1. Encontros – 12.o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Miguel Magalhães
José Saramago
Memorial do Convento
SÍNTESE DA UNIDADE
2. Séc. XVII
BARROCO
Séc. XIX
ROMANTISMO
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Friso cronológico
José Saramago (1922-2010)
O Ano da Morte de Ricardo Reis
1984
IDADE
MÉDIA
Séc. XV-XVI
RENASCIMENTO REALISMO
Séc. XX
MODERNISMO
LITERATURA
CONTEMPORÂNEA
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3. O título e as linhas de ação
Visão crítica
Linguagem, estilo e estrutura
Dimensão simbólica
Em síntese
Caracterização das personagens | Relação entre elas
O tempo histórico e o tempo da narrativa
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
4. O
título
e
as
linhas
de
ação
do Convento
• Escrito em que se
regista o que se
pretende guardar na
memória.
• Obra escrita que
relata factos ou
feitos memoráveis.
• Construção
do Convento
de Mafra.
Memorial
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
5. Relacionada com
a promessa do rei
e com o espaço
social, político e
económico da
corte (universo
dos dominantes).
Rei D. João V
e corte
Relacionada com
os homens do
povo que
constroem o
convento, num
esforço épico
(universo
dos dominados).
Construção do
convento
Centrada na
história de
amor de
Baltasar e
Blimunda.
Baltasar e
Blimunda
Relacionada com
a construção da
uma máquina
voadora por
Bartolomeu,
Blimunda e
Baltasar.
Padre
Bartolomeu de
Gusmão
Linhas de ação
Voltar
O
título
e
as
linhas
de
ação
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
6. Caracterização
das
personagens
|
Relação
entre
elas
Baltasar Sete-Sóis
• Natural de Mafra.
• Assenta praça na infantaria do rei e
combate na Guerra da Sucessão de
Espanha, aí perdendo a mão esquerda
(que substitui por um gancho).
• Quando conhece Blimunda, tem 26
anos, “cara escura e barbada”.
• Participa entusiasticamente na
construção da passarola.
• Trabalha nas obras do convento de
forma alienada.
• É queimado num auto de fé.
• Dotada de poderes sobrenaturais
(vê por dentro quando está em
jejum).
• Quando conhece Baltasar, tem 19
anos, cabelo espesso e cor de mel.
• Recolhe vontades dos homens
para o voo da passarola.
• Recolhe a vontade de Baltasar
quando este é queimado pela
Inquisição.
Blimunda Sete-Luas
Representa o
transcendente
e a inquietação
humana.
Representa a condição
humana e a crítica do
narrador à desumanidade
da guerra.
Relação de
amor pautada
pela autenticidade,
fidelidade, ternura,
sensualidade.
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
7. D. João V
• Casado com D. Maria Ana
Josefa, mas libertino.
• Megalómano – movido pela
vaidade e pelo fanatismo
religioso, manda construir um
convento em Mafra.
• Vaidoso (equiparando-se a
Deus).
• Interessado pelas descobertas
de Bartolomeu de Gusmão.
• Relação cerimoniosa com o
marido.
• Impossibilitada de assumir a
sua feminilidade, sonha com o
cunhado, daí resultando
sentimentos de culpa.
D. Maria Ana Josefa
Representa a mulher
aristocrata presa às
convenções sociais.
Representa o poder real
absolutista e
prepotente/autocrático.
Casamento
contratual, baseado
no cumprimento
das convenções.
Caracterização
das
personagens
|
Relação
entre
elas
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
8. Padre Bartolomeu
de Gusmão
• Tem a mesma idade de Baltasar, mas
é um pouco mais baixo e parece mais
novo.
• Vítima de chacota na corte –
chamam-lhe “Voador”, por sonhar
construir uma máquina de voar, mas é
protegido pelo rei.
• Concretiza o seu sonho, com a ajuda
de Baltasar e Blimunda.
• É perseguido pela Inquisição e morre
louco.
• Músico contratado pelo rei para
dar lições de cravo à princesa.
• Leva um cravo para a abegoaria,
onde toca enquanto Baltasar e
Blimunda constroem a passarola.
• A sua música cura Blimunda e
permite que a passarola voe.
Domenico
Scarlatti
Representa
o poder
transcendente
da arte.
Representa a elevação ao
divino da vontade
Humana.
Caracterização
das
personagens
|
Relação
entre
elas
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
9. CLASSES DOMINANTES
Infante D. Francisco
Irmão de D. João V, que deseja o trono.
Infanta D. Maria Bárbara
Filha de D. João V e de D. Maria Josefa
Princesa herdeira em honra de quem foi
mandado construir o convento.
Nuno da Cunha
Bispo inquisidor.
Frei António de S. José
Velho franciscano, astuto (manipula o rei
com vista à construção do convento).
Frei Boaventura de São Gião
Frade censor do paço.
Nobreza
Clero
Caracterização
das
personagens
|
Relação
entre
elas
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
10. Povo
• Oprimido, explorado,
submisso, vítima da
prepotência do rei e do
clero.
• Massa coletiva e anónima
constituída pelos milhares
de portugueses que foram
obrigados a concretizar o
sonho megalómano do rei.
• Representado por Baltasar
e Blimunda e individualizado
por Manuel Milho, Francisco
Marques, Sebastiana de
Jesus, João Francisco e
Marta Maria…
Sebastiana de Jesus | Mãe de Blimunda; morre
condenada num auto de fé.
Álvaro Diogo | Cunhado de Baltasar Sete-Sóis e de
Blimunda, trabalhador na construção do convento;
morre ao cair de uma janela do convento.
Inês Antónia | Irmã de Baltasar, casada com Álvaro
Diogo e cunhada de Blimunda.
Gabriel | Sobrinho de Baltasar, filho de Álvaro Diogo
e Inês Antónia.
João Elvas | Amigo de Baltasar Sete-Sóis, combateu
com ele na guerra; vadio e participante no cortejo
real.
Manuel Milho
Trabalhador nas obras do convento.
João Francisco e Marta Maria
Pais de Baltasar. Voltar
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Caracterização
das
personagens
|
Relação
entre
elas
11. • Época histórica em que ocorrem os acontecimentos narrados:
reinado de D. João V e construção do convento de Mafra.
• Início da ação: 1711 (“São Francisco andava pelo mundo,
precisamente há quinhentos anos, em mil duzentos e onze”).
• Acontecimentos que contribuem para a caracterização do tempo
histórico: procissões (penitência após o Carnaval, Corpo de Deus),
autos de fé (Inquisição), tourada, bênção da primeira pedra,
trabalho nas obras do convento, casamento de D. Maria Bárbara
(cortejo real), festa da sagração do convento.
Tempo
histórico
Tempo
da
narrativa
• Forma como os acontecimentos são apresentados pelo narrador:
→ por ordem linear;
→ por meio de analepses – ex.: recuo a 1624 para se explicar a
situação que deu origem à promessa do rei de construção do
convento em Mafra (desejo dos franciscanos);
→ por meio de prolepses – referência a acontecimentos
ocorridos no passado, após a ação narrada (ex.: mortes de
Álvaro Diogo, do sobrinho de Baltasar e do infante D. Pedro);
referências à atualidade (ex.: cravos alusivos ao 25 de Abril, ida
do Homem à Lua, cinema…).
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
12. Início
da ação
1711
Promessa de
D. João V
Gravidez da
rainha e
nascimento da
infanta D.
Maria Bárbara.
1715
Início da
construção
do convento
de Mafra.
1717
Bênção da
1ª pedra
da basílica.
ANALEPSE
Fim da
ação
TEMPO HISTÓRICO
1730
Festa da
sagração
da basílica.
TEMPO DA ESCRITA
PROLEPSES
Ex.: 25 de Abril,
ida à Lua, cinema
TEMPO DA NARRATIVA
Século XX
• José Saramago
escreve Memorial do
Convento,
publicando-o em
1982.
• O narrador é
contemporâneo do
leitor, fazendo
referências à
atualidade.
1624
Desejo dos
Franciscanos
.
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
13. Narrador contemporâneo do leitor, não participante
na ação, mas omnisciente e interventivo (conhece
profundamente a história oficial, reinterpretando-a
e controlando a narrativa).
Visão crítica
do narrador
Matizes de narrador (Maria Alzira Seixo)
❶ O que habita um presente intemporal e se revela
omnisciente.
❷ O conhecedor do futuro, capaz de revelar as
grandes linhas da História.
❸ O que ficciona e recria os limites da realidade.
❹ O que se revela numa omnisciência limitada
perante o entrecruzar de atos particulares e
destinos singulares.
❺ O crítico irónico ou humorista perante a sua
possibilidade de manipular.
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
14. Na edificação do palácio-basílica-convento de Mafra,
conjugaram-se o “trono” e o “altar”, dispondo de
incalculáveis dinheiros públicos e de exploração do “povo
miúdo”. […] O contraste simbólico com a construção da
passarola é por de mais evidente: em vez dos enormes
gastos ou da força bruta, aqui usa-se o engenho humano e
a conjugação de vontades – da ciência de Bartolomeu, da
mão especial de Baltasar, do olhar sobrenatural de
Blimunda e até da arte de Scarlatti. E, simbolicamente, ao
contrário da pesada construção arquitetónica assente na
terra de Mafra, a passarola sobe ao céu e voa livremente.
MARTINS, J. Cândido (2008). “Memorial do Convento, de José Saramago:
intertexto, interdiscurso e paródia carnavalizadora”, in Literatura Portuguesa –
Ontem, Hoje. São Paulo: Paulistana Editora [com supressões]
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Dimensão
simbólica
15. PODER
absolutista e
despótico:
Trono
+
Altar
• D. João V,
megalómano e devasso.
• Frei António de S. José
e D. Nuno da Cunha.
• D. Maria Ana, devota
parideira.
• João Frederico
Ludovice, arquiteto
estrangeiro.
CONSTRUÇÃO
do palácio-basílica-
convento:
símbolo do Rei
magnânimo, faustoso e
absolutista (pretensão de
se equiparar a Luís XIV, o
Rei-Sol francês).
QUERER do
conhecimento:
Conjugação
voluntária de
vários saberes
articulados
• Padre Bartolomeu
Lourenço, saber
científico e alquímico.
• Baltasar Mateus, saber
artesanal.
• Blimunda de Jesus,
saber sobrenatural.
• Domenico Scarlatti,
saber artístico.
CONSTRUÇÃO
da passarola voadora:
símbolo da ciência e do
progresso, do sonho e da
Utopia.
MARTINS, Op. cit.
O
título
e
as
linhas
de
ação
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
16. Simboliza a
perfeição
→ A passarola
é construída
pela tríade
Bartolomeu,
Baltasar
e Blimunda.
três
Simboliza a totalidade
do universo em
movimento
→ Associado aos nomes
Sete-Sóis e Sete-Luas, tem
um significado dual,
conotado com a harmonia
cósmica (dia/noite) e a
totalidade.
sete
Simboliza a gestação,
a renovação, o
renascimento
→ Blimunda procura
Baltasar durante nove
anos; no
final, recolhe a sua
vontade e restabelece a
harmonia cósmica.
nove
Memorial do Convento
Números com valor simbólico
Voltar
O
título
e
as
linhas
de
ação
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
17. Voltar
Linguagem, estilo e estrutura
A estrutura da obra
Intertextualidade
Pontuação | Reprodução
do discurso no discurso
Recursos expressivos
Enumeração
Ironia
Metáfora
Comparação
Anáfora
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
18. Auto de fé.
Encontro e união de
Baltasar e Blimunda.
Apresentação de Baltasar. Ida de Baltasar até Lisboa.
• Relação conjugal de D. João V e da rainha. Fanatismo religioso.
Promessa do rei. Gravidez da rainha.
Entrudo. Quaresma. Procissão da Penitência. Sonho da rainha.
Cap. IV
Cap. V
Importação de cereais. Episódio da frota do bacalhau.
Baltasar questiona Blimunda sobre os seus mistérios.
História do Pe. Bartolomeu. Baltasar integra o projeto da passarola.
Cap. I
Desejo antigo de edificação de um convento franciscano.
Cap. II
Cap. III
Cap. VI
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
19. Relação entre D. João V e as freiras. Revolta das freiras de
Santa Mónica. Novo auto de fé. Paz com França.
Ida para São Sebastião da Pedreira. Blimunda torna-se Sete-
Luas. Partida para Mafra. Quotidiano de Baltasar e Blimunda.
Trabalho manual de Baltasar e ajuda de Blimunda na
construção da passarola. Visões de Blimunda no interior da
passarola. Partida do padre Bartolomeu para a Holanda.
• Nascimento da infanta D. Maria Bárbara. Batismo e
comemorações. Pirataria francesa. Chegada da nau de Macau.
Conflitos no Brasil.
Baltasar e Blimunda assistem às comemorações reais.
Cap. IX
Cap. VII
Nova gravidez da rainha. Nascimento do infante. Pirataria
francesa no Brasil. Episódio da frota inglesa.
Escolha do local para a construção do convento.
Blimunda revela a segunda gravidez da rainha e o seu dom a
Baltasar. O casal observa os festejos do nascimento do
infante.
Cap. VIII
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
20. • Funeral do infante. Gravidez da rainha (do futuro rei D. José).
Doença do rei D. João V e religiosidade da rainha. Intenções
de D. Francisco em subir ao trono. Insinuações à rainha.
Venda de terras para a construção do convento,
inclusivamente do pai de Baltasar. Alterações ao projeto
inicial.
Regresso de Baltasar a Mafra e apresentação de Blimunda à
família de Baltasar. Morte do sobrinho de Baltasar. Sonho de
Baltasar sobre a sementeira de penas. Relação entre Baltasar
e Blimunda vs. casamento real.
Cap. X
Escavação dos caboucos. Bartolomeu observa a massa de
trabalhadores.
Regresso de Bartolomeu da Holanda e visita a Baltasar. Ida
do padre para Coimbra. Sonho comum. Padre Bartolomeu
define éter (a vontade dos homens). Blimunda vê
Bartolomeu por dentro. Criação da Trindade.
Cap. XI
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
21. Domenico Scarlatti dá aulas de cravo à princesa.
Regresso de Bartolomeu (fim das viagens). Diálogo entre o
padre e Scarlatti e cumplicidade entre os dois. Ida do músico
à abegoaria.
• D. João participa nas cerimónias da bênção da primeira pedra.
Lançamento da primeira pedra. Construção e reconstrução da
igreja de madeira. Procissão. Participação do rei na
cerimónia.
Visão de Blimunda (nuvem fechada na hóstia). Viagem para
Lisboa e para S. Sebastião da Pedreira.
Carta de Bartolomeu. Blimunda recolhe vontades na
cerimónia. Chegada a S. Sebastião da Pedreira.
Cap. XIV
Cap. XII
Procissão do Corpo de Deus. Participação e monólogo interior
do rei.
Baltasar e Blimunda assistem abraçados aos eventos.
Baltasar constrói a forja e Blimunda recolhe vontades.
Recomeço dos trabalhos e chegada de Bartolomeu. Partida
de Bartolomeu para Coimbra.
Cap. XIII
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
22. Notícia do terramoto e tempestade em Lisboa.
Sete anos depois, Baltasar começa a trabalhar nas obras do
convento. Alusão aos diversos ofícios necessários à
construção.
Blimunda vai viver com Baltasar em Mafra.
Idas regulares de Baltasar a Monte Junto. Visita de Scarlatti.
Notícia da morte de Bartolomeu.
Epidemia em Lisboa. Milagre da Madre Teresa de Anunciação.
Blimunda recolhe vontades, na companhia de Baltasar.
Doença de Blimunda. A música de Scarlatti ajuda a curar
Blimunda.
Participação de Scarlatti na construção da passarola com a sua
música. Conclusão da construção da passarola.
Cap. XVII
Cap. XV
Da passarola, os voadores veem as obras. Procissão pelo
aparecimento do Espírito Santo.
Bartolomeu revela a sua conversão ao judaísmo. Voo
inaugural da passarola. Bartolomeu tenta incendiar a
passarola. Problemas no voo. Aterragem em Monte Juno.
Desaparecimento de Bartolomeu
Cap. XVI
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
23. Quotidiano dos trabalhadores,
doenças, comportamentos
promíscuos. Visita dos padres aos
hospícios.
Ida a Monte Junto. Noite de amor
na passarola. Morte do pai de
Baltasar.
Visitas de Baltasar a Monte Junto.
Conservação da passarola.
Reflexão de D. João V sobre as suas riquezas.
Missa na capela de madeira. Partilha de história de vida dos
trabalhadores com Baltasar.
Domingo em família. Blimunda apazigua Baltasar.
Cap. XX
Cap. XVIII
Visão aérea da construção a partir da passarola. Epopeia da
pedra. Morte de Francisco Marques.
Baltasar passa a andar com a junta de bois. Sonho de
Baltasar. Recordações de Baltasar.
Cap. XIX
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
24. Anúncio do casamento dos infantes. Viagem até à fronteira.
João Elvas acompanha o cortejo de entrega de D. Maria
Bárbara. Troca de princesas.
Cap. XXII
Desmotivação dos
infantes na
construção da
miniatura da
Basílica de S.
Pedro. Encomenda
de D. João V a
Ludovice para
construir uma
basílica como a de
S.
Pedro na corte portuguesa. Desencorajamento do arquiteto,
convencendo o rei a construir um convento maior em Mafra.
Aumento das dimensões do convento. Falso recado a
Baltasar. Falsa carta de Baltasar ao rei. Marcação da data da
sagração. Recrutamento forçado de homens por todo o país.
Cap. XXI
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
25. Procura de Blimunda.
Reencontro.
Cortejo dos noviços.
Cortejo das estátuas. Encontro do cortejo das estátuas com o
dos noviços. Preparativos para a sagração. Notícia da morte
de Álvaro Diogo na construção do convento. Balanço de 13
anos de construção.
Alusão à união dos nomes Baltasar/Blimunda. A juventude
de Baltasar vista por Blimunda. Noite de amor pela última
vez.
Alusão à união dos nomes Baltasar/Blimunda/Bartolomeu.
Baltasar voa na passarola.
Cap. XXV
Cap. XXIII
Chegada do rei para a sagração. Chegada do patriarca de
Lisboa. Sagração do convento (22-10-1730).
Blimunda parte à procura de Baltasar. Perigos vividos pela
personagem (tentativa de violação).
Cap. XXIV
Voltar
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
A
ESTRUTURA
DA
OBRA
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
26. Intertextualidade
Luís de Camões
“E quando isto
ouviram foram os
camaristas beijar
a mão do seu
senhor, vós me
direis qual é mais
excelente, se ser
do mundo rei, se
desta gente.”
→ cf. Os Lusíadas,
Canto I, est. 10
Formas peculiares de citação
intertextual, que recriam de forma
irónica e, geralmente, em tom de
paródia, passagens conhecidas de
textos da literatura portuguesa e
da literatura de tradição oral (ex.:
provérbios ditos populares).
Padre António Vieira
“Estão parados
diante do último
pano da história de
Tobias, aquele onde
o amargo fel do
peixe restitui a vista
ao cego.”
→ Sermão de Santo
António, Cap. III
Fernando Pessoa
“Em seu trono
entre o brilho das
estrelas… por ora
ainda não
nascido.”
→ Mensagem –
“O Infante D.
Henrique”
Provérbios e
ditos
populares
•“não vão os
caminhos
dar todos a
Roma”
•“fazer o bem
olhando a
quem”
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
INTERTEXTUALIDADE
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
27. Linguagem
e estilo
Ao escrever uma história sobre parte
essencial do reinado de D. João V, José
Saramago poderia ter cedido à tentação
compreensível de fazer o pastiche do estilo
barroco da época com uma fidelidade
absoluta. Porém, o escritor evitou a imitação
pura do estilo de época, optando por uma
solução híbrida: o estilo
conversado do narrador
saramaguiano ora revitaliza
códigos e traços estilísticos da
língua barroca, ora moderniza a
língua com a prática de um uso
contemporâneo.
MARTINS, J. Cândido, Op. cit., p. 95.
Revitalização do estilo barroco
❶ Recurso a vocábulos correntes na língua de
Setecentos (hoje encarados como arcaísmos
ridicularizadores)
Ex.: “a rainha tem a madre seca”
“ainda não emprenhou”
❷ Inversões frásicas típicas de certos
formalismos barrocos
Ex.: “material prova”
“bastardos da real semente”
❸ Rebaixamento do estilo, confrontando
subitamente o registo elevado com o
uso popular da língua
Ex.: “fizeram inchar até hoje a
barriga de D. Maria Ana”
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Linguagem,
estilo
e
estrutura
28. Pontuação
Supressão de quase todos os
sinais de pontuação, à
exceção da vírgula e do
ponto final.
“Em dois anos, […] veio a
descobrir como é pequeno
este país onde nasceu, Já aqui
estive, já aqui passei, e dava
com rostos que reconhecia,
Não se lembra de mim,
chamavam-me Voadora, Ah,
bem me lembro, então achou
o homem que procurava, O
meu homem, Sim, esse, Não
achei, Ai pobrezinha […]”.
Reprodução do discurso
no discurso
Uso peculiar do discurso
direto – não seguimento das
convenções associadas à sua
representação gráfica;
marcação do discurso direto
com inicial maiúscula (início
de fala) e vírgula (fim de
fala).
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Linguagem,
estilo
e
estrutura
29. Anáfora
Repetição de uma palavra ou expressão em início de frases ou
versos sucessivos com o objetivo de intensificar a ideia expressa.
“Seiscentos homens agarrados
desesperadamente
aos doze calabres que tinham
sido fixados na traseira
da plataforma, seiscentos homens
que sentiam, com o tempo e o esforço,
ir-se-lhes embora aos poucos
a tesura dos músculos,
seiscentos homens que eram
seiscentos medos de ser.”
A anáfora realça, em
tom crítico, a grande
quantidade de
homens implicados na
tarefa de transportar
a pedra, salientando o
esforço humano coletivo
exigido para o efeito
(em contraste com a
promessa de
D. João V, único ator da
História oficial).
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Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
RECURSOS
EXPRESSIVOS
Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
30. Comparação
Relação de analogia entre dois termos com o objetivo de
assinalar as suas diferenças ou semelhanças, recorrendo
a uma palavra ou expressão comparativa.
“Scarlatti pôs-se a tocar,
primeiro deixando correr
Os dedos sobre as teclas,
como se soltasse as notas
das suas prisões.”
Com esta comparação
sugere-se o carácter
libertador, desprendido e
fluido da música,
realçando-se a autonomia
que a música adquire
após ser tocada.
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
RECURSOS
EXPRESSIVOS
31. Enumeração
Apresentação ou listagem sucessiva de elementos relacionados
entre si e, geralmente, da mesma classe gramatical, de forma a
intensificar uma ideia.
“[e] isto se passa na presença
de outros criados e pajens,
este que abre o gavetão,
aquele que afasta a cortina,
um que levanta a luz,
outro que lhe modera o brilho,
dois que não se movem,
dois que imitam estes,
mais uns tantos que não se sabe
o que fazem nem por que estão.”
Com esta enumeração o
narrador censura a relação
contratual existente
entre o rei e a rainha,
criticando a inexistência
de afetividade e
cumplicidade conjugais na
vivência da relação
amorosa.
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Linguagem,
estilo
e
estrutura
|
RECURSOS
EXPRESSIVOS
32. Ironia
Expressão em que se sugerem ideias ou sentimentos
contrários ou diferentes do que se diz. A interpretação
correta da ironia depende do contexto e do
entendimento do interlocutor.
“[…] e ninguém ali sabia
quem iria ser posto à prova,
se o mesmo Deus, se a virtude
de frei António, se a potência
do rei, ou, finalmente,
a fertilidade dificultosa
da rainha.”
A ironia é o recurso
utilizado pelo narrador
para criticar a atitude do
rei e do clero aquando da
promessa de edificação
da construção de um
convento, caso a rainha
engravide.
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Linguagem,
estilo
e
estrutura
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RECURSOS
EXPRESSIVOS
33. Metáfora
Utilização de um termo para designar algo diferente
daquilo que designa habitualmente, a partir de
elementos que são comuns a esse termo e ao que ele
refere.
“O céu está cinzento e
pérola para o lado do mar,
mas, por cima dos cabeços
que o defrontam, espalha-se
lentamente uma
cor de sangue aguado,
depois vivo e vivíssimo.”
Estas metáforas
pressagiam a dor e a
morte originadas pela
construção do
convento.
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327
Linguagem,
estilo
e
estrutura
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RECURSOS
EXPRESSIVOS
34. Em síntese
O título e as linhas de ação
Caracterização das personagens. Relação entre elas
O tempo histórico e o tempo da narrativa
Visão crítica
Dimensão simbólica
Linguagem, estilo e estrutura
– a estrutura da obra
– intertextualidade
– pontuação
– recursos expressivos: anáfora,
comparação, enumeração,
ironia e metáfora
– reprodução do discurso
no discurso
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Memorial do Convento: síntese da unidade ● Manual, p. 327