2. Sexta categoria
Animais e fenômenos de assombração
Primeiro subgrupo
Animais que percebem coletivamente
com o homem as manifestações de assombração
3. Caso 10 (Visual-coletivo, com anterioridade do animal em relação
ao homem)
Eu o extraio do Journal of the S. P. R. (vol. XIV, pág. 378). O Rev. H.
Northcote envia um relatório sobre um caso de assombração estudado
por ele e que se passou na casa da família de um de seus amigos.
Tratava-se de um fantasma de homem que aparecia constantemente, no
mesmo quarto e na mesma hora da noite, e que foi visto por diversas
pessoas que não sabiam a
respeito umas das outras. Um dia, a família Clemsford, que morava
naquela casa, recebeu a visita da senhorita Denton, que foi instalada no
quarto assombrado. A senhorita Denton conta:
4. “Na mesma noite em que cheguei, fui me deitar bem tarde e dormi muito
mal... Não dei muita importância para isso, atribuindo ao fato o cansaço
excessivo e a mudança de cama. Mas na segunda noite aconteceu a
mesma coisa; e, por volta das 3 horas, fiquei surpresa ao perceber uma
massa opaca, ligeiramente luminosa, ao pé da cama. Pensei
primeiramente que se tratava de um reflexo da luz que vinha da janela;
mas esta massa adquiriu gradualmente uma forma e acabou se
transformando num homem grande que permaneceu imóvel durante um
certo tempo – tempo este que me pareceu bastante longo, embora não
passasse de alguns segundos – para em seguida atravessar o quarto e
desaparecer num armário. Na terceira noite, assisti à mesma
manifestação, mas desta vez com grande espanto; por isso, no dia
seguinte, tive de pedir aos meus amigos para deixar o cão dormir em
meu quarto, porque tinha escutado ratos. Meu desejo foi rapidamente
atendido; também, na quarta noite, fui me deitar segura e tranquila. O
cão se encolheu sobre a caminha que tinha preparado sobre a poltrona,
e não demorei a adormecer profundamente.
5. Por volta das 2 horas, fui acordada pelos ganidos do cão; vi que ele tinha
se levantado e girava ao redor do cômodo, sempre se queixando. Ao
mesmo tempo, percebi ao pé da cama o fantasma de minha visita
noturna. Invadida mais uma vez por um grande terror, comecei a gritar
para ele: “Vá embora! Vá embora!”...
Numa outra noite, depois de aproximadamente 18 horas que estava na
casa do senhor Clemsford, o fantasma me apareceu como se fosse de
fogo, tal qual uma figura iluminada por transparência, em que os traços do
rosto e as principais linhas do corpo transpareciam com um clarão
sinistro; meu terror foi tanto que finalmente decidi falar, negando-me
absolutamente a dormir naquele quarto. Tive uma conversa sobre aquele
assunto na hora do almoço e perguntei se alguém da casa não tinha visto
alguma vez um fantasma no quarto onde eu dormia; ao mesmo tempo,
descrevi o rosto que tinha percebido. Minha surpresa foi enorme ao ouvir
que minha descrição correspondia exatamente à aparência do fantasma
visto naquele quarto e na mesma hora pelo senhor e pela senhora
Clemsford. Obviamente, eu não dormi mais naquele quarto...”
6. Neste exemplo, a agitação e o espanto do cão podem parecer pouco
conclusivos do ponto de vista que nos interessa especificamente, se o
compararmos com a mímica do animal, infinitamente mais
demonstrativa, em tantos outros períodos do mesmo gênero. Entretanto,
neste caso, existe a circunstância eloquente do animal que é de repente
invadido pelo pavor, às 2 horas da manhã, ou seja, na hora exata em
que constantemente acontecia a manifestação de assombração naquele
lugar. Logicamente, se
levarmos em conta esta circunstância, não me parece possível evitar a
conclusão de que o cão tinha certamente percebido o fantasma naquele
momento no quarto. A circunstância de que ele se encontrava ali, a
despeito da senhorita Denton que estava adormecida, aumenta o valor
comprobatório da manifestação em que o animal foi o primeiro
percipiente.