Este documento discute a capacidade de animais domésticos pressentirem a morte de pessoas próximas. Relata um caso em que um médico ouviu um cão uivar lamentavelmente enquanto cuidava de uma paciente que acabou morrendo. Também menciona que os "uivos de morte" dos cães não devem ser ignorados, especialmente em circunstâncias trágicas, e questiona se isso poderia ser apenas uma coincidência ou se os animais realmente possuem tal faculdade premonitória.
2. Quinta categoria
Animais e pressentimentos de morte
Terceiro subgrupo
Pressentimentos de morte em que animais são percipientes
Esta é uma das mais curiosas e misteriosas faculdades da psique animal.
Na introdução desta categoria, já tinha dito que ela consistia na
possibilidade de os animais domésticos manifestarem às vezes a
faculdade de pressentir, a curto termo, a morte de uma pessoa de seu
meio, anunciando-a com ganidos e latidos característicos. Acrescentei que
esta capacidade de várias espécies
animais é bastante conhecida; entre as tradições dos povos, existe
também aquela que fala dos “ganidos de morte” dos cães. Tratar-se-ia,
portanto, de uma autêntica faculdade “premonitória” dos animais, embora
ela pareça mais limitada que a faculdade análoga manifestada
esporadicamente no homem.
3. Caso 01
O doutor Gustave Geley, primeiro diretor do Instituto Metapsíquico
Internacional de Paris e autor de obras metapsíquicas célebres, hoje
clássicas, teve de fazer uma experiência pessoal dessa faculdade
paranormal dos animais e a descreve assim eu seu livro De l’Inconscient
au Conscient (pág. 192):
“... Os “uivos de morte” dos cães não devem ser ignorados jamais,
especialmente quando são ouvidos em circunstâncias trágicas.
Numa noite eu cuidava, na qualidade de médico, de uma jovem que, em
perfeito estado de saúde, naquele momento foi acometida por um mal
agudo e agonizava. A família estava comigo no quarto, silenciosa e
amedrontada. A doente se queixava. Era uma hora da manhã (a morte
aconteceu no mesmo dia).
4. De repente, no jardim ao redor da casa, ressoaram ganidos de morte vindos de
um animal da casa. Eram uivos lamentosos, lúgubres, numa nota só, emitidos
primeiramente num tom elevado que em seguida foi decrescendo, até que
desapareceu suavemente, bem lentamente.
Houve um silêncio por alguns segundos e o queixume infinitamente triste
recomeçou, idêntico e monótono. A doente teve um momento de lucidez e nos
olhou ansiosa. Ela tinha compreendido. O marido desceu depressa para calar o
cão. Ao se aproximar, o cão se escondeu e foi impossível, na escuridão da noite,
encontrá-lo. Assim que seu marido subiu novamente, a queixa recomeçou e
continuou, durante uma hora, até que o cão foi pego e levado para longe.”
O que devemos pensar no caso de manifestações como esta? O relator deste
caso era um homem de ciência digno; a veracidade do fato é incontestável, os
ganidos do cão foram evidentemente bastante característicos; o pressentimento
de morte se realizou; não poderíamos então evitar a conclusão de que o cão
tenha tido realmente a premonição do falecimento de uma pessoa de seu meio,
exceto se preferirmos explicar os fatos a partir da hipótese das “coincidências
fortuitas”. Nesse caso, restaria explicar porque os cães possuem, em certas
circunstâncias, uivos absolutamente característicos e que o relator descreveu
com tamanha precisão. Aliás, se a hipótese das “coincidências fortuitas” pode
ainda ser sustentada num caso isolado, ela não o poderia mais se as
manifestações dessa natureza se realizassem com frequência.