O documento discute sobre espaços de memória, patrimônio, territórios e educação patrimonial. Apresenta conceitos de memória, história e lugar de memória segundo Pierre Nora. Também define território, povos e comunidades tradicionais e discute a territorialidade destes grupos. Explana sobre patrimônio cultural material e imaterial e exemplos brasileiros reconhecidos pela UNESCO. Por fim, define educação patrimonial e seus objetivos.
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
Apresentacao da curadoria_digital_-_projetos_e_praticas_ii
1. Projetos e Práticas Educacionais II
Professora: Fernanda
Guimarães Correia
Acadêmicas:
Cristiana dos Santos Barboza
Daniele Kazue Sugioka
Dirce Cristiane Camilotti
Jaqueline Santos Vargas Plaça
Penha Claudia Poloni
Faculdade Unyleya -
Segunda Licenciatura em
Pedagogia
2. Introdução
- O presente trabalho foi elaborado a partir de uma Curadoria
Digital realizada na disciplina Projetos e Práticas Educacionais II.
- O objetivo da curadoria foi levantar textos e materiais
audiovisuais que auxiliassem no entendimento sobre os espaços
de memória, patrimônio e territórios para a promoção da
educação integral, cidadã e que valorize a cultura brasileira e
fomente o sentido de pertencimento.
3. Espaço de Memória
Análise baseada no vídeo do professor Jefferson Evanio,
publicado no canal “Navegando nas Humanidades”. Ele
usa um texto de Pierre Nora, criador da expressão lugar
de memória, chamado “Entre Memória e História: A
problemática dos lugares”.
Nora conceitua memória e História. Fala da diferença
entre memória e História, além de construir uma nova
ideia que se localiza no limite desses dois conceitos, o
lugar de memória.
Catedral da Sé | Foto: @hudsonsfmelo
4. Memória: no mundo antigo era a própria
História, havia uma simultaneidade entre elas,
ambas se relacionando à duração.
A memória se enraíza no concreto, no espaço, no
gesto, na imagem, no objeto. É:
• Natural
• Orgânica
• Fisiológica;
• Um elo entre as gerações.
História: é a reconstrução do que não existe mais,
é a desnaturalização da natureza, é um discurso
sobre a memória.
https://br.freepik.com/fotos-gratis/escadas-
coloridas-de-selaron-no-rio-de-janeiro-
brasil_11942792.htm?query=rio%20de%20janeiro
5. História: é a reconstrução do que não existe mais,
é a desnaturalização da natureza, é um discurso
sobre a memória.
No mundo moderno, ocorre uma mudança na
forma como os homens lidam com o tempo. Com
os avanços dos processos de industrialização e
dos fenômenos de “mundialização”,
democratização e massificação, há uma percepção
de aceleração do tempo. O que era, rapidamente
deixa de ser.
Essa aceleração do tempo provoca uma ruptura
de equilíbrio que resulta em uma crescente
preocupação pelo manutenção do passado
histórico e numa sensação generalizada de que
não haveria mais memória espontânea. Bairro da Liberdade – Fonte: Wikipédia
6. Espaço de memória é um vestígio/rastro da
memória, materializada na forma de instituições
específicas, para salvaguardar o que deve ser
lembrado. É uma maneira de se opor ao efeito
devastador e desintegrador da rapidez
contemporânea.
A função do espaço de memória é pedagógica,
tendo três características:
● ocupam lugar na demografia social;
● são lugares rituais, criam as condições para
uma experiência simbólica;
● se aprende alguma coisa. Museu da Língua Portuguesa – Fonte: Wikipédia
7. Espaço de memória, segundo Pierre Nora, é
toda unidade significativa, de ordem material
ou ideal, que a vontade dos homens ou o
trabalho do tempo converteu em elemento
simbólico do patrimônio memorial de uma
comunidade qualquer.
Exemplos citados: monumentos, cemitérios,
coleções, festas, santuários, arquivos, rituais,
museus, livros.
Bumba-Meu-Boi – Fonte: Wikipédia
8. Território
A incorporação do termo território em instrumentos legais
do governo federal brasileiro, tais como a Constituição de
1988 e a Lei do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, reflete uma ressemantização do termo e
demonstra uma dimensão política, enfatizando a
importância de noção do termo.
Os Direitos Fundamentais e a Política Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais, estabelecem garantias de direitos a populações
tradicionais, dentre as quais o reconhecimento de direitos
sociais, territoriais e culturais.
http://www.ecobrasil.eco.br/noticias-rodape/1272-
comunidades-ou-populacoes-tradicionais
9. Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam
e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social,
religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados
e transmitidos pela tradição."
Decreto Federal nº. 6.040 de 7 de fevereiro de 2000
A Constituição Federal diz que "Povos e Comunidades
Tradicionais são grupos que possuem culturas diferentes
da cultura predominante na sociedade e se reconhecem
como tal."
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/
10. A ideia de território como espaço territorial utilizado é definido
a partir de dois campos distintos: de um lado a apropriação
efetiva do espaço, e de outro, a utilização deste como meio para
a prática de atividade.
A noção de território sobrepõe a ideia do localismo reducionista,
tendo em vista que a própria história e as condições de vida
existentes naquele espaço remetem a uma análise social do
território, que pode ser traduzido na manutenção e condições de
vida de grupos de populações bastante antigas, as quais
compreendem o território, sobretudo, como algo indispensável à
sua reprodução física e cultural.
https://ceert.org.br/noticias/educacao/5843/mestrado-
inovador-para-comunidades-tradicionais-indigenas-e-
quilombolas
11. No Brasil existe uma imensa diversidade sociocultural que é acompanhada por uma
extraordinária diversidade fundiária. As múltiplas sociedades indígenas em seus
ambientes geográficos, com formas próprias de inter-relacionamento, os remanescentes
das comunidades dos quilombos, espalhadas por todo o território nacional, formam
núcleos importantes desta diversidade.
Essa diversidade fundiária inclui também as chamadas “terras de preto”, “terras de
santo” e as “terras de índio”. Ainda, há as distintas formas fundiárias mantidas pelas
comunidades de açorianos, babaçueiros, caboclos, caiçairas, caipiras, campeiros,
jangadeiros, pantaneiros, pescadores artesanais, praierios, sertanejos e varjeiros.
12. A categorização deste grande leque de
grupos humanos abrange os termos
“populações”, “comunidades”, “povos”,
“sociedades”, “culturas” e tende a ser
acompanhada por adjetivos:
“tradicionais”, “rurais”, “locais”,
“residentes” nas áreas protegidas.
Entretanto a heterogeneidade dentro de
cada categoria torna inviável tratá-los em
uma mesma classificação.
https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/noticias/121548596/comeca-encontro-de-povos-e-
comunidades-tradicionais
13. https://cebi.org.br/noticias/povos-tradicionais
A territorialidade para as populações tradicionais é destacada a partir de três
elementos:
a) regime de propriedade comum;
b) sentido de pertencimento a um lugar específico;
c) profundidade histórica da ocupação guardada na memória coletiva, embora tais
elementos serem comuns para outros povos tradicionais em planos socioculturais
14. A territorialidade para as populações tradicionais pode ser definida como um conjunto de
fatores que transcendem o mero aspecto de ocupação geográfica, para expressar a
existência de vínculos sociais e simbólicos, onde se predomina o uso sustentável e de
baixo impacto dos recursos naturais, o desempenho de práticas culturais não predatórias e
a gestão compartilhada de recursos naturais, sendo o esforço coletivo de um grupo social
para ocupar, usar, controlar e se identificar com uma parcela específica de seu ambiente
biofísico, convertendo-a assim em seu “território”.
http://pnc.cultura.gov.br/2017/07/29/meta-6
15. A renovação da teoria de territorialidade na antropologia tem como ponto de partida uma
abordagem que considera a conduta territorial como parte integral de todos os grupos
humanos.
Das condutas de territorialidade de um grupo social surge um território, que é um produto
histórico de processos sociais e políticos. A análise antropológica da territorialidade também
precisa de abordagens etnográficas para entender as formas específicas dessa diversidade de
territórios.
Outro aspecto fundamental da territorialidade humana é que ela tem uma multiplicidade de
expressões, o que produz um leque muito amplo de tipos de territórios, cada um com suas
particularidades socioculturais, ou seja, existe uma relação particular que um grupo social
mantém com seu respectivo território, como os saberes ambientais, ideologias e identidades
− coletivamente criados e historicamente situados − que um grupo social utiliza para
estabelecer e manter seu território.
16. Patrimônio Cultural
De acordo com Silva Junior, & Tavares (2018), o Patrimônio Cultural é
tudo aquilo que possui importância histórica para um povo, uma
sociedade ou para um país; e até mesmo para a história da humanidade,
ou seja, patrimônio cultural é tudo aquilo que tem esse valor relevante.
É um bem que possui um valor inestimável para história de
uma civilização ou povo.
Patrimônios culturais são nossa interligação com passado,
um resgate da nossa memória.
Os patrimônios culturais nos ajudam a conhecer nossas
origens e o que diferencia nos define como grupo cultural.
Fonte: Site pixabay
Fonte: Site pixabay
17. Patrimônio Cultural
A palavra patrimônio vem do latim 'pater', que significa pai. Apresenta uma
noção daquilo que é passado como herança entre as gerações. É uma herança
compartilhada entre os cidadãos, que carrega em si aspectos referentes a
identidade daquela sociedade.
O Patrimônio Cultural é dividido em dois grupos, de acordo com a sua natureza.
Sendo eles: Material e Imaterial.
Fonte: Site pixabay
18. Patrimônios de natureza materiais e imateriais
Patrimônios materiais: São os bens
materiais de um grupo social, , ou seja,
tangíveis, de um povo. Abrange os
museus, monumentos arquitetônicos,
igrejas, bibliotecas, etc.
Exemplos de Patrimônios materiais: Centro
Histórico de Ouro Preto (Minas Gerais), Cristo
Redentor (Rio de Janeiro), o conjunto
arquitetônico de Paraty (Rio de Janeiro), centro
histórico de Olinda (Pernambuco), entre outros.
Fonte: https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/patrimonios-culturais-da-humanidade-unesco-brasil/
Centro Histórico de Ouro Preto, Minas Gerais Centro Histórico de Olinda, Pernambuco
19. Patrimônios imateriais: São
considerados intangíveis e abrange as
expressões simbólicas e culturais de
um povo, como as festas, as danças,
músicas, saberes, costumes, formas de
expressão, entre outros.
Exemplos de Patrimônios imateriais: Danças:
Samba, frevo, capoeira e forró. Comidas:
churrasco gaúcho, tapioca, feijoada, bolo de
rolo. Outros exemplos são a literatura de
cordel, festa do Senhor de Bom Jesus do
Bonfim, a festa do boi-bumbá e a missa do
vaqueiro.
Dança: Frevo Comida: Feijoada Manifestação folclórica: Maracatu
Fonte: Wikipédia Fonte: Wikipédia
Fonte: Wikipédia
20. Patrimônios Culturais do Brasil
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconhece no
Brasil 14 Patrimônios Culturais da Humanidade, que também são tombados
pela Unesco. São eles:
• Centro Histórico de Ouro Preto -MG; • Centro Histórico de Olinda - PE
• Ruínas de São Miguel das Missões - RS; • Centro Histórico de Salvador - BA
• Santuário de Bom Jesus de Matosinhos - Congonhas do Campo - MG;
• Brasília- DF; • Parque Nacional Serra da Capivara -PI;
• Centro Histórico São Luís- MA; • Centro Histórico de Diamantina - MG;
• Centro Histórico de Goiás - GO; • Praça de São Francisco - São Cristóvão - SE;
• Paisagens Cariocas - RJ; • Pampulha - Belo Horizonte - MG;
• Cais do Valongo - RJ
21. Patrimônios Culturais Mundiais
A Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco) com o
objetivo de promover a preservação dos bens culturais, históricos e naturais da
humanidade, criou a categoria patrimônio cultural, sendo mais de mil locais em todo o
mundo. Exemplos:
Taj Mahal (Índia)
Grand Canyon (EUA)
Machu Picchu (Peru)
Fonte: Site pixabay
22. Havana (Cuba)
Pirâmides de Gizé (Egito)
A Grande Muralha da China (China)
Centro Histórico de Roma (Itália) Acrópoles de Atenas (Grécia)
Catedral de Notre Dame (França)
Fonte: Site pixabay
Patrimônios Culturais Mundiais
23. Educação Patrimonial
Definições
- É o processo de ensino e aprendizagem em que se estabelece a troca entre os
agentes do patrimônio e a comunidade.
- Implementação de ações educativas que possibilitem a apropriação, valorização
e preservação do patrimônio cultural, por meio de atividades que permitem
conhecer e usufruir desse patrimônio (história local, arquitetura, folclore,
tradição, música, arte, tetro, hábitos e costumes de determinada localidade).
Os agentes do patrimônio trazem noções de patrimônio e de bem cultural e
a história desse bem e a comunidade apresenta a sua relação com esse bem.
24. Tem a intenção de levar à obtenção das diversas
noções sobre o bem (noções de pertencimento,
identidade), o desenvolvimento do pensamento crítico
sobre o bem, a relação dele com a história local e
global, de si e da sua família.
É um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a
leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo
sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido.
Educação Patrimonial
25. Principais Objetivos da Educação Patrimonial
1. Possibilitar aos indivíduos e aos diferentes grupos sociais o acesso aos
instrumentos e a leitura crítica dos bens culturais em suas múltiplas manifestações,
sentidos e significados;
2. Fortalecer a identidade cultural individual e coletiva, aumentando o sentimento
de autoestima e considerando a cultura brasileira como múltipla e plural;
3. Estimular a comunidade para apropriar-se do patrimônio cultural que ela detém e
pelo qual é também responsável;
4. Promover o diálogo entre a sociedade e os órgãos responsáveis pela
identificação, proteção e promoção do patrimônio cultural;
5. Experimentar e desenvolver metodologias que permitam um processo contínuo
de produção de conhecimento, compreensão e avaliação;
6. Possibilitar a produção de novos conhecimentos, integrando-os às ações de
identificação, proteção e valorização do patrimônio.
26. Características da Educação Patrimonial
Foco: desenvolvimento dos sentimentos de pertencimento e de troca, troca
de experiências com base nas relações das pessoas com o bem
patrimonial.
Diversidade de público: crianças, jovens, adultos e idosos.
“as crianças são consideradas o principal público-alvo da educação patrimonial
porque são multiplicadores em potencial, levando o que aprendem para a família e
seu grupo de convívio”.
27. Características da Educação Patrimonial
Diversidade de técnicas: exposição teórica sobre o bem; elaboração de desenhos,
fotografias e mapas culturais.
Elemento fundamental: colocar os grupos em contato com o bem (patrimônio material
ou imaterial).
28. Processo educacional:
a) Inicia com as atividades mais teóricas;
b) Na sequência desenvolvem-se atividades práticas (contato com o bem);
c) Produção de material sobre o bem (desenhos, mapas, por exemplo).
Teoria Prática Produção
Características da Educação Patrimonial
29. Educação patrimonial na perspectiva freireana
Possibilita:
a) O papel ativo do aluno no processo de aprendizagem, constituindo-se uma ferramenta importante
na construção da cidadania e da transformação social.
b) A formação de cidadãos capazes de ler, interpretar, questionar e intervir no seu meio sociocultural
e político, para além do seu patrimônio cultural.
c) A apropriação e valorização da herança cultural, preparando os sujeitos para usufruir destes bens e
produzir novos conhecimentos, sendo um processo permanente e sistemático centrado no patrimônio
cultural, que compreende um instrumento de afirmação da cidadania e de alfabetização cultural.
- A Educação Patrimonial, tendo como base as ideias de
Paulo Freire, fortalece a identidade, consciência social e
cidadania e tem no patrimônio cultural a fonte primária do
conhecimento.
30. A partir das ideias freireanas a educação patrimonial torna-se um
instrumento importante para a identificação, construção de saberes e
posicionamento crítico diante desse patrimônio.
31. Referências Bibliográficas
● SILVA JUNIOR, J. E. da, & TAVARES, A. L. de O. Patrimônio Cultural, Identidade e Memória Social: suas
interfaces com a sociedade. Ciência Da Informação Em Revista, 5(1), 3–10, 2018. Disponível em:
<https://www.seer.ufal.br/index.php/cir/article/view/3775>. Acesso em: 01 de set. de 2021.
● LITTLE, P. E. (2003). Territórios sociais e povos tradicionais no Brasil: por uma antropologia da territorialidade.
Anuário antropológico, Vol. 28, Nº. 1, 2003, págs. 251-290. Disponível em:
<https://dialnet.unirioja.es/ejemplar/548411>. Acesso em: 01 de set. de 2021.
● BALDISSERA, Giulie et. al. Espaço da memória: a história não pode ser esquecida. Uniritter, 2014. Disponível em:
<https://www.uniritter.edu.br/uploads/eventos/sepesq/x_sepesq/arquivos_trabalhos/2968/153/130.pdf>. Acesso em: 01
de set. de 2021.
● CASTRO, C. 2005. A importância da Educação Patrimonial para o desenvolvimento do Turismo Cultural. In: III
Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul, Caxias do Sul. Disponível em:
<https://www.ucs.br/site/midia/arquivos/gt5-a-importancia.pdf>. Acesso em: 01 de set. de 2021.