Este documento discute casos de visões de espíritos percebidas por humanos e animais sem coincidência telepática. Apresenta o caso do Dr. Woetzel, que viu a aparição de sua esposa falecida acompanhada por seu cão, que também pareceu perceber a forma. Argumenta que, embora a hipótese de transmissão telepática possa explicar esses casos, existem limitações a essa explicação e evidências contrárias a ela.
2 joão (1) 1.pptx As TRÊS CARTAS DO APÓSTOLO JOÃO têm uma mensagem solene e u...
Visões de Espíritos percebidas por homens e animais
1.
2. Quarta categoria
Visões de Espíritos ocorridas sem
coincidência telepática e percebidas
por homens e por animais
Relativamente frequentes, os fatos pertencentes a esta categoria têm uma
importância teórica, uma vez que apresentam o valor de casos de
identificação espiritual.
3. Caso 02 (Visual-auditivo)
Sob o título de Apparitions reélles de ma femme après samort (Chemnitz,
1804), o doutor Woetzel publicou um livro que produziu boa impressão em
seu tempo. Ele conta que numa noite, semanas depois da morte de sua
esposa, ele estava em seu quarto quando sentiu subitamente ao redor dele
um vento tempestuoso, embora as portas e as janelas estivessem
fechadas. A luz tinha se apagado, enquanto uma das meias-portas da
alcova se abriu. Apesar da luz fraca que reinava no quarto, Woetzel tinha
percebido o vulto de sua mulher, que lhe disse com uma voz fraca:
“Charles, sou imortal, nós nos reveremos”. A aparição se repetiu uma
segunda vez, e nesta última circunstância o cão do doutor Woetzel tinha
girado ao redor do local onde se encontrava a aparição, balançando
alegremente o rabo.
4. Neste caso, igualmente, é preciso considerar a atitude do cão, o qual
parecia ter de fato percebido uma forma parecida com a de sua dona.
Apesar disto, tendo em vista que nos dois casos que acabo de citar os
primeiros a terem a alucinação foram respectivamente a vidente e o
doutor Woetzel, podemos sustentar a hipótese segundo a qual os dois
percipientes tinham, em seguida, servido de agentes, transmitindo aos
animais uma forma alucinatória originada em seus cérebros. De todo
modo, esta hipótese não invalida a importância dos fatos em questão, a
nosso ver, já que esta solução do problema provaria também, de maneira
categórica, que fenômenos de transmissão telepática entre o homem e o
animal realmente acontecem – o que constitui o objetivo essencial desta
classificação.
Ora, uma vez este fato reconhecido para as formas alucinatórias do tipo
em questão, não seria mais lógico recusar em reconhecê-lo para as
formas de telepatia verídica ou para outra modalidade qualquer de
percepções psíquicas no interior das quais existe sempre uma forma
mais ou menos disfarçada de transmissão telepática.
5. Dito isto, é importante lembrar que a hipótese a que nos referimos
consegue unicamente explicar os casos nos quais a visão alucinatória foi
percebida anteriormente pelo homem, e não aqueles em que a
anterioridade pertence certamente aos animais.
Relembro, finalmente, que a hipótese em questão, embora livremente
explorada por inúmeros estudiosos da área dos estudos metapsíquicos,
está longe de ser fundamentada; ao contrário, ela constitui um enorme
erro, visto que – exceto raras exceções que confirmam a regra – não
conhecemos nenhum exemplo de alucinação coletiva entre criaturas
humanas que retirem sua origem de um influxo contagioso de
transmissão telepática do pensamento.
Sei bem que, nos tratados de patologia mental, encontramos um grande
número de casos de alucinação coletiva – principalmente nas multidões,
por contágio místico – mas tudo isto acontece exclusivamente por
sugestão verbal, e nunca por transmissão telepática do pensamento, o
que significa dizer que um abismo existe entre os dois tipos de fatos.
6. Consequentemente, é preciso destacar que, inclusive nas experiências
hipnóticas em que existe entre o hipnotizador e o sujet uma relação
psíquica firmemente estabelecida, é bastante raro que o hipnotizador
consiga provocar a distância, no sujet, formas alucinatórias com a ajuda
da transmissão telepática de pensamento, enquanto que ele obtém isso
por meio de uma sugestão verbal.
A importância teórica dessas observações não escapará a ninguém; estou
certo de que, se os pesquisadores se aprofundassem nesse campo das
ciências metapsíquicas, eles se dariam conta disso. Entre os
pesquisadores modernos, somente o professor Charles Richet reconhece
o absurdo em se explicar, a partir da transmissão telepática de
pensamento, os casos de visões ou percepções paranormais de ordem
coletiva, o que deve ser assinalado a seu favor.