uma única aplicação de 2,0L/ha por ciclo da cultura.
*
*Registrado para jato dirigido. | Aplicação sobre a cultura resistente ao glufosinato em fase de registro.
**Em fase de registro.
*
19. Feijão
Para dessecação em feijão para consumo:
aplicar a dose de 1,8 L/ha, quando a cultura apresentar aproximadamente 50% das
vagens secas.
Para dessecação em feijão para sementes: aplicar a dose de 2,0 L/ha, somente quando
a cultura apresentar 70% das vagens secas.
Recomenda-se uma única aplicação por ciclo da cultura.
Milho
Aplicar em jato dirigido nas entrelinhas da cultura.
Aplicar no início do perfilhamento do capim-colchão** e capim-marmelada**.
Para as demais plantas daninhas, aplicar quando estas apresentarem de 4 a 8 folhas.
Recomenda-se uma única aplicação, com dosagem entre 1,5 e 2,0 L/ha por ciclo da cultura.
Utilizar a maior dose quando houver maior incidência de gramíneas.
**Em fase de registro.
*
*Registrado para jato dirigido. | Aplicação sobre a cultura resistente ao glufosinato em fase de registro.
19
20. Soja
Para aplicação no sistema de plantio direto: aplicar na fase de pré-semeadura, em pós-
emergência das plantas daninhas, em área total.
Para o controle de picão-preto e caruru, realizar o controle quando as plantas estiverem com
até 6 folhas.
Na buva**, realizar a aplicação quando as plantas daninhas estiverem com até 12 cm de
altura.
Em capim-amargoso**, realizar a aplicação sobre as plantas daninhas oriundas de sementes
até o estádio de desenvolvimento de 3 perfilhos.
Para dessecação pré-plantio: utilizar a dose de 2,5 L/ha do produto.
Para dessecação pré-colheita: utilizar a dose de 2,0 L/ha do produto + 0,7 L/ha (0,2 % v/v)
de óleo vegetal ou mineral, aplicado sobre a cultura, 10 dias antes da colheita.
Recomenda-se uma única aplicação por ciclo da cultura.
*
*Aplicação sobre a cultura resistente ao glufosinato em fase de registro.
**Em fase de registro.
21. 06. Sobre culturas resistentes
ao glufosinato de amônio*
O herbicida do seu manejo
De Block et al. (1987) produziram a primeira planta geneticamente
modificada com resistência ao glufosinato a partir da incorporação do
gene bar, encontrado em Streptomyces hygroscopicus, no genoma do
tabaco, onde este foi capaz de resistir à aplicação do herbicida. Este
gene codifica a enzima PAT, capaz de metabolizar o glufosinato de
amônio a coprodutos não letais às plantas tratadas. Porém, a resistência
ao glufosinato de amônio ocorreu anteriormente, com Donn et al.
(1984), in vitro, conferindo resistência a células de alfafa por meio da
superexpressão da produção da enzima GS.
De forma similar ao gene bar, o gene PAT, isolado de Streptomyces
viridochromogenes Tü494 (Strauch et al., 1988), codifica a enzima
phophinothricin-N-acetyltransferase, que também catalisa uma reação
de acetilação do NH2 do amônio glufosinato, inativando-o, resultando na
mesma forma inativa. Ambos os genes são altamente homólogos (Vasil,
1996) e são estruturalmente iguais, funcionalmente equivalentes e têm
desempenho comparável em plantas transgênicas e, por fim, a enzima
que é codificada por estes genes, a PAT, é também similar em ambos os
casos (Wehrmann et al., 1996).
No Brasil, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)
aprovou a comercialização de algumas culturas transgênicas para
a resistência ao glufosinato: soja (desde 2010), milho (desde 2007)
e algodão (desde 2008). Mais recentemente, novos eventos com
resistência a múltiplos herbicidas vêm sendo regulamentados, como
a comercialização da soja com resistência a herbicida auxínico e
ao glufosinato de amônio no mesmo organismo, e algodão e milho
resistentes a glifosato e glufosinato de amônio (Oliverira e Brunharo,
2016).
*Conteúdo extraído de Christoffoleti e Nicolai, 2016.
21
22. A absorção do amônio glufosinato é realizada exclusivamente por tecidos verdes e raízes,
enquanto que as partes lignificadas não funcionam como entrada do herbicida. Entretanto,
de forma geral, o amônio glufosinato era amplamente utilizado em culturas perenes,
operações de dessecação e em jato dirigido. Contudo, após a introdução de culturas
tolerantes a este herbicida, sua utilização se tornou amplamente adotada.
A utilização de culturas tolerantes a múltiplos mecanismos de ação propicia ao produtor
novas oportunidades para manejo químico dentro da safra, especialmente quando da
presença de biótipos resistentes, como o capim amargoso (Digitaria insularis) e a buva
(Conyza spp.). Porém, as vantagens dessas tecnologias não se limitam a estratégias reativas:
segundo Neve et al. (2011), a rotação de herbicidas em uma dada safra chega a reduzir o
risco de seleção de biótipos resistentes em 50%.
Braz et al. (2012) analisaram a seletividade de algodão resistente ao glufosinato de amônio
e relatam que, mesmo após três aplicações do herbicida, o algodão não teve produção de
caroço ou fibra afetadas. Os autores também notaram a ausência de sintomas visuais nas
plantas ao final das avaliações, fatos que evidenciam a segurança para a utilização desta
tecnologia.
O manejo integrado de plantas daninhas, em que ferramentas químicas, mecânicas e
culturais são empregadas, é sempre recomendado, principalmente para que a probabilidade
de seleção de biótipos resistentes de plantas daninhas a herbicidas diminua. Apesar de ser
um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores, o manejo de biótipos resistentes
a herbicidas e a retirada dos herbicidas do sistema de produção é economicamente inviável.
Nos EUA, estima-se que a retirada de herbicidas de sistemas de produção agrícola reduziria
a produtividade em 20% (Gianessi e Reigner, 2007).
Desde a liberação comercial de culturas geneticamente modificadas para a resistência
ao glufosinato de amônio, os produtores passam a possuir uma alternativa para o
manejo integrado de plantas daninhas, uma vez que a rotação de culturas e a rotação
de mecanismos de ação são indicados para preservar tecnologias, bem como manejar a
resistência de plantas daninhas a herbicidas.
24. ESPÉCIE RESISTENTE/NOME COMUM ANO MODO DE AÇÃO
1 Bidens pilosa 1993 ALS inhibitors (B/2)
2 Euphorbia heterophylla 1993 ALS inhibitors (B/2)
3 Bidens subalternans 1996 ALS inhibitors (B/2)
4 Urochloa plantaginea 1997 ACCase inhibitors (A/1)
(=Brachiaria plantaginea)
5 Sagittaria montevidensis 1999 ALS inhibitors (B/2)
6 Echinochloa crus-pavonis 1999 Synthetic auxins (O/4)
7 Echinochloa crus-galli var. crus-galli 1999 Synthetic auxins (O/4)
8 Cyperus difformis 2000 ALS inhibitors (B/2)
9 Fimbristylis miliacea 2001 ALS inhibitors (B/2)
10 Raphanus sativus 2001 ALS inhibitors (B/2)
11 Digitaria ciliaris 2002 ACCase inhibitors (A/1)
12 Lolium perenne ssp. multiflorum 2003 EPSP synthase inhibitors (G/9)
13 Eleusine indica 2003 ACCase inhibitors (A/1)
14 Euphorbia heterophylla 2004 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
PPO inhibitors (E/14)
15 Parthenium hysterophorus 2004 ALS inhibitors (B/2)
16 Conyza bonariensis 2005 EPSP synthase inhibitors (G/9)
17 Conyza canadensis 2005 EPSP synthase inhibitors (G/9)
18 Oryza sativa var. sylvatica 2006 ALS inhibitors (B/2)
19 Bidens subalternans 2006 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
Photosystem II inhibitors (C1/5)
20 Digitaria insularis 2008 EPSP synthase inhibitors (G/9)
21 Echinochloa crus-galli var. crus-galli 2009 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
Synthetic auxins (O/4)
22 Sagittaria montevidensis 2009 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
PSII inhibitors (Nitriles) (C3/6)
23 Lolium perenne ssp. multiflorum 2010 ALS inhibitors (B/2)
24 Lolium perenne ssp. multiflorum 2010 Multiple resistance: 2 sites of action
ACCase inhibitors (A/1)
EPSP synthase inhibitors (G/9)
25 Conyza sumatrensis 2010 EPSP synthase inhibitors (G/9)
26 Avena fatua 2010 ACCase inhibitors (A/1)
27 Conyza sumatrensis 2011 ALS inhibitors (B/2)
ANEXOS
25. 28 Conyza sumatrensis 2011 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
EPSP synthase inhibitors (G/9)
29 Amaranthus retroflexus 2011 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
Photosystem II inhibitors (C1/5)
30 Amaranthus viridis 2011 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
Photosystem II inhibitors (C1/5)
31 Amaranthus retroflexus 2012 ALS inhibitors (B/2)
32 Raphanus raphanistrum 2013 ALS inhibitors (B/2)
33 Ageratum conyzoides 2013 ALS inhibitors (B/2)
34 Chloris elata 2014 EPSP synthase inhibitors (G/9)
35 Amaranthus retroflexus 2014 PPO inhibitors (E/14)
36 Cyperus iria 2014 ALS inhibitors (B/2)
37 Amaranthus palmeri 2015 EPSP synthase inhibitors (G/9)
38 Echium plantagineum 2015 ALS inhibitors (B/2)
39 Echinochloa crus-galli var. crus-galli 2015 Multiple resistance: 3 sites of action
ACCase inhibitors (A/1)
ALS inhibitors (B/2)
Cellulose inhibitors (L/26)
40 Eleusine indica 2016 EPSP synthase inhibitors (G/9)
41 Amaranthus palmeri 2016 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
EPSP synthase inhibitors (G/9)
42 Digitaria insularis 2016 ACCase inhibitors (A/1)
43 Bidens pilosa 2016 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
Photosystem II inhibitors (C1/5)
44 Lolium perenne ssp. multiflorum 2016 Multiple resistance: 2 sites of action
ACCase inhibitors (A/1)
ALS inhibitors (B/2)
45 Conyza sumatrensis 2016 PSI Electron Diverter (D/22)
46 Lolium perenne ssp. multiflorum 2017 Multiple resistance: 2 sites of action
ALS inhibitors (B/2)
EPSP synthase inhibitors (G/9)
47 Conyza sumatrensis 2017 PPO inhibitors (E/14)
25
26. BIBLIOGRAFIA
AGRICULTURAL RESEARCH SERVICE - ARS. Pesticide Properties DataBase. Disponível em: <https://www.ars.usda.gov/
ARSUserFiles/00000000/DatabaseFiles/PesticidePropertiesDatabase/IndividualPesticideFiles/GLUFOSINATE-AMMONIUM.TXT>. Acesso
em: 04 jul. 2017.
ANDERSON, D. M. et al. The influence of temperature and relative humidity on the efficacy of glufosinate-ammonium. Weed Research, v. 33,
p. 139-147, 1993.
BERNARD, S.M. et al. Gene expression, cellular localization and function of glutamine synthetase isozymes in wheat (Triticum aestivum L.).
Plant Molecular Biology, v. 67, p. 89–105, 2008.
BUSI, R.; POWLES. S. Evolution of glyphosate resistance in a Lolium rigidum population by glyphosate selection at sublethal doses.
Heredity, v. 103, p. 318–325, 2009.
BRAZ, G. B. P. et al. Seletividade do amônio-glufosinato isolado e em mistura com pyrithiobac-sodium em algodoeiro transgênico LL.
Planta Daninha, v. 30, p. 853-860, 2012.
BRUNHARO, C. A.C. G. et al. Aspectos do mecanismo de ação do amônio glufosinato: culturas resistentes e resistência de plantas
daninhas. Revista Brasileira de Herbicidas, v. 13, p. 163-177, 2014.
CARBONARI, C.A. et al. Resistance to glufosinate is proportional to phosphinothricin acetyltransferase expression and activity in
LibertyLink® and WideStrike® cotton. Planta, v.243, n.4, p.925-933, 2016.
CHRISTOFFOLETI, P.J., NICOLAI, M. Aspectos de resistência de plantas daninhas e herbicidas. 4ª Ed. Piracicaba: HRAL - BR, 262 p. 2016
DAYAN F.E., DUKE S.O. Natural compounds as next generation herbicides. Plant Physiol. 2014;166:1090–1105. doi: 10.1104/
pp.114.239061.
DAYAN F.E. et al. Natural products in crop protection. Bioorg Med Chem. 2009;17:4022–4034. doi: 10.1016/j.bmc.2009.01.046.
DE BLOCK, M., et al. Engineering herbicide resistance in plants by expression of a detoxifying enzyme. The EMBO Journal, v. 6, p. 2513-
2518, 1987.
DONN, D. et al. Herbicide-resistant alfalfa cells: an example of gene amplification in plants. Journal of Molecular and Applied Genetics, v. 2,
p. 621-635, 1984.
FORNAROLLI D.A. Eficácia e seletividade do Herbicida UPL 323 A FP (Glufosinato-sal-de-amônio, 200 g/L, SL) na dessecação de plantas
daninhas antes da semeadura da soja. Fornarolli Ciência Agrícola Ltda. Paraná. 2016.
GIANESSI, L. P., REIGNER, N. P.; The value of herbicides in U.S. crop production. Weed Technology, v. 21, p. 559-566, 2007.
GUIZ, C. et al. Occurrence and influence of light on the relative proportions of two glutamine synthetase in rice leaves. Plant Science Letters,
v. 15, p. 271-277, 1979.
HABASH, D.Z. et al. The role of cytosolic glutamine synthetase in wheat. Annals of Applied Biology, v. 138, p. 83–89, 2001.
HEAP I., The International Survey of Herbicide Resistant Weeds. Online. Internet. Disponível em: <www.weedscience.org>. Acesso em 04
de julho de 2017.
HOERLEIN, G. Glufosinate (phosphinothricin), a natural amino acid with unexpected herbicidal properties. Reviews of Environmental
Contamination and Toxicology, v.138, p.73-145, 1994.
KISHORE, G. M., SHAH, D. M. Amino acid biosynthesis inhibitors as herbicides. Annual Review of Biochemistry, v. 57, p. 627-663, 1988.
KRIEG, L. C. et al. Growth, ammonia accumulation and glutamine synthetase activity in alfafa (Medicago sativa L.) shoots and cells treated
with phosphinothricin. Plant Cell Reports, v. 9, p. 80-83, 1990.
27. LAM, H. M. et al. Use of Arabidopsis mutants and genes to study amide amino acid biosynthesis. Plant Cell, v. 7, p. 887–898, 1995.
LEA, P.J. The inhibition of ammonia assimilation: a mechanism of herbicide action. In: Baker, N. R.; Percival, M. P. (eds.). Herbicides. New
ork/Amsterdan: Elsevier. p. 267-297, 1991.
LEITE C.R.F. Laudo de Praticabilidade e Eficiência Agronômica de UPL 323 A FP (Glufosinato-sal de amônio 200 gi.a./L) no manejo da
planta daninha Conyza bonariensis, para a semeadura de soja (Glycine max L.). Spray Drop – Pesquisas e Desenvolvimento e Assistência
Técnica Agro-Industrial S/S Ltda. Paraná. 2015.
MERSEY, B. G. et al. Factors affecting the herbicidal activity of glufosinate-ammonium: absorption, translocation, and metabolism in barley
and green foxtail. Pesticide Biochemistry and Physiology, v. 37, p. 90-98, 1990.
METZ, P. et al. A transgene-centered approach to the biosafety of transgenic phosphinothricin-tolerant plants. Molecular Breeding, v.4, n.4,
p.335–341, 1998.
MOSS, S.R., RUBIN, B. Herbicide-resistant weeds: a worldwide perspective. Journal of Agricultural Science, v. 120, p. 141-148, 1993.
MULLNER, H. et al. Engineering crop resistance to the naturally occuring glutamine synthetase inhibitor phosphinothricin. In Pest Control
with Enhanced Environmental Safety. DUKE, S.O. et al. Eds. Washington D.C., American Chemical Society. Chap. v.3, p.38-47, 1993.
NEVE, P. et al. Modeling glyphosate resistance management strategies for Palmer amaranth (Amaranthus palmeri) in cotton. Weeed
Technology, v. 25, p. 335-343, 2011.
NEVE, P., POWLES, S. High survival frequencies at low herbicide use rates in populations of Lolium rigidum result in rapid evolution of
herbicide resistance. Heredity, v.95, p. 485–492, 2005.
NORSWORTHY, J. K. Repeated sublethal rates of glyphosate lead to decreased sensitivity in Palmer amaranth. CropManag. doi:10.1094/
CM-2012-0403-01-RS, 2012.
OLIVEIRA, T., BRUNHARO, C.A.C.G. Resistência de plantas daninhas a herbicidas inibidores da glutamina sintetase (GS) (Grupo H). In:
CHRISTOFFOLETI, P.J.; NICOLAI, M. (Coord.). Aspectos de resistência de plantas daninhas a herbicidas. 4.ed. Piracicaba: Associação
Brasileira de Ação à Resistência de Plantas aos Herbicidas - HRAC-BR, p.251-262. 2016.
RODRIGUES, B.N., ALMEIDA, F.S. Guia de herbicidas. 6. RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. (Eds): Londrina, p. 84, 2011.
SELLERS, B. A. et al. Diurnal fluctuations and leaf angle reduce glufosinate efficacy. Weed Technology, v. 17, p. 302-306, 2003.
STRAUCH, E. et al. Cloning of the phosphinothricinN-acetyl-transferase gene from Streptomyces viridochromogenes Tü494 and its
expression in Streptomyces lividans and Escherichia coli. Gene, v.63, n.1, p.65-74, 1988.
TAIRA, M. et al. Arabidopsis thaliana GLN2-encoded glutamine synthetase is dual targeted to leaf mitochondria and chloroplasts. Plant Cell,
v.16, p. 2048–2058, 2004.
TOBIN A.K. et al. Changes in the activities of chloroplast and cytosolic isoenzymes of glutamine synthetase during normal leaf growth and
plastid development in wheat. Planta, v. 163, p. 544–548, 1985.
ULLRICH, W.R. et al. Uptake of glufosinate and concomitant membrane potential changes in Lemna gibba. Pesticide Biochemistry and
Physiology, v.37, p 1-11, 1990.
VIDAL, R.A. et al. Impacto da temperatura, irradiância e profundidade das sementes na emergência e germinação de Conyza bonariensis e
Conyza canadensis resistentes ao glyphosate. Planta Daninha, v.25, n.2, p.309-315, 2007.
WEHRMANN, A. et al. National Biotechnology, v.14, n.1, p.1274-1278, 1996.
27
28. UPL BRASIL Rua José Geraldo Ferreira, 105 - Notre Dame - Campinas - SP
CEP 13092-807 | Tel. (19) 3794 5600
Maisinformações
consulteosite
uplbrasil.com.br
O HERBICIDA DO SEU MANEJO.