2. Objetivo: ilustrar com objetivos práticos a conexão
entre psicanálise e o teste de associação de palavras
3. Resumo:
1) O complexo em neuroses psicógenas que se revela nas
associações constitui a causa morbi (pressuposta a
disposição).
2) As associações podem ser instrumento valioso para a
descoberta do complexo patogênico e, portanto, facilitar e
abreviar a psicanálise de Freud.
3) As associações nos proporcionam uma visão experimental da
estrutura psicológica do sintoma neurótico: os fenômenos
histéricos e obsessivos derivam de um complexo. Os
sintomas físicos nada mais são do que retratos simbólicos do
complexo patogênico.
4. Estudo de caso:
Senhorita E, 37 anos, professora
Queixas iniciais: insônia, inquietação interna,
agitação, irritabilidade contra sua família, impaciência
e discórdia.
Havia sido governanta em um país estrangeiro. A
doença havia aparecido nos últimos anos. Fora tratada
por diversos médicos, sem sucesso.
5. Estudo de caso:
O principal sintoma era a insônia. “Sempre que sentia
cansaço e vontade de dormir, era tomada de um medo
terrível de não mais conseguir dormir até ficar louca ou
morrer. Custava-lhe muito dar esta explicação, que
vinha acompanhada de muitos gestos defensivos,
dando a impressão de que estava contando algo
sexualmente indecente do qual devia envergonhar-se”
(JUNG, p. 308).
6. Estudo de caso:
Foi aplicado o teste de associação de palavras. A média
provável foi de 2,4 segundos. Muito alta em
comparação com pacientes de sua classe social e
educação, o que sugeria uma sensibilidade e
emotividade aflorada.
7. Estudo de caso:
Jung diz: “A paciente, por exemplo, não conseguia
dormir; em pessoas mais jovens a insônia é muitas
vezes expressão da não satisfação sexual” (JUNG, p.
317).
8. Estudo de caso:
Interpretação do teste por Jung:
“A paciente se considera velha, feia e se sente
desconfortável com sua tez amarelada; ao seu corpo
dedica uma atenção cheia de ansiedade; não gosta
nada de ser tão pequena. Possivelmente tem
grande sonho de casar-se, seria esposa amorosa
com o marido e gostaria de ter filhos. No entanto,
sob estes sintomas eróticos pouco suspeitos parece
haver um complexo sexual que deseja ocultar a
todo custo” (JUNG, 319).
9. Estudo de caso:
Interpretação do teste por Jung:
“Há indícios que levam à conclusão de que dá atenção
fora do comum às partes genitais; isto pode
significar onanismo numa senhora decente e culta.
Mas onanismo no sentido mais amplo de uma
autosatisfação perversa” (JUNG, 319).
10. Estudo de caso:
Interpretação a partir da psicanálise
“Sua personalidade comum e sua personalidade sexual
são dois complexos diferentes, duas consciências
diferentes que nada querem ou nada devem saber
uma da outra” (JUNG, p. 325).
11. Estudo de caso:
Interpretação a partir da psicanálise
“Semelhante exercício da função sexual deve ser
incompatível com seu caráter, fora disso, tão nobre;
deve ter havido uma rejeição e uma repressão da
sexualidade como absurda e repulsiva, pois é
impossível que uma mulher tão culta e sensível
consiga combinar estas obscenidades com os
demais conteúdos de sua mente” (JUNG, p. 329).
12. Estudo de caso:
Interpretação a partir da psicanálise
“Estas coisas só podem existir na repressão. Mas elas
existem e tem uma existência separada; constituem um
estado dentro de um estado, uma personalidade dentro
de uma personalidade. Em outras palavras: estão
presentes duas consciências, mantidas separadas por
fortes barreiras emocionais. Uma não pode e não deve
saber da outra” (JUNG, p. 329).
13. Estudo de caso:
Conclusão
“A verdadeira mudança para melhor aconteceu no
início do tratamento, quando as ideias sexuais
tomaram o lugar das ideias obsessivas. A confissão
de seus pensamentos pecaminosos deve ter aliviado
muito a paciente. Mas é improvável que a cura deva
ser atribuída exclusivamente ao narrar tudo ou à
abreação” (JUNG, p. 331).
14. Estudo de caso:
Conclusão
“As existências psíquicas separadas são destruídas pelo fato
de serem retiradas da repressão e trazidas à luz do dia
por um ato de vontade. Perdem, assim, muito de seu
prestígio e de sua periculosidade, e os pacientes voltam
a perceber que são os donos de suas ideias. Coloco,
portanto, a ênfase no aumento e fortalecimento da
vontade e não na simples abreação, como o fez
anteriormente Freud” (JUNG, p. 331).