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1
AS NEUROSES
UM ENFOQUE NA TEORIA FREUDIANA
Ana Paula Loureiro Chaves
apchaves@yahoo.com
Aluna do segundo módulo da ABRAFP
RESUMO
___________________________________________________________________________
O presente artigo apresenta conceitos, causas e sintomas da neurose a partir dos
fundamentos teóricos de Freud. Fez-se uma investigação psicanalítica na obra freudiana
para examinar as principais características da neurose obsessiva, histeria, paranoia e
neuroses atuais. Objetivando apontar algumas considerações de Freud sobre as Neuroses,
ressaltando a importância da teoria da sexualidade na causalidade das neuroses.
Palavras-Chave: Psicanálise. Freud. Sexualidade. Neurose. Histeria. Fobia.
2
1. INTRODUÇÃO
O conceito de neurose foi definido pelo médico escocês William Cullen em 1769 (1710-1790)
“... para definir as doenças nervosas que acarretavam distúrbios da personalidade. Foi
popularizado na França por Philippe Pinel (1745-1826) em 1785. Retomado como conceito
por Sigmund Freud a partir de 1893, o termo é empregado para designar uma doença nervosa
cujos sintomas simbolizam um conflito psíquico recalcado, de origem infantil.” (Mijolla,
2005). Sendo importante o conhecimento e estudo profundo das neuroses e seus sintomas para
um correto diagnostico na psicanálise. Freud às organizou em dois grupos que denominou de
psiconeuroses e neuroses atuais. As neuroses se misturam, podem ser mistas, como por
exemplo, um obsessivo pode ter traços fóbicos. Na época em que Freud exercia a psicanálise
(1913-30) o tipo mais comum era a histeria sendo mais frequente em mulheres. Alguns fatores
contribuíam para isso como a cultura e costumes da época.
Em1892 Freud chama atenção sobre a importância dos fatores acidentais na neurose e usa o
método de hipnose leve para tratá-la. Com esse método, descobre que na histeria o que
provoca os sintomas é o acidente e nas alucinações o paciente repete o mesmo evento que
provocou o primeiro deles. Essa primeira ocorrência isolada é o que desencadeia os sintomas
e que podem perdurar anos. Geralmente é um fato da infância. Essa conexão causal nem
sempre é nítida podendo ser uma relação simbólica entre causa e o sintoma.
Com o contínuo aprimoramento de sua teoria, Freud pesquisa o fator hereditariedade na
etiologia da neurose e conclui que este pode ditar o nível de gradação da neurose, porém não
pode ditar o tipo. (Freud 1896)
A teoria da sedução, que consiste em acreditar no abuso sexual infantil comunmente por um
membro da família, foi abolida por Freud quando este decifrou que as fantasias de sedução
eram um modo de o paciente esconder lembranças de sua própria atividade sexual, como
masturbação infantil. Concluindo que a atividade infantil, seja ela espontânea ou provocada,
dita o rumo da vida sexual posterior. Essas fantasias histéricas são responsáveis por tornarem
inteligível o vinculo do sintoma com a vida do paciente. Na paranoia Freud faz uma analogia
entre as fantasias e criação inconsciente dos histéricos com os delírios que tornam conscientes
a mesma. (Freud, 1906)
Freud em 1913 escreve “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, onde faz a relação entre
a sexualidade infantil, a importância do complexo de Édipo na etiologia das neuroses. Em
inúmeros casos a neurose obsessiva começa na tenra infância, embora não seja a única forma.
Outro ponto relevante é a presença de atividade sexual prematura. Esses são alguns fatores
que comprovam a teoria elaborada por Freud quando escreveu os três ensaios de que a vida
infantil do paciente é mais relevante para a análise do que a vida sexual adulta, no sentido de
formação de uma psiconeurose. Freud diz que a Neurose Obsessiva está apenas realizando, de
forma excessiva, o método normal de livrar-se do complexo de Édipo. (Freud, 1926)
3
2. NEUROPSICOSES DE DEFESA (PSICONEUROSES)
Em “As neuropsicoses de defesa” (Freud, 1894), Freud introduziu o termo defesa no sentido
de defesa contra uma representação incompatível que se opunha aflitivamente ao ego do
paciente e agrupou a histeria, as obsessões e certos casos de confusão alucinatória aguda sob
esse nome.
Apesar do processo que se da nas neuroses ser o mesmo, ou seja, um conflito na
representação psíquica incompatível com o posicionamento do eu, existe uma diferença
importante com relação à histeria. Na fobia e obsessão há falta de enervação somática, devido
ao fato de toda a alteração permanecer na esfera psíquica. A diferença entre as neuroses
consiste no destino do afeto aflitivo.
2.1 NEUROSES OBSESSIVAS
Neurose obsessiva constitui uma sequencia de características presentes no comportamento do
individuo. Ocorre um processo mental semelhante à: um instinto erótico e uma revolta contra
ele; um desejo e a luta contra ele; acarretando um medo compulsivo. Está presente um afeto
aflitivo que leva o individuo a desenvolver fatores de defesa para se proteger. (Freud, 1909)
A razão desse medo obsessivo está na amnésia infantil. Algum fato carregado de conflito e
repressão ocorreu na infância do individuo e não foi bem assimilado sendo reprimido e
gerando esse medo. (Freud, 1925).
O inconsciente, expliquei, era o infantil; era aquela parte do eu (self) que ficara
apartada dele na infância, que não participara dos estádios posteriores do seu
desenvolvimento e que, em consequência, se tornara reprimida. Os derivados desse
inconsciente reprimido eram os responsáveis pelos pensamentos involuntários que
constituíram a sua doença. (Freud, 1909, pag. 107)
Freud acredita que a característica da neurose obsessiva é ativa; relacionada a atos de agressão
ou participação prazerosa em atos sexuais na infância. O ciclo consiste em autoacusações
transformadas que reemergiram do recalcamento e que sempre se relacionam com prazer em
algum ato sexual acorrido na infância. “As obsessões neuróticas provem do recalcamento ou
do afeto da autoacusação também recalcada.” (Freud 1894 pag. 171).
Os sintomas de autocensura e sentimento de culpa surgem devido a uma falsa conexão entre o
fato consciente do individuo e o verdadeiro fato desencadeador da neurose estar no
inconsciente. Se conseguirmos tornar consciente a ligação da representação obsessiva com a
lembrança recalcada a obsessão será resolvida. Assim o afeto aflitivo é justificado.
“O afeto se justifica. O sentimento de culpa não está,em si, aberto a novas críticas.
Mas pertence a algum outro contexto, o qual é desconhecido (inconsciente)e que
exige ser buscado.O conteúdo ideativo conhecido só entrou em sua pos ição real
graças a uma falsa conexão. Não estamos acostumados a sentir fortes afetos,sem que
eles tenham algum conteúdo ideativo; e, portanto,se falta o conteúdo,apoderamo-
nos,como um substituto,de algum outro conteúdo que seja, de uma ou de outra
forma, apropriado, com a mesma intensidade com que a nossa polícia, não podendo
agarrar o assassino certo,prende,em seu lugar, uma pessoa errada.Além disso,esse
4
fato de existir uma falsa conexão é o único meio de se responderpela impotência dos
processos lógicos para combater a ideia atormentadora.” (Freud, 1909, pag. 105)
Como a causa real do afeto está no inconsciente qualquer mecanismo de defesa (ato
obsessivo) não será eficaz em abrandar a culpa e autocensura. No decorrer de uma análise
esse conteúdo inconsciente vem à tona e é possível superar o afeto.
De maneira clara e detalhada, em seu texto “O sentido dos sintomas” Freud discorre sobre a
manifestação dos sintomas na neurose obsessiva, onde atividades corriqueiras como deitar-se,
lavar-se, andar a pé, se tornam cansativas e estressantes para o neurótico:
A neurose obsessiva manifesta-se no fato de o paciente se ocupar de
pensamentos em que realmente não está interessado, de estar cônscio de
impulsos dentro de si mesmo que lhe parecem muito estranhos, e de ser
compelida a ações cuja realização não lhe dá satisfação alguma, mas lhe é
totalmente impossível omitir. Os pensamentos (obsessões) podem ser, emsi,
carentes de significação, ou simplesmente assunto sem importância para o
paciente; frequentemente, são de todo absurdos e, invariavelmente,
constituem o ponto de partida de intensa atividade mental que exaure o
paciente e à qual ele somente se entrega muito contra sua vontade. (Freud,
1916, pag. 14)
Freud afirma que os sintomas que fazem parte da Neurose Obsessiva podem ser de dois
grupos, cada um tendo uma tendência oposta. Ou são proibições, precauções e expiação, ou
são, ao contrário, satisfações substitutivas que repetida vezes aparecem em disfarce simbólico.
(Freud, 1926).
2.2 HISTERIA
Em 1896, Freud postulou que um fator importante na etiologia da histeria é que o trauma
sexual além de ter suscitado e suprimido o afeto aflitivo, deve ter ocorrido na mais tenra
infância, antes da puberdade e de natureza passiva, deve consistir numa irritação real dos
órgãos genitais.
Os fatores externos sexuais são mais significativos que uma predisposição inata. Freud
descobriu que a sedução era falha, por muitas vezes a sedução só aconteceu na imaginação do
individuo. Porem, do ponto de vista psicanalítico, já que a realidade psíquica era real e assim
produz a lembrança revivida como um trauma, a sedução passa a ser tratada como fantasia
para afastar as lembranças do trauma.
Na neurose traumática um fato evoca afetos aflitivos como o susto, a angustia, a vergonha,
que podem ser o fator desencadeante. Esse trauma psíquico, esse afeto reprimido é que causa
o dano e não o fato físico em si. Já na histeria comum podem ter ocorrido vários traumas que
formam um grupo de causas desencadeantes. A lembrança do trauma se torna um corpo
estranho que ainda esta em ação na liberação do sintoma, assim que essa lembrança traz à
tona o afeto que a acompanha. Concluindo que se cessa o efeito a causa não desaparece, o
processo continua a atuar por anos como causa diretamente liberadora. (Freud 1893)
É necessário que o afeto seja descarregado através de reações como lagrimas, atos de
5
vingança, desabafos. Quando a reação é reprimida o afeto permanece vinculado à lembrança.
O afeto pode ser ab-reagido através da linguagem que por vezes substitui a ação. Uma pessoa
normal consegue lidar com a situação mesmo quando não há reação adequada no momento,
através do processo de associação.
Freud escreveu Os três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905) e fez modificações
importantes sem, contudo perder a importância da sexualidade infantil na neurose e sim
modificando o sentido dos traumas infantis (que os indivíduos considerados normais também
tiveram em sua infância e não desenvolveram a doença) por “infantilismo da sexualidade”. A
constituição sexual seria a causa principal na etiologia da neurose.
Não importavam, portanto, as excitações sexuais que um indivíduo tivesse
experimentado em sua infância, mas antes, acima de tudo, sua reação a essas
vivências - se respondera ou não a essas impressões como “recalcamento”.
Viu-se que, no curso do desenvolvimento, a atividade sexual infantil era
amiúde interrompida por um ato de recalcamento. Assim, o indivíduo
neurótico sexualmente maduro geralmente trazia consigo, da infância, uma
dose de “recalcamento sexual” que se exteriorizava ante as exigências da
vida real, e as psicanálises de histéricos mostraram que seu adoecimento era
consequência do conflito entre a libido e o recalcamento sexual, e que seus
sintomas tinham o valor de compromissos entre as duas correntes anímicas.
(Freud 1905, p.172)
De acordo com Freud, na histeria recalque é feito pelo método da conversão em enervação
somática. Seus sintomas são físicos como paralisias, dores, a perda de sentidos como a visão
e audição sem que aja causas orgânicas relacionadas.
2.3 PARANÓIA
Quando Freud tratava um caso com a mesma técnica que tratava a histeria, tentando eliminar
as alucinações da paciente, pois acreditava haver recalcamento de pensamentos inconscientes
como nas outras psiconeuroses, descobriu a etiologia da paranoia. Porém surgiu uma
diferença que consistia em que a paciente ouvia vozes do seu próprio inconsciente e sofria de
alucinações, sendo estas características peculiares da sintomatologia da paranoia, dentre
outros sintomas defensivos como desconfiança nas outras pessoas. A explicação encontrada é
que o individuo através da projeção recalca as autoacusações que retornam em forma de
delírios. ‘“O propósito da paranoia é rechaçar uma ideia que é incompatível com o ego,
projetando seu conteúdo no mundo externo” (Freud, 1894). Os sintomas tem uma formação
de retorno do recalcado. “Ocorre um recalcamento e substituição subsequentes de lembranças
que não são nada patogênicas, mas que contradizem a alteração do ego tão insistentemente
exigida pelos sintomas do retorno do recalcado.” (Freud, 1895).
3. NEUROSES ATUAIS
As neuroses atuais são patologias que Freud atribuía a causas sexuais contemporâneas. Ele
inclui nesse grupo a neurastenia, neurose de angustia e hipocondria. São consequências de
impedimentos da vida sexual atual ou interferência química. Sendo essa a principal diferença
entre as neuroses atuais e as psiconeuroses que decorrem de fixações e desvios da libido na
6
infância. Neurastenia e neurose de angustia de acordo com Freud têm causas químicas,
provocadas por fatores fisiológicos diretos que intoxicam o organismo provocando os
sintomas. As psiconeuroses e a neuroses atuais tem um ponto de intercessão que é a “libido”.
(Freud, 1925)
A neurastenia é como um êxtase da libido levando a fadiga física. Freud relaciona a
masturbação como causa. Os sintomas são vários, como cefaleia, fadiga, exaustão nervosa. A
neurose de angustia também tem raiz química, provem da transformação da libido em
angustia, decorrente de uma atividade sexual não satisfatória, como exemplo, o coito
interrompido. Sintomatologia consiste de preocupação contínua, ansiedade, angustia. A
hipocondria tem relação com o medo de morrer ou adoecer e seus sintomas são parecidos com
os da neurose de angustia. (Freud, 1898)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O individuo neurótico pode ter uma vida comum, trabalhar, ter família, o que ele não tem é
prazer. A moral civilizada tem grande contribuição no papel de desencadear as neuroses
atuais por exigir uma hipocrisia no comportamento da sociedade não compatível com a libido,
assim represada e surgindo os conflitos psíquicos somáticos.
Por conseguinte, pertence à etiologia das neuroses tudo o que pode atuar
prejudicialmente sobre os processos que servem à função sexual. Assim,
vêm em primeiro lugar os males que afetam a própria função sexual, na
medida em que estes, variando conforme a cultura e a educação são
considerados nocivos à constituição sexual. Em segundo lugar vem toda
sorte de outros males e traumas que, através do prejuízo generalizado do
organismo, podem prejudicar secundariamente seus processos sexuais.
(Freud 1905, p.174)
Reportamos nesse artigo as principais características da neurose na obra de Freud e
constatamos a importância da sexualidade como causa e que os sintomas, para a psicanálise,
devem ser interpretados no contexto da realidade psíquica e social do paciente, através da
escuta do inconsciente, levando em canta a singularidade de cada individuo. Conclui-se que o
mais importante na constituição de uma neurose não é a experiência sexual vivida e sim,
como o indivíduo reage a ela, se ocorreu recalcamento sexual que na maturidade gera um
conflito com a libido acarretando como consequência os sintomas de uma neurose.
7
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD, S. Estudos sobre a histeria. Josef Breuer e Sigmund Freud. VOLUME II. (1893-
1895). Volume II. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, S. Primeiras Publicações Psicanalíticas (1893- 1899). Volume III. Rio de Janeiro:
Imago, 1996.
FREUD, S. Um caso de histeria, Três ensaios sobre a sexualidade e outros trabalhos
(1901- 1905). Volume VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, S. Duas Histórias Clínicas: O Pequeno Hans e o Homem dos Ratos (1909).
Volume X. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, S. História de uma neurose infantil e outros trabalhos (1917-18). Volume XVII.
Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FREUD, S. Um estudo autobiográfico, Inibições, sintomas e ansiedade, A questão da
análise leiga e outros trabalhos (1925/26). Volume XX Rio de Janeiro: Imago, 1996.
LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário de Psicanálise. 3. Ed. São
Paulo: Martins Fontes, 1998.
MIJOLLA, Allain. Dicionário Internacional de Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2005.
V.1 e v.2.

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Artigo as Neuroses

  • 1. 1 AS NEUROSES UM ENFOQUE NA TEORIA FREUDIANA Ana Paula Loureiro Chaves apchaves@yahoo.com Aluna do segundo módulo da ABRAFP RESUMO ___________________________________________________________________________ O presente artigo apresenta conceitos, causas e sintomas da neurose a partir dos fundamentos teóricos de Freud. Fez-se uma investigação psicanalítica na obra freudiana para examinar as principais características da neurose obsessiva, histeria, paranoia e neuroses atuais. Objetivando apontar algumas considerações de Freud sobre as Neuroses, ressaltando a importância da teoria da sexualidade na causalidade das neuroses. Palavras-Chave: Psicanálise. Freud. Sexualidade. Neurose. Histeria. Fobia.
  • 2. 2 1. INTRODUÇÃO O conceito de neurose foi definido pelo médico escocês William Cullen em 1769 (1710-1790) “... para definir as doenças nervosas que acarretavam distúrbios da personalidade. Foi popularizado na França por Philippe Pinel (1745-1826) em 1785. Retomado como conceito por Sigmund Freud a partir de 1893, o termo é empregado para designar uma doença nervosa cujos sintomas simbolizam um conflito psíquico recalcado, de origem infantil.” (Mijolla, 2005). Sendo importante o conhecimento e estudo profundo das neuroses e seus sintomas para um correto diagnostico na psicanálise. Freud às organizou em dois grupos que denominou de psiconeuroses e neuroses atuais. As neuroses se misturam, podem ser mistas, como por exemplo, um obsessivo pode ter traços fóbicos. Na época em que Freud exercia a psicanálise (1913-30) o tipo mais comum era a histeria sendo mais frequente em mulheres. Alguns fatores contribuíam para isso como a cultura e costumes da época. Em1892 Freud chama atenção sobre a importância dos fatores acidentais na neurose e usa o método de hipnose leve para tratá-la. Com esse método, descobre que na histeria o que provoca os sintomas é o acidente e nas alucinações o paciente repete o mesmo evento que provocou o primeiro deles. Essa primeira ocorrência isolada é o que desencadeia os sintomas e que podem perdurar anos. Geralmente é um fato da infância. Essa conexão causal nem sempre é nítida podendo ser uma relação simbólica entre causa e o sintoma. Com o contínuo aprimoramento de sua teoria, Freud pesquisa o fator hereditariedade na etiologia da neurose e conclui que este pode ditar o nível de gradação da neurose, porém não pode ditar o tipo. (Freud 1896) A teoria da sedução, que consiste em acreditar no abuso sexual infantil comunmente por um membro da família, foi abolida por Freud quando este decifrou que as fantasias de sedução eram um modo de o paciente esconder lembranças de sua própria atividade sexual, como masturbação infantil. Concluindo que a atividade infantil, seja ela espontânea ou provocada, dita o rumo da vida sexual posterior. Essas fantasias histéricas são responsáveis por tornarem inteligível o vinculo do sintoma com a vida do paciente. Na paranoia Freud faz uma analogia entre as fantasias e criação inconsciente dos histéricos com os delírios que tornam conscientes a mesma. (Freud, 1906) Freud em 1913 escreve “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”, onde faz a relação entre a sexualidade infantil, a importância do complexo de Édipo na etiologia das neuroses. Em inúmeros casos a neurose obsessiva começa na tenra infância, embora não seja a única forma. Outro ponto relevante é a presença de atividade sexual prematura. Esses são alguns fatores que comprovam a teoria elaborada por Freud quando escreveu os três ensaios de que a vida infantil do paciente é mais relevante para a análise do que a vida sexual adulta, no sentido de formação de uma psiconeurose. Freud diz que a Neurose Obsessiva está apenas realizando, de forma excessiva, o método normal de livrar-se do complexo de Édipo. (Freud, 1926)
  • 3. 3 2. NEUROPSICOSES DE DEFESA (PSICONEUROSES) Em “As neuropsicoses de defesa” (Freud, 1894), Freud introduziu o termo defesa no sentido de defesa contra uma representação incompatível que se opunha aflitivamente ao ego do paciente e agrupou a histeria, as obsessões e certos casos de confusão alucinatória aguda sob esse nome. Apesar do processo que se da nas neuroses ser o mesmo, ou seja, um conflito na representação psíquica incompatível com o posicionamento do eu, existe uma diferença importante com relação à histeria. Na fobia e obsessão há falta de enervação somática, devido ao fato de toda a alteração permanecer na esfera psíquica. A diferença entre as neuroses consiste no destino do afeto aflitivo. 2.1 NEUROSES OBSESSIVAS Neurose obsessiva constitui uma sequencia de características presentes no comportamento do individuo. Ocorre um processo mental semelhante à: um instinto erótico e uma revolta contra ele; um desejo e a luta contra ele; acarretando um medo compulsivo. Está presente um afeto aflitivo que leva o individuo a desenvolver fatores de defesa para se proteger. (Freud, 1909) A razão desse medo obsessivo está na amnésia infantil. Algum fato carregado de conflito e repressão ocorreu na infância do individuo e não foi bem assimilado sendo reprimido e gerando esse medo. (Freud, 1925). O inconsciente, expliquei, era o infantil; era aquela parte do eu (self) que ficara apartada dele na infância, que não participara dos estádios posteriores do seu desenvolvimento e que, em consequência, se tornara reprimida. Os derivados desse inconsciente reprimido eram os responsáveis pelos pensamentos involuntários que constituíram a sua doença. (Freud, 1909, pag. 107) Freud acredita que a característica da neurose obsessiva é ativa; relacionada a atos de agressão ou participação prazerosa em atos sexuais na infância. O ciclo consiste em autoacusações transformadas que reemergiram do recalcamento e que sempre se relacionam com prazer em algum ato sexual acorrido na infância. “As obsessões neuróticas provem do recalcamento ou do afeto da autoacusação também recalcada.” (Freud 1894 pag. 171). Os sintomas de autocensura e sentimento de culpa surgem devido a uma falsa conexão entre o fato consciente do individuo e o verdadeiro fato desencadeador da neurose estar no inconsciente. Se conseguirmos tornar consciente a ligação da representação obsessiva com a lembrança recalcada a obsessão será resolvida. Assim o afeto aflitivo é justificado. “O afeto se justifica. O sentimento de culpa não está,em si, aberto a novas críticas. Mas pertence a algum outro contexto, o qual é desconhecido (inconsciente)e que exige ser buscado.O conteúdo ideativo conhecido só entrou em sua pos ição real graças a uma falsa conexão. Não estamos acostumados a sentir fortes afetos,sem que eles tenham algum conteúdo ideativo; e, portanto,se falta o conteúdo,apoderamo- nos,como um substituto,de algum outro conteúdo que seja, de uma ou de outra forma, apropriado, com a mesma intensidade com que a nossa polícia, não podendo agarrar o assassino certo,prende,em seu lugar, uma pessoa errada.Além disso,esse
  • 4. 4 fato de existir uma falsa conexão é o único meio de se responderpela impotência dos processos lógicos para combater a ideia atormentadora.” (Freud, 1909, pag. 105) Como a causa real do afeto está no inconsciente qualquer mecanismo de defesa (ato obsessivo) não será eficaz em abrandar a culpa e autocensura. No decorrer de uma análise esse conteúdo inconsciente vem à tona e é possível superar o afeto. De maneira clara e detalhada, em seu texto “O sentido dos sintomas” Freud discorre sobre a manifestação dos sintomas na neurose obsessiva, onde atividades corriqueiras como deitar-se, lavar-se, andar a pé, se tornam cansativas e estressantes para o neurótico: A neurose obsessiva manifesta-se no fato de o paciente se ocupar de pensamentos em que realmente não está interessado, de estar cônscio de impulsos dentro de si mesmo que lhe parecem muito estranhos, e de ser compelida a ações cuja realização não lhe dá satisfação alguma, mas lhe é totalmente impossível omitir. Os pensamentos (obsessões) podem ser, emsi, carentes de significação, ou simplesmente assunto sem importância para o paciente; frequentemente, são de todo absurdos e, invariavelmente, constituem o ponto de partida de intensa atividade mental que exaure o paciente e à qual ele somente se entrega muito contra sua vontade. (Freud, 1916, pag. 14) Freud afirma que os sintomas que fazem parte da Neurose Obsessiva podem ser de dois grupos, cada um tendo uma tendência oposta. Ou são proibições, precauções e expiação, ou são, ao contrário, satisfações substitutivas que repetida vezes aparecem em disfarce simbólico. (Freud, 1926). 2.2 HISTERIA Em 1896, Freud postulou que um fator importante na etiologia da histeria é que o trauma sexual além de ter suscitado e suprimido o afeto aflitivo, deve ter ocorrido na mais tenra infância, antes da puberdade e de natureza passiva, deve consistir numa irritação real dos órgãos genitais. Os fatores externos sexuais são mais significativos que uma predisposição inata. Freud descobriu que a sedução era falha, por muitas vezes a sedução só aconteceu na imaginação do individuo. Porem, do ponto de vista psicanalítico, já que a realidade psíquica era real e assim produz a lembrança revivida como um trauma, a sedução passa a ser tratada como fantasia para afastar as lembranças do trauma. Na neurose traumática um fato evoca afetos aflitivos como o susto, a angustia, a vergonha, que podem ser o fator desencadeante. Esse trauma psíquico, esse afeto reprimido é que causa o dano e não o fato físico em si. Já na histeria comum podem ter ocorrido vários traumas que formam um grupo de causas desencadeantes. A lembrança do trauma se torna um corpo estranho que ainda esta em ação na liberação do sintoma, assim que essa lembrança traz à tona o afeto que a acompanha. Concluindo que se cessa o efeito a causa não desaparece, o processo continua a atuar por anos como causa diretamente liberadora. (Freud 1893) É necessário que o afeto seja descarregado através de reações como lagrimas, atos de
  • 5. 5 vingança, desabafos. Quando a reação é reprimida o afeto permanece vinculado à lembrança. O afeto pode ser ab-reagido através da linguagem que por vezes substitui a ação. Uma pessoa normal consegue lidar com a situação mesmo quando não há reação adequada no momento, através do processo de associação. Freud escreveu Os três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905) e fez modificações importantes sem, contudo perder a importância da sexualidade infantil na neurose e sim modificando o sentido dos traumas infantis (que os indivíduos considerados normais também tiveram em sua infância e não desenvolveram a doença) por “infantilismo da sexualidade”. A constituição sexual seria a causa principal na etiologia da neurose. Não importavam, portanto, as excitações sexuais que um indivíduo tivesse experimentado em sua infância, mas antes, acima de tudo, sua reação a essas vivências - se respondera ou não a essas impressões como “recalcamento”. Viu-se que, no curso do desenvolvimento, a atividade sexual infantil era amiúde interrompida por um ato de recalcamento. Assim, o indivíduo neurótico sexualmente maduro geralmente trazia consigo, da infância, uma dose de “recalcamento sexual” que se exteriorizava ante as exigências da vida real, e as psicanálises de histéricos mostraram que seu adoecimento era consequência do conflito entre a libido e o recalcamento sexual, e que seus sintomas tinham o valor de compromissos entre as duas correntes anímicas. (Freud 1905, p.172) De acordo com Freud, na histeria recalque é feito pelo método da conversão em enervação somática. Seus sintomas são físicos como paralisias, dores, a perda de sentidos como a visão e audição sem que aja causas orgânicas relacionadas. 2.3 PARANÓIA Quando Freud tratava um caso com a mesma técnica que tratava a histeria, tentando eliminar as alucinações da paciente, pois acreditava haver recalcamento de pensamentos inconscientes como nas outras psiconeuroses, descobriu a etiologia da paranoia. Porém surgiu uma diferença que consistia em que a paciente ouvia vozes do seu próprio inconsciente e sofria de alucinações, sendo estas características peculiares da sintomatologia da paranoia, dentre outros sintomas defensivos como desconfiança nas outras pessoas. A explicação encontrada é que o individuo através da projeção recalca as autoacusações que retornam em forma de delírios. ‘“O propósito da paranoia é rechaçar uma ideia que é incompatível com o ego, projetando seu conteúdo no mundo externo” (Freud, 1894). Os sintomas tem uma formação de retorno do recalcado. “Ocorre um recalcamento e substituição subsequentes de lembranças que não são nada patogênicas, mas que contradizem a alteração do ego tão insistentemente exigida pelos sintomas do retorno do recalcado.” (Freud, 1895). 3. NEUROSES ATUAIS As neuroses atuais são patologias que Freud atribuía a causas sexuais contemporâneas. Ele inclui nesse grupo a neurastenia, neurose de angustia e hipocondria. São consequências de impedimentos da vida sexual atual ou interferência química. Sendo essa a principal diferença entre as neuroses atuais e as psiconeuroses que decorrem de fixações e desvios da libido na
  • 6. 6 infância. Neurastenia e neurose de angustia de acordo com Freud têm causas químicas, provocadas por fatores fisiológicos diretos que intoxicam o organismo provocando os sintomas. As psiconeuroses e a neuroses atuais tem um ponto de intercessão que é a “libido”. (Freud, 1925) A neurastenia é como um êxtase da libido levando a fadiga física. Freud relaciona a masturbação como causa. Os sintomas são vários, como cefaleia, fadiga, exaustão nervosa. A neurose de angustia também tem raiz química, provem da transformação da libido em angustia, decorrente de uma atividade sexual não satisfatória, como exemplo, o coito interrompido. Sintomatologia consiste de preocupação contínua, ansiedade, angustia. A hipocondria tem relação com o medo de morrer ou adoecer e seus sintomas são parecidos com os da neurose de angustia. (Freud, 1898) 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O individuo neurótico pode ter uma vida comum, trabalhar, ter família, o que ele não tem é prazer. A moral civilizada tem grande contribuição no papel de desencadear as neuroses atuais por exigir uma hipocrisia no comportamento da sociedade não compatível com a libido, assim represada e surgindo os conflitos psíquicos somáticos. Por conseguinte, pertence à etiologia das neuroses tudo o que pode atuar prejudicialmente sobre os processos que servem à função sexual. Assim, vêm em primeiro lugar os males que afetam a própria função sexual, na medida em que estes, variando conforme a cultura e a educação são considerados nocivos à constituição sexual. Em segundo lugar vem toda sorte de outros males e traumas que, através do prejuízo generalizado do organismo, podem prejudicar secundariamente seus processos sexuais. (Freud 1905, p.174) Reportamos nesse artigo as principais características da neurose na obra de Freud e constatamos a importância da sexualidade como causa e que os sintomas, para a psicanálise, devem ser interpretados no contexto da realidade psíquica e social do paciente, através da escuta do inconsciente, levando em canta a singularidade de cada individuo. Conclui-se que o mais importante na constituição de uma neurose não é a experiência sexual vivida e sim, como o indivíduo reage a ela, se ocorreu recalcamento sexual que na maturidade gera um conflito com a libido acarretando como consequência os sintomas de uma neurose.
  • 7. 7 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREUD, S. Estudos sobre a histeria. Josef Breuer e Sigmund Freud. VOLUME II. (1893- 1895). Volume II. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. Primeiras Publicações Psicanalíticas (1893- 1899). Volume III. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. Um caso de histeria, Três ensaios sobre a sexualidade e outros trabalhos (1901- 1905). Volume VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. Duas Histórias Clínicas: O Pequeno Hans e o Homem dos Ratos (1909). Volume X. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. História de uma neurose infantil e outros trabalhos (1917-18). Volume XVII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. FREUD, S. Um estudo autobiográfico, Inibições, sintomas e ansiedade, A questão da análise leiga e outros trabalhos (1925/26). Volume XX Rio de Janeiro: Imago, 1996. LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário de Psicanálise. 3. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. MIJOLLA, Allain. Dicionário Internacional de Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2005. V.1 e v.2.