O documento discute o preconceito linguístico, definido como o julgamento depreciativo da fala de outras pessoas baseado em diferenças linguísticas. Explica que não existe uma forma correta única de linguagem e que o preconceito surge da ideia de normatividade linguística. Aponta que a linguagem é dinâmica e varia de acordo com fatores históricos, geográficos, sociais e estilísticos. Conclui que o preconceito linguístico na verdade serve para discriminar pessoas por caracterí
2. O que é Preconceito Linguístico?
O Preconceito Linguístico é aquele gerado pelas
diferenças linguísticas existentes dentro de um
mesmo idioma, o "julgamento depreciativo
desrespeitoso e, consequentemente, humilhante da
fala do outro ou da própria fala" geralmente atinge as
variedades associadas a grupos de menor prestígio
social. Não existe uma forma “certa” ou “errada” dos
usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado
pela idéia de que existe uma única língua correta
(baseada na gramática normativa)
3. A língua é dinâmica e mutável e está em
constante desenvolvimento, se adaptando
aos seus falantes. Afinal de contas, o
principal objetivo da linguagem é a
comunicação entre as pessoas de um mesmo
grupo. Talvez, um dos principais motivos
para o fortalecimento do preconceito
linguístico seja a confusão histórica formada
entre a língua e a gramática normativa. Esta
última serve como um mecanismo para
ordenar o idioma, no entanto não abrange as
expressões populares, as gírias e os
regionalismos que, mesmo não constando na
gramática, não podem ser considerados
modos incorretos.
4. Existem quatro modalidades que explicam as variantes linguísticas:
• Variação histórica (palavras e expressões que caíram
em desuso com o passar do tempo);
• Variação geográfica (diferenças de vocabulário,
pronúncia de sons e construções sintáticas em
regiões falantes do mesmo idioma);
• Variação social (o desempenho linguístico do falante
provém do meio em que vive, sua classe social,
faixa etária, sexo e grau de escolaridade);
• Variação estilística (cada indivíduo possui uma forma e estilo de falar próprio,
adequando-o de acordo com a situação em que se encontra)
5. • Qualquer manifestação que escape do triângulo “escola- gramática-
dicionário” é considerado, sob a ótica do preconceito linguístico
“errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente”. A existência de uma
norma padrão implica, necessariamente, que outras variantes sejam
desconsideradas e desprezadas, isto é, excluídas. Tal dinâmica dá
origem a dois conceitos distintos: preconceito linguístico e prestígio.
Ambos representam a sinalização de um julgamento social e não
linguístico acerca da utilização da língua.
6. Quando analisado de perto, o preconceito linguístico deixa claro que o que está
em jogo não é a língua, pois o modo de falar é apenas um pretexto para discriminar
um indivíduo ou um grupo social por suas características socioculturais e
socioeconômicas: gênero, raça, classe social, grau de instrução, nível de renda etc.
A instituição escolar tem sido à
séculos a principal agência de
manutenção e difusão do preconceito
linguístico e de outras formas de
discriminação. Uma formação
docente adequada, com base nos
avanços das ciências da linguagem e
com vistas à criação de uma sociedade
democrática e igualitária, é um passo
importante na crítica e na
desconstrução desse círculo vicioso.