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MERCADO DE LUXO NO MUNDO E NO BRASIL
E
CHRISTIAN DIOR
Reposicionamento de Marca no Setor de Luxo
Este case foi elaborado por Elaine Michely Furtado Carozzi,com base em
publicações editadas no período de fevereiro de 2001 a dezembro de 2004.
Orientação e revisão final do Professor Ivan Pinto.
Destinado exclusivamente ao estudo e discussão em classe, sendo proibida a sua utilização ou reprodução em
qualquer outra forma. Direitos reservados ESPM/EXAME.
www.espm.br centraldecases@espm.br
(11) 5085-4625
*Resumo
www.espm.br/publicações 
Este caso descreve as principais características do mercado de luxo no Brasil e como a Christian
Dior conseguiu alterar seu reposicionamento. Aspectos como lealdade dos consumidores em re-
lação a produtos de luxo, percepção de status e de auto-estima também são discutidos nesse
estudo, que destaca o processo de transformação da marca Christian Dior em um dos maiores
ícones do mercado de luxo.
Palavras-chave: mercado de luxo; Christian Dior; lealdade dos consumidores
*Abstract
This case describes the main features of the luxury market in Brazil and how the brand Christian
Dior could be repositioned. This study presents other aspects such as consumers’ loyalty for luxury
products, how they perceive their status and self-steam. The discussion highlights the transforma-
tion process of the brand Christian Dior into one of the major icons of the luxury market.
Keywords: luxury market; Christian Dior; consumers’ loyalty
* Ana Lúcia Moura Novais
Estrutura do Case
www.espm.br/publicações 
Introdução
O Mercado de Luxo
O Mercado de Luxo no Brasil
O Consumidor de Luxo
A Estratégia das Marcas de Luxo
Valorizando a Marca de Luxo
CHRISTIAN DIOR Reposicionamento de marca no Setor de Luxo
Marca no Setor de Luxo
Conclusão
Referências Específicas
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Introdução
O luxo está na moda. As marcas, também. E o mer-
cado de luxo é o paraíso das marcas. Os consumido-
res desse privilegiado segmento, mais do que leais,
tendem a ser adoradores das marcas pelas quais se
dispõem a pagar preços premium, em troca dos va-
lores que percebem nelas, como satisfação da auto-
estima e a expressão de um alto status sócio-eco-
nômico, real ou aspirado. Esses valores podem ul-
trapassar, sem ignorá-los, outros componentes da
proposta de valor daquelas marcas, como qualidade
do desempenho, design, estilo. Para conquistar esse
reconhecimento, as marcas de luxo são lapidadas por
anos de um consistente trabalho de posicionamento,
pelo uso criativo e elaborado do composto de fer-
ramentas de marketing e pela corajosa decisão das
empresas suas proprietárias de renová-las continua-
mente, sem contradizer sua essência. Hesitações na
tarefa de rejuvenescimento podem abalar o valor das
marcas. Este estudo de caso descreve, justamente,
como a empresa proprietária da marca Christian Dior
conseguiu recolocá-la na posição de um dos maiores
ícones do mercado de luxo, após um período de per-
da de vitalidade da imagem.
1. O Mercado do Luxo
O chamado setor de luxo é usualmente entendido
como composto por 35 sub-setores:
1. Acessórios de moda			
2. Bagagem/Artigos de couro		
3. Calçados					
4. Cosmética					
5. Vestuário					
6. Relojoaria				
7. Perfumaria					
8. Automóveis					
9. Aviões particulares			
10. Iates					
11. Champagne					
12. Vinhos
13. Cristais
14. Ourivesaria
20. Porcelana e Faiança
21. Mobiliário
22. Outros têxteis da casa
23. Luminárias
24. Têxteis de mobiliário
25. Distribuição alimentar
26. Hotelaria
27. Restauração
28. Instrumentos de música
29. Foto, som e vídeo
30. Artigos de papelaria
31. Edição	
32. Impressão
33. Tabacaria
34. Horicultura
35. Cuidados corporais
Segundo a Interbrand, o mercado mundial do luxo
cresceu 19% em 2003 para atingir um valor estima-
do em US$ 200 bilhões. Com o impacto da tendência
chamada de “novo luxo”, previa-se que esse valor
dobraria em 2005. Ainda segundo a Interbrand, 15
das 100 mais valiosas marcas do mundo em 2004
eram de luxo. O Boston Consulting Group estima que
o mercado de luxo girará em torno de US$ 1 trilhão
por volta de 2010 (excluindo os sub-setores de vinho
e destilados).
2. O Mercado do Luxo no Brasil
Segundo a Amcham Brasil, a Câmara Americana de
Comércio, o mercado do luxo no país alcançou um
valor entre US$ 1,8 e US$ 2,2 bilhões, ou cerca de
www.espm.br/publicações 
1% do mercado de luxo mundial. A porcentagem da
população que consumia produtos de luxo em 2004
era pequena, comparada à de países desenvolvidos.
Mas, cruzando o valor do mercado de luxo com as
várias estimativas de números de consumidores do
setor, deduz-se que o consumidor médio de produtos
de luxo no Brasil despendeu talvez três a cinco ve-
zes mais do que o consumidor médio mundial. Mais:
os produtos cresciam ao redor de um terço ao ano,
embora as vendas de algumas marcas tenham arre-
fecido em 2004.
Christian Dior e muitas outras marcas mundiais de
luxo, famosas e bem sucedidas, disputam com vigor
o mercado brasileiro que foi, por exemplo, o primeiro
da América do Sul a ter lojas da joalheria Tiffany 
Co. Baccarat e Christofle estão aqui desde o Império.
Um das lojas brasileiras da Louis Vuitton está entre
as mais produtivas do mundo. A Armani, diz-se, te-
ria vendido no ano 2000 mais no Brasil do que em
Nova York. As lojas Montblanc de São Paulo também
estariam entre as mais bem sucedidas da rede no
mundo. A marca venderia aqui mais canetas do que
em qualquer outro país exceto os EUA, França, Itália
e Espanha; e só perderia na venda de relógios para
os EUA e a Itália. O responsável pela concessionária
da Ferrari revelou numa entrevista que, em 2002,
vendia 40 unidades dos seus carros por ano, a preços
entre US$ 180 e US$550 mil. Em São Paulo, bas-
ta andar no shopping center Iguatemi, visitar a loja
Daslu ou passear no “quadrilátero dos Jardins” para
encontrar nomes identificados com as ruas mais ex-
clusivas de New York, Paris ou Milano.
Como explicar o interesse de tantas marcas impor-
tantes por um país emergente, com apenas a 61ª
posição mundial na renda per capita? A confidencia-
lidade e a imprecisão das informações num mercado
novo e disputado é natural. Mas alguns fatores aju-
dam a explicar o seu surto impressionante.
a. Com 182 milhões de habitantes em 2004, o Brasil
era o 5º mais populoso do mundo. Qualquer porcen-
tagem desse número é significativa, em comparação
com países com menos habitantes ainda que mais
ricos per capita. A dura competição no plano global
estimula a presença num mercado assim, que se tor-
naria, depois, custoso de penetrar.
b. A economia se recupera e alcançou a posição de
9º maior PIB do mundo em 2004.
c. Restrições ideológicas à entrada do país na eco-
nomia mundial foram eliminadas e a partir de 1990
nos abrimos para a importação de produtos de todo
tipo. Foi em 1989, antecipando aquela decisão, que a
Louis Vuitton – com 150 anos de vida, uma das maio-
res do mundo, com vendas anuais de US$ 4 bilhões
– decidiu apostar no Brasil.
d. Eliminaram-se, também, restrições fiscais e bu-
rocráticas que limitavam viagens freqüentes ao ex-
terior a poucos privilegiados. Mas, exceto por um
minúsculo grupo de viajantes habituais, os turistas
são compradores ocasionais, anônimos, sem o aten-
dimento personalizado que faz parte do encantamen-
to do mercado de luxo.
e. A valorização do dólar atraiu para as lojas locais
muitos que viam nas viagens uma oportunidade de
comprar. Isso cria um círculo virtuoso para empresas
que, por outros fatores, visam aqui se instalar.
f. Nosso sistema de crédito, desenhado para uma
baixa renda per capita, facilita o acesso da classe
média ao luxo, com pagamentos parcelados. Mesmo
cartões de crédito restritos aceitam parcelamento em
ocasiões especiais, em lojas de luxo.
g. Não há constrangimentos de ordem religiosa e cul-
tural que inibam, como em alguns países, o acesso
de mulheres a produtos de moda e satisfazedores da
auto-estima. Nossa cultura até valoriza a extroversão
e inclui uma pré-disposição ao consumo e à percep-
ção crescente de um valor emocional forte nos arti-
gos de luxo.
h. Vivemos uma bem-vinda evolução do papel da mu-
lher na sociedade. Liberada de antiquadas constrições
econômicas e culturais que a limitavam a uma consu-
midora dependente, hoje gera renda e consumo, jus-
tamente em categorias de produtos, como os de luxo,
que apelam para as emoções culturalmente associadas
à feminilidade.
i. Iniciava-se outra liberação, a do homem, que torna
aceitável preocupar-se com a aparência, antes vista
como coisa pouco masculina. Vitória para os produtos
de luxo.
3. O Consumidor do Luxo
O consumidor de luxo não costuma ser explícito so-
www.espm.br/publicações 
bre os motivos que resultam em despesas não com-
preendidas e aceitas por muitas pessoas. Compre-
ender as atitudes que afetam seu comportamento
de compra e levam a preferir determinada marca é
um desafio que exige pesquisa qualitativa contínua e
complexa.
Mas algumas generalizações são possíveis. Um estu-
do de 2003 do Boston Consulting Group mostra que
a valorização pessoal do dia-a-dia e a necessidade
de quebra de rotina são os principais fatores que le-
vam à compra de artigos de luxo. As pessoas gastam
cada vez mais para satisfazer sua auto-estima, com
produtos de beleza, esporte, lazer e cultura. A satis-
fação da auto-estima é ainda mais forte no setor da
moda.
Danielle Allérès divide o mercado de luxo em três
níveis1
:
- Pessoas pertencentes à classe mais alta de consu-
mo. Muitas são de famílias tradicionais, aristocráti-
cas, que buscam no luxo a superioridade em relação
às outras classes sociais.
- Pessoas de alto poder aquisitivo e bastante consu-
mistas. São os chamados “novos ricos” que buscam
no luxo o mesmo status e sofisticação daqueles per-
tencentes à primeira camada.
- Pessoas da classe média que seguem as tendên-
cias ditadas pelas griffes de luxo e buscam copiar as
classes de maior poder aquisitivo e os formadores
de opinião, como celebridades e pessoas socialmente
conhecidas.
4. A estratégia das marcas de luxo
A marca tornou-se um ativo básico da empresa e um
recurso estratégico fundamental. A estratégia das
marcas de luxo, por definição, se baseia em produtos
de alto desempenho e preço premium. Não compe-
tindo por preço, as empresas proprietárias das mar-
cas se concentram no gerenciamento dos outros fa-
tores da identidade das suas marcas. Esses fatores
incluem elementos mais tangíveis, como design, es-
tilo, sabor e odor refinados; a origem e a tradição da
marca; a imagem do usuário visado; e fatores mais
intangíveis, ligados à personalidade da marca que,
muitas vezes, está permeada pela personalidade do
seu criador ou criadora original.
Criar uma identidade de marca a ponto de transfor-
má-la em luxo exige uma forte diferenciação cons-
truída por anos e anos de ações assertivas e con-
sistentes, que busquem uma imagem imaculada e
ligada a valores como conquista, distinção social e
poder.
A segmentação é crítica. Com um mercado consu-
midor ainda restrito, é básico identificar e conhecer
bem o consumidor, para encantá-lo, oferecendo-lhe
personalização, ambientação e sofisticação. E é vital
comunicar a identidade decidida no uso integrado de
todos os instrumentos do composto de marketing.
Os canais de venda são seletivos. As lojas próprias,
freqüentemente, o principal canal. No Brasil, grande
parte das lojas de luxo se concentra na região su-
deste. O shopping center Iguatemi e o “quadrilátero
dos Jardins”, ambos em São Paulo, são os principais
centros dessas marcas, com um dos maiores desem-
penhos de vendas por metro quadrado do mundo. O
Iguatemi faturou, em 2003, R$ 1 bilhão. Foi avaliado,
em 2001, como o 15º ponto comercial mais valio-
so do mundo pela consultoria imobiliária americana
Cushman  Wakefield. Outro canal de vendas são as
chamadas lojas de luxo multimarca, como a paulis-
tana Daslu.
Muitas vezes, a loja vai à casa do cliente mostrar
produtos e promover desfiles exclusivos para peque-
nos grupos. Esse atendimento vip ajuda a fidelizar o
cliente. A proposta é atraí-lo e atraí-la não somente
com o produto, mas também com tudo que o cerca e
que passa a fazer, por isso, parte da marca.
A Internet é utilizada com sábia cautela pelas mar-
cas de luxo, cujos consumidores valorizam o atendi-
mento personalizado e o ambiente luxuoso de lojas e
boutiques. Na web, o cliente não é “mimado”, como
nas lojas físicas. Para muitos, a própria presença na
loja de outras pessoas do mesmo status é parte do
encanto esperado. Por outro lado, a impressão cau-
sada por um site pode ser um importante elemento
de comunicação da idéia de luxo, bom gosto e ex-
clusividade. Basta ver sites como os da Dior, Lou-
is Vuitton, Montblanc, Cartier, Moët Chandon, Hen-
nessy, Tiffany  Co., Givenchy, Rolls-Royce e Rolex:
verdadeiras vitrines, eleboradíssimas, que ajudam a
confirmar a imagem de exclusividade das marcas.
A joalheria Tiffany  Co. foi pioneira ao ingressar,
em 1999, no comércio eletrônico nos EUA. O grupo1
Allérès, Danielle. Luxo...Estratégias de Marketing. São Paulo: Editora FGV. 2000
www.espm.br/publicações 
hoje proprietário da Dior tem, entre suas unidades de
“comércio seletivo”, uma “loja” via web, a “eLuxury”
(ver adiante, Grupo LVMH).
No setor de moda e vestuário, onde reinam as mais
conhecidas marcas de alto luxo, os ciclos de vida do
produto são cada vez mais curtos, devido às cons-
tantes mudanças e à demanda por novos modelos
e criações. Com isso, é necessário que as empresas
estejam em sintonia com as tendências e expectati-
vas do mercado, através de pesquisas de mercado
e um sistema de inteligência de marketing eficiente
que permita uma reação rápida e objetiva às mudan-
ças culturais que impactam a moda e às iniciativas
da concorrência.
4. Valorizando a Marca de Luxo
Duas estratégias vêm sendo usadas com sucesso na
valorização das marcas de luxo.
Extensões de Marca. A extensão da marca para ou-
tras categorias de produto que não conflitem com a
percepção da marca aumenta o vinculo do cliente
com a marca e o ticket médio desse cliente. A taxa
de sucesso das extensões de marca no setor de luxo
é muito alta. A razão é que a percepção das mar-
cas de luxo depende mais de fatores intangíveis, de
personalidade, do que de associações com tipos de
desempenho que limitam a extensão dos produtos
de compra freqüente (Creme Dental OMO? Sabonete
Doritos?). Por exemplo, Tiffany, Armani e H. Stern
foram estendidas para linhas de decoração: Linha Ti-
ffany Baby, Armani Casa e H.Stern Home. Historica-
mente, as marcas de luxo utilizam as extensões com
bastante propriedade. Montblanc nomeia hoje reló-
gios, óculos, artigos de couro, perfumes. Dior dá seu
nome não apenas às roupas com que Christian Dior
lançou a marca e a algumas extensões mais usuais
entre as marcas de luxo, como bolsas e perfumes,
mas a uma longa lista de produtos que inclui até arti-
gos esportivos como pranchas de surf e skis.
Internacionalização. O sentido especial que a globa-
lização deu às marcas de luxo exige que as empre-
sas suas proprietárias padronizem a comunicação da
identidade das suas marcas em todos o mercados.
Uma marca de luxo está associada a uma origem
continental ou nacional – Europa ou Itália ou Japão
– ou local – Paris ou New York. Esse fator acentua o
caráter universal do luxo como diferenciador e rele-
ga a um segundo plano a influência da cultura local
do consumidor. Quando seu mind set está ligado no
luxo, o consumidor é “cidadão do mundo”. Emoções
à parte, o consumidor e a consumidora de marcas
de luxo são pessoas viajadas e bem informadas. A
universalidade de uma marca de luxo é intrínseca à
sua identidade.
CHRISTIAN DIOR
Reposicionamento de marca no setor de luxo
1. Empreendedorismo e arte na alta costura
Christian Dior, como muitos empreendedores, amar-
gou dificuldades no caminho que o levaria à posição
de grande ícone da alta costura. Não conseguiu con-
cretizar sua paixão pela arquitetura; e depois de pós-
graduar-se em Cências Políticas, a galeria de arte que
abriu e em que chegou a exibir pintores de fama foi
arrasada pela crise financeira de 1929. Esse criativo
e determinado francês da Normandia passou a dese-
nhar moda para casas de costura parisienses. Reco-
nhecido, tornou-se designer dos renomados Robert
Piguet e Lucien Lelong. Em 1946, o milionário da in-
dústria textil Marcel Boussac, percebeu o potencial
de Dior e financiou a instalação da maison Dior num
endereço que ficaria famoso e abriga a empresa até
hoje, a Avenue Montaigne, 30, em Paris. O clima em
seguida à 2ª Guerra Mundial era propício para suas
inovações. A economia, a cultura e os sentimentos
se reconstruíam depois de uma guerra sangrenta em
que, pela primeira vez, cidades inteiras foram alvo de
bombardeios de ambas as partes. Em 12 de fevereiro
de 1947, Christian Dior apresentou sua primeira cole-
ção. Carmel Snow, editora da revista Harper´s Baza-
ar, ao vê-la, exclamou “It´s a new look!”. Ao contrário
da moda prática da igualmente icônica Coco Channel,
o New Look de Dior valorizava a feminilidade e o gla-
mour, num momento em que o mundo ansiava por
alegrias e emoções. O “tailleur Bar”, o mais famoso
da coleção, sugeria a extravagância luxuosa que ca-
racterizou a marca e que, hoje, voltou à Dior como
traço da sua personalidade. Casaquinho de seda bei-
ge, ombros naturais, saia ampla quase até o tornoze-
lo, cintura estreita e bem marcada. Estava lançado o
padrão estético da moda de luxo dos anos 50.
Rapidamente, Dior tornou-se uma referência da alta
costura e a empresa, diretamente ou sob licenças,
passou atuar nos mais importantes mercados do
mundo.
www.espm.br/publicações 
Após a morte do fundador, em 1957, quem assumiu
a posição de estilista da maison Dior foi seu assis-
tente, Yves Saint-Laurent. Jovem e irriquieto, chegou
a provocar polêmica, com a criação de peças vistas
por alguns como contrárias às tradições da marca.
Em 1960, Saint-Laurent foi convocado para servir na
guerra da Argélia e, depois, em 1962, abriu sua pró-
pria casa. Marc Bohan, um renomado estilista, ocu-
pou seu lugar. Em seguida a ele, o italiano Gianfran-
co Ferrè. Mas nenhum desses três nomes conseguiu
perpetuar com a mesma intensidade o brilho carac-
terístico do fundador. A mais reverenciada marca da
moda, Dior tornou-se uma Bela Adormecida.
2. Expansão empresarial: Bernard Arnault, Dior
e o Grupo LVMH
A explosiva renovação de uma marca tradicional e
conceituada do mercado de luxo, como aconteceu nos
últimos anos com a Dior, não se dá sem uma visão
aguçada de empreendedorismo e gestão. Em 1985, o
empresário Bernard Arnault adquiriu a Christian Dior.
Como bom francês, Bernard tinha consciência do que
o nome Christian Dior representara e poderia voltar a
representar. No mundo impiedosamente competitivo
de hoje, adquirir empresas proprietárias de marcas
fortes, por mais caro que possa parecer, é uma opção
muitas vezes mais rentável do que entrar em merca-
dos, enormes e caros e demorados para conquistar
por marcas novas.
Dior foi a primeira marca adquirida por Bernard Ar-
nault. A partir dela, e num esquema empresarial com-
plexo, cujos detalhes não cabe discutir aqui, foi cria-
do o grupo LVMH e a Christian Dior Couture. O Grupo
LVMH engloba inúmeras empresas e marcas como
Louis Vuitton, Moët  Chandon e Hennessy (donde a
sigla LVMH), além de Parfums Christian Dior, Kenzo,
Parfums Kenzo, Christian Lacroix, Chaumet, Loewe,
Le Bon Marché, Givenchy, Donna Karan, Tag Heuer e
tantas outras (ver o site www.lvhm.com). O grupoes-
tá entre os líderes do mercado de luxo mundial. Com
uma rara visão de conciliação entre a necessidade de
manter tradição e acompanhar os tempos, o grupo
é proprietário da eLuxury, um comércio seletivo de
marcas de luxo pela internet (www.eluxury.com).
Em 1995, Sidney Toledano assume o cargo de diretor
do departamento de couro e cria a bolsa “Lady Dior”,
cuja característica principal era o “cannage” – dese-
nho de cana da Índia, das cadeiras de palhinha, com
letras Dior soltas na alça. Foi um sucesso imediato.
O nome Lady Dior era uma homenagem à princesa
Diane, embaixadora mundial da marca e amiga pes-
soal de Bernard Arnault, Presidente do Conselho e
Principal Executivo do Grupo LVMH. A linha de bolsas
tornou-se uma campeã da marca e a cada coleção
tem novos modelos, cores e texturas. Exemplos são
a “Saddle” e a “Street Chic”. Para a coleção prima-
vera/verão de 2005, há novos lançamentos como a
Logo Flowers, Military Babe, Janis e Helmut.
A marca Dior, que começara a se estender sob o
próprio Christian Dior com o perfume Miss Dior, já
em 1947, e passara a nomear relógios e bolsas, foi
agressivamente estendida e cobre, hoje, uma dúzia
de categorias.
Divisões da Marca Christian Dior
PRÊT-A-PORTER – roupas masculinas e femininas
MARROQUINERIE -bolsas, sapatos, cintos e carteiras
ACCESSOIRES – maillots, foulards, bonés, bijuterias, guarda-chuvas
ART DE LA TABLE – artigos para casa
LINGE DE MAISON – roupas de mesa, cama e banho
BABY DIOR – linha infantil
ÓCULOS
PERFUMES E COSMÉTICOS
LENTES DE CONTATO
LINHA SURF – pranchas de surf e linha vestuário, bolsas, sandálias, chapéus e viseiras, óculos
LINHA SKI – skis (marca DINASTY), snowboards e linha vestuário, botas de ski, bolsas e óculos,
HAUTE JOAILLERIE DIOR – jóias
3. O Papel de John Galliano
O grande revigoramento da marca Dior aconteceu
quando o inglês John Galliano passou a ser o Diretor
de Design da empresa. Galliano, nascido em Gibraltar,
estudou moda na prestigiosa Saint Martin´s School,
em Londres, onde ganhou o prêmio de melhor aluno
com uma coleção inspirada na revolulçao francesa.
Foi, por três vezes, o British Designer of the Year. Mu-
dou-se para Paris e foi reconhecido pelo grupo LVMH
com um convite para dirigir a criação tanto da alta
costura quanto do pret à porter da Givenchi, parte do
grupo. Dois anos depois, assumiu seu papel na Dior.
Seu primeiro vestido para a Dior foi usado por Dia-
ne, Princesa de Gales, na abertura da exibição co-
memorativa dos 50 anos da Dior, no Museu Metro-
politano de Nova York. De lá para cá, Galliano como
que rejuveneceu as idéias do fundador, com desenhos
inspirados em fontes tão díspares quanto o próprio
“new look” de Christian Dior, a moda Edwardiana, os
nativos americanos, os rappers e a Ópera de Pequim.
Sintomaticamente, o site da Dior, junto à figura de
Galliano, usa a palavra “extravagance”.
www.espm.br/publicações 
Em 1999, Galliano tornou-se o Diretor Artístico das
outras extensões da marca Dior – como bolsas, sapa-
tos, artigos de praia, lingerie – e assumiu a respon-
sabilidade, também, pelos dispalys e pela publicidade
da marca. Logo, a propaganda dos perfumes da Dior
– Addict e Dune – passaram para sua responsabili-
dade.
A volta da feminilidade à imagem da marca explica
a conquista de usuárias como Madonna, Celine Dion,
Gwyneth Paltrow.
4. Dior no Brasil
Dior está no Brasil desde 1958 e, como em todo
mundo, tornou-se logo uma marca de alto prestígio.
Mas essa imagem veio a sofrer, como em toda parte
e, aqui, talvez mais ainda, por causa dos problemas
de licenciamento da marca que foi o sistema utilizado
pela Dior para entrar no mercado brasileiro. Siste-
mas de licenciamento e franquias tendem a reduzir
os custos fixos da licenciadora, como mão-de-obra
e aluguel do ponto-de-venda. Além disso, permitem
uma expansão territorial mais rápida. Por outro lado,
exigem de ambas as partes um acordo que leve em
conta não apenas os interesses de curto prazo, mas
também o horizonte futuro. Não é fácil. No setor de
luxo, a falta dessa relação de parceria entre licen-
ciadora e licenciada pode ser fatal. Se um licenciado
vende o produto a um preço mais baixo, reduz a sua
qualidade, utiliza um lugar inadequado e vende, no
mesmo lugar, produtos de qualidade inferior, a ima-
gem da marca se desgasta. Um exemplo foi a Pierre
Cardin, cujas operações de licenciamento prolifera-
ram tanto que, nos anos 1980, teve seu nome, antes
exclusivo, em cerca de 800 produtos.
Nos anos 90, a Vila Romana detinha o licenciamento
da linha masculina da marca Dior no Brasil. A em-
presa tornou-se uma potência em função de todos os
licenciamentos que conseguiu. Chegou a abastecer
três mil lojas, no Brasil e nos Estados Unidos. Em
1987, faturou US$ 67 milhões. Três anos depois, US$
120 milhões. Com a implantação do Plano Collor e a
conseqüente queda no consumo brasileiro, as ven-
das caíram drasticamente enquanto crescia a inadim-
plência dos clientes. Em 1992, com dívidas de US$
10 milhões, a Vila Romana foi vendida para um grupo
holandês. Em meio a essa crise, a empresa não dis-
pensou a atenção necessária para administrar suas
marcas de luxo, entre elas a Christian Dior. Apesar
de a marca continuar reconhecida como uma das
mais respeitadas da alta costura, o gerenciamento
inconsistente, sem visão do longo prazo, dificultava
a manutenção de uma imagem sólida e positiva pe-
los consumidores. A decisão de um reposicionamento
drástico tornou-se vital para garantir um futuro com-
petitivo para a empresa no país.
Em 1990, abriram-se as importações. Coincidente-
mente, iniciou-se a reestruturação da empresa, com
a entrada em cena da LVMH. Uma decisão estratégica
importante foi a centralização da fabricação dos pro-
dutos no país de origem, para garantir uma qualida-
de que havia se tornado inconstante com o licencia-
mento. Os produtos Dior no Brasil passaram, então,
a ser importados.
Em 1994, expirou o contrato de licenciamento da mar-
ca Dior para o Brasil. A matriz decidiu não renová-lo
e assumiu o controle da marca. Iniciou um elabora-
do processo de reposicionamento, com o objetivo de
torná-la, novamente, símbolo de luxo e sofisticação
do setor de moda. No lado positivo, havia o surto do
“novo luxo” e sinais de melhoria na economia.
A primeira medida da empresa foi interromper a ven-
da dos produtos Dior no Brasil, até que todos os pro-
dutos em poder dos licenciados se esgotassem. Esse
período de “hibernação da marca” foi muito impor-
tante para que, em 1999, a grife retornasse, revigo-
rada e com uma estratégia estruturada. Naquele ano,
inaugurou-se a loja Dior, em São Paulo, no “quadri-
látero dos Jardins”, o novo centro de marcas de alto
luxo do país.
Atualmente, a Dior Couture ainda tem linhas de ócu-
los de sol, joalheria, lingerie e roupa interior fabri-
cadas sob licença. Mas cerca de outras 300 licenças
foram retiradas.
Com um faturamento global de 12 bilhões de Euros
em 2003, o grupo LVMH ainda tem uma presença
tímida no Brasil. Mas o crescimento da receita líqui-
da da empresa foi significativo, de R$10 milhões em
2000 para R$ 24 milhões estimados para 2004.
5. Principais Ações de Marketing da Dior no
Brasil
Rejuvenescer marcas não é uma tarefa que se faça
de tempos em tempos, quando o crescimento satura e
começa um período de declínio, como implícito no mo-
www.espm.br/publicações 10
delo tradicionalista de “ciclo de vida do produto”. Mes-
mo uma Dior, com todo seu encanto, pagou o preço em
desgaste e é admirável que esteja num acelerado pro-
cesso de revitalização, ao que tudo indica, de sucesso.
Rejuvenescer é uma atitude permanente. Quando este
“case” foi compilado, a empresa estava, ativamente,
empenhada em uma série de atividades que visavam,
exatamente, restaurar e manter a imagem da marca.
As principais ações em vigor, em dezembro de 2004,
eram:
Telemarketing: para fidelização dos clientes;
Dior Delivery: envio de mercadoria a domicí-
lio;
Trunk Show: para vendas fora de São Paulo;
Formação de Vendedoras: produzido um CD
Rom, “Formation Boutiques”, detalhando cada
coleção (inspiração, nomes, expressões, tecidos,
cortes e formas);
Embaixadora: escolha, a cada ano, de uma
personalidade que representará a marca;
Eventos: na loja, por ocasião dos lançamentos
de coleção.
CONCLUSÃO
O setor de luxo no Brasil está cada vez mais competi-
tivo. Os consumidores buscam produtos diferenciados
e atendimento personalizado. Posicionar a marca, em
segmentos bem definidos, conhecer a consumidora e o
consumidor e, em função disso, gerenciar a identidade
da marca, é crítico. Assim como é garantir que todos
os instrumentos de marketing e comunicação comuni-
quem, integradamente, a identidade decidida e, num
mundo globalizado, que ela seja consistente em toda
parte.
O consumidor de luxo é o principal divulgador da mar-
ca. Uma vez que a comunicação é seletiva, essas mar-
cas precisam estar em constante sintonia com o públi-
co-alvo, através de ações de fidelização.
A proposta de valor da marca Dior baseia-se na en-
trega de produtos de alta qualidade através de canais
seletivos, uma promessa de satisfação dos aspectos
mais emocionais da auto-estima e um sinalizador de
auto-expressão que une a valorização da tradição da
marca com sua excitante modernidade.
•
•
•
•
•
•
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
1. De acordo com os dados sobre o mercado consu-
midor de alto luxo quais os fatores críticos de sucesso
do setor?
2. De acordo com as estratégias genéricas de Michael
Porter, como você classificaria a atuação da Christian
Dior. Na sua opinião, qual a principal vantagem com-
petitiva da empresa?
3. Mudanças no comportamento do consumidor, no-
vos concorrentes e oportunidades de explorar novos
mercados são algumas das razões que levam uma
empresa a optar pelo reposicionamento de sua mar-
ca. O grande desafio do reposicionamento é modificar
as percepções do consumidor em relação ao posicio-
namento atual, buscando o posicionamento adequa-
do para garantir a competitividade da empresa.
Existem três tipos de estratégias de reposicio-
namento :
Reativo - quando mudanças ambientais forçam as
empresas à adoção dessa estratégia;
Corretivo - quando os resultados obtidos com um
determinado posicionamento não foram os espera-
dos pela empresa;
Propositivo - quando a empresa decide explorar um
posicionamento mais rentável ou inovador.
O quadro abaixo resume as formas de reposiciona-
mento que uma empresa pode adotar frente a um
novo ambiente competitivo:
	
Considerando o quadro acima e o ambiente compe-
titivo em que a Christian Dior estava inserida, que
tipo de reposicionamento a empresa adotou e quais
fatores levaram a tal?
	
Reposicionamento
de Marca
Reativo
Propositivo
Corretivo
Percepções do
Posicionamento
Atual
Pouca
Importância
Muita
Importância
Pouca
Importância
Gestão de
Marca
Escolha de novo
posicionamento
para
sobrevivência
A oportunidade
compensa o
risco de alterar
as
percepções?
Seleção de
novos atributos
para o
posicionamento
Decisão de
Marca
Transição com
riscos
inevitáveis
Construção de
novo
paradigma
Revisão da
estrutura do
posicionamento
www.espm.br/publicações 11
4. Consulte os sites das empresas do grupo. Note a
variedade de marcas e categorias de produto. Que
outras categorias você considera viáveis para a mar-
ca Dior?
REFERÊNCIAS ESPECÍFICAS
ALLÉRÈS, Danielle. Luxo...Estratégias de Marketing.
São Paulo, Editora FGV, 2000.
TELLES, Renato e BORTOLAN, Marcus Savoi: O Desa-
fio de Reposicionamento das Marcas; Revista ESPM;
set/out de 2003.
Noticiário sobre mercado de luxo e suas empresas e
marcas, em diversas publicações.
Consultar, também, os compêndios sobre gestão em-
presarial, gestão de marcas, administração de ma-
rketing e comunicação de marketing.
Acesse os sites: www.dior.com / www.lvmh.com /
www.portalexame.com.br

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  • 1. MERCADO DE LUXO NO MUNDO E NO BRASIL E CHRISTIAN DIOR Reposicionamento de Marca no Setor de Luxo Este case foi elaborado por Elaine Michely Furtado Carozzi,com base em publicações editadas no período de fevereiro de 2001 a dezembro de 2004. Orientação e revisão final do Professor Ivan Pinto. Destinado exclusivamente ao estudo e discussão em classe, sendo proibida a sua utilização ou reprodução em qualquer outra forma. Direitos reservados ESPM/EXAME. www.espm.br centraldecases@espm.br (11) 5085-4625
  • 2. *Resumo www.espm.br/publicações Este caso descreve as principais características do mercado de luxo no Brasil e como a Christian Dior conseguiu alterar seu reposicionamento. Aspectos como lealdade dos consumidores em re- lação a produtos de luxo, percepção de status e de auto-estima também são discutidos nesse estudo, que destaca o processo de transformação da marca Christian Dior em um dos maiores ícones do mercado de luxo. Palavras-chave: mercado de luxo; Christian Dior; lealdade dos consumidores *Abstract This case describes the main features of the luxury market in Brazil and how the brand Christian Dior could be repositioned. This study presents other aspects such as consumers’ loyalty for luxury products, how they perceive their status and self-steam. The discussion highlights the transforma- tion process of the brand Christian Dior into one of the major icons of the luxury market. Keywords: luxury market; Christian Dior; consumers’ loyalty * Ana Lúcia Moura Novais
  • 3. Estrutura do Case www.espm.br/publicações Introdução O Mercado de Luxo O Mercado de Luxo no Brasil O Consumidor de Luxo A Estratégia das Marcas de Luxo Valorizando a Marca de Luxo CHRISTIAN DIOR Reposicionamento de marca no Setor de Luxo Marca no Setor de Luxo Conclusão Referências Específicas • • • • • • • • • •
  • 4. www.espm.br/publicações Introdução O luxo está na moda. As marcas, também. E o mer- cado de luxo é o paraíso das marcas. Os consumido- res desse privilegiado segmento, mais do que leais, tendem a ser adoradores das marcas pelas quais se dispõem a pagar preços premium, em troca dos va- lores que percebem nelas, como satisfação da auto- estima e a expressão de um alto status sócio-eco- nômico, real ou aspirado. Esses valores podem ul- trapassar, sem ignorá-los, outros componentes da proposta de valor daquelas marcas, como qualidade do desempenho, design, estilo. Para conquistar esse reconhecimento, as marcas de luxo são lapidadas por anos de um consistente trabalho de posicionamento, pelo uso criativo e elaborado do composto de fer- ramentas de marketing e pela corajosa decisão das empresas suas proprietárias de renová-las continua- mente, sem contradizer sua essência. Hesitações na tarefa de rejuvenescimento podem abalar o valor das marcas. Este estudo de caso descreve, justamente, como a empresa proprietária da marca Christian Dior conseguiu recolocá-la na posição de um dos maiores ícones do mercado de luxo, após um período de per- da de vitalidade da imagem. 1. O Mercado do Luxo O chamado setor de luxo é usualmente entendido como composto por 35 sub-setores: 1. Acessórios de moda 2. Bagagem/Artigos de couro 3. Calçados 4. Cosmética 5. Vestuário 6. Relojoaria 7. Perfumaria 8. Automóveis 9. Aviões particulares 10. Iates 11. Champagne 12. Vinhos 13. Cristais 14. Ourivesaria 20. Porcelana e Faiança 21. Mobiliário 22. Outros têxteis da casa 23. Luminárias 24. Têxteis de mobiliário 25. Distribuição alimentar 26. Hotelaria 27. Restauração 28. Instrumentos de música 29. Foto, som e vídeo 30. Artigos de papelaria 31. Edição 32. Impressão 33. Tabacaria 34. Horicultura 35. Cuidados corporais Segundo a Interbrand, o mercado mundial do luxo cresceu 19% em 2003 para atingir um valor estima- do em US$ 200 bilhões. Com o impacto da tendência chamada de “novo luxo”, previa-se que esse valor dobraria em 2005. Ainda segundo a Interbrand, 15 das 100 mais valiosas marcas do mundo em 2004 eram de luxo. O Boston Consulting Group estima que o mercado de luxo girará em torno de US$ 1 trilhão por volta de 2010 (excluindo os sub-setores de vinho e destilados). 2. O Mercado do Luxo no Brasil Segundo a Amcham Brasil, a Câmara Americana de Comércio, o mercado do luxo no país alcançou um valor entre US$ 1,8 e US$ 2,2 bilhões, ou cerca de
  • 5. www.espm.br/publicações 1% do mercado de luxo mundial. A porcentagem da população que consumia produtos de luxo em 2004 era pequena, comparada à de países desenvolvidos. Mas, cruzando o valor do mercado de luxo com as várias estimativas de números de consumidores do setor, deduz-se que o consumidor médio de produtos de luxo no Brasil despendeu talvez três a cinco ve- zes mais do que o consumidor médio mundial. Mais: os produtos cresciam ao redor de um terço ao ano, embora as vendas de algumas marcas tenham arre- fecido em 2004. Christian Dior e muitas outras marcas mundiais de luxo, famosas e bem sucedidas, disputam com vigor o mercado brasileiro que foi, por exemplo, o primeiro da América do Sul a ter lojas da joalheria Tiffany Co. Baccarat e Christofle estão aqui desde o Império. Um das lojas brasileiras da Louis Vuitton está entre as mais produtivas do mundo. A Armani, diz-se, te- ria vendido no ano 2000 mais no Brasil do que em Nova York. As lojas Montblanc de São Paulo também estariam entre as mais bem sucedidas da rede no mundo. A marca venderia aqui mais canetas do que em qualquer outro país exceto os EUA, França, Itália e Espanha; e só perderia na venda de relógios para os EUA e a Itália. O responsável pela concessionária da Ferrari revelou numa entrevista que, em 2002, vendia 40 unidades dos seus carros por ano, a preços entre US$ 180 e US$550 mil. Em São Paulo, bas- ta andar no shopping center Iguatemi, visitar a loja Daslu ou passear no “quadrilátero dos Jardins” para encontrar nomes identificados com as ruas mais ex- clusivas de New York, Paris ou Milano. Como explicar o interesse de tantas marcas impor- tantes por um país emergente, com apenas a 61ª posição mundial na renda per capita? A confidencia- lidade e a imprecisão das informações num mercado novo e disputado é natural. Mas alguns fatores aju- dam a explicar o seu surto impressionante. a. Com 182 milhões de habitantes em 2004, o Brasil era o 5º mais populoso do mundo. Qualquer porcen- tagem desse número é significativa, em comparação com países com menos habitantes ainda que mais ricos per capita. A dura competição no plano global estimula a presença num mercado assim, que se tor- naria, depois, custoso de penetrar. b. A economia se recupera e alcançou a posição de 9º maior PIB do mundo em 2004. c. Restrições ideológicas à entrada do país na eco- nomia mundial foram eliminadas e a partir de 1990 nos abrimos para a importação de produtos de todo tipo. Foi em 1989, antecipando aquela decisão, que a Louis Vuitton – com 150 anos de vida, uma das maio- res do mundo, com vendas anuais de US$ 4 bilhões – decidiu apostar no Brasil. d. Eliminaram-se, também, restrições fiscais e bu- rocráticas que limitavam viagens freqüentes ao ex- terior a poucos privilegiados. Mas, exceto por um minúsculo grupo de viajantes habituais, os turistas são compradores ocasionais, anônimos, sem o aten- dimento personalizado que faz parte do encantamen- to do mercado de luxo. e. A valorização do dólar atraiu para as lojas locais muitos que viam nas viagens uma oportunidade de comprar. Isso cria um círculo virtuoso para empresas que, por outros fatores, visam aqui se instalar. f. Nosso sistema de crédito, desenhado para uma baixa renda per capita, facilita o acesso da classe média ao luxo, com pagamentos parcelados. Mesmo cartões de crédito restritos aceitam parcelamento em ocasiões especiais, em lojas de luxo. g. Não há constrangimentos de ordem religiosa e cul- tural que inibam, como em alguns países, o acesso de mulheres a produtos de moda e satisfazedores da auto-estima. Nossa cultura até valoriza a extroversão e inclui uma pré-disposição ao consumo e à percep- ção crescente de um valor emocional forte nos arti- gos de luxo. h. Vivemos uma bem-vinda evolução do papel da mu- lher na sociedade. Liberada de antiquadas constrições econômicas e culturais que a limitavam a uma consu- midora dependente, hoje gera renda e consumo, jus- tamente em categorias de produtos, como os de luxo, que apelam para as emoções culturalmente associadas à feminilidade. i. Iniciava-se outra liberação, a do homem, que torna aceitável preocupar-se com a aparência, antes vista como coisa pouco masculina. Vitória para os produtos de luxo. 3. O Consumidor do Luxo O consumidor de luxo não costuma ser explícito so-
  • 6. www.espm.br/publicações bre os motivos que resultam em despesas não com- preendidas e aceitas por muitas pessoas. Compre- ender as atitudes que afetam seu comportamento de compra e levam a preferir determinada marca é um desafio que exige pesquisa qualitativa contínua e complexa. Mas algumas generalizações são possíveis. Um estu- do de 2003 do Boston Consulting Group mostra que a valorização pessoal do dia-a-dia e a necessidade de quebra de rotina são os principais fatores que le- vam à compra de artigos de luxo. As pessoas gastam cada vez mais para satisfazer sua auto-estima, com produtos de beleza, esporte, lazer e cultura. A satis- fação da auto-estima é ainda mais forte no setor da moda. Danielle Allérès divide o mercado de luxo em três níveis1 : - Pessoas pertencentes à classe mais alta de consu- mo. Muitas são de famílias tradicionais, aristocráti- cas, que buscam no luxo a superioridade em relação às outras classes sociais. - Pessoas de alto poder aquisitivo e bastante consu- mistas. São os chamados “novos ricos” que buscam no luxo o mesmo status e sofisticação daqueles per- tencentes à primeira camada. - Pessoas da classe média que seguem as tendên- cias ditadas pelas griffes de luxo e buscam copiar as classes de maior poder aquisitivo e os formadores de opinião, como celebridades e pessoas socialmente conhecidas. 4. A estratégia das marcas de luxo A marca tornou-se um ativo básico da empresa e um recurso estratégico fundamental. A estratégia das marcas de luxo, por definição, se baseia em produtos de alto desempenho e preço premium. Não compe- tindo por preço, as empresas proprietárias das mar- cas se concentram no gerenciamento dos outros fa- tores da identidade das suas marcas. Esses fatores incluem elementos mais tangíveis, como design, es- tilo, sabor e odor refinados; a origem e a tradição da marca; a imagem do usuário visado; e fatores mais intangíveis, ligados à personalidade da marca que, muitas vezes, está permeada pela personalidade do seu criador ou criadora original. Criar uma identidade de marca a ponto de transfor- má-la em luxo exige uma forte diferenciação cons- truída por anos e anos de ações assertivas e con- sistentes, que busquem uma imagem imaculada e ligada a valores como conquista, distinção social e poder. A segmentação é crítica. Com um mercado consu- midor ainda restrito, é básico identificar e conhecer bem o consumidor, para encantá-lo, oferecendo-lhe personalização, ambientação e sofisticação. E é vital comunicar a identidade decidida no uso integrado de todos os instrumentos do composto de marketing. Os canais de venda são seletivos. As lojas próprias, freqüentemente, o principal canal. No Brasil, grande parte das lojas de luxo se concentra na região su- deste. O shopping center Iguatemi e o “quadrilátero dos Jardins”, ambos em São Paulo, são os principais centros dessas marcas, com um dos maiores desem- penhos de vendas por metro quadrado do mundo. O Iguatemi faturou, em 2003, R$ 1 bilhão. Foi avaliado, em 2001, como o 15º ponto comercial mais valio- so do mundo pela consultoria imobiliária americana Cushman Wakefield. Outro canal de vendas são as chamadas lojas de luxo multimarca, como a paulis- tana Daslu. Muitas vezes, a loja vai à casa do cliente mostrar produtos e promover desfiles exclusivos para peque- nos grupos. Esse atendimento vip ajuda a fidelizar o cliente. A proposta é atraí-lo e atraí-la não somente com o produto, mas também com tudo que o cerca e que passa a fazer, por isso, parte da marca. A Internet é utilizada com sábia cautela pelas mar- cas de luxo, cujos consumidores valorizam o atendi- mento personalizado e o ambiente luxuoso de lojas e boutiques. Na web, o cliente não é “mimado”, como nas lojas físicas. Para muitos, a própria presença na loja de outras pessoas do mesmo status é parte do encanto esperado. Por outro lado, a impressão cau- sada por um site pode ser um importante elemento de comunicação da idéia de luxo, bom gosto e ex- clusividade. Basta ver sites como os da Dior, Lou- is Vuitton, Montblanc, Cartier, Moët Chandon, Hen- nessy, Tiffany Co., Givenchy, Rolls-Royce e Rolex: verdadeiras vitrines, eleboradíssimas, que ajudam a confirmar a imagem de exclusividade das marcas. A joalheria Tiffany Co. foi pioneira ao ingressar, em 1999, no comércio eletrônico nos EUA. O grupo1 Allérès, Danielle. Luxo...Estratégias de Marketing. São Paulo: Editora FGV. 2000
  • 7. www.espm.br/publicações hoje proprietário da Dior tem, entre suas unidades de “comércio seletivo”, uma “loja” via web, a “eLuxury” (ver adiante, Grupo LVMH). No setor de moda e vestuário, onde reinam as mais conhecidas marcas de alto luxo, os ciclos de vida do produto são cada vez mais curtos, devido às cons- tantes mudanças e à demanda por novos modelos e criações. Com isso, é necessário que as empresas estejam em sintonia com as tendências e expectati- vas do mercado, através de pesquisas de mercado e um sistema de inteligência de marketing eficiente que permita uma reação rápida e objetiva às mudan- ças culturais que impactam a moda e às iniciativas da concorrência. 4. Valorizando a Marca de Luxo Duas estratégias vêm sendo usadas com sucesso na valorização das marcas de luxo. Extensões de Marca. A extensão da marca para ou- tras categorias de produto que não conflitem com a percepção da marca aumenta o vinculo do cliente com a marca e o ticket médio desse cliente. A taxa de sucesso das extensões de marca no setor de luxo é muito alta. A razão é que a percepção das mar- cas de luxo depende mais de fatores intangíveis, de personalidade, do que de associações com tipos de desempenho que limitam a extensão dos produtos de compra freqüente (Creme Dental OMO? Sabonete Doritos?). Por exemplo, Tiffany, Armani e H. Stern foram estendidas para linhas de decoração: Linha Ti- ffany Baby, Armani Casa e H.Stern Home. Historica- mente, as marcas de luxo utilizam as extensões com bastante propriedade. Montblanc nomeia hoje reló- gios, óculos, artigos de couro, perfumes. Dior dá seu nome não apenas às roupas com que Christian Dior lançou a marca e a algumas extensões mais usuais entre as marcas de luxo, como bolsas e perfumes, mas a uma longa lista de produtos que inclui até arti- gos esportivos como pranchas de surf e skis. Internacionalização. O sentido especial que a globa- lização deu às marcas de luxo exige que as empre- sas suas proprietárias padronizem a comunicação da identidade das suas marcas em todos o mercados. Uma marca de luxo está associada a uma origem continental ou nacional – Europa ou Itália ou Japão – ou local – Paris ou New York. Esse fator acentua o caráter universal do luxo como diferenciador e rele- ga a um segundo plano a influência da cultura local do consumidor. Quando seu mind set está ligado no luxo, o consumidor é “cidadão do mundo”. Emoções à parte, o consumidor e a consumidora de marcas de luxo são pessoas viajadas e bem informadas. A universalidade de uma marca de luxo é intrínseca à sua identidade. CHRISTIAN DIOR Reposicionamento de marca no setor de luxo 1. Empreendedorismo e arte na alta costura Christian Dior, como muitos empreendedores, amar- gou dificuldades no caminho que o levaria à posição de grande ícone da alta costura. Não conseguiu con- cretizar sua paixão pela arquitetura; e depois de pós- graduar-se em Cências Políticas, a galeria de arte que abriu e em que chegou a exibir pintores de fama foi arrasada pela crise financeira de 1929. Esse criativo e determinado francês da Normandia passou a dese- nhar moda para casas de costura parisienses. Reco- nhecido, tornou-se designer dos renomados Robert Piguet e Lucien Lelong. Em 1946, o milionário da in- dústria textil Marcel Boussac, percebeu o potencial de Dior e financiou a instalação da maison Dior num endereço que ficaria famoso e abriga a empresa até hoje, a Avenue Montaigne, 30, em Paris. O clima em seguida à 2ª Guerra Mundial era propício para suas inovações. A economia, a cultura e os sentimentos se reconstruíam depois de uma guerra sangrenta em que, pela primeira vez, cidades inteiras foram alvo de bombardeios de ambas as partes. Em 12 de fevereiro de 1947, Christian Dior apresentou sua primeira cole- ção. Carmel Snow, editora da revista Harper´s Baza- ar, ao vê-la, exclamou “It´s a new look!”. Ao contrário da moda prática da igualmente icônica Coco Channel, o New Look de Dior valorizava a feminilidade e o gla- mour, num momento em que o mundo ansiava por alegrias e emoções. O “tailleur Bar”, o mais famoso da coleção, sugeria a extravagância luxuosa que ca- racterizou a marca e que, hoje, voltou à Dior como traço da sua personalidade. Casaquinho de seda bei- ge, ombros naturais, saia ampla quase até o tornoze- lo, cintura estreita e bem marcada. Estava lançado o padrão estético da moda de luxo dos anos 50. Rapidamente, Dior tornou-se uma referência da alta costura e a empresa, diretamente ou sob licenças, passou atuar nos mais importantes mercados do mundo.
  • 8. www.espm.br/publicações Após a morte do fundador, em 1957, quem assumiu a posição de estilista da maison Dior foi seu assis- tente, Yves Saint-Laurent. Jovem e irriquieto, chegou a provocar polêmica, com a criação de peças vistas por alguns como contrárias às tradições da marca. Em 1960, Saint-Laurent foi convocado para servir na guerra da Argélia e, depois, em 1962, abriu sua pró- pria casa. Marc Bohan, um renomado estilista, ocu- pou seu lugar. Em seguida a ele, o italiano Gianfran- co Ferrè. Mas nenhum desses três nomes conseguiu perpetuar com a mesma intensidade o brilho carac- terístico do fundador. A mais reverenciada marca da moda, Dior tornou-se uma Bela Adormecida. 2. Expansão empresarial: Bernard Arnault, Dior e o Grupo LVMH A explosiva renovação de uma marca tradicional e conceituada do mercado de luxo, como aconteceu nos últimos anos com a Dior, não se dá sem uma visão aguçada de empreendedorismo e gestão. Em 1985, o empresário Bernard Arnault adquiriu a Christian Dior. Como bom francês, Bernard tinha consciência do que o nome Christian Dior representara e poderia voltar a representar. No mundo impiedosamente competitivo de hoje, adquirir empresas proprietárias de marcas fortes, por mais caro que possa parecer, é uma opção muitas vezes mais rentável do que entrar em merca- dos, enormes e caros e demorados para conquistar por marcas novas. Dior foi a primeira marca adquirida por Bernard Ar- nault. A partir dela, e num esquema empresarial com- plexo, cujos detalhes não cabe discutir aqui, foi cria- do o grupo LVMH e a Christian Dior Couture. O Grupo LVMH engloba inúmeras empresas e marcas como Louis Vuitton, Moët Chandon e Hennessy (donde a sigla LVMH), além de Parfums Christian Dior, Kenzo, Parfums Kenzo, Christian Lacroix, Chaumet, Loewe, Le Bon Marché, Givenchy, Donna Karan, Tag Heuer e tantas outras (ver o site www.lvhm.com). O grupoes- tá entre os líderes do mercado de luxo mundial. Com uma rara visão de conciliação entre a necessidade de manter tradição e acompanhar os tempos, o grupo é proprietário da eLuxury, um comércio seletivo de marcas de luxo pela internet (www.eluxury.com). Em 1995, Sidney Toledano assume o cargo de diretor do departamento de couro e cria a bolsa “Lady Dior”, cuja característica principal era o “cannage” – dese- nho de cana da Índia, das cadeiras de palhinha, com letras Dior soltas na alça. Foi um sucesso imediato. O nome Lady Dior era uma homenagem à princesa Diane, embaixadora mundial da marca e amiga pes- soal de Bernard Arnault, Presidente do Conselho e Principal Executivo do Grupo LVMH. A linha de bolsas tornou-se uma campeã da marca e a cada coleção tem novos modelos, cores e texturas. Exemplos são a “Saddle” e a “Street Chic”. Para a coleção prima- vera/verão de 2005, há novos lançamentos como a Logo Flowers, Military Babe, Janis e Helmut. A marca Dior, que começara a se estender sob o próprio Christian Dior com o perfume Miss Dior, já em 1947, e passara a nomear relógios e bolsas, foi agressivamente estendida e cobre, hoje, uma dúzia de categorias. Divisões da Marca Christian Dior PRÊT-A-PORTER – roupas masculinas e femininas MARROQUINERIE -bolsas, sapatos, cintos e carteiras ACCESSOIRES – maillots, foulards, bonés, bijuterias, guarda-chuvas ART DE LA TABLE – artigos para casa LINGE DE MAISON – roupas de mesa, cama e banho BABY DIOR – linha infantil ÓCULOS PERFUMES E COSMÉTICOS LENTES DE CONTATO LINHA SURF – pranchas de surf e linha vestuário, bolsas, sandálias, chapéus e viseiras, óculos LINHA SKI – skis (marca DINASTY), snowboards e linha vestuário, botas de ski, bolsas e óculos, HAUTE JOAILLERIE DIOR – jóias 3. O Papel de John Galliano O grande revigoramento da marca Dior aconteceu quando o inglês John Galliano passou a ser o Diretor de Design da empresa. Galliano, nascido em Gibraltar, estudou moda na prestigiosa Saint Martin´s School, em Londres, onde ganhou o prêmio de melhor aluno com uma coleção inspirada na revolulçao francesa. Foi, por três vezes, o British Designer of the Year. Mu- dou-se para Paris e foi reconhecido pelo grupo LVMH com um convite para dirigir a criação tanto da alta costura quanto do pret à porter da Givenchi, parte do grupo. Dois anos depois, assumiu seu papel na Dior. Seu primeiro vestido para a Dior foi usado por Dia- ne, Princesa de Gales, na abertura da exibição co- memorativa dos 50 anos da Dior, no Museu Metro- politano de Nova York. De lá para cá, Galliano como que rejuveneceu as idéias do fundador, com desenhos inspirados em fontes tão díspares quanto o próprio “new look” de Christian Dior, a moda Edwardiana, os nativos americanos, os rappers e a Ópera de Pequim. Sintomaticamente, o site da Dior, junto à figura de Galliano, usa a palavra “extravagance”.
  • 9. www.espm.br/publicações Em 1999, Galliano tornou-se o Diretor Artístico das outras extensões da marca Dior – como bolsas, sapa- tos, artigos de praia, lingerie – e assumiu a respon- sabilidade, também, pelos dispalys e pela publicidade da marca. Logo, a propaganda dos perfumes da Dior – Addict e Dune – passaram para sua responsabili- dade. A volta da feminilidade à imagem da marca explica a conquista de usuárias como Madonna, Celine Dion, Gwyneth Paltrow. 4. Dior no Brasil Dior está no Brasil desde 1958 e, como em todo mundo, tornou-se logo uma marca de alto prestígio. Mas essa imagem veio a sofrer, como em toda parte e, aqui, talvez mais ainda, por causa dos problemas de licenciamento da marca que foi o sistema utilizado pela Dior para entrar no mercado brasileiro. Siste- mas de licenciamento e franquias tendem a reduzir os custos fixos da licenciadora, como mão-de-obra e aluguel do ponto-de-venda. Além disso, permitem uma expansão territorial mais rápida. Por outro lado, exigem de ambas as partes um acordo que leve em conta não apenas os interesses de curto prazo, mas também o horizonte futuro. Não é fácil. No setor de luxo, a falta dessa relação de parceria entre licen- ciadora e licenciada pode ser fatal. Se um licenciado vende o produto a um preço mais baixo, reduz a sua qualidade, utiliza um lugar inadequado e vende, no mesmo lugar, produtos de qualidade inferior, a ima- gem da marca se desgasta. Um exemplo foi a Pierre Cardin, cujas operações de licenciamento prolifera- ram tanto que, nos anos 1980, teve seu nome, antes exclusivo, em cerca de 800 produtos. Nos anos 90, a Vila Romana detinha o licenciamento da linha masculina da marca Dior no Brasil. A em- presa tornou-se uma potência em função de todos os licenciamentos que conseguiu. Chegou a abastecer três mil lojas, no Brasil e nos Estados Unidos. Em 1987, faturou US$ 67 milhões. Três anos depois, US$ 120 milhões. Com a implantação do Plano Collor e a conseqüente queda no consumo brasileiro, as ven- das caíram drasticamente enquanto crescia a inadim- plência dos clientes. Em 1992, com dívidas de US$ 10 milhões, a Vila Romana foi vendida para um grupo holandês. Em meio a essa crise, a empresa não dis- pensou a atenção necessária para administrar suas marcas de luxo, entre elas a Christian Dior. Apesar de a marca continuar reconhecida como uma das mais respeitadas da alta costura, o gerenciamento inconsistente, sem visão do longo prazo, dificultava a manutenção de uma imagem sólida e positiva pe- los consumidores. A decisão de um reposicionamento drástico tornou-se vital para garantir um futuro com- petitivo para a empresa no país. Em 1990, abriram-se as importações. Coincidente- mente, iniciou-se a reestruturação da empresa, com a entrada em cena da LVMH. Uma decisão estratégica importante foi a centralização da fabricação dos pro- dutos no país de origem, para garantir uma qualida- de que havia se tornado inconstante com o licencia- mento. Os produtos Dior no Brasil passaram, então, a ser importados. Em 1994, expirou o contrato de licenciamento da mar- ca Dior para o Brasil. A matriz decidiu não renová-lo e assumiu o controle da marca. Iniciou um elabora- do processo de reposicionamento, com o objetivo de torná-la, novamente, símbolo de luxo e sofisticação do setor de moda. No lado positivo, havia o surto do “novo luxo” e sinais de melhoria na economia. A primeira medida da empresa foi interromper a ven- da dos produtos Dior no Brasil, até que todos os pro- dutos em poder dos licenciados se esgotassem. Esse período de “hibernação da marca” foi muito impor- tante para que, em 1999, a grife retornasse, revigo- rada e com uma estratégia estruturada. Naquele ano, inaugurou-se a loja Dior, em São Paulo, no “quadri- látero dos Jardins”, o novo centro de marcas de alto luxo do país. Atualmente, a Dior Couture ainda tem linhas de ócu- los de sol, joalheria, lingerie e roupa interior fabri- cadas sob licença. Mas cerca de outras 300 licenças foram retiradas. Com um faturamento global de 12 bilhões de Euros em 2003, o grupo LVMH ainda tem uma presença tímida no Brasil. Mas o crescimento da receita líqui- da da empresa foi significativo, de R$10 milhões em 2000 para R$ 24 milhões estimados para 2004. 5. Principais Ações de Marketing da Dior no Brasil Rejuvenescer marcas não é uma tarefa que se faça de tempos em tempos, quando o crescimento satura e começa um período de declínio, como implícito no mo-
  • 10. www.espm.br/publicações 10 delo tradicionalista de “ciclo de vida do produto”. Mes- mo uma Dior, com todo seu encanto, pagou o preço em desgaste e é admirável que esteja num acelerado pro- cesso de revitalização, ao que tudo indica, de sucesso. Rejuvenescer é uma atitude permanente. Quando este “case” foi compilado, a empresa estava, ativamente, empenhada em uma série de atividades que visavam, exatamente, restaurar e manter a imagem da marca. As principais ações em vigor, em dezembro de 2004, eram: Telemarketing: para fidelização dos clientes; Dior Delivery: envio de mercadoria a domicí- lio; Trunk Show: para vendas fora de São Paulo; Formação de Vendedoras: produzido um CD Rom, “Formation Boutiques”, detalhando cada coleção (inspiração, nomes, expressões, tecidos, cortes e formas); Embaixadora: escolha, a cada ano, de uma personalidade que representará a marca; Eventos: na loja, por ocasião dos lançamentos de coleção. CONCLUSÃO O setor de luxo no Brasil está cada vez mais competi- tivo. Os consumidores buscam produtos diferenciados e atendimento personalizado. Posicionar a marca, em segmentos bem definidos, conhecer a consumidora e o consumidor e, em função disso, gerenciar a identidade da marca, é crítico. Assim como é garantir que todos os instrumentos de marketing e comunicação comuni- quem, integradamente, a identidade decidida e, num mundo globalizado, que ela seja consistente em toda parte. O consumidor de luxo é o principal divulgador da mar- ca. Uma vez que a comunicação é seletiva, essas mar- cas precisam estar em constante sintonia com o públi- co-alvo, através de ações de fidelização. A proposta de valor da marca Dior baseia-se na en- trega de produtos de alta qualidade através de canais seletivos, uma promessa de satisfação dos aspectos mais emocionais da auto-estima e um sinalizador de auto-expressão que une a valorização da tradição da marca com sua excitante modernidade. • • • • • • QUESTÕES PARA DISCUSSÃO 1. De acordo com os dados sobre o mercado consu- midor de alto luxo quais os fatores críticos de sucesso do setor? 2. De acordo com as estratégias genéricas de Michael Porter, como você classificaria a atuação da Christian Dior. Na sua opinião, qual a principal vantagem com- petitiva da empresa? 3. Mudanças no comportamento do consumidor, no- vos concorrentes e oportunidades de explorar novos mercados são algumas das razões que levam uma empresa a optar pelo reposicionamento de sua mar- ca. O grande desafio do reposicionamento é modificar as percepções do consumidor em relação ao posicio- namento atual, buscando o posicionamento adequa- do para garantir a competitividade da empresa. Existem três tipos de estratégias de reposicio- namento : Reativo - quando mudanças ambientais forçam as empresas à adoção dessa estratégia; Corretivo - quando os resultados obtidos com um determinado posicionamento não foram os espera- dos pela empresa; Propositivo - quando a empresa decide explorar um posicionamento mais rentável ou inovador. O quadro abaixo resume as formas de reposiciona- mento que uma empresa pode adotar frente a um novo ambiente competitivo: Considerando o quadro acima e o ambiente compe- titivo em que a Christian Dior estava inserida, que tipo de reposicionamento a empresa adotou e quais fatores levaram a tal? Reposicionamento de Marca Reativo Propositivo Corretivo Percepções do Posicionamento Atual Pouca Importância Muita Importância Pouca Importância Gestão de Marca Escolha de novo posicionamento para sobrevivência A oportunidade compensa o risco de alterar as percepções? Seleção de novos atributos para o posicionamento Decisão de Marca Transição com riscos inevitáveis Construção de novo paradigma Revisão da estrutura do posicionamento
  • 11. www.espm.br/publicações 11 4. Consulte os sites das empresas do grupo. Note a variedade de marcas e categorias de produto. Que outras categorias você considera viáveis para a mar- ca Dior? REFERÊNCIAS ESPECÍFICAS ALLÉRÈS, Danielle. Luxo...Estratégias de Marketing. São Paulo, Editora FGV, 2000. TELLES, Renato e BORTOLAN, Marcus Savoi: O Desa- fio de Reposicionamento das Marcas; Revista ESPM; set/out de 2003. Noticiário sobre mercado de luxo e suas empresas e marcas, em diversas publicações. Consultar, também, os compêndios sobre gestão em- presarial, gestão de marcas, administração de ma- rketing e comunicação de marketing. Acesse os sites: www.dior.com / www.lvmh.com / www.portalexame.com.br