O documento descreve os princípios fundamentais da psicologia analítica de Jung, incluindo o foco na individuação e na compreensão dos complexos pessoais e arquétipos no inconsciente coletivo. O objetivo da terapia junguiana é ajudar o paciente a alcançar maior consciência desses fatores e integrá-los à consciência.
2. JUNG E A PSICOLOGIA ANALÍTICA
A psicologia analítica aborda a psicoterapia e a
análise aprofundada na tradição estabelecida pelo
psiquiatra suíço C. G. Jung. Como originalmente
definido por Jung, ele se distingue por um foco no
rol de experiências simbólicas e espirituais na vida
humana, e repousa na teoria dos arquétipos de
Jung e na existência de um espaço psíquico
profundo ou inconsciente coletivo.
3. INDIVIDUAÇÃO
O objetivo da análise junguiana é o que Jung chamou de
individuação. A individuação não deve ser confundida com
simples individualidade ou excentricidade. Em vez disso, a
individuação refere-se à conquista de uma maior
consciência dos fatores que influenciam a maneira como a
pessoa se relaciona com a totalidade de suas experiências
psicológicas, interpessoais e culturais. Jung identificou dois
níveis profundos de funcionamento psicológico que tendem
a moldar, colorir e às vezes comprometer a experiência de
vida de uma pessoa.
4. PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA VIDA
Junto com Freud, Jung reconheceu a importância
das primeiras experiências da vida, às quais se
referiu como complexos pessoais que surgem de
perturbações na vida da pessoa, todas
encontradas no inconsciente pessoal.
O insight particular de Jung, no entanto, foi o
reconhecimento de que também somos
influenciados por fatores que estão fora de nossa
experiência pessoal e que têm uma qualidade mais
universal. Esses fatores, que ele chamou de
arquétipos, formam o inconsciente coletivo e dão
forma a narrativas culturais, mitos e fenômenos
religiosos
5. CARL G. JUNG
O processo analítico tem a intenção de trazer esses fatores,
tanto pessoais quanto coletivos, à consciência, permitindo que
o indivíduo veja com mais clareza quais forças estão em ação
em sua vida. Implícita na compreensão de Jung dos
arquétipos, em particular, está o sentido de um telos, ou
objetivo em direção ao qual a vida pode ser direcionada. O
papel do analista é ajudar a facilitar o processo de
individuação e acompanhar o analisando em sua jornada
pessoal.
A terapia de orientação junguiana, baseada nas ideias de Carl
G. Jung e pós junguianos, tem como principal objetivo auxiliar
o indivíduo a resgatar aquilo que é a sua essência, ou seja,
viver de acordo com aquilo que ele realmente é. Também
chamada de Psicologia Analítica, ela trabalha para integrar
aspectos inconscientes à consciência e estabelecer um
equilíbrio entre mundo interno e externo.
6. HERANÇA PSICOLÓGICA
A Teoria junguiana defendeu a existência de um
inconsciente coletivo, pertencente à toda
humanidade. Ela afirma que a humanidade possui
uma herança psicológica que é dividida entre todos
os membros da espécie. Por conta dela, temos
acesso a um material psíquico que não é oriundo
de experiências pessoais.
7. ARQUÉTIPOS X ICS COLETIVO
arquétipos seriam conjuntos de imagens primordiais geradas
a partir da repetição de uma mesma experiência perceptiva
ao longo de muitas gerações. É como se uma repetição
ancestral fosse formando camadas que vão sendo
acumuladas nas profundezas do nosso inconsciente. É neste
campo fértil onde a construção de significado ocorre.
Essa busca por padrões arquetípicos é inata em nossas
mentes, formando o que Jung chamou de “inconsciente
coletivo”, a camada mais profunda da psiquê humana. É
como se este conjunto de matrizes psíquicas individuais
formassem um imenso consolidado coletivo. Um
inconsciente que é constituído pelos materiais simbólicos
ancestrais que vão sendo herdados por todos nós ao longo
do tempo. Um grande repositório onde residem os traços
funcionais e imagens associativas que seriam comuns a
todos os seres humanos.
8. INCONSCIENTE COLETIVO
Segundo Jung, o inconsciente coletivo não deve sua existência a
experiências pessoais; ele não é adquirido individualmente. Jung faz a
distinção: o inconsciente pessoal é representado pelos sentimentos e
ideias reprimidas, desenvolvidas durante a vida de um indivíduo. O
inconsciente coletivo não se desenvolve individualmente, ele é
herdado. É um conjunto de sentimentos, pensamentos e lembranças
compartilhadas por toda a humanidade.
O inconsciente coletivo é um reservatório de imagens latentes,
chamadas de arquétipos ou imagens primordiais, que cada pessoa
herda de seus ancestrais. A pessoa não se lembra das imagens de
forma consciente, porém, herda uma predisposição para reagir ao
mundo da forma que seus ancestrais faziam. Sendo assim, a teoria
estabelece que o ser humano nasce com muitas predisposições para
pensar, entender e agir de certas formas.
Por exemplo, o medo de cobras pode ser transmitido através do inconsciente coletivo, criando
uma predisposição para que uma pessoa tema as cobras. No primeiro contato com uma cobra,
a pessoa pode ficar aterrorizada, sem ter tido uma experiência pessoal que causasse tal medo,
e sim derivando o pavor do inconsciente coletivo. Mas nem sempre as predisposições
presentes no inconsciente coletivo se manifestam tão facilmente.
https://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/eduardoaugusto/Incosciente2.htm
9. ARQUÉTIPOS
Os arquétipos presentes no inconsciente coletivo são
universais e idênticos em todos os indivíduos. Estes se
manifestam simbolicamente em religiões, mitos, contos
de fadas e fantasias. Entre os principais arquétipos
estão os conceitos de nascimento, morte, sol, lua, fogo,
poder e mãe. Após o nascimento, essas imagens
preconcebidas são desenvolvidas e moldadas conforme
as experiências do indivíduo.
Por exemplo: toda criança nasce com o arquétipo da
mãe, uma imagem pré-formada de uma mãe, e à
medida que esta criança presencia, vê e interage com a
mãe, desenvolve-se então uma imagem definitiva.
10. REALIZAÇÃO PESSOAL
Jung acreditava que na vida cada individuo tem
como tarefa uma realização pessoal, o que torna
uma pessoa inteira e sólida. Essa tarefa é o
alcance da harmonia entre o consciente e o
inconsciente.
Jung explorou outras áreas da psicologia, tais
como o desenvolvimento da personalidade,
identificação de estágios da vida, as dinâmicas da
personalidade, sonhos e símbolos, entre outras.
11. TERAPEUTA X PACIENTE
Na terapia junguiana, terapeuta e paciente trabalham
juntos para reencontrar o caminho que tem mais a ver
com a essência do paciente. O paciente pode ficar à
vontade para falar do que quiser. Qualquer situação que
tenha lhe causado algum afeto pode ser analisada e
refletida.
O terapeuta irá buscar compreender simbolicamente o
que aquela situação está representando para o
paciente. O paciente, por sua vez, começa a
compreender melhor a si mesmo e como ele “funciona”
no mundo.
Compreender simbolicamente quer dizer ir além do
significado óbvio das situações, buscando entender o
que mais está carregando aquela situação de afeto
(podem ser experiências e vivências prévias, crenças,
conceitos, etc).
12. A POSTURA DO TERAPEUTA
Muitas pessoas têm dúvidas sobre qual é o papel do
terapeuta durante as sessões, já que isto pode variar
bastante de acordo com a linha que o psicólogo segue.
O terapeuta de orientação junguiana geralmente é
bastante participativo na sessão, ele ouve e faz
pontuações para refletir junto com o paciente.
De acordo com Jung, a interação entre as
personalidades do terapeuta e paciente é um dos
fatores que promove a transformação na terapia, e isto
só é possível quando se estabelece uma relação
genuína entre ambos. Por isso a relação terapêutica tem
um papel fundamental, e ela vai se construindo e se
fortalecendo ao longo das sessões.
13. A TERAPIA JUNGUIANA
A terapia junguiana não é rígida e segue os movimentos da própria
ordem psíquica do paciente. Neste sentido, ela não é uma terapia
linear, e funciona de modo espiral: trabalham-se algumas questões
num momento e é possível voltar a essas mesmas questões em um
outro momento, para analisá-las sob um novo ângulo.
Tudo isso vai transformando o modo como o paciente lida com seus
próprios conteúdos.
Compreendendo a complexidade da psique e a individualidade de
cada ser humano, Jung nunca desejou criar um manual preciso
sobre como deveria ser a psicoterapia. Para ele “não existe uma
receita de vida válida para todo mundo. […] Cada qual tem sua
forma de vida dentro de si, que não pode ser suplantada por outra
qualquer”.
É uma terapia de longa duração, mas seus benefícios já podem
começar a ser percebidos nas fases iniciais e no decorrer de todo o
processo.