O documento relata dois casos de aparições de fantasmas de animais. O primeiro caso envolve um menino que via fantasmas de dois cães que pertenceram ao seu pai. O segundo caso envolve uma mulher que viu o fantasma de um cão que pertenceu a seu marido na noite anterior à prisão deste. Ambos os casos sugerem uma ligação entre os fantasmas animais avistados e os animais que conheceram quando vivos.
EUBIOSOFIA - MEMÓRIAS DA SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA
Aparições de fantasmas de animais identificados em casos de crianças videntes
1.
2. Oitava categoria
Aparições de fantasmas de animais identificados
Caso 02 (Criança vidente e bastante jovem)
A revista Light o publicou em 1906 (pág. 387). O senhor Francis T. Harris
recorda acontecimentos envolvendo um menino que faleceu quando tinha
apenas sete anos. Quando nasceu, seus pais eram saudáveis e robustos;
ele próprio era saudável, sem nenhuma debilidade neuropática e, no
entanto, tinha mostrado, desde os primeiros anos de vida, disposições
para a clarividência. O senhor Harris conta:
3. “Nos primeiros anos de vida, seus pais tinham notado que ele via coisas
invisíveis para os outros; esta particularidade tinha sido com frequência
discutida pelas pessoas ao seu redor. Antes mesmo que ele tivesse
aprendido a falar, parecia frequentemente assustado por alguma coisa
invisível. Noutros casos ele parecia, ao contrário, completamente
contente com o que via e estendia seus bracinhos na direção do ser que
só existia para ele.
Ele ainda não tinha três anos, e se divertia com um de seus brinquedos
em seu quarto, a dois metros de seus pais, quando foi invadido
repentinamente por um medo enorme e correu gritando em direção à sua
mãe. Quando esta lhe perguntou, soube que ele tinha se assustado com
a visão de dois cães, um marrom e outro preto. Seu pai o pegou nos
braços, tentando distraí-lo e acalmá-lo, dizendo-lhe que os dois cães só
queriam brincar com ele.
4. Dias depois, o incidente se repetiu no mesmo cômodo e de acordo com
as mesmas circunstâncias; a criança correu até seu pai, mais assustada
do que nunca com a visão dos dois cães, e se refugiou nos braços
paternos. O pai o tranquilizou, lembrando-lhe que os dois cães não lhe
faziam mal algum; ao dizer isto, ele os chamou, primeiro assobiando, em
seguida estalando os dedos e acariciando o ar perto dele. Este ato levou
o menino a fazer o mesmo; e seu espanto foi enorme quando ele viu que
não podia apalpá-los. Apesar de tudo isto, ele conseguiu tirar o medo da
criança; embora ela tenha
visto ainda várias vezes os cães, não se amedrontava mais.
É preciso observar que o pai do menino vidente tinha tido dois cães
setter - um marrom e um negro – que tinham morrido três anos antes.”
5. A ligação entre os fantasmas caninos que apareceram para o menino e os
cães de cores semelhantes que o pai tinha tido não parece duvidosa. Em
contrapartida, não poderíamos excluir por completo a hipótese da leitura
do pensamento do pai pela criança; porém, esta hipótese não parecerá
verossímil se pensarmos que a criança tinha se mostrado vidente desde o
nascimento e que tinha, ao mesmo tempo, visões de uma natureza
diferente que não poderíamos considerar como a leitura do pensamento e
que os fantasmas dos cães lhe apareciam frequentemente a ponto de se
tornarem familiares. Esta última circunstância é dificilmente conciliável
com a hipótese da transmissão do pensamento paterno ou materno,
pensamento este que deveria ser orientado para os cães falecidos cada
vez que a criança os via. De qualquer forma, a gênese do caso continua
duvidosa.
6. Caso 03 (Visual)
No livro de Arthur Hill, Man is a Spirit (pág. 117), lemos este episódio
enviado ao autor pela percipiente, senhora Janet Holt:
“Um dia meu marido trouxe para casa um grande cão buldogue. Disse
que esse animal faria com que ele ganhasse dinheiro, apresentando-o
como campeão nas lutas entre cães buldogues. O cão se chamava
Charles; era um animal bom e afetuoso, ao qual não demorei a me
apegar. Ele saiu vitorioso de muitos combates, mas uma vez ele foi
vencido; meu marido, irritado com a derrota, apanhou-o e o jogou no rio.
7. Anos depois, no momento em que tinha quase esquecido do pobre
Charles, fui acordada numa noite por um sobressalto, como se alguém
tivesse me sacudido com essa intenção, e me vi rodeada por uma
luminosidade estranha. Sentei-me na cama e, para meu grande espanto,
vi Charles sentado ao meu lado. Ele parecia ter proporções normais,
absolutamente idênticas àquelas que tinha quando estava vivo. Ele me
olhou com insistência durante algum tempo, depois se esvaeceu
lentamente. No dia seguinte, meu marido foi preso. É provável que
Charles tenha se manifestado a título premonitório. (Meu marido era um
grande patife, e tive de me separar dele para sempre. Ele encontra-se
nesse momento nos EUA).”
8. Que estranha e reveladora parece esta história, em que um cão morto
cruel e injustamente por um dono malvado se manifesta para a mulher
deste último justamente na véspera de sua prisão, isto é, no momento em
que ele vai pagar parcialmente a pena por suas crueldades. Todavia, e
justamente por causa desta coincidência, se o episódio não pode ser
explicado pela clarividência telepática, ele pode ser encarado sob um
outro ponto de vista que é o da sobrevivência da alma animal. De fato,
parece que podemos reduzi-lo a um episódio de visão simbólico
premonitória; neste caso, a aparição do fantasma do animal sacrificado
por aquele que ia ser preso não seria de natureza objetiva, mas
constituiria um símbolo transmitido por uma Entidade espiritual humana
ligada por laços afetivos à percipiente Janet Holt.
9. Uma variante desta mesma explicação consiste na suposição de que a
Entidade espiritual em questão tenha, ao contrário, se proposto a ajudar o
espírito do cão a se manifestar objetivamente para a percipiente, sempre
a título simbólico-premonitório; neste caso, o fantasma do cão conservaria
sua identidade espiritual.
Seja qual for a explicação que preferirmos dar ao problema, está claro
que o fato acima não apresenta teoricamente nenhuma base suficiente
que nos permita concluir com segurança a respeito de sua origem.