2. Primeira categoria
Alucinações telepáticas em que o animal é o
agente
Caso 16 (Visual-auditivo)
Eu o extraio da Revue Scientifique et Morale du Spiritisme
10 (1920, pág. 351). A senhora Camier conta o fato que lhe
aconteceu:
3. “Tinha eu uma linda gatinha angorá, de longo pelo branco com
pintas cinzas, olhos verdes rodeados de preto. Ela tinha uma índole
meiga e afetuosa e causava admiração em todo mundo; porém, tinha
um defeito: todas as noites ela tentava escapar para ir passear. A
varanda da casa onde morava era dividida em duas por uma cerca, e
ela escapava saltando por cima dela.
Numa noite, cheguei à varanda bem a tempo de pegá-la, quando
ela se dispunha a pular pela cerca. Mal a tinha segurado em meus
braços quando tive a surpresa de perceber outro gato angorá, em
todos os aspectos idêntico à minha, que saltava por cima da cerca.
Naquele tempo, não sabia nada a respeito da doutrina espírita; eu
olhei do outro lado da cerca para entender aquele acontecimento
estranho, consciente de que em todo o quarteirão não existia
nenhuma gata igual à minha; no entanto, nada vi do outro lado.
Numa noite, cheguei à varanda bem a tempo de pegá-la, quando
ela se dispunha a pular pela cerca. Mal a tinha segurado em meus
braços quando tive a surpresa de perceber outro gato angorá, em
todos os aspectos idêntico à minha, que saltava por cima da cerca.
Naquele tempo, não sabia nada a respeito da doutrina espírita; eu
olhei do outro lado da cerca para entender aquele acontecimento
estranho, consciente de que em todo o quarteirão não existia
nenhuma gata igual à minha; no entanto, nada vi do outro lado.
4. Mais tarde, tendo me iniciado na doutrina espírita, entendi que,
naquele momento, minha gata, completamente invadida pela ideia
de fugir, tinha liberado seu perispírito com tamanha intensidade que
ela pôde parecer real.
Após algum tempo, a pobrezinha ficou doente; tive de recorrer
aos cuidados de um veterinário. Na noite em que ela morreu, senti –
realmente senti – minha gata se segurar com suas unhas na coberta
e subir em sua caminha, assim como ela fazia costumeiramente; a
impressão foi tão real que estendi a mão para me certificar de que
não estava enganada. No dia seguinte pela manhã, fui ao
veterinário, onde me contaram que a gata tinha falecido durante a
noite; seu último sentimento tinha sido para mim.”
5. Dos dois fenômenos de telepatia animal exibidos no relato da
senhora Camier, o segundo não difere em nada daqueles que
transcrevemos, enquanto que o primeiro é de natureza excepcional e
interessante. Ignorando a explicação fantasista que dá o percipiente,
podemos dizer, no entanto, que o incidente constitui um exemplo
bastante característico de comunicação telepática entre o animal e o
homem. Ele nos mostra o fenômeno de uma gata surpreendida por
sua dona em flagrante delito de fuga; após uma brusca interrupção
das intenções da culpada, a ideia que
invade sua mente se transmite por telepatia à sua dona, a qual
percebe uma gata alucinatória saltando por cima da cerca, idêntica à
imagem-pensamento existente na mente da gata verdadeira. O caso
é curioso e instrutivo, tanto mais devido ao fato de que o agente se
encontrava nos braços da percipiente.