Este documento apresenta os conceitos e procedimentos para a defesa antiaérea dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. O documento discute os fundamentos da defesa antiaérea, o emprego da artilharia antiaérea, o comando e controle da defesa antiaérea, a defesa antiaérea nas operações anfíbias e em outras operações, e os sistemas de comunicações e guerra eletrônica associados à defesa antiaérea.
ALMANANHE DE BRINCADEIRAS - 500 atividades escolares
Manual de Defesa Antiaérea dos GptOpFN
1. CGCFN-322 OSTENSIVO
MANUAL DE
DEFESA ANTIAÉREA DOS
GRUPAMENTOS OPERATIVOS DE
FUZILEIROS NAVAIS
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2008
2. OSTENSIVO CGCFN-322
MANUAL DE DEFESA ANTIAÉREA DOS GRUPAMENTOS OPERATIVOS DE
FUZILEIROS NAVAIS
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2008
FINALIDADE: BÁSICA
1ª Edição
3. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - II - ORIGINAL
ATO DE APROVAÇÃO
APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-322 - MANUAL DE
DEFESA ANTIAÉREA DOS GRUPAMENTOS OPERATIVOS DE FUZILEIROS
NAVAIS.
RIO DE JANEIRO, RJ.
Em 12 de novembro de 2008.
ALVARO AUGUSTO DIAS MONTEIRO
Almirante-de-Esquadra (FN)
Comandante-Geral
ASSINADO DIGITALMENTE
AUTENTICADO
PELO ORC
RUBRICA
Em_____/_____/_____ CARIMBO
4. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - III - ORIGINAL
ÍNDICE
PÁGINAS
Folha de Rosto............................................................................................. I
Ato de Aprovação........................................................................................ II
Índice........................................................................................................... III
Introdução.................................................................................................... V
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTOS
1.1 – Conceitos da Defesa Aeroespacial ..................................................... 1-1
1.2 – A Ameaça Aérea ................................................................................ 1-2
1.3 – Tarefas da Artilharia Antiaérea.......................................................... 1-7
1.4 – Características da Artilharia Antiaérea .............................................. 1-7
1.5 – Sistema de Defesa Antiaérea.............................................................. 1-9
CAPÍTULO 2 – EMPREGO
2.1 – Princípios Básicos da Defesa Aeroespacial ....................................... 2-1
2.2 – Princípios de Emprego da Artilharia Antiaérea ................................. 2-1
2.3 – Fundamentos de Emprego da Artilharia Antiaérea............................ 2-2
2.4 – Estabelecimento de Prioridades ......................................................... 2-3
2.5 – Organização para o Combate ............................................................ 2-5
CAPÍTULO 3 – COMANDO E CONTROLE DA DEFESA ANTIAÉREA
3.1 – Necessidade de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo............... 3-1
3.2 – Agências Envolvidas na Defesa Antiaérea......................................... 3-2
3.3 – Medidas de Coordenação e Controle da Defesa Antiaérea................ 3-7
3.4 – Utilização do Espaço Aéreo ............................................................... 3-12
3.5 – Regras de Engajamento...................................................................... 3-14
3.6 – Identificação dos Vetores Aeroespaciais............................................ 3-17
3.7 – Alarme Aéreo Antecipado.................................................................. 3-19
CAPÍTULO 4 – DEFESA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.1 – Peculiaridades..................................................................................... 4-1
4.2 – Área de Defesa Aeroespacial ............................................................. 4-2
4.3 – Emprego da Defesa Aeroespacial nas Operações Anfíbias ............... 4-4
CAPÍTULO 5 – DEFESA ANTIAÉREA EM OUTRAS OPERAÇÕES
5. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
5.1 – Operações Ribeirinhas........................................................................ 5-1
5.2 – Operações Terrestres.......................................................................... 5-3
CAPÍTULO 6 – COMUNICAÇÕES E GUERRA ELETRÔNICA
6.1 – Comunicações .................................................................................... 6-1
6.2 – Guerra-Eletrônica............................................................................... 6-3
ANEXOS
A – Avaliação Tática da Área de Operações na Defesa Antiaérea dos
GptOpFN ............................................................................................. A-1
B – Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA)................... B-1
C – Emprego do Analisador de Cobertura Radar........................................ C-1
D – Modelo de Estimativa de Defesa Antiaérea ......................................... D-1
E – Modelo de Plano de Defesa Antiaérea.................................................. E-1
F – Lista de Siglas e Abreviaturas............................................................... F-1
6. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - V - ORIGINAL
INTRODUÇÃO
1 - PROPÓSITO
Esta publicação tem o propósito de apresentar os conceitos básicos e os procedimentos
aplicáveis ao planejamento e à execução da Defesa Antiaérea dos Grupamentos
Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav).
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em seis capítulos e seis anexos. No capítulo 1, são
apresentados os fundamentos da defesa antiaérea; no capítulo 2, são apresentados
conceitos e princípios referentes ao emprego da artilharia antiaérea; o capítulo 3 descreve
o funcionamento dos sistemas de comando e controle envolvidos na defesa antiaérea; o
capítulo 4 descreve a defesa antiaérea nas operações anfíbias; o capítulo 5 contém
aspectos referentes à defesa antiaérea em outros tipos de operação e, finalmente, o
capítulo 6, os sistemas de comunicações e de guerra eletrônica.
3 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações da
Marinha em: PMB, não controlada, ostensiva, normativa e manual.
4 - SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui a CGCFN-1409 - Manual de Defesa Antiaérea dos
Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais, 1ª edição, aprovada em 30 de novembro
de 2001, preservando seu conteúdo, que será adequado ao previsto no Plano de
Desenvolvimento da Série CGCFN (PDS-2008), quando de sua próxima revisão.
7. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-1 - ORIGINAL
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTOS
1.1 - CONCEITOS DA DEFESA AEROESPACIAL
A Defesa Aeroespacial compreende o conjunto de medidas adotadas por uma Força para
se opor a qualquer ameaça aeroespacial, reduzindo ou anulando a sua eficácia.
Em outros termos, a Defesa Aeroespacial implica na realização de ações necessárias, de
modo a manter-se as perdas ou danos causados por ataque de Aeronave (Anv) ou
mísseis inimigos em nível aceitável. Ela é composta pela defesa aeroespacial ativa e
pela defesa aeroespacial passiva:
a) Defesa aeroespacial ativa
Realizada contra os vetores aeroespaciais inimigos em vôo. Compreende defesa
aérea e defesa antiaérea.
I) Defesa Aérea
Conjunto de ações desencadeadas de uma plataforma aeroespacial, incluindo o
emprego de CME.
II) Defesa Antiaérea (DAAe)
Conjunto de ações desencadeadas da superfície, incluindo-se aqui o emprego de
artilharia antiaérea (AAAe) e Contra-Medidas Eletrônicas (CME).
b) Defesa aeroespacial passiva
Compreende o conjunto de medidas tomadas antes, durante e depois de um ataque
aeroespacial para reduzir seus efeitos, sem hostilizar o inimigo. A adoção de medidas
de Defesa Aeroespacial Passiva é responsabilidade de todos os integrantes da Força,
sendo essencial para sua proteção. Em função do tempo disponível, várias medidas
podem ser tomadas, dentre elas:
- camuflagem;
- dispersão de pessoal e meios;
- desenfiamento;
- emprego de Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica (MAGE) e de Contra-
Contramedidas Eletrônicas (CCME);
- emprego de equipamentos de defesa NBQ;
- emprego de quantidade de equipamentos que permita redundância de sistemas;
- CIEMA;
- reposicionamento freqüente de emissores eletromagnéticos; e
8. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-2 - ORIGINAL
- deslocamento de tropa e ressuprimento durante a noite ou em períodos de baixa
visibilidade.
1.2 - A AMEAÇA AÉREA
Define-se como ameaça aéreos todo vetor aeroespacial cujo emprego esteja dirigido a
destruir ou neutralizar objetivos terrestres, marítimos e outros vetores aeroespaciais.
Esta, atualmente, emprega não somente os mais diversos tipos de aeronaves dedicadas
para tal, como também modernos sistemas de mísseis e satélites para os mais variados
fins.
Desde de que, durante a I Guerra Mundial, os primeiros aviões passaram a ser
empregados intensamente, trazendo uma terceira dimensão a um ambiente até então
bidimensional, a ameaça aérea tem evoluído constantemente, representando um grande
desafio para a defesa antiaérea. Com o passar do tempo, a ameaça aérea deixou de ser
constituída exclusivamente por aviões e novas armas foram (e continuam sendo)
desenvolvidas, para utilizar o espaço aéreo como maneira de sobrepujar e, sempre que
possível, surpreender o inimigo.
No cenário atual, aviões e helicópteros ainda representam uma importante forma de
ameaça aérea, contudo, a tendência maior é de proliferação de mísseis balísticos,
mísseis de cruzeiro e veículos aéreos não-tripulados (VANT).
A seguir, são apresentadas algumas considerações sobre as perspectivas atuais e futuras
dos principais componentes da Ameaça Aérea:
a) Aviões
As Anv de asa fixa são capazes de cumprir grande variedade de missões, tanto em
operações ofensivas, como em defensivas: interdição aérea, bombardeio estratégico,
supressão de defesa antiaérea e apoio aéreo aproximado. Podem empregar diversos
tipos de armamento, incluindo bombas inteligentes, mísseis ar-superfície (MSA),
mísseis de cruzeiro, foguetes e canhões/metralhadoras. Sistemas integrados de
navegação e ataque garantem às Anv mais modernas maior precisão em condições
meteorológicas adversas. As novas Anv incorporam dispositivos de guerra
eletrônica, tais como: interferidores, “chaff”, “flares” e alarmes de detecção radar
(RWR), que melhoram sua capacidade de sobrevivência e contribuem para garantir o
sucesso de suas missões.
Continuam a ocorrer sensíveis mudanças táticas e tecnológicas que tornam estas
armas, a cada dia, mais eficaz. Em termos tecnológicos, a grande mudança que
9. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-3 - ORIGINAL
caracterizou o fim do milênio foi, sem dúvida, o desenvolvimento da tecnologia
furtiva (“stealth”), que garante aos aviões maiores chances de sobreviver em
combate, ao mesmo tempo em que permite a exploração do fator surpresa, a despeito
dos sensores inimigos.
Os novos armamentos desenvolvidos para serem lançados a partir de Anv também
têm contribuído para desafiar as defesas antiaéreas inimigas: bombas inteligentes de
altíssima precisão (menor que 10 m); mísseis táticos ar-superfície (TASM), com
alcances cada vez maiores e sistemas de guiagem cada vez mais eficientes,
garantindo a segurança da Anv, que não necessita se aproximar muito de seu alvo.
Dentre os TASM, destacam-se os mísseis anti-radiação (ARM), objeto de enorme
preocupação para os sistemas de defesa antiaérea, uma vez que qualquer sensor que
esteja emitindo se constitui em alvo para esta arma. As versões mais recentes têm
tornado cada vez mais difícil sua neutralização.
A tendência atual em relação à quantidade de Anv de asa fixa não é de aumento,
principalmente devido aos seus elevados custos.. Contudo, isto não significa dizer
que sua importância está diminuindo. Pelo contrário, a maioria dos países tem
buscado soluções visando atenuar os gastos com aviões sofisticados, ao mesmo
tempo em que procuram manter uma aviação atualizada e capaz de executar todas as
tarefas da guerra moderna. Uma forte tendência é a da modernização de Anv um
pouco mais antigas, com a adaptação de novos sensores e armamentos.
b) Helicópteros
Os helicópteros caracterizam-se por sua extrema versatilidade, sendo capazes de
adaptar-se às mais diversas condições operacionais. Utilizados, inicialmente, apenas
como meio de transporte e observação, atualmente são empregados nas mais diversas
tarefas, sejam estas de apoio às forças terrestres e anfíbias, ou, mais recentemente,
funcionando como peças de manobra destas forças, como pode ser observado na
Guerra do Golfo.
Nesse campo, encontramos desde os mais caros e sofisticados helicópteros de ataque,
até os mais simples helicópteros de emprego geral, que podem ser armados e
equipados para as mais variadas missões, e que, potencialmente, representam ameaça
equivalente à dos seus parentes mais sofisticados.
No caso dos helicópteros, podemos notar as seguintes tendências:
- alarmes de detecção de radar;
10. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-4 - ORIGINAL
- uso de equipamentos modulares (sensores, armamento, etc.) facilitando o
desenvolvimento e a conservação;
- capacidade de emprego noturno e em quaisquer condições meteorológicas;
- aumento na capacidade de engajamento (maiores alcances e maior precisão); e
- melhores contramedidas para defesa contra mísseis guiados por infravermelho.
c) Mísseis balísticos
O míssil balístico, lançado de plataformas de superfície ou submarinas, atinge a
flecha máxima de sua trajetória a grande altura ou orbital, quando então inicia seu
percurso descendente, rumo ao seu alvo. Pode carregar ogivas convencionais,
químicas ou nucleares. Os mísseis balísticos podem ser divididos em dois grandes
grupos: os táticos e os estratégicos. Dentre os estratégicos, que viveram o apogeu da
sua fama durante a guerra fria, destacamos os intercontinentais (ICBM) e os lançados
de submarinos (SLBM), ambos capazes de carregar pesadas ogivas com armas de
destruição em massa (nucleares, biológicas, químicas, etc.). Em relação aos táticos
(TBM), notamos que têm alcançado crescente sucesso nos últimos anos e sua
proliferação continua aumentando. De custo bastante inferior aos estratégicos, os
mísseis balísticos táticos têm se tornados bastantes populares em várias regiões do
planeta. A tecnologia necessária à sua construção ou mesmo a compra da própria
arma não é mais exclusividade de grandes potências. A defesa contra tal tipo de
ameaça é muito difícil, só podendo ser feita por meio de sistemas de mísseis de, no
mínimo, média altura. Como exemplo mais recente deste tipo de operação, podemos
citar os combates travados entre a artilharia antiaérea do exército norte-americano,
por meio de seu sistema de mísseis “Patriot”, e os “Scuds” iraquianos durante a
Guerra do Golfo e que levaram pânico a Israel e Arábia Saudita. Apesar de
obsoletos, os “Scuds” foram os únicos vetores aeroespaciais que conseguiram
ameaçar a superioridade aérea das Forças da coalizão.
d) Mísseis de cruzeiro
Míssil de Cruzeiro é o tipo de míssil que voa a uma velocidade e altitude constantes,
durante toda a sua trajetória de aproximação para seu objetivo, diferentemente do
míssil balístico.
Os mísseis de cruzeiro fizeram sua primeira aparição durante a II Guerra Mundial,
onde os V-1 alemães demonstraram o grande potencial que poderia vir a possuir este
tipo de armamento. Em 1991, durante a Guerra do Golfo, os Tomahawk
11. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-5 - ORIGINAL
comprovaram, inequivocamente, sua enorme capacidade de destruição. Ainda, em
casos mais recentes como em agosto de 1998, no ataque a supostas bases terroristas
no Afeganistão e a uma fábrica no Sudão. Os mísseis de cruzeiro têm, repetidamente,
reafirmado sua capacidade de causar destruição, sendo lançados a grandes distâncias,
sem que seja necessário expor, na linha de combate, sua plataforma de lançamento e
pessoal.
No quadro atual, os mísseis de cruzeiro representam uma ameaça cada vez mais
difícil de ser combatida. Se os mísseis da primeira geração eram lentos e
relativamente de fácil detecção, à medida que entram em operação os mísseis de se-
gunda e terceira geração, ficaram mais difíceis de serem detectados, devido à sua
maior velocidade, possuírem sofisticados sistemas de navegação inercial associados
a GPS. Além disso, o uso da tecnologia “stealth” torna, a já reduzida seção reta do
míssil, quase invisível aos radares. A expectativa é de que, até o final da primeira
década do novo século, muitos países já estejam em condições de empregar mísseis
de segunda e terceira geração, seja através da simples aquisição no mercado
internacional, seja através do desenvolvimento de tecnologia própria.
e) VANT
Outra ameaça que se desenvolveu bastante nos últimos anos e cujo emprego tem
aumentado, e constituída pelos Veículos Aéreos não Tripulados (VANT). Espera-se
que nos próximos anos estejam sendo empregados nas mais variadas tarefas,
tornando-se presentes em todos os cenários. Apresentam enormes vantagens, a um
custo muito reduzido. Podem efetuar missões de reconhecimento ou ataque, com
grande precisão, transmitindo, em tempo real informações sobre o dispositivo do
inimigo. Têm sido bastante utilizados em missões de supressão da defesa antiaérea
inimiga, uma vez que permitem detectar e destruir os sistemas e sensores inimigos
sem que seja necessário expor ao fogo elementos de aviação. Foram utilizados pelos
israelenses em suas ações no Vale do Bekaa e, mais recentemente, pelos americanos,
durante a Guerra do Golfo.
Devido ao baixo custo material, e aos expressivos resultados alcançados em seu
emprego, podemos notar, desde já, uma enorme tendência de crescimento nos
arsenais mundiais de VANT. A tendência, no início deste milênio, é de que os
VANT, juntamente com os mísseis de cruzeiro, passarão a constituir as mais
significativas ameaças aéreas.
12. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-6 - ORIGINAL
f) Satélites artificiais de emprego militar
São vetores aeroespaciais cuja velocidade é sincronizada com o movimento de
rotação da terra. Operam na altura orbital, cuja faixa vai do limite da atmosfera
terrestre para o espaço exterior. Os seguintes satélites artificiais podem ser
empregados no campo militar: satélites de comunicações, meteorológicos, de
sensoreamento de imagens e sinais, e de navegação.
I) Satélites de comunicações. São utilizados para retransmissão de diversos tipos de
sinais como telefonia, imagens etc. Largamente difundidos no mundo atual, são de
acesso disponível a países em geral, através das redes comerciais de
comunicações. Atualmente, muitos países já possuem seus próprios artefatos em
órbita. Para fins militares, tais tipos de satélites permitem comunicações com
maior nitidez de transmissão e a cobertura de grandes distâncias, mesmo
intercontinentais.
II) Satélites meteorológicos. Tais como os satélites de comunicações, os satélites
meteorológicos são de acesso mundial. Atualmente, a obtenção de boletins
meteorológicos pode ser feita através de simples contato via Internet. Para fins
militares, as informações meteorológicas de grande precisão, fornecidas por
satélites, proporcionam um ganho de qualidade significativo no planejamento de
operações aéreas, tão sensíveis a este tipo de fenômeno natural.
III) Satélites de sensoreamento ativo e/ou passivo (de imagens e sinais). Esses tipos
de satélites realizam missões de coleta de informações desde o tempo de paz. De
tecnologia altamente sofisticada, eles monitoram sinais de comunicações,
movimentos inimigos no campo de batalha e realizam mapeamento de terreno.
Utilizam sensores óticos, infravermelho, radares e equipamentos para análise de
sinais. Atualmente, são de posse exclusiva das grandes potências militares, porém,
existem satélites comerciais de sensoreamento remoto (como os franceses da série
SPOT) cujos dados podem ser utilizados para fins militares, com acesso aberto
para qualquer país do mundo, mediante contrato comercial.
IV) Satélites de navegação. O Global Positioning System (GPS) gerencia uma
“constelação” de 24 satélites acessíveis a qualquer um que tenha um aparelho
receptor. Para fins militares, proporciona orientação e navegação com alto grau de
precisão. Isto significa que uma ameaça aérea, equipada com um receptor GPS,
13. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-7 - ORIGINAL
poderá navegar com um maior grau de precisão e segurança em direção ao seu
objetivo, inclusive com mau tempo.
1.3 - TAREFAS DA ARTILHARIA ANTIAÉREA
- impedir ou dificultar o reconhecimento aéreo inimigo;
- impedir ou dificultar ataques aéreos inimigos contra os GptOpFuzNav, garantindo
assim, sua segurança e liberdade de manobra; e
- impedir ou dificultar a ofensiva aérea inimiga contra pontos vitais ou de interesse dos
GptOpFuzNav.
1.4 - CARACTERÍSTICAS DA ARTILHARIA ANTIAÉREA
1.4.1 - Classificação
A Artilharia Antiaérea é classificada quanto ao tipo, meio de transporte e teto de
emprego.
a) Quanto ao tipo
- tubo (canhões e metralhadoras); e
- mísseis.
b) Quanto ao meio de transporte
De acordo com seu meio de transporte orgânico, classifica-se em:
- portátil (Prt) – O material é transportado pela guarnição;
- auto-rebocada (AR) - O material é tracionado por viatura; e
- autopropulsada (AP) - O material é montado sobre viatura.
A Artilharia Antiaérea pode ainda ser transportada por meios não orgânicos em
rodovias, ferrovias e aqüavias. Quando transportada pelo ar, classifica-se em:
- aerotransportada - O material é transportado por Anv ou lançado de pára-quedas;
e
- helitransportada - O material é transportado por helicópteros e colocado no
terreno suficientemente montado para permitir seu emprego imediato.
c) Quanto ao teto de emprego
- baixa altura - Atua contra alvos voando até 3.000 metros;
- média altura - Atua contra alvos voando entre 3.000 e 15.000 metros; e
- grande altura - Atua contra alvos voando acima de 15.000 metros.
1.4.2 - Tipos de Missão de Tiro
A Artilharia Antiaérea pode receber dois tipos de missão de tiro: antiaéreo e de
superfície. Cabe ao comandante do GptOpFuzNav decidir sobre o tipo de missão -
14. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-8 - ORIGINAL
antiaérea ou de superfície - a ser atribuída à Artilharia Antiaérea sob seu comando. O
comandante da Unidade de Artilharia Antiaérea assessora o comandante da força
quanto à tomada dessa decisão.
a) Missão de tiro antiaéreo
Consiste em realizar a defesa antiaérea de forças, instalações ou áreas contra
vetores aeroespaciais hostis, anulando ou reduzindo seu ataque. É a missão
principal da Artilharia Antiaérea.
b) Missão de tiro de superfície
Consiste em atuar contra objetivos terrestres ou navais, complementando a ação
de outros meios de apoio de fogo. A missão de superfície é eventual, devendo ser
adotada somente em situações especiais, quando as possibilidades de interferência
do inimigo aéreo forem mínimas e o valor da ameaça terrestre ou naval
considerável.
1.4.3 - Possibilidades e Limitações
a) Possibilidades
- integrar seu emprego, seus fogos e a utilização do espaço aéreo, com forças
navais, aeronavais, aéreas e terrestres;
- concentrar seus fogos, quando necessário, sobre um ou mais alvos;
- bater, simultaneamente, diversos alvos com rapidez e precisão;
- deslocar-se com rapidez;
- possuir mobilidade tática compatível com a manobra da força apoiada;
- combinar diversos tipos de material para o cumprimento de sua missão (ex:
canhões e mísseis);
- realizar busca, detecção, identificação, acompanhamento e destruição de vetores
aéreos;
- empregar diversos tipos de munição, capacitando-se a atuar contra alvos aéreos e
de superfície;
- atuar, sob quaisquer condições de tempo e visibilidade;
- montar o sistema de controle e alerta da artilharia antiaérea e estabelecer
comunicações deste com centros de controle das forças navais, aeronavais,
aéreas e terrestres e com os centros de operações dos GptOpFuzNav; e
- realizar a vigilância do espaço aéreo, por intermédio dos seus radares de
15. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-9 - ORIGINAL
vigilância.
b) Limitações
- condução da defesa aproximada de suas posições (contra ataques terrestres e
aéreos);
- complexidade dos sistemas a serem manutenidos;
- vulnerabilidade às contra-medidas eletrônicas;
- dificuldade de coordenação e controle da defesa antiaérea, quando operando em
ambiente de GE, face ao uso intensivo de equipamentos de detecção e sistemas
de comunicações; e
- impossibilidade de bater alvos nas zonas mortas, criadas pela conjugação do
limite de elevação e da velocidade de acompanhamento do material.
1.5 - SISTEMA DE DEFESA ANTIAÉREA
1.5.1 - Considerações Gerais
Os sistemas de defesa antiaérea podem ser subdivididos em:
- sistema de controle e alarme;
- sistema de armas; e
- rede de comunicações.
Além de facilitar o cumprimento da missão, a estrutura acima prevista, permite a
necessária coordenação entre a Artilharia Antiaérea e os demais meios de defesa
aeroespacial.
1.5.2 - Sistema de Controle e Alarme
a) Finalidade
Manter a vigilância do espaço aéreo sob sua responsabilidade, receber e difundir o
alarme de aproximação de incursões, bem como controlar e coordenar o sistema
de armas.
b) Constituição e atividades
Possui dois elementos básicos: o Centro de Operações Antiaéreas (COAAe),
órgão central do sistema, e o Serviço de Informações de Artilharia Antiaérea
(SIAAAe).
O COAAe é o posto de comando da defesa antiaérea, onde todos os informes
oriundos do SIAAAe são coletados, interpretados e difundidos como informações.
O COAAe dissemina ainda informações, provenientes de outras forças, recebidas
16. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-10 - ORIGINAL
através do Centro de Operações da Defesa Aeroespacial (CODA). É ainda através
do COAAe que o Comandante ou o Oficial de Controle Tático (OCT) da Unidade
de Artilharia Antiaérea coordena o sistema de armas, realizando o controle por
veto, quando necessário.
Na estrutura de defesa antiaérea, podem ser estabelecidos diversos tipos de
COAAe, de acordo com o escalão que o estabelece, sua finalidade e atribuições,
os quais receberão as seguintes designações: principal, alternativo, subordinado ou
informe.
O SIAAAe é organizado para fornecer o alarme de aproximação de Anv,
particularmente em vôo a baixa altura. Podem ser empregados observadores
(postos de vigilância) e radares de vigilância.
1.5.3 - Sistemas de Armas
a) Finalidade
Destinam-se a atuar contra os vetores aeroespaciais inimigos.
b) Características gerais
Considerando-se os dois tipos de meios antiaéreos básicos, material de tubo
(canhões AAe) e míssil (MSA), pode-se dizer que, nas faixas de grande e média
altura o canhão antiaéreo é menos eficaz que o míssil. Além de seu alcance ser
inferior ao teto de atuação de modernos aviões, o material de tubo é inferior
quanto ao aspecto de precisão.
Nas baixas alturas, o míssil pode sofrer limitações em seu emprego. A Anv
atacante em perfil de vôo baixo-baixo (BB), acompanhando o relevo do terreno,
consegue, muitas vezes, escapar à detecção pelo radar, surgindo inopinadamente
sobre o alvo e se afastando rapidamente. Seu tempo de exposição ao fogo
antiaéreo é assim muito pequeno, exigindo armas de defesa com tempo de reação
extremamente curto. Por isso, a baixa altura, os canhões antiaéreos apresentarão
melhor desempenho, compensando sua menor precisão com uma alta cadência de
tiro e grande velocidade de acompanhamento.
Além disso, o canhão possibilita o uso de diversos tipos de munição (granadas
pré-fragmentadas com espoleta de proximidade, munição perfurante, munição
com espoleta de tempo, etc) fazendo com que seu espectro de emprego seja muito
ampliado.
Os dois sistemas (canhão e míssil) na verdade se complementam; o canhão
17. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 1-11 - ORIGINAL
assegura a proteção aproximada, principalmente dos pontos sensíveis situados em
terreno acidentado enquanto o míssil, proporciona engajar alvos a média altura. A
combinação de uso de ambos, permite aumentar a eficiência já descrita
anteriormente.
Os manuais específicos de cada material apresentam as características e
peculiaridades de seu emprego.
1.5.4 - Rede de Comunicações
A rapidez e a precisão na transmissão de ordens e informações são um requisito
indispensável à defesa antiaérea. Para tanto, torna-se necessário o estabelecimento de
uma rede de comunicações segura e eficiente, com o emprego de diversos meios.
A rede de comunicações destina-se a ligar os órgãos de alarme aos centros de
controle e este a escalões superiores e subordinados, a outros centros de controle e
aos sistemas de armas. O Capítulo 6 aborda o estudo das redes de comunicação da
Defesa Antiaérea (DefAAe).
18. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-1 - ORIGINAL
CAPÍTULO 2
EMPREGO
2.1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS DA DEFESA AEROESPACIAL
Os princípios básicos da defesa aeroespacial, que visam a assegurar a resposta mais
rápida possível contra qualquer ameaça aérea, são:
2.1.1 - Coordenação Centralizada (controle por veto)
Assegura a capacidade de se adotar as medidas necessárias à obtenção do rendimento
ótimo de cada um dos integrantes do sistema de defesa aeroespacial, contra a ameaça
prioritária, visto que a ofensiva aérea poderá ocorrer simultaneamente em vários
setores. A coordenação centralizada será exercida principalmente através do controle
por veto, permitindo que o órgão centralizador da defesa aeroespacial possa cancelar
uma ação iniciada por uma unidade subordinada.
2.1.2 – Descentralização do Controle
À impossibilidade de um comando único controlar as ações de todos os meios de
defesa antiaérea recomendada a adoção da execução descentralizada. As distâncias,
limitações dos meios de comunicação e, principalmente a necessidade de uma
resposta imediata, reforça a adoção deste princípio.
2.1.2 – Apoio Mútuo
Considera que as aeronaves de esclarecimento, de alarme aéreo antecipado, radares,
meios de guerra eletrônica, MSA e canhões AAe são parte integrante de um sistema
completo de defesa aeroespacial.
2.2 - PRINCÍPIOS DE EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA
2.2.1 - Concentração
Garante que seja atribuída dosagem de meios apropriada para o cumprimento da
missão. A insuficiência de meios, face às necessidades de defesa antiaérea, levará ao
estabelecimento de prioridades. Deverá ser evitada a pulverização da artilharia
antiaérea na tentativa de proporcionar alguma proteção a todos os elementos do
GptOpFuzNav.
2.2.2 - Mobilidade
A AAAe deve ter mobilidade no mínimo igual a do elemento apoiado. Mesmo
elementos de artilharia antiaérea realizando a defesa de pontos fixos deverão possuir
mobilidade suficiente para poder ocupar posições alternativas rapidamente.
19. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-2 - ORIGINAL
2.2.3 - Combinação de Armas Antiaéreas
Deve-se considerar as possibilidades e limitações de cada armamento, de modo que
cada um possa complementar o outro, maximizando seus efeitos.
2.2.4 - Integração
O sistema de armas antiaéreas terá seu emprego otimizado quanto maior for seu grau
de integração. O emprego de elementos isolados, ainda que possível, deve ser
evitado.
2.2.5 - Meios em Reserva
A AAAe não é, normalmente, mantida em reserva.
2.3 - FUNDAMENTOS DE EMPREGO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA
2.3.1 - Utilização do Terreno
O criterioso estudo do terreno é importante para se organizar a defesa AAe. O terreno
irá influenciar decisivamente nas ações do inimigo na medida em que limite as rotas
de aproximação para Anv e tipos de ataque. Afetará possibilidades de detecção para
nossas forças, influenciando também na trafegabilidade das unidades de tiro (UT),
possibilidades de camuflagem e dispersão. Um maior número de UT deverá ser
posicionado ao longo das Rotas de Aproximação mais prováveis. Nas partes do
terreno que favoreçam a defesa, poderão ser economizados meios, atendendo assim
ao princípio da concentração. Um modelo de estudo do terreno para a defesa AAe é
apresentado no Anexo A.
2.3.2 - Defesa em Todas as Direções
É a forma de desdobramento das UT no terreno de modo a impedir que os vetores
aéreos inimigos, obtenham uma vantagem tática quanto à direção escolhida para o
ataque.
2.3.3 - Defesa em Profundidade
Visa a manter o incursor sob um volume crescente de fogos a medida em que este se
aproxima dos pontos ou áreas a defender. As armas antiaéreas são escalonadas, em
profundidade em tantas linhas quanto necessárias.
2.3.4 - Apoio Mútuo
É a forma de se posicionar as UT no terreno, mantendo-se determinada distância
entre elas, em função das características dos sistemas de armas disponíveis, de modo
a se obter um recobrimento entre seus setores de tiro. O apoio mútuo impede a
incursão dos vetores aeroespaciais hostis entre as UT, pois o espaço entre as mesmas
20. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-3 - ORIGINAL
ficará permanentemente coberto por fogos.
2.3.5 - Engajamento Antecipado
São as ações desencadeadas com a finalidade de impedir ou dificultar a ação do
inimigo aéreo tão cedo quanto possível, antes que este se encontre no limite do
alcance máximo de seus armamentos.
2.3.6 - Flexibilidade
A flexibilidade será alcançada através do planejamento de posições suplementares
para as armas antiaéreas, de forma a proporcionar a progressão da manobra sem o
comprometimento da defesa antiaérea; e
2.3.7 - Defesa Passiva
É o conjunto de medidas tomadas para a defesa antiaérea que não hostilizem o
inimigo. Poderá ser obtida através da dispersão, camuflagem, utilização de cobertas e
abrigos, desenfiamento, disciplina de luzes e observação do plano de controle das
irradiações eletromagnéticas e acústicas (CIEMA) e através de ações de Medidas de
Apoio à Guerra Eletrônica.
Fig 2-1 – Fundamentos de Emprego
2.4 - ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES
O contraste entre o grande número de pontos ou áreas sensíveis, que necessitariam ser
protegidos contra a ameaça aérea e o número limitado de meios de defesa antiaérea
disponível, requer o estabelecimento de critérios, de modo a determinar quais as
parcelas do GptOpFuzNav que receberão maior ou menor grau de prioridade da
artilharia antiaérea. No estabelecimento de prioridades de defesa antiaérea dos pontos de
interesse do GptOpFuzNav, deverão ser levados em consideração os seguintes fatores:
importância, vulnerabilidade, recuperabilidade e possibilidades do inimigo. Analisando
esses fatores, o comandante do escalão de artilharia antiaérea recomendará a ordem de
21. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-4 - ORIGINAL
prioridade, cabendo ao comandante do GptOpFuzNav apoiado, sua aprovação.
Dentre os métodos utilizados para auxiliar na análise dos fatores e estabelecer as
prioridades, o mais utilizado é o matricial, onde os pontos de interesse são listados e
analisados, recebendo cada fator uma determinada pontuação, de acordo com a situação
tática existente. Ao final, as pontuações são somadas, chegando-se a uma escala de
prioridades (Fig 2-2).
2.4.1 - Importância (I)
A importância de cada ponto em relação aos demais, deve ser estabelecida tendo em
vista seu valor relativo no curso das operações. O grau de importância de um ponto
ou instalação está diretamente relacionado ao cumprimento da missão do
GptOpFuzNav, verificando até que ponto são essenciais.
2.4.2 - Vulnerabilidade (V)
É o grau de danos que determinado ponto de interesse poderá sofrer, devido a
ataques aéreos. É função das possibilidades de dispersão, camuflagem, mobilidade,
proteção e dos meios de autodefesa antiaérea das instalações ou organizações a
serem defendidas.
2.4.3 - Recuperabilidade (R)
É o grau de possibilidade de recuperação de determinado meio ou força após sofrer
danos, considerando-se tempo, equipamento e pessoal disponíveis para o
prosseguimento de sua missão. Devem ser considerados os tempos para substituição
dos equipamentos, dos militares ou mesmo da unidade completa. Deve também ser
considerado se existe outro elemento diferente em condições de assumir a tarefa do
meio/força atingido.
2.4.4 - Ameaça (A)
Deverão ser levados em consideração os seguintes aspectos:
- tipos de Anv empregadas pelo inimigo;
- raio de ação das mesmas;
- armamento empregado;
- técnicas e tipos de ataque empregados;
- número de surtidas;
- localização das bases inimigas; e
- capacidade de reabastecimento em vôo (REVO).
22. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-5 - ORIGINAL
I V R A TOTAL PRIO
PC DA FORDBQ 1 4 4 3 12 4o
POSIÇÕES DE ARTILHARIA
DE CAMPANHA
2 3 1 2 8 2o
ÁREA DE APOIO DE PRAIA 4 2 3 4 13 5o
CIAFUZ EM 1o
ESCALÃO 3 1 2 1 7 1o
AERÓDROMO 2 3 2 4 11 3o
Fig 2-2 – Exemplo de Matriz de Prioridades
2.5 - ORGANIZAÇÃO PARA O COMBATE
Após a determinação de prioridades de defesa antiaérea da ForDbq, são atribuídas
tarefas táticas aos elementos componentes do sistema de defesa antiaérea, que poderão
ser: tarefas táticas padronizadas, tarefas táticas modificadas e tarefas táticas não
padronizadas. Também poderá ser estabelecida a situação de comando “`a disposição”.
2.5.1 - Tarefas Táticas Padronizadas
O uso de tarefas táticas padronizadas proporciona uniformidade nas relações entre a
artilharia antiaérea e o elemento apoiado e estabelece claramente as relações de
comando entre o elemento em apoio e o elemento apoiado. Em qualquer caso, caberá
à própria artilharia antiaérea prover seu apoio logístico ao receber uma tarefa tática
padronizada, podendo, entretanto, receber algum apoio logístico do elemento
apoiado em função da situação tática. As tarefas táticas padronizadas são:
a) Ação de Conjunto
A tarefa tática de AçCj é normalmente atribuída à unidade de AAAe que deverá
proporcionar a DAAe aos GptOpFuzNav como um todo. É empregada para a
AAAe dos escalões ForDbq. Ex: BiaArtAAe(-)(Ref) – AçCj à BAnf.
b) Apoio geral
A tarefa tática de ApG é normalmente atribuída à unidade de AAAe em situação
de reforço a um componente da ForDbq ou aos elementos de manobra do CCT.
Um elemento de AAAe somente pode prestar apoio geral a um único componente
ou elemento de manobra do CCT. Da mesma forma, um componente ou elemento
de manobra do CCT só pode ter um único elemento de AAAe prestando-lhe apoio
geral. Ex: 1o
PelCanAAe40mm (Ref) – ApG ao GASC.
c) Apoio direto
A tarefa tática de ApDto só poderá ser atribuída a artilharia antiaérea em apoio a
um elemento que não a possua organicamente, ou que não a tenha recebido sob a
23. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-6 - ORIGINAL
situação de comando "`a disposição". Neste caso, atuará em proveito do elemento
apoiado sem, entretanto, ficar subordinada a este. Ex.: PelMSA – ApDto ao
1°BtlInfFuzNav(Ref).
d) Reforço de fogos
A tarefa tática de RefF poderá ser atribuída a um elemento de AAAe para
aumentar as possibilidades de outro elemento de AAAe. Ex.: 1a
Bia/1o
GAAAe
(EB) - (RefF) BiaArtAAe/DivAnf.
AAAe
com tarefa
de:
Tem
prioridades
estabelecidas
pelo:
Tem sua área
de posição
designada
pelo:
É
desdobrada
pelo:
Estabelece
ligações
com:
Estabelece
comunicações
com:
Tem a
DefAAe
controlada
pelo:
Apoio
Geral
Cmt Força Cmt AAAe Cmt AAAe NGA NGA COAAe
CODA
CComAT
Apoio
Direto
Cmt Elm
Apoiado
Cmt AAAe em
coord. c/ Cmte
Elm apoiado
CmtAAAe Unidade
Apoiada
Unidade
Apoiada
COAAe
CODA
CComAT
Ação de
Conjunto
Cmt Força Cmt AAAe CmtAAAe NGA NGA COAAe
CODA
CComAT
Reforço de
Fogos
Cmt da Força
do Elm de
AAAe que
tem os fogos
reforçados
Cmt da Força
do Elm de
AAAe que
tem os fogos
reforçados
Cmt AAAe
em
coordenação
com o elm
que tem os
fogos
reforçados
AAAe que
tem os
fogos
reforçados
AAAe que
tem os fogos
reforçados
COAAe
CODA
CComAT
Tabela 2-1 – Tarefas Táticas Padronizadas – Responsabilidades de Apoio
2.5.2 - Tarefas Táticas Padrão Modificadas
Sempre que a intenção do comandante não possa ser precisamente traduzida pela
adoção de uma tarefa tática padronizada, esta poderá ser modificada por meio de
ordens de alerta apropriadas (mediante ordem, em condições de). A introdução de
ordens de alerta deve ser feita com cuidado para não se criar problemas que
impossibilitem a artilharia antiaérea de cumprir suas responsabilidades decorrentes
da tarefa tática atribuída. Ex.: 2ªSecMSA – ApDto ao 2°BtlInfFuzNav(Ref). MO,
reverter ao controle da BiaArtAAe.
2.5.3 - Tarefas Táticas não Padronizadas
Devem ser utilizadas quando nenhuma das tarefas táticas padronizadas, mesmo
modificadas traduzam a idéia do comandante. Neste caso, o comandante prescreve
diretamente as tarefas do elemento de artilharia antiaérea.
Ex.: PelMSA(-) – DefAAe do PSen "ZULU".
- ligar-se ao COAAe; e
24. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 2-7 - ORIGINAL
- MO, ocupar posições suplementares.
2.5.4 - Á Disposição (situação de comando)
Quando colocada à disposição, a artilharia antiaérea passa à subordinação do
elemento que a recebeu, ficando a responsabilidade de atribuição de tarefas táticas e
o apoio logístico, a cargo do elemento apoiado. Ex.: 1ªSecMSA – à disposição da
CiaFuzNavHelt. Ficar ECD reverter ao controle da BiaArtAAe após a junção.
À disposição não é uma tarefa tática, e, sim, a relação de comando existente entre os
meios de defesa antiaérea que passam ao comando operativo de um componente da
ForDbq ou elemento de manobra do CCT.
2.5.5 - Ordem de Alerta
Ordem de alerta são expressões acrescidas às tarefas táticas, com a finalidade de
alertar as frações de AAAe sobre alterações possíveis ou previstas naquelas tarefas,
tendo em vista facilitar operações futuras. As expressões são do tipo “em condições
de (ECD)” ou “mediante ordem (MO)”, conforme as modificações sejam possíveis
ou previstas. EX: Pel MSA (-) (Ref) – ApDto ao GDB-1. MO, ApG ao GDBda.
25. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-1 - ORIGINAL
CAPÍTULO 3
COMANDO E CONTROLE DA DEFESA ANTIAÉREA
3.1 - NECESSIDADE DE COORDENAÇÃO E CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO
O estado atual da arte resultou no substancial crescimento da quantidade de usuários do
espaço aéreo. Uma série de conflitos poderá ocorrer caso o sistema de comando e
controle utilizado falhe, tendo como conseqüência mais trágica, engajamentos
fratricidas, também conhecidos como “fogo amigo”. Deste modo, torna-se fundamental
o estabelecimento de medidas de coordenação e controle do espaço aéreo adequadas.
Basicamente, o controle do espaço aéreo envolve quatro atividades funcionais básicas:
comando e controle, defesa aeroespacial, coordenação do apoio de fogo e controle do
tráfego aéreo. Dentro dessas atividades funcionais, os seguintes sistemas, de
características bastante distintas, mas com o ponto comum de serem usuários do espaço
aéreo e dele dependerem para o sucesso de suas operações, são:
- Apoio de fogo;
- Artilharia antiaérea;
- Aviação Naval;
- Aviação (FAB);
- Aviação do EB;
- Operações aéreas de guerra eletrônica; e
- Operações com VANT.
Assim, a artilharia antiaérea deverá possuir seu próprio sistema de comando e controle,
sistema este que deverá ser capaz de inserir-se em um sistema mais amplo, destinado a
controlar e coordenar as atividades de todos os usuários do espaço aéreo.
Em operações realizadas em território nacional, deverá ser levada em consideração a
estrutura do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), apresentada no
Anexo B.
A coordenação e o controle deverão ser realizados no mais alto escalão de comando,
pois neste nível estarão disponíveis todas as informações necessárias para que a defesa
aeroespacial seja empregada em coordenação com as demais armas de apoio e
operações em curso, principalmente as de apoio aéreo.
26. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-2 - ORIGINAL
Este sistema deve garantir a máxima rapidez na execução ou alteração da defesa
aeroespacial, necessitando de integração para que todos os comandos envolvidos
tenham acesso ao órgão ou agência de controle central.
O mais alto escalão do sistema de defesa aeroespacial deve possuir, dentro de sua área
de responsabilidade, capacidade de exercer o controle por meio de seus comandos
subordinados e flexibilidade tal que permita a descentralização de controles específicos.
3.2 - AGÊNCIAS ENVOLVIDAS NA DEFESA ANTIAÉREA
3.2.1 - Controle da Defesa Aeroespacial a Bordo
O sistema de controle da defesa aeroespacial a bordo normalmente será integrado
pelas seguintes agências (Fig 3-1):
a) Centro de Controle Aerotático (CCAT)
É a agência de mais alto nível do sistema de controle aéreo, embarcada no
capitânea da ForTarAnf, que centraliza o controle de todas as atividades de apoio,
tráfego aéreo e defesa aeroespacial, do início da fase da travessia, até o
estabelecimento das agências da ForDbq em terra.
O CCAT é ligado, para efeito de coordenação, ao Centro de Coordenação das
Armas de Apoio (CCAA), específicamente ao seu Oficial Aerotático.
O CCAT é operado basicamente pelo Oficial de Controle Tático (OCT) da
ForTarAnf a partir do Centro de Operações de Combate (COC) do capitânea,
sendo dividido em seções que atendam ao apoio de fogo aéreo, ao tráfego aéreo na
AOA e as ações da defesa aeroespacial .
Entre outras atribuições, cabe ao CCAT o planejamento de um sistema integrado
de defesa contra ataques aéreos a navios e tropas da ForTarAnf e efetuar a
coordenação e o controle de todo o tráfego aéreo, auxiliando na identificação das
Anv inimigas que tenham penetrado na AOA.
b) Centro de Direção Aerotático (CDAT)
São agências de controle aéreo, subordinadas ao CCAT, integrantes das Forças
Avançadas ou Forças de Ataque, enquanto tais grupamentos estiverem
constituídos.
O CDAT é organizado e equipado para exercer o controle do tráfego aéreo,
controle das Anv e da defesa aeroespacial em sua área de responsabilidade tática.
27. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-3 - ORIGINAL
Sua organização é semelhante à do CCAT, com a diferença que seus
controladores são denominados diretores.
Possui as mesmas responsabilidades do CCAT, com a amplitude limitada à área
de responsabilidade do seu comando.
Fig 3-1 – Controle da Defesa Aeroespacial a Bordo
3.2.2 - Controle da defesa aeroespacial em terra
O sistema de controle da defesa aeroespacial em terra é, normalmente, composto
pelas seguintes agências (Fig 3-2):
- Centro de Comando Aerotático (CComAT);
- Centro de Operações de Defesa Aeroespacial (CODA);
- Centro de Operações de Artilharia Antiaérea (COAAe).
Quando não houver meios suficientes para a ativação dessas três agências, ou quando
ou quando houver reduzido emprego de meios aéreos e/ou antiaéreos, poderá ser
ativada apenas uma das agências (CComAT), que passará a ser responsável pelas
tarefas normalmente atribuídas às demais.
a) Centro de Comando Aerotático (CComAT)
É a principal agência de comando e controle do sistema de defesa aeroespacial da
ForDbq. É através do CComAT que o ComForDbq controla e coordena as ações
de defesa aeroespacial da ForDbq.
Para perfeita atuação do CComAT, deve haver completa disponibilidade de
informações sobre a situação aérea e em terra. Para tal, o CComAT é ligado ao
Capitânea da ForTarAnf
Força de Ataque Força Avançada
CDAT
Centro de Direção Aerotático
CDAT
Centro de Direção Aerotático
CCAT
Centro de Controle Aerotático
CCAA
Centro de Coordenação das Armas de Apoio
28. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-4 - ORIGINAL
Centro de Coordenação de Apoio de Fogo (CCAF), especificamente ao Oficial de
Aviação do EM da ForDbq.
Para permitir o desempenho do papel de órgão de cúpula do sistema de defesa
aeroespacial, quando o comando da operação for transferido para terra, o
CComAT possui várias agências subordinadas.
Da mesma forma que no sistema de bordo, poderão existir CDAT para exercer o
controle aéreo em espaços determinados.
Quando o CComAT se estabelece em terra e assume o controle das operações de
defesa aeroespacial na AOA, o CCAT reverte à situação de CDAT, ficando
responsável pela defesa aeroespacial do setor marítimo da AOA.
O CComAT possui a seguinte composição:
- Comandante Aerotático;
- Controlador Aerotático;
- Oficial de Apoio de Fogo Aéreo (ApFAe);
- Oficial de Defesa Aeroespacial;
- Oficial de Informações Aéreas; e
- Oficial Controlador de Redes.
São atribuições do CComAT, entre outras:
- controlar, com apoio das agências subordinadas, todas as Anv em operação na
AOA;
- estabelecer as condições de alerta no solo das Anv disponíveis;
- planejar e controlar a defesa aérea;
- coordenar o emprego da artilharia antiaérea;
- estabelecer os estados de alerta dos meios da defesa aeroespacial;
- coordenar o posicionamento e emprego das Anv realizando patrulhas aéreas de
combate (PAC); e
- disseminar e controlar as condições de silêncio eletrônico (CONSET).
b) Centro de Operações da Defesa Aeroespacial (CODA)
É a agência do sistema de controle aéreo em terra que dirige as ações de defesa
aeroespacial em setores determinados.
Normalmente o CODA tem uma ou mais Unidades de artilharia antiaérea
integradas à sua estrutura, ligando-se às mesmas através dos COAAe.
29. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-5 - ORIGINAL
O CODA tem a responsabilidade de detectar, identificar e conduzir a
interceptação das ameaças aéreas inimigas (Anv ou mísseis), além de
proporcionar auxílio à navegação das Anv que realizam o apoio aéreo.
O CODA possui a seguinte constituição:
- Diretor da Defesa Aeroespacial;
- Diretor Aéreo;
- Diretor de Interceptação; e
- Controlador de Operações Aéreas.
São responsabilidades do CODA:
- recomendar o posicionamento no terreno das armas AAe e dos meios de
vigilância bem como seus setores de tiro e vigilância;
- realizar a detecção e identificação de todas as Anv nos setores de vigilância de
sua competência, mantendo o CComAT informado da presença de qualquer
ameaça aérea;
- acompanhar e estimar a posição de interceptação dos alvos aéreos;
- avaliar todas as ameaças aéreas e designa-las aos sistemas de armas
selecionados;
- avaliar, e quando necessário, interromper as ações das Unidades de artilharia
AAe, exercendo o controle por veto;
- controlar as Anv de interceptação, inclusive as em PAC e as em alerta no solo,
determinando as interceptações a serem realizadas;
- assegurar-se que suas atividades são coordenadas com as demais agências de
controle da defesa aeroespacial em setores adjacentes;
- disseminar os sumários de dados avaliados para o CComAT, conforme
necessário;
- prover auxílio à navegação para as Anv amigas;
- coordenar as restrições de emissões eletromagnéticas determinadas pelo
CComAT;
- estabelecer as condições de prontidão do armamento para as Unidades AAe; e
- ficar em condições de operar como um CComAT ou CDAT alternativo, por um
determinado período de tempo.
30. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-6 - ORIGINAL
c) Centro de Operações Antiaéreas (COAAe)
É a agência de controle do sistema de defesa antiaérea de mais baixo escalão
capaz de coordenar o sistema de armas antiaéreas. O COAAe tem como
subordinadas as UT, tanto de canhões como de mísseis, funcionando como
unidade central do sistema de armas antiaéreas. O estado atual da arte e a grande
quantidade de vetores aeroespaciais têm resultado na utilização de COAAe
altamente automatizados capazes de executar de forma quase que autônoma todas
as tarefas. No CFN, um exemplo deste grau de automatização é representado pelas
possibilidades do Radar Giraffe 50AT, quando empregado como COAAe.
Contudo, é fundamental que as unidades de artilharia antiaérea estejam
constantemente adestradas na utilização do “COAAe manual”, onde a maior parte
das tarefas deve ser executada pelos especialistas, sem o auxílio da máquina. Para
tanto, o COAAe manual deve contar com cartas, grades, tabelas, observadores do
ar, etc. A utilização do COAAe manual pode crescer de importância em um
ambiente onde nossos sensores não possam ser utilizados, por terem sido
danificados ou devido ao grau de ameaça representado pela força inimiga, onde
sensores ativos poderiam transformar-se em alvos imediatamente destruídos.
O COAAe, automático ou manual, tem as seguintes atribuições:
- realizar a vigilância do espaço aéreo dentro de seu setor de responsabilidade,
informando o CODA da presença de Anv inimigas;
- avaliar as ameaças aéreas em seu setor e designa-las às UT selecionadas;
- avaliar e, quando necessário, interromper as ações das UT;
- disseminar os sumários de dados para o CODA, conforme necessário;
- realizar o controle positivo de Anv amigas;
- realizar o controle de suas emissões eletromagnéticas próprias;
- estabelecer as condições de prontidão das UT;
- ficar em condições de operar como um CODA alternativo durante determinado
período de tempo.
31. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-7 - ORIGINAL
Fig 3-2 – Controle da Defesa Aeroespacial em Terra
3.3 - MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE DA DEFESA ANTIAÉREA
Durante o planejamento da defesa aeroespacial, torna-se necessário adotar medidas de
coordenação a fim de se reduzir a possibilidade de ataques a Anv amigas, evitar a
superposição de esforços, a interferência mútua, possibilitar a troca de informações
entre as agências de controle e as unidades de defesa aeroespacial e a transferência de
responsabilidade sobre incursores entre as defesas aérea e artilharia antiaérea.
As defesas antiaéreas e os sistemas de armas antiaéreos são controlados pelo COAAe
aos quais estejam subordinados, pela utilização de medidas de coordenação.
As medidas de coordenação da artilharia antiaérea são materializadas através do
estabelecimento de:
- volumes de responsabilidade de defesa antiaérea;
- estados de ação;
- estados de alerta;
- condições de aprestamento; e
- corredores de segurança.
3.3.1 - Volumes de Responsabilidade de Defesa Antiaérea (VolResp)
É a porção do espaço aéreo sobrejacente a uma área de defesa antiaérea, onde
vigoram procedimentos específicos para o sobrevôo de Anv amigas e para as armas
antiaéreas.
O VolResp de um ponto sensível é definido como um cilindro, cujo centro de sua
32. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-8 - ORIGINAL
base coincide com o centro do dispositivo de defesa antiaérea considerado. Sua altura
será igual ao alcance máximo das armas antiaéreas acrescidos de dez por cento, e seu
raio será definido pela distância de desdobramento das UT somada ao valor da altura
(Fig 3-3).
A responsabilidade pela classificação dos VolResp e sua vigência, caberá ao
ComForDbq assessorado pelo Oficial de Defesa Antiaérea da ForDbq, cabendo ao
CODA ou CComAT à divulgação, ativação, desativação e controle dos mesmos.
O estabelecimento de um VolResp da defesa antiaérea é seguido pela determinação
de um estado de ação para os sistemas de armas antiaéreas, o qual irá estabelecer o
grau de liberdade para a abertura de fogo sobre um alvo dentro de um volume.
Quanto a circulação de Anv amigas dentro dos VolResp, estes poderão ser
classificados como:
a) Volume de responsabilidade de sobrevôo proibido
Sobrevôo interdito em qualquer condição à Anv amigas, e dentro do qual será
aberto fogo contra qualquer Anv.
b) Volume de responsabilidade de sobrevôo restrito
No qual Anv amigas poderão penetrar, desde que autorizadas e observando as
normas de vôo estabelecidas.
c) Volume de responsabilidade de sobrevôo livre
No qual o vôo é livre e o fogo antiaéreo só pode ser realizado contra alvos
previamente designados por um centro de controle ou em caso de autodefesa.
No caso das OpAnf, a multiplicidade de defesas a serem feitas, a dispersão dos
meios antiaéreos e a mobilidade requerida levará a alterações freqüentes na
vigência e classificação dos VolResp.
33. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-9 - ORIGINAL
Fig 3-3 – Volume de Responsabilidade
3.3.3 – Estado de Ação
É aplicado aos volumes de responsabilidade da defesa antiaérea e, por vezes, a
corredores de segurança ou rotas de circulação aérea.
Os Estados de Ação serão designados pela agência de controle aeroespacial de maior
nível da ForDbq, cabendo sua difusão ao COAAe das unidades de defesa antiaérea.
Os Estados de Ação em vigor estão relacionados diretamente ao VolResp no qual as
peças de AAAe estão inseridas, são eles:
- fogo livre – abrir fogo contra qualquer Anv não identificada como amiga;
- fogo restrito – abrir fogo somente sobre Anv identificada como inimiga;
- fogo interdito – não abrir fogo (ou cessar fogo), exceto em caso de autodefesa; e
- fogo designado – abrir fogo somente sobre Anv especificamente designada por
agência de controle da DefAAe ou em autodefesa.
Nos casos de autodefesa, a artilharia antiaérea poderá realizar fogos independentes
de seu Estado de Ação.
A artilharia antiaérea de média e grande altura tem, normalmente, seu Estado de
Ação limitado a "fogo designado" tendo em vista a necessidade de coordenação para
segurança das Anv de interceptação.
De acordo com a situação tática, o Estado de Ação atribuído a um determinado
VolResp poderá ser modificado.
3.3.3 – Estados de Alerta
O Estado de Alerta representa a probabilidade de ocorrência de ameaça aeroespacial
34. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-10 - ORIGINAL
a determinada área defendida pela artilharia antiaérea.
Os Estados de Alerta indicam quais meios, e em que graus, deverão ser aprestados e
as providências decorrentes, a fim de permitir a reação, em tempo hábil, da defesa
antiaérea contra uma ação hostil. Permitem ainda, a tomada de providência quanto a
defesa passiva da Força como um todo, de modo a neutralizar ou reduzir os efeitos
de uma ação aérea do inimigo.
Definido pela agência de controle de maior escalão possível, será disseminado para
os sistemas de armas antiaéreas através do COAAe e pelo CCAF para os demais
elementos da Força. Um determinado Estado de Alerta poderá ser modificado por um
elemento subordinado desde que passe de um estado menor para um maior, uma vez
que a agência de controle de escalão superior, pode não ter recebido a informação a
tempo de um ataque em andamento.
Os Estados de Alerta são divididos em:
a) Alerta vermelho
O ataque por Anv ou mísseis inimigos é iminente ou está em andamento. A
ameaça aérea está no interior do VolResp da artilharia antiaérea ou para lá se
dirige.
b) Alerta amarelo
O ataque por Anv ou mísseis hostis é provável ou ainda, vetores aéreos suspeitos
dirigem-se para o VolResp da artilharia antiaérea.
c) Alerta branco
O ataque por Anv ou mísseis hostis é pouco provável. O alerta branco pode ser
declarado antes ou depois dos alertas vermelho ou amarelo.
3.3.4 - Condições de Aprestamento
A condição de aprestamento diz respeito ao estado de prontidão dos meios
antiaéreos, face um ataque aeroespacial.
A condição de aprestamento mantém estreita correlação com o estado de alerta e com
o tempo de resposta necessário para prontificação dos meios da defesa antiaérea para
engajar uma Anv ou míssil inimigo (Fig 3-4).
As condições de aprestamento são estabelecidas pelo COAAe, podendo ser de três
tipos:
- condição 3 - postos de combate;
35. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-11 - ORIGINAL
- condição 2 - prontidão; e
- condição 1 - segurança.
Estado de Alerta (meios em cada Elm)
Meios AAe
(Quantidade disponível)
Condição de.
Aprestamento BRANCO AMARELO VERMELHO
Radar
Vigilância
(Total: 3 radares)
3
2
1
1
1
1
1
2
-
3
-
-
UT CanAAe
(Total: 6 CanAAe)
3
2
1
2
2
2
2
4
-
6
-
-
UT MSA
(Total:8 MSA)
3
2
1
2
2
4
4
4
-
8
-
-
Observação
Os radares do sistema de defesa antiaérea, mesmo em condição 3, obedecem às
técnicas de emprego dos equipamentos.
Fig 3-4 – Exemplo de relação entre Estado de Alerta e Condição de Aprestamento
3.3.5 - Corredores de Segurança
São rotas de tráfego aéreo a serem cumpridas pelas Anv amigas, a fim de se
minimizar o risco de serem engajadas pela artilharia antiaérea (Figura 3-5).
Normalmente os corredores de segurança são estabelecidos apenas para a defesa
antiaérea a baixa altura.
Tal medida de coordenação permite o ingresso e egresso de Anv amigas dos VolResp
da defesa antiaérea com relativa segurança.
As principais finalidades dos corredores de segurança são:
- permitir a aproximação ou afastamento de Anv amigas de aérodromos defendidos
pela artilharia antiaérea; e
- permitir o vôo à baixa altura de Anv de alto desempenho em missões de apoio de
fogo aéreo ou de defesa aérea.
A vigência e localização dos corredores de segurança devem variar tanto quanto
possível, não permitindo sua utilização pelas Anv inimigas, comprometendo a
36. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-12 - ORIGINAL
• Pontos Limites A(___-___) e B(___-
___)
• altura = 6.000 m
defesa.
Os corredores de segurança são estabelecidos durante o planejamento pelo
ComForDbq assessorado pelo Oficial de Defesa Antiaérea da ForDbq e ativados ou
desativados pela mais alta agência de controle da ForDbq que estiver estabelecida em
terra. Os dados do corredor de segurança vigente (pontos de entrada/saída, horário de
ativação/desativação, código IFF em uso, proa, nível e velocidade de vôo) devem ser
corretamente disseminados.
Fig 3-5 – Exemplo de Corredor de Segurança
3.4 - UTILIZAÇÃO DO ESPAÇO AÉREO
A fim de possibilitar a utilização eficiente, segura e flexível do espaço aéreo
sobrejacente a AOA, as agências de controle da defesa aeroespacial estabelecerão
medidas de coordenação e controle tão mais restritivas quanto mais próximas da linha
de contato ou limite anterior da área de defesa avançada (LC/LAADA). As atividades
inerentes a utilização do espaço aéreo são o controle de tráfego e o controle do espaço
aéreo.
3.4.1 - Controle de Tráfego Aéreo
Tem como finalidade coordenar as atividades de controle do tráfego aéreo no interior
da AOA, por meio de medidas minimamente restritivas. É executado pela vetoração
de Anv em direção, altitude e velocidade, de modo a se manter uma separação segura
entre as mesmas, sendo operado por elementos e equipamentos especializados da
37. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-13 - ORIGINAL
ForTarAnf, que fazem parte do CCAT.
3.4.2 - Controle do Espaço Aéreo
É o conjunto de medidas de coordenação, estabelecidas pelas agências de controle da
defesa aeroespacial, necessárias às operações aéreas e de defesa antiaérea na AOA. O
controle do espaço aéreo baseia-se nos seguintes princípios: coordenação, integração,
segurança e auxílio à identificação.
- Coordenação – é necessária para estabelecer o uso eficiente e flexível do espaço
aéreo. É exercida pelas agências de controle no nível mais alto, de onde são
ativadas ou desativadas as medidas de coordenação da defesa aeroespacial;
- Integração – a necessidade de utilização do espaço aéreo por diversos elementos,
simultaneamente, exige que os meios da defesa aeroespacial estejam integrados no
mais baixo escalão possível, fazendo com que suas ações beneficiem o
GptOpFuzNav como um todo;
- Segurança – compreende a supervisão do espaço aéreo de forma a prover às Anv da
ForTarAnf a segurança necessária para o cumprimento das missões aéreas;
- Auxílio à Identificação – visa a realizar a identificação a tempo de Anv amigas e
conseqüentemente reduzir a possibilidade de engajamentos fratricidas.
a) Controle positivo
Tem como objetivo identificar Anv amigas em suas rotas de vôo. Requer a
existência de comunicações entre a Anv e os centros de controle, podendo ser
dificultado pelo terreno, ações de CME inimiga e falha nos equipamentos de
comunicações. É realizado, principalmente através do uso de equipamentos de
identificação, amigo-inimigo (IFF), radares de vigilância, "links" de dados digitais
e controle rádio. As principais vantagens do controle positivo são:
- menor necessidade de estabelecimento e disseminação de medidas de
coordenação e controle para as Anv;
- maior confiabilidade no controle do espaço aéreo, evitando o engajamento por
fogo amigo; e
- maior segurança oferecida às tripulações das Anv.
No entanto, tem como desvantagens:
- maior suscetibilidade às ações de GE (MAGE/CME) inimigas;
- dependência de condições táticas/técnicas;
38. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-14 - ORIGINAL
- necessidade de equipamentos e/ou procedimentos redundantes;
- maior necessidade de ativação/desativação de medidas de coordenação para a
passagem de Anv; e
- sobrecarga dos centros controladores.
b) Controle de procedimentos
Baseia-se na delimitação do espaço aéreo por volumes, tempo e estados de ação,
sendo geralmente mais restritivo que o controle positivo. Incluem-se aí as medidas
de coordenação e procedimentos de controle do espaço aéreo, medidas de
coordenação de apoio de fogo e medidas de coordenação defesa aeroespacial. É
menos vulnerável à degradação por ações do inimigo, tais como sabotagem,
ataques e ações de CME, proporcionando continuidade das operações aéreas
mesmo sob condições adversas.
A liberdade de manobra requerida pelas operações de apoio aéreo da ForDbq pode
tornar o controle do tráfego aéreo extremamente difícil, fazendo com que o
ComForDbq estabeleça setores de responsabilidade de defesa aeroespacial no
interior da CP, bem como as regras de engajamento que irão especificar as
condições de engajamento para cada situação. Dessa forma, as Unidades de defesa
antiaérea no interior da CP conduzem suas ações principalmente, através do
controle de procedimentos.
3.5 - REGRAS DE ENGAJAMENTO
No caso específico da defesa antiaérea, as regras de engajamento constituem o conjunto
de medidas de controle positivo e de procedimentos, que determinam sob quais
circunstâncias e limitações a artilharia antiaérea iniciará, ou continuará, o engajamento
de vetores aéreos inimigos. As Regras de Engajamento são uma conseqüência direta dos
princípios de controle centralizado e execução descentralizada para a defesa
aeroespacial. O conjunto de regras de engajamento para defesa antiaérea deverá ser
estabelecido no nível do Comandante do TO, devendo ser amplamente divulgado para
todas as forças navais, terrestres e aéreas presentes no teatro. Sua fiel observância, além
de prevenir incidentes, evitará o engajamento e a destruição fratricida de nossas próprias
Anv. Essas regras podem ser divididas em dois grupos, sendo o primeiro grupo
aplicável a todas as unidades e o segundo de aplicação específica para os sistemas de
artilharia antiaérea.
39. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-15 - ORIGINAL
3.5.1 - Regras aplicáveis a todas as unidades:
As três regras abaixo devem ser aplicadas a todas as forças que poderão contribuir
para a defesa antiaérea. Neste caso, está incluído, por exemplo, o uso de armamento
portátil pelas unidades de infantaria.
a) Direito à autodefesa
Os comandantes, em todos os escalões, são responsáveis por adotar todas as ações
necessárias a proteger suas forças e equipamentos contra a ameaça aérea. Quando
sob ataque direto, o direito de autodefesa tem precedência sobre todas as demais
regras e procedimentos. Ressalta-se que é da competência de todas as unidades da
Marinha a sua autodefesa, quando sob ataque direto, sem que haja necessidade de
estímulo ou autorização superior. A expressão autodefesa antiaérea abrange a
defesa de ponto, quando sob ataque direto.
b) Ação hostil
É um conjunto de critérios que auxiliam na identificação de vetores aéreos
inimigos. A definição de ação hostil é particularmente importante para os critérios
de identificação de Anv amigas. Uma ação hostil classifica automaticamente
como inimigo o vetor aéreo que a comete, acarretando a imediata abertura de fogo
antiaéreo, condicionado somente ao estado de ação das armas antiaéreas.
Uma Anv comete uma ação considerada hostil quando:
- ataca força amiga ou aliada;
- ataca instalação militar ou civil amiga ou aliada;
- ataca Anv amiga ou aliada;
- executa ações de GE contra forças ou instalações amigas ou aliadas;
- lança pára-quedistas ou desembarca material de uso militar em área controlada
por força amiga ou aliada; e
- realiza vôo de reconhecimento e/ou fotografa área controlada por força amiga ou
aliada.
Uma Anv é classificada como amiga, inimiga ou suspeita de acordo com os
seguintes critérios:
I) Aeronave amiga
A menos que cometa uma ação hostil, um vetor aéreo é classificado como Anv
amiga se:
40. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-16 - ORIGINAL
- for reconhecido como amiga por um centro de controle da defesa antiaérea;
- seu comportamento em vôo a faz reconhecida como amiga;
- é reconhecida à vista como amiga; e
- emite código de identificação IFF correto.
II) Aeronave inimiga
Uma Anv é considerada inimiga se:
- comete uma ação hostil;
- é reconhecida como inimiga por um centro de controle da defesa antiaérea;
- seu comportamento em vôo a faz reconhecida como inimiga;
- é reconhecida à vista como inimiga; e
- emite código de identificação IFF incorreto.
III) Aeronave suspeita
Uma Anv será considerada suspeita se:
- for reconhecida como tal por um centro de controle da defesa antiaérea; e
- não é possível identifica-la positivamente como amiga ou inimiga.
c) Estado de ação
Ver item 3.3.2.
3.5.2 - Regras Aplicáveis especificamente às Unidades de Artilharia Antiaérea:
a) Nível de controle
Determina qual o escalão de artilharia antiaérea que detém o controle positivo da
batalha aérea. Dependendo da situação, no caso atual do CFN, poderá ser o
CODA, o COAAe da BiaArtAAe ou a própria UT.
b) Modo de controle
Pode ser centralizado ou descentralizado. O modo selecionado dependerá da
capacidade do sistema C3
I, dos sistemas de armas empregados e da situação aérea
amiga e inimiga.
- Controle Centralizado
Neste modo de controle, o escalão superior deve autorizar o engajamento pelas
UT. A permissão para engajar cada vetor deve ser solicitada pela UT ao seu
escalão superior de AAAe. O controle centralizado é utilizado para minimizar a
possibilidade de engajamento fratricida de Anv amigas, permitindo o
41. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-17 - ORIGINAL
engajamento de determinado vetor hostil apenas quando ordens específicas
forem recebidas.
- Controle Descentralizado
Este é o modo utilizado, preferencialmente, durante operações de guerra. Nesta
situação, um escalão superior monitora a ação das UT, designando alvos as UT
para assegurar sua distribuição apropriada, prevenir o engajamento de Anv
amigas e prevenir o engajamento simultâneo de vetores hostis, por mais UT que
o necessário. O controle descentralizado é usado para aumentar a probabilidade
de destruição dos vetores inimigos em um ambiente de grande densidade.
c) Modo autônomo de operação
É o modo de operação utilizado por uma UT que tenha perdido todas as
comunicações com seus escalões superiores. Neste caso, o comandante da UT
assumirá total responsabilidade pelo controle do fogo e pelo engajamento dos
vetores inimigos.
d) Ordens de controle de fogo
São comandos utilizados para controlar engajamentos, independentemente do
Estado de Ação das UT. Estes comandos são normalmente usados pelos escalões
superiores, quando monitorando operações descentralizadas das UT. Ordens de
controle de fogo podem ser transmitidas de forma eletrônica ou verbal.
3.6 - IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES AEROESPACIAIS
Uma das dificuldades mais críticas da DefAAe é a correta, rápida e precisa identificação
dos vetores aeroespaciais, principalmente no que tange a diferenciar uma aeronave
amiga, retornando após cumprir determinada missão em território inimigo, de uma
eventual ameaça aérea. Para auxiliar na execução dessa tarefa, podem ser utilizados os
procedimentos de identificação visual, equipamentos IFF, corredores, pontos de
verificação, altitude/velocidade e controle positivo.
3.6.1 - Identificação Visual
Certamente, a mais antiga das técnicas utilizadas, mas que ainda apresenta resultados
bastante positivos, principalmente nos sistemas de DefAAe a baixa altura. Mesmo
nos países onde a defesa antiaérea está mais evoluída, esta técnica tem seu uso
bastante difundido e o estudo dos diferentes métodos para efetuar uma correta
identificação visual é parte integrante do treinamento de todo o pessoal envolvido na
42. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-18 - ORIGINAL
operação. Tal identificação é baseada na forma da fuselagem da aeronave, posição de
suas asas e cauda, tipo de motores e turbinas, e emblemas característicos das
diferentes forças aéreas. Para alguns sistemas, como os de mísseis portáteis, esta
técnica é a principal, sendo todas as demais apenas complementares. É fundamental
para o seu sucesso o nível de adestramento das guarnições e sua familiarização com
as Anv amigas e inimigas operando em determinada área.
Vantagens:
- Todos os elementos da ForDbq podem colaborar com seu sucesso, participando na
identificação dos diferentes vetores sobre a cabeça-de-praia (CP); e
- Por ser a mais restritiva com relação às armas de defesa AAe, resulta em menor
chance de engajamentos fratricidas.
Desvantagens:
- Coloca as armas de DefAAe em situação muito restritiva, podendo deixá-las em
desvantagem durante os engajamentos;
- Possui grandes limitações para operação noturna e em condições de tempo
adversas; e
- Caso a identificação visual positiva seja pré-requisito para o engajamento, poderá
expor a área vital a um risco maior.
3.6.2 - Equipamentos IFF
A utilização destes equipamentos, onde a aeronave possui um transponder que, ao ser
interrogado, emite um sinal codificado de identificação é bastante freqüente,
encontrando aplicações militares e comerciais. Sua utilização requer um perfeito
conhecimento do sistema e o estabelecimento de regras específicas de quando e
como tais equipamentos devem ser acionados.
Vantagens:
- Provê uma identificação positiva com menor risco para a área vital;
- A maior parte das Anv, militares ou não, possui este equipamento; e
- Reduz as restrições com relação ao padrão de vôo das Anv amigas.
Desvantagens:
- Tanto a aeronave como o interrogador devem emitir, tornando-se vulneráveis aos
equipamentos de guerra eletrônica inimiga;
- A aeronave deve estar na linha de visada do interrogador; e
43. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-19 - ORIGINAL
- Os códigos podem ser simulados pelo inimigo.
3.6.3 - Corredores
Consistem na adoção de rotas pré-determinadas que deverão ser obedecidas pelas
Anv amigas.
Vantagem:
- Apresenta poucas restrições para o tiro da AAAe fora dos corredores, permitindo
que apenas poucas UT permaneçam na condição de tiro restrito.
Desvantagens:
- Vetores inimigos podem utilizar os corredores; e
- Constitui-se em mais uma medida de controle a ser disseminada e observada.
3.6.4 - Pontos de Verificação
Os pontos de verificação podem ser usados de diversas maneiras. Podem ser pontos
nos quais os equipamentos IFF devem ser acionados ou desligados, pontos nos quais
será efetuada comunicação rádio, ou , ainda, pontos nos quais as Anv amigas deverão
passar em determinados horários, altitudes ou velocidades. Possui a vantagem de ser
menos restritiva para as Anv amigas que os corredores.
3.6.5 - Altitude e Velocidade
São duas medidas de controle simples bastante utilizadas por Anv retornando às
forças amigas. Apesar de ineficazes quando utilizadas isoladamente, mostram-se
bastante eficazes quando utilizadas em conjunto com outras medidas.
Vantagem
- Simplicidade.
Desvantagens
- Reduz a performance e a sobrevivência das Anv; e
- Pode aumentar a probabilidade de detecção destas Anv pela DefAAe inimiga.
3.6.6 - Controle Positivo
O principal propósito do controle positivo é o de acompanhar e identificar as Anv
amigas durante toda a trajetória de seu vôo. Reduz a dificuldade de identificação pela
DefAAe, mas requer comunicações permanentes entre as Anv e agências de controle.
3.7 - ALARME AÉREO ANTECIPADO
Um dos maiores responsáveis pelo sucesso ou fracasso da defesa antiaérea de qualquer
grupamento operativo é a eficiência do alarme aéreo antecipado. Nas OpAnf, por suas
44. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 3-20 - ORIGINAL
características peculiares, atinge uma importância ainda maior.
O alarme aéreo antecipado permitirá que o armamento antiaéreo possa ser utilizado em
tempo hábil, evitando que os vetores inimigos cumpram suas missões, lançando seus
armamentos. Permitirá também que, após a divulgação dos alertas, toda ForDbq possa
tomar as medidas de Defesa Aeroespacial Passiva, de forma a evitar ou minimizar os
efeitos deste eventual ataque. Possibilitará ainda, ficar em condições de utilizar seu
armamento orgânico não alocado, para realizar sua autodefesa em caso de ataque direto.
Para tanto, é fundamental que a forma de disseminação desses alertas permita atingir a
todos os componentes da ForDbq de forma imediata.
O correto posicionamento dos sensores (radares, sensores passivos, grupos de vigilância
do ar, etc.) permitirá a detecção e avaliação da ameaça aérea desde o primeiro momento.
Outras medidas também mostrarão grande eficiência: a utilização de Anv de alarme
aéreo antecipado (AEW), de forma a aumentar o alcance dos sensores baseados em terra
reduzindo também a interferência do relevo; o estabelecimento de patrulhas aéreas de
combate (PAC), concomitantemente ou não às AEW, também mostra-se bastante
eficiente e finalmente, mas não menos importante, a interligação com os sensores da
força naval representa uma extensão ainda maior dos diagramas de cobertura. Tal
interligação deve ser preferencialmente por transmissão de dados, integrando as
informações de todos os sensores da ForTarAnf, de modo que todos os operadores
possam ter as mesmas informações em tempo real, garantindo assim máxima agilidade e
mínimo tempo de reação ao armamento antiaéreo. Caso não seja possível a integração
digital dos sensores a interligação com a utilização de rádios utilizando voz, deve ser
realizada.
45. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 4-1 - ORIGINAL
CAPÍTULO 4
DEFESA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.1 - PECULIARIDADES
Inicialmente, é importante ressaltar que todo o sistema de defesa aeroespacial de
determinada ForDbq estará obrigatoriamente envolvido por um sistema bem mais
abrangente que é o sistema de defesa aeroespacial da Força Tarefa Anfíbia (ForTarAnf).
Este sistema, por sua vez, dependendo da localização da Área do Objetivo Anfíbio
(AOA), poderá estar envolvido por um sistema ainda mais amplo, permanente ou não,
já existente na área. Em uma operação em território nacional, por exemplo, podemos
citar a possibilidade do sistema de defesa aeroespacial da ForTarAnf estar operando em
área abrangida pelo Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA),
resultando, portanto, em necessidade de estreita coordenação.
Assim, pode-se perceber porque a execução de operações de DefAAe em apoio as
OpAnf é sempre bastante complexa, exigindo coordenação bastante detalhada e
minuciosa.
O principal propósito da defesa antiaérea, como parte de defesa aeroespacial, nas
OpAnf é contribuir para assegurar que a necessária superioridade aérea seja alcançada e
mantida durante toda a operação.
A defesa antiaérea nas OpAnf, além dos aspectos inerentes à defesa antiaérea em
qualquer tipo de operação terrestre ou naval, apresenta algumas condições e problemas
bastante peculiares, que normalmente não são encontrados em outros tipos de operação
e que aumentam sobremaneira seu grau de complexidade. São elas:
- a necessidade de defender simultaneamente forças no mar e forças em terra;
- a dificuldade no controle pela ForTarAnf de operações de DefAAe realizadas a bordo
e em terra, simultaneamente, mas de forma bastante distinta;
- a dificuldade em integrar o sistema de DefAAe da ForTarAnf a um sistema mais
amplo, já existente, em determinada área;
- as dificuldades para a vigilância aérea e emprego dos meios de defesa aeroespacial,
causada pelo grande número de Anvs amigas operando simultaneamente na AOA,
principalmente durante a fase do assalto; e
- o espaço de tempo necessário ao estabelecimento em terra dos equipamentos de
DefAAe, anteriormente embarcados e a situação na qual esta transferência é feita,
46. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 4-2 - ORIGINAL
submetendo o material a duras condições e impondo limites em tamanho e peso.
4.2 - ÁREA DE DEFESA AEROESPACIAL
Em uma operação anfíbia, a área onde são realizadas as ações de defesa aeroespacial é
designada como Área de Defesa Aeroespacial (ADAe) da Força. Ela poderá incluir uma
Área de Ações de Defesa Aereoespacial (AAçDefAe) e/ou uma Zona de Identificação
de Defesa Aeroespacial (ADIZ).
4.2.1 - Área de Ações de Defesa Aeroespacial
É a área terrestre e o espaço aéreo sobrejacente, determinando um volume, no qual as
Anv amigas e as armas do sistema de defesa antiaérea executam as tarefas de
interceptação e/ou destruição de vetores aéreos inimigos.
4.2.2 - Zona de Identificação de Defesa Aeroespacial
É o espaço aéreo de dimensões definidas no qual a pronta identificação, localização e
controle dos vetores aéreos são necessários. Normalmente, nesta zona ocorre a
transição entre o controle positivo (externamente a ADIZ) e o controle de
procedimentos (internamente à ADIZ).
4.2.3 - Divisão da Área de Ações da Defesa Aeroespacial
Normalmente, a AAçDefAe será dividida em setores de defesa aeroespacial
(SDefAe), que serão estabelecidos em função dos pontos vitais que deverão ser
protegidos. Os SDefAe deverão ser, tanto quanto possível, definidos em termos de
acidentes do terreno, auxílios à navegação aérea ou através de coordenadas. Quatro
fatores principais irão influenciar em sua dimensão: o alcance efetivo das
comunicações, o alcance útil dos meios de detecção da ForDbq, alcance do
armamento (amigo e inimigo) e as possibilidades do inimigo (PI) que tenham sido
levantadas.
Estes setores serão divididos em Áreas de Vigilância, de Destruição e Área Vital
(Fig 4-1).
47. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 4-3 - ORIGINAL
Área de Vigilância
Área de Destruição
Área Vital
Fig 4-1 – Divisão da Área de Ações da Defesa Aeroespacial
Na Área de Vigilância, são executados a busca, detecção, identificação e o
acompanhamento dos alvos inimigos. Ela é delimitada por uma Linha de Detecção
Mínima (LDM). A Área de Vigilância deve possuir dimensão tal que possibilite o
alerta antecipado e o engajamento dos vetores aéreos inimigos tão logo estes atinjam
a Área de Destruição. Para a cobertura radar da Área de Vigilância, poderá ser
posicionada uma cobertura avançada com radares terrestres de vigilância, Anv AEW
e vigilância visual. O Anexo C apresenta um método para o estabelecimento da
cobertura radar.
No interior da Área de Destruição (Fig 4-2) é onde se planeja destruir ou repelir a
ameaça aérea inimiga. Ela é delimitada por uma linha de Interceptação desejada
(LID), tendo sua dimensão e formato definidos pelos fatores de decisão. Na Área de
Destruição podem ser estabelecidos corredores ou setores de aproximação de Anv
amigas, sendo normalmente subdividida em Zona de Interceptação Aérea (ZIA),
Zona de Transferência (ZT) e uma Zona de Interceptação por Mísseis (ZIM).
a) Zona de interceptação aérea
É a área na qual será realizada a interceptação de vetores inimigos por Anv da
ForTarAnf ou da Força Aérea do TOM (FATOM). Normalmente a ZIA será
dividida em Zonas de Engajamento por Caças (ZEC) com Anv em PAC
responsáveis por cada setor;
b) Zona de transferência
É a zona na qual a responsabilidade pelo engajamento de um alvo passa das Anv
de interceptação para os sistemas de lançadores de mísseis superfície-ar (MSA).
48. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 4-4 - ORIGINAL
As Anv que executam o engajamento dos alvos inimigos nessa zona estarão
normalmente sob controle positivo das agências de controle da ForDbq.
c) Zona de interceptação por mísseis
É a área na qual os MSA têm a responsabilidade primária pela destruição das
ameaças aéreas inimigas. A ZIM pode ser subdividida em Zonas de Engajamento
por Mísseis (ZEM), atribuindo assim a responsabilidade de cada setor uma
Unidade específica.
A Área Vital é delimitada por uma envolvente, afastada das Unidades das quais
depende o cumprimento da missão, ou dos pontos sensíveis ou vitais da CP, de
uma distância igual ao maior alcance do armamento ar-superfície do inimigo. No
interior da Área Vital, poderá ser estabelecida, eventualmente uma Zona de
Interceptação de Defesa de Ponto (ZIDP).
Fig 4-2 – Divisão da Área de Destruição
4.3 - EMPREGO DA DEFESA ANTIAÉREA NAS OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.3.1 - Planejamento
O planejamento do emprego da artilharia antiaérea em apoio às operações anfíbias,
além de obedecer ao previsto no Processo de Planejamento Militar e no CGCFN-50
– Manual de Planejamento da Força de Desembarque, especialmente no que se refere
a seqüência de ações de comando e estado-maior, deverá atender às peculiaridades
da artilharia antiaérea, tais como, princípios e fundamentos de emprego, além de
outras considerações, já descritas nos capítulos anteriores.
Dentre esses aspectos, o estabelecimento adequado das prioridades da defesa
Zona de Interceptação de Mísseis
Zona de
Interceptação de
Mísseis
Zona de Interceptação Aérea
Zona de
Transferência
ZEC
ZEC ZEC
ZEM
ZEM
ZEC
Área de Destruição
49. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 4-5 - ORIGINAL
antiaérea (conforme descrito no item 2.4) é de fundamental importância nas
operações anfíbias, uma vez que a limitação de espaço disponível a bordo poderá
agravar, ainda mais, a desproporção entre a quantidade de forças e instalações que
necessitam de proteção da artilharia antiaérea e a disponibilidade de meios para
provê-la.
Os principais documentos elaborados durante o planejamento são: a Estimativa de
Defesa Antiaérea e o Plano de Defesa Antiaérea.
a) Estimativa de defesa antiaérea
Seu propósito principal é assessorar o comandante da força quanto à melhor linha
de ação, segundo a ótica da defesa antiaérea e como as demais LA são, ou não,
apoiadas.
Como em qualquer estimativa, os fatores da decisão deverão ser considerados,
sendo que, no caso da defesa antiaérea, merecem destaque os seguintes aspectos:
- no que se refere ao estudo da situação do inimigo e suas possibilidades (PI), a
ênfase deve ser dada aos meios aéreos, sendo muitas vezes as PI que interessam
à defesa antiaérea denominadas possibilidades do inimigo aéreo.
- no caso do terreno e das condições meteorológicas, a ênfase do estudo deve,
também, ser concentrada em como ele afeta a execução das operações aéreas e
de defesa antiaérea, devendo, neste aspecto, ser determinadas as principais vias
de acesso aéreas (rotas de aproximação para Anv de asa fixa e He), as
facilidades e dificuldades para a cobertura por radares (Anexo C) e pelas armas
da AAAe; e
- na avaliação dos meios disponíveis, deverá ser verificada a possibilidade do
emprego das armas da infantaria contra os vetores aeroespaciais, em especial, os
helicópteros inimigos voando a muito baixa altura e fora do lóbulo de cobertura
dos radares. Poderá ser considerada, também, a possibilidade de emprego dos
canhões antiaéreos em missão de superfície, caso fique configurada a baixa
ameaça aérea oferecida pelo inimigo.
Para cada LA da força apoiada, a Estimativa de Defesa Antiaérea deverá
apresentar uma LA para o emprego da artilharia antiaérea, devendo incluir:
- Missão da artilharia antiaérea;
- Prioridades propostas;
50. OSTENSIVO CGCFN-322
OSTENSIVO - 4-6 - ORIGINAL
- Idéia de manobra de artilharia antiaérea;
- Organização por tarefas proposta para a AAAe;
- Relações de comando propostas;
- Principais medidas de defesa aeroespacial passiva e ativa;
- Medidas referentes ao emprego de outras armas na Defesa Antiaérea; e
- O Anexo D apresenta um modelo de Estimativa de Defesa Antiaérea.
b) Plano de defesa antiaérea
Ao preparar o plano de defesa antiaérea, o comandante deverá preocupar-se com
os seguintes aspectos:
- certificar-se que sua decisão apóie integralmente a LA vencedora do elemento
apoiado;
- desenvolver o conceito da operação, detalhando a seqüência de ações;
- estabelecer as medidas de coordenação e controle que serão empregadas durante
a operação;
- estabelecer o plano de reconhecimento que será cumprido; e
- coordenar o planejamento da artilharia antiaérea aos planos logísticos, de
desembarque e comunicações da força.
O Anexo E apresenta um modelo de plano de defesa antiaérea.
4.3.2 - Embarque
Por ocasião do embarque algumas medidas deverão ser previstas, de modo a facilitar
o desembarque dos meios da defesa antiaérea da ForDbq. Tais medidas visam
distribuir os armamentos e radares de vigilância entre os navios, prevendo o
desembarque, o mais cedo possível dos mesmos, provendo assim a ForDbq de seus
meios de defesa antiaérea nos estágios iniciais da operação.
Normalmente, os MSA em apoio direto ou à disposição dos elementos de assalto
desembarcarão em vagas programadas ou a pedido, enquanto que os radares de
vigilância desembarcarão em vagas a pedido e os canhões em unidades não
programadas, levando o material a ser pré-embarcado.
4.3.3 - Travessia
Durante o movimento para a AOA, a defesa antiaérea de todos os elementos da
ForTarAnf é provida por recursos da força naval, sob total responsabilidade do
ComForTarAnf. Entre estes recursos podem ser incluídos mísseis superfície-ar e
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OSTENSIVO - 4-7 - ORIGINAL
equipamentos de busca e detecção, baseados em navios ou mesmos em áreas
contíguas a AOA. Alguns meios de defesa antiaérea da ForDbq podem, durante a
travessia, receber tarefas do ComForTarAnf no sentido de complementar a defesa de
ponto de alguns navios. Por exemplo, seções de mísseis portáteis embarcadas em
navios como NDD, NDCC e NTrT, podem assumir posições nos convéses dos
mesmos (alguns destes navios possuem posições já preparadas para estas
guarnições). Contudo, é importante lembrar que o comprometimento e perdas
potenciais ou, ainda, desgaste dos finitos recursos da ForDbq alocados nestas tarefas
poderão afetar sua capacidade em atingir seus objetivos em terra. O controle geral
das ações de defesa antiaérea estará com o ComForTarAnf que a exercerá através do
CCAT/CDAT.
Do mesmo modo que no movimento para a AOA, durante as operações pré-assalto, o
ComForTarAnf continua com a responsabilidade total pela defesa antiaérea da
ForDbq. Os meios de DefAAe da ForDbq poderão, também, receber tarefas de
cooperar na DefAAe da ForTarAnf, principalmente devido ao crescimento da
ameaça aérea pela proximidade das forças oponentes. Enquanto a ForDbq prepara o
assalto, seus meios empregados em apoio a ForTarAnf terão de ser substituídos por
meios navais, permitindo, assim, que os da ForDbq fiquem inteiramente dedicados
ao assalto.
4.3.4 - Assalto
Durante os momentos iniciais do assalto, a defesa antiaérea permanece sob
responsabilidade da ForTarAnf, sendo sua transferência para a ForDbq executada
gradativamente, à medida que os meios de defesa antiaérea vão sendo
desembarcados e as agências de controle do sistema de defesa aeroespacial
estabelecem-se em terra. Durante o assalto, o controle da DefAAe de toda a
ForTarAnf ainda é exercido pelo ComForTarAnf, uma vez que a ForDbq, com a
maioria de seus meios ainda embarcada, possui mínima capacidade para prover sua
defesa. Contudo os meios navais têm dificuldades em prover uma vigilância eficaz
sobre terra, assim se faz necessário que a ForDbq estabeleça, tão rápido quanto
possível, os meios necessários a complementar em terra a proteção antiaérea de toda
ForTarAnf.
Seções de mísseis portáteis (inicialmente em apoio direto às unidades em primeiro
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OSTENSIVO - 4-8 - ORIGINAL
escalão) são os primeiros componentes da DefAAe da ForDbq a serem estabelecidos
em terra. Radares de Vigilância também devem ser desembarcados tão cedo quanto
possível. Durante os momentos iniciais, onde uma coordenação eficiente ainda é
difícil, os comandantes das seções de mísseis devem ligar-se com os controladores
aéreos avançados (CAA) de forma a distinguir Anv amigas executando missões de
apoio aéreo aproximado, de Anv inimigas representando potencial ameaça. O mais
antigo comandante da artilharia antiaérea (AAAe) em terra deverá estabelecer
comunicações com suas seções em terra e com o CCAT embarcado. Receberá do
CCAT o alarme aéreo antecipado e fornecerá informações sobre engajamentos e
condições das suas unidades de tiro (UT).
Posteriormente, o estabelecimento em terra dos demais sistemas de armas e sensores
(ex: MSA de médio alcance, Canhões BOFI-R, etc.) completará a proteção antiaérea
da ForDbq. Durante esta fase os recursos do CCT, tais como elementos de infantaria
em segundo escalão, artilharia, blindados e outros poderão estar acompanhados de
seções de mísseis portáteis em apoio direto. O CASC poderá também ter seções de
mísseis portáteis em apoio direto, porém o mais comum é ser apoiado por seções
alocadas em apoio geral à ForDbq.
Com suas agências de controle estabelecidas em terra o ComForDbq poderá solicitar
o controle do espaço aéreo sobre a AOA. Assim, com todos os seus meios
estabelecidos em terra o sucesso na execução do plano de defesa antiaérea dependerá
da alocação e distribuição de recursos, coordenação, comando e controle.
Basicamente, para a defesa antiaérea, o assalto ocorre em cinco fases distintas (fase
inicial, meios de DefAAe em terra, CODA em terra, CDAT em terra e CComAT
estabelecido), sendo o controle, nos momentos iniciais, exercido principalmente por
veto, já que as agências de controle da ForDbq ainda não foram ativadas
completamente e devido às restrições no exercício do controle positivo.
a) Fase inicial
A fase inicial, para a defesa antiaérea, desenvolve-se da seguinte forma:
- os elementos de assalto, já em terra, não possuem capacidade de defesa
antiaérea, além de suas armas orgânicas;
- a vigilância do espaço aéreo é realizada pelos navios e Anv da ForTarAnf;
- os navios dotados de sistemas de defesa de ponto (canhões e MSA) são
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OSTENSIVO - 4-9 - ORIGINAL
posicionados na Área Marítima da Área Desembarque (quando existir Escalão
do Mar) ou na Área de navios de Apoio de Fogo;
- os elementos de assalto desembarcados poderão ser reforçados por seções MSA,
desembarcadas em vagas programadas ou a pedido, aumentando sua capacidade
de defesa antiaérea; e
- a área de defesa antiaérea passa a ser dividida em setor marítimo e setor
terrestre, preparando-se a transferência de responsabilidade pelo controle do
espaço aéreo da AOA entre a ForTarAnf e a ForDbq.
b) Meios da DefAAe em terra
Os meios da DefAAe estabelecidos em terra são:
- as unidades de assalto com MSA à disposição ou em ApDto, que prosseguem
em sua interiorização;
- o COAAe e canhões AAe desembarcam tão logo haja segurança para ocuparem
suas posições iniciais;
- os meios de DefAAe, orgânicos da ForDbq, passam a ser controlados pelo
COAAe, que recebe informações do coordenador do setor terrestre da área de
defesa aérea do CCAT/CDAT embarcado; e
- a responsabilidade de coordenação e controle da defesa aeroespacial permanece
com o ComForTarAnf através do CCAT.
c) CODA em terra
As etapas para o estabelecimento do CODA em terra são as seguintes:
- o CODA desembarca e se estabelece em terra;
- após aprovação do ComForTarAnf, passa a ser responsável pelo controle do
setor;
- o CCAT continua a monitorar o desenvolvimento das ações, ECD reassumir o
controle, caso necessário; e
- o COAAe passa à responsabilidade do CODA, sendo controlado por este.
d) CDAT em terra
- ocorre o desembarque e estabelecimento do CDAT em terra; e
- o ComForDbq se prepara para assumir o controle e coordenação de todos os
meios de defesa aérea.
e) CComAT estabelecido
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- o CDAT, já em terra, transforma-se em CComAT, quando todos os meios de
defesa antiaérea já desembarcaram e o sistema atingiu sua plenitude operacional;
- o ComForDbq assume o controle de todas as operações aéreas nas áreas terrestre
e marítima da área de defesa aérea; e
- o CCAT a bordo converte-se em CDAT, monitorando o sistema ficando ECD
reassumir o controle das ações.
Após a conquista e consolidação da CP é adotada uma postura defensiva pelo
sistema de defesa aeroespacial, privilegiando-se a defesa de pontos sensíveis de
interesse da ForDbq, tais como bases aéreas, aeroportos, portos, nós rodo-
ferroviários, instalações logísticas, etc.
4.3.5 - Peculiaridades da Defesa Antiaérea na Incursão Anfíbia
Devido a suas características de efetivo empregado, rapidez e necessidade de uma
retirada planejada, a incursão anfíbia (IncAnf) limitará o emprego dos meios de
defesa antiaérea da Força de Incursão (ForInc). No entanto deve-se observar que, em
muitos casos, o emprego de material portátil de DefAAe tal como mísseis superfície-
ar será de grande valia, principalmente quando o inimigo dispuser de vetores aéreos,
empregando-os contra a ForInc devido sua capacidade de rápida reação, flexibilidade
e mobilidade. Nas operações de evacuação de não-combatentes, este tipo de
armamento será valioso para a defesa de portos e aeroportos por onde possam ser
retirados ou resgatados pessoal e/ou material.