Animal e homem percebem alucinações telepáticas coletivamente
1.
2. Terceira categoria
Animal e homem percebem alucinações
telepáticas coletivamente
Esta categoria é o complemento necessário da anterior e serve para
sustentar a hipótese de que os casos analisados na série precedente
são realmente telepáticos. De fato, se nos casos da segunda categoria
somente os animais eram os percipientes, neste que vamos expor
agora as percepções animais são compartilhadas pelo homem e,
nestas condições, as últimas são confirmadas pelas primeiras. No
entanto, é preciso acrescentar que, se o caráter coletivo destas
manifestações testemunha que, com efeito, elas têm uma origem
telepática, não se pode provar, no entanto, que o homem e o animal
tiveram as mesmas percepções; podemos tão somente supô-lo,
racionalmente, através da atitude dos animais ao longo dos inúmeros
episódios.
Objetariam talvez que as percepções animais dessa natureza
podem acontecer através de uma transmissão para a mente do animal
de uma alucinação que teria acontecido na mente da pessoa presente.
Porém, tal objeção é recusada pelo fato de que em inúmeros casos o
3. Caso 1 (Auditivo-visual-coletivo, com sensação bastante
forte de vento frio)
Eu extraí este caso do L’Inconnu, de Camille Flammarion
(págs. 166-167). A senhora Marie De Thyle, doutora em
medicina, residente em Saint-Junien, França, escreveu:
4. “Uma de minhas amigas de estudo (sou doutora) tinha ido para a
Índia como médica-missionária. Perdemos contato, como acontecia
sempre, mas nunca deixamos de nos gostar.
Certa manhã, na noite do dia 28 para o dia 29 de outubro (estava
então em Lausanne, Suíça), fui acordada antes das 6 horas por
batidinhas na minha porta. Meu quarto dava para um corredor que
desembocava na escada do andar. Deixei minha porta entreaberta
para permitir que um grande gato branco que eu tinha na época
fosse à caça durante a noite (a casa estava repleta de ratos). As
batidas se repetiam. A campainha da noite não tinha tocado e
tampouco tinha eu ouvido alguém subir pelas escadas.
5. Casualmente meus olhos caíram sobre o gato que ocupava
seu lugar de sempre ao pé de minha cama; ele estava sentado,
com o pelo eriçado, trêmulo e resmungando. A porta se agitou
como que empurrada por um leve rajar de vento e vi aparecer
uma forma envolvida numa espécie de tecido vaporoso e branco,
como um véu sobre um fundo preto. Não pude distinguir o rosto
muito bem. Ela se aproximou de mim; senti um sopro glacial
passar por mim e ouvi o gato rosnar enfurecido. Instintivamente
fechei os olhos e, quando os abri novamente, tudo tinha
desaparecido. O gato tremia por inteiro e estava molhado de suor.
6. Confesso que não pensei em minha amiga que estava na Índia,
mas em outra pessoa. Aproximadamente quinze dias depois,
soube da morte de minha amiga, na noite do dia 29 para o dia 30
de outubro de 1890, em Shrinaghar, Caxemira. Soube mais tarde
que ela tinha sucumbido por causa de uma peritonite.”
Neste caso, o fato de o receptor não ter conseguido perceber
o rosto do fantasma nos impede de afirmar que o fantasma tenha
sido identificado como sendo a amiga da percipiente, morta
naquele dia, na mesma hora. Todavia, a simples coincidência já
constitui uma boa hipótese no sentido das conclusões da doutora
De Thyle.
7. De qualquer maneira, isto não diz respeito ao assunto do qual
tratamos neste momento, ou seja, o da percepção coletiva de
manifestações paranormais pelos homens e pelos animais. Ora,
sob esta perspectiva, é preciso destacar que, se o gato em
questão se mostrou assustado a ponto de ser acometido por
tremedeiras e por uma transpiração abundante, isto mostra que
ele teve, por sua vez, a visão de algo anormal o bastante para se
assustar. O que poderia ser esta “coisa”, a não ser a formação
espectral percebida por sua dona?”