O documento discute o crescimento das carteiras digitais e pagamentos com celular no Brasil. A Stelo, uma carteira digital criada pelo Banco do Brasil, Bradesco e Cielo, será lançada oficialmente em setembro com 150 lojas e 50 mil usuários cadastrados. A adoção das novas tecnologias ainda é lenta globalmente, mas há expectativa de crescimento no Brasil com o aumento de smartphones compatíveis.
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Carteira digital deixa de ser só uma promessa no país
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Varela preside a Stelo, empresa de carteira digital criada por Banco
do Brasil, Bradesco e Cielo: estreia em setembro
30/12/2015 - 05:00
Carteira digital deixa de ser só uma promessa no
país
Por Gustavo Brigatto
Em meio aos percalços de 2015, duas antigas promessas do mundo da tecnologia deram passos concretos
para se tornarem uma realidade no dia a dia do brasileiro: a carteira digital e os sistemas de pagamento de
compras com o celular. Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Mastercard e Visa lançaram iniciativas nessas áreas
e em 2016 mais competição virá.
O Valor apurou que a Samsung pretende lançar seu sistema de pagamento, o Pay, ainda no primeiro
trimestre, em parceria com uma instituição financeira. Para Elizângela Moreira de Souza, gerente de canais
digitais do Bradesco, a vinda de estrangeiros para o país por conta das Olimpíada pode ser um incentivo aos
serviços em 2016. Segundo a empresa de pesquisa Frost & Sullivan, o número de usuários de carteiras
digitais no país saltará de 1,5 milhão em 2014 para 87,6 milhões em 2019.
Os sistemas de carteira digital e de pagamento com o celular são diferentes, mas estão intimamente
relacionados. Na carteira digital, o consumidor coloca os dados de seu cartão de crédito e, na hora de fazer
uma compra pela internet, não tem que digitá-los novamente. Basta entrar com o login e a senha do serviço
de carteira e a transação é realizada. Mas a varejista tem de ter acordo com a instituição financeira para
aceitar esse tipo de pagamento. As redes Ricardo Eletro e a Livraria Cultura, por exemplo, aceitam o
MasterPass, da MasterCard. A Stelo, carteira digital criada pelo Banco do Brasil, Bradesco e pela Cielo, pode
ser usada em lojas como Netshoes e Zattini. "A experiência e a conveniência são os itens que o consumidor
mais valoriza no comércio eletrônico", disse Valério Murta, vice-presidente de produtos e soluções da
MasterCard para Brasil e Cone Sul.
2. O pagamento com o celular é uma extensão desse modelo. Usando a tecnologia de transmissão de dados sem
fio NFC do smartphone, o consumidor usa a carteira digital para fazer compras em lojas físicas. Basta
aproximar o aparelho da maquininha de cartão do estabelecimento.
A adoção das duas tecnologias ainda engatinha em quase todo o mundo. As exceções são China e Coreia do
Sul, onde são amplamente adotadas. Isso ocorre por barreiras tecnológicas (consumidor e varejista precisam
ter equipamentos e sistemas compatíveis) e de conhecimento sobre os serviços - é preciso saber como
funcionam e sentir segurança para usar.
Na avaliação de Raul Moreira, vice-presidente de negócios de varejo do Banco do Brasil, a parte das
tecnologias já está bem equacionada no Brasil. Além do número de smartphones com NFC estar em
crescimento - em quatro anos, 75% dos aparelhos serão compatíveis com a tecnologia - 70% das máquinas
de cartão no país já são capazes de fazer a leitura dos dados por esse mecanismo. O que precisa ser
trabalhado agora é o entendimento do serviço. "A mudança cultural é uma dificuldade, as pessoas têm que
trocar o que elas usam", disse Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da Visa, que em outubro lançou o
Visa Checkout.
Na Stelo, uma forma de incentivar o uso tem sido oferecer descontos nas compras. Lançada oficialmente em
setembro, a companhia tem 150 lojas e 50 mil compradores cadastrados. Dentre os internautas, 80%
conheceram o serviço navegando por um site de comércio eletrônico. "Deles, 60% fizeram uma compra já no
primeiro momento", disse Ronaldo Varela, presidente da companhia. De acordo com ele, 2016 será o ano de
acelerar o crescimento da base de usuárias, ganhar massa crítica e investir em novos tipos de produtos.
O interesse dos bancos brasileiros pelos sistemas de pagamento digital faz parte da evolução natural do
modelo de negócios das instituições. À medida que os clientes ficam mais conectados, oferecer novos canais
e formatos de atendimento torna-se inevitável. Mas o movimento não deixa de ser, também, uma resposta à
estratégia de empresas de tecnologia como Apple, Google e Samsung, que também estão entrando neste
mundo. "O consumidor espera que essas empresas entrem em pagamentos e têm mais disposição a adotar
sistemas criados por elas do que o de um banco", disse Marco Santos, diretor da consultoria GFT. Para ele,
com um grande número de carteiras oferecidas por diferentes empresas, a tendência dos consumidores será
concentrar suas transações em apenas uma.
A Apple tem sondado o mercado brasileiro desde 2014, mas as instituições financeiras não gostaram muito
dos termos apresentados pela companhia. "Sem parcerias com os bancos, eles não vão a lugar nenhum. Não
temos um mercado fragmentado como o americano ou o europeu", disse um executivo do setor que não quis
se identificar.
Para Rita Castro, superintendente-executiva da Bradesco Cartões, uma forma de driblar a confusão que pode
ser gerada entre os clientes é oferecer a ele mais do que a função de pagamentos. "No nosso aplicativo,
teremos mais coisas. Com o relacionamento que temos com o cliente, podemos oferecer a ele mais opções",
disse, sem dar detalhes.