O documento discute a violência entre jovens no Brasil e possíveis estratégias para reduzi-la. A violência é alta devido a sentimentos de exclusão social, falta de perspectivas e impunidade. O documento propõe uma estratégia em três fases: 1) conscientizar jovens sobre a cultura da paz, 2) despertar responsabilidade em jovens mais novos, 3) dar suporte a vítimas para reduzir a violência no futuro.
3. em 2008, dos 46.154 óbitos juvenis registrados no
SIM/SVS/MS, 33.770 tiveram sua origem em causas
externas, pelo que esse percentual elevou-se de forma
drástica: em 2004, quase 3/4 de nossos jovens (72,1%)
morreram por causas externas
4. Ordenamento das UF por Taxas de Homicídio (em 100 Mil).
15 a 24 anos de idade.1998/2008
6. Mudar é possível
São Paulo, os números despencaram de 6.065
homicídios em 1998 para 1.622 em 2008, uma exemplar
queda de quase 73,3%. Também o Rio de Janeiro
deu sua contribuição, com uma queda global de 45,4%
entre as datas consideradas
8. Mudar é possível
Um movimento de diversos setores e vários segmentos da
sociedade, buscando adesão maciça da população.
9. Panorama Mundial (dados da UNODC)
Egito (2009) Mexico (2010) Estados Unidos (2010)
Índice: 1,2 Índice: 21,5 Índice: 4,6
Total homicídios: 992 Total homicídios: 24374 Total homicídios: 14159
Argentina (2009) Venezuela(2009) Itália(2009)
Índice: 5,5 Índice: 49,0 Índice: 1,0
Total homicídios: 2215 Total homicídios: 13985 Total homicídios: 590
Russia (2009) India(2009) Inglaterra (2009)
Índice: 15,1 Índice: 3,4 Índice: 1,1
Total homicídios: 21603 Total homicídios: 40752 Total homicídios: 619
Jamaica(2010) Brasil(2008)
Índice: 52,1 Índice: 29,9
Total homicídios: 1428 Total homicídios: 57271
10. A violência é o sintoma palpável, o resultado tangível, de uma
doença que aflige nossa sociedade.
Os fatores que levam à violência são conhecidos:
Sentimento Falta de Sensação de
de Exclusão Perspectivas Impunidade
social
11. Quadro Inicial –
Os jovens (na faixa etária de 17 a 30 anos) são as principais vítimas da violência e ao
mesmo tempo os principais causadores.
Este processo que torna o jovem tão pré-disposto à violência inicia em sua
adolescência. Nesta fase da vida, a pessoa passa por processos complicados, como a
sexualiação e a construção da personalidade, durante os quais a necessidade de ser
aceito por um grupo é extremamente forte. Esta necessidade de aceitação leva o
adolescente a assumir comportamentos que há poucos anos acharia inconcebíveis
para si próprio, ele começa a fumar, beber, e usar outras drogas. Muda seu padrão de
vestimenta, seus hábitos de leitura e até mesmo seu linguajar. Tudo para ser aceito
por um determinado grupo. As inevitáveis rejeições que sofrerá podem provocar
mazelas irreversíveis. Assim como o uso recreativo de drogas pode levar ao vício.
12. Ainda durante o processo de integração ao
grupo, ao buscar a sua aprovação o jovem
tende a assumir comportamentos
extremos, e neste momento a predisposição
dos mamíferos pela violência vêm à tona. A
disputa pela fêmea e a proteção do
território, assumem no jovem um padrão
que irá se demonstrar através de corridas de
carros, de brigas constantes, da postura do
“bad boy” .
Nas meninas este comportamento se revela na forte sensualização, usando trajes e
maquiagens, e em alguns casos também com uma postura violenta em relação às suas
concorrentes.
13. Nenhuma pessoa jamais saiu incólume deste processo.
O que irá propiciar que o jovem possa enfrentar esta fase da vida de
maneira menos prejudicial é o conceito individual que ele possui de
si mesmo.
Quanto maior seu sentimento de amor-próprio, mais impermeável é
seu caráter. E sua sensação de amor-próprio é construída durante
sua infância, diretamente decorrente do amor e afeição que
recebe, da maneira como sua individualidade é tratada pela família.
Infelizmente, em nossa atualidade, a maioria dos
jovens não tem a oportunidade de viver num
grupo familiar coeso. E isto em todas as classes
sociais. Não somente devido à dissolução do
casal que o gerou, mas também devido à falta de
tempo dos pais e a conseqüente falta de atenção.
Quanto mais a criança depender da afetividade
de terceiros, mais suscetível aos fatores descritos
acima ela será quando atingir a adolescência.
14. Nas famílias menos favorecidas, o problema é
mais acentuado, pois devido às dificuldades
financeiras, os pais sucumbem à diversos vícios
e não tem condições psicológicas para
demonstrar afetividade para seus filhos.
Coroando este cenário vivemos numa cultura
consumista, onde a pessoa é avaliada não pelo
que realmente é, mas por aquilo que pode
ostentar.
15. Exclusão social
Não me refiro aqui a situações financeiras, mas à um sentimento social. O jovem como
descrevi no quadro inicial, tende a se identificar com um pequeno grupo, não se sentindo
parte da grande massa que o cerca. Sendo desta forma um único indivíduo, ou um
pequeno grupo de indivíduos, inserido numa grande multidão.
Em sua concepção particular seus atos contra os demais indivíduos da multidão
inominável não trazem conseqüências diretas à ele ou ao seu grupo. Ele não se preocupa
com o sofrimento dos demais, não identifica as outras pessoas como indivíduos iguais a
si mesmo.
16. Esta postura leva a ações impensadas e
irresponsáveis que podem originar grandes
tragédias.
Não existe a reflexão sobre como seus atos irão
repercutir junto aos demais membros da
sociedade, pois esta não é parte da realidade
individual do jovem. E o pior: inibe a
sensibilização pelo que ocorre com as demais
pessoas não pertencentes ao seu grupo, vítimas
eventuais de situações perigosas que ele mesmo
procede diariamente. Os acidentes fatais, os
homicídios e outras tragédias são vistas apenas
como uma curiosidade, como se o noticiário
fizesse parte de uma obra de ficção, como se seu
grupo particular vivesse num universo
alternativo.
17. Falta de Perspectivas
Novamente não me atenho a uma determinada
camada social. A falta de horizontes, o estado
depressivo provocado por não ter certeza do que será
de seu futuro, a rejeição afetiva, são sentimentos
comuns a todas as classes sociais. E novamente o
jovem é a vítima mais suscetível a estes sentimentos.
Além do estado depressivo patológico a falta de
perspectivas cria condições para comportamentos
irresponsáveis, inconseqüentes, pois não existe a
preocupação com o futuro. A prática mais comum
nestes casos é o uso abusivo de drogas, levando ao
vício e a conseqüente destruição do individuo. Porém
em alguns casos esta falta de perspectivas leva a crimes
violentos, como os assaltos e até mesmo aos
homicídios.
18. A questão da corrupção e da violência policial de outrora, principalmente quando da
ditadura militar, ... ainda hoje respinga na Polícia atual.
...A sociedade ainda teme a polícia, em vez de respeitá-la como aliada. A sociedade
repudia a polícia e dela quer distância. A sociedade não confia na sua polícia e pouco
faz para ajudá-la no combate ao crime. E, para piorar, ainda critica todos os seus atos
POR JACIARA SANTOS – http://aqueimaroupa.com.br/2009/12/30/uma-policia-
efetivamente-cidada/
19. Sentimento de Impunidade
“...na nossa tradição de esquerda, a segurança pública simplesmente não era
problema, porque nós considerávamos que a violência e a criminalidade não seriam
senão epifenômenos, reflexos, conseqüências de causas econômicas. Nós nos negávamos
a discutir a temática criminal ou a violência porque já tínhamos a convicção de que
bastaria tratar das causas sócio-econômicas para que os problemas se resolvessem.
( antropólogo Luiz Eduardo Soares ).
20. Biomedicina
Recentes pesquisas demonstram que os seres
humanos possuem dois cromossomos ativadores de
respostas de comportamento agressivo, chamado
“reativo-explosivo”: é o que concluiu o grupo liderado
pela pesquisadora Emilie Rissman, da Escola de
Medicina da Universidade da Virgínia, nos EUA. Ao
mesmo tempo possuímos um elemento
químico, chamado serotonina que inibe a ativação do
processo violento. Os níveis de serotonina no cérebro
podem ser alterados devido ao uso de algumas
drogas, por efeito do stress. Também foi identificado
que estes níveis variam de pessoa a pessoa, sendo que
algumas pessoas apresentam níveis muito
baixos, ficando predispostas a ações violentas.
Quando o indivíduo reconhece a existência de uma
autoridade ele pode suprimir sua reação violenta, o
córtex bloqueia os comportamentos agressivos que
seriam disparados pelas regiões mais baixas. A razão
contém a emoção. Aprendemos a refrear nossos
impulsos agressivos
21. É preciso esclarecer que não preconizo um estado
policial. A necessidade da figura da autoridade é uma
prerrogativa básica de qualquer civilização.
Imaginarmos uma sociedade coesa e auto-
regrada, destituída do personagem que implemente a
regra criada pela própria sociedade é uma utopia . Nas
antigas civilizações este papel era exercido pelos
sacerdotes, que eram as figuras mais sábias e cultas da
sociedade, portanto cabia a eles a aplicação diária das
regras da sociedade ( daí o termo religião = re+Legis ).
A sociedade precisa da figura do policial. Não de um policial repressor e
truculento, mas de um policial que possa inibir os comportamentos
violentos, delimitar o uso do direito e orientar o cidadão.
22. A escalada da violência no estado do Paraná (e em todo Brasil) é diretamente
proporcional à ausência de investimentos pelo Estado na máquina policial.
A mera presença de uma viatura num semáforo já inibe os motoristas de ultrapassem o
sinal fechado, ou trafegarem em alta velocidade. Da mesma forma a simples presença de
uma viatura na saída de um baile inibe as brigas.
No Estado de São Paulo os índices de violência foram revertidos graças a um trabalho de
toda a sociedade somado a um investimento maciço no aparato policial. Em São Paulo
são investidos perto de 12 bilhões de reais por ano em segurança pública.
23. Mas não é possível e nem é nosso objetivo ter um policial em cada esquina. Precisamos
sim de uma polícia atuante, bem preparada e bem equipada, tanto para reprimir o abuso
quanto para identificar o criminoso e retirá-lo do meio social.
Mas não é somente a polícia nas ruas que vai resolver este problema, precisamos ir mais
fundo e tratar as causas descritas anteriormente.
24. 2012 –Disseminação da Cultura da Paz
- Palestras junto a educadores e multiplicadores (professores, jornalistas e lideranças)
- fomentar junto aos jovens a meditação sobre a vida e sobre os valores individuais
- identificação e aglutinação dos líderes adolescentes em torno de ideiais positivos
- Incentivo a peças de teatro e outras manifestações artísticas que promovam a auto-
estima do jovem e ampliem a propagação dos conceitos da Paz
-Cobrar do estado um efetivo policial condizente com a realidade e com a preparação
necessária para sua correta atuação
Estas propostas serão implementadas em conjunto: Estado, sociedade
organizada, grupos religiosos, escolas, centros de cultura, bares e casas noturnas.
26. Risco Imediato
Objetivo; conscientização da cultura da paz junto ao público formado por
jovens (18 a 30 anos) frequentadores de bares, baladas, casas noturnas.
Formam a camada da população mais exposta aos riscos e à violência, como
causadores ou vítimas.
Blitz da Paz -Cadetes e Ongs distribuindos adesivos e fliers
Presença Sutil (materiais de divulgação nos bares, casas
noturnas e pulseiras)
Cultura da Paz – lutadores e personalidades dando
depoimentos nas Redes Sociais , mídias e fliers
Mídia Externa
Aumento do Policiamento Ostensivo e Preventivo
Forte Atuação nas Redes Sociais integrada com todas as ações
27. Risco Futuro
Objetivo: despertar a responsabilidade e minimizar os sentimentos de
exclusão social e falta de perspectivas junto ao público formado por jovens
(12 a 20 anos).
Palestras em Escolas
Combinação de esforços com ONGs profissionalizantes
Cursos que promovam a auto-estima (teatro, artes
plásticas, moda)
Meditação para promover o autoreconhecimento e o
reconhecimento dos demais.
Despertar a simpatia pelo trabalho policial
28. Vítimas
Objetivo: dar suporte aos familiares e aos vitimados em crimes violentos e
crimes de trânsito. Traduzir a frieza das estatísticas em dados humanos, que
propiciem a experiência empírica e a reflexão.
Documentar as conseqüências dos atos impensados e divulgá-
las propiciando a reflexão dos demais.
Utilizaremos todos os canais de mídia disponíveis.
Depoimentos das vítimas, seus familiares e dos agressores
30. Divulgação
Início Redes sociais
Abrasel
Adesão dos Adesão da
Desenvolvimento Presença Sutil
artistas população
Equipes de Abraçar a
Manifestação Outdoors
“Abraço” cidade
Valorização Resgate das
Ação social Artesanato
do Indivíduo Vítimas
Ação Cultural Teatro Fórum
Apresentação
Festival da Paz
Pública
31. Redes
Início sociais
A base inicial do movimento está sendo
feita através do Facebook com uma
página e um perfil.
O Perfil está interagindo e gradativamente
vai se firmando como referencial
Em 2012 vamos intensificar as ações no Facebook com
criação de materiais exclusivos e promoções para atingir
o máximo de viralização
32.
33.
34.
35. Início Divulgação
Abrasel
Fomentar a participação no
Facebook,
Material distribuído
36.
37. Início Resultados
Com as ações empreendidas em Setembro, inclusive o aumento de
policiamento, já foi possível visualizar algum resultado.
38. Desenvolvimento
Adesão dos
Artistas
Após termos conquistado uma base inicial
iremos movimentar os artistas de diversos
gêneros musicais, que atuam na noite
curitibana
A música tema será executada em todas as
casas participantes na abertura e em
momentos especiais. Também será
distribuída para as rádios.
39. Desenvolvimento
Adesão da
população
A partir das Redes sociais iniciamos a
divulgação nas ruas
Buscaremos conscientizar as pessoas para
uma postura de não-violência
40. Desenvolvimento
Presença
Sutil
Após a distribuição do Material e com a presença das equipes nas casas
noturnas a Cultura da Paz é divulgada de maneira sutil e constante
41. Equipes
Manifestação
de Abraço
Montaremos equipes formadas por 4 a 6 elementos (moças
e rapazes) que estarão todos dentro de uma camiseta
enorme com o slogan “Paz Na Noite”
Serão distribuídas pulseiras de material
emborrachado, especialmente desenvolvidas para o
Movimento
42. Manifestação
Abraçar
a Cidade
Depois de termos angariado uma base relevante nas redes
sociais e termos demonstrado o movimento de forma real
nas casas vamos conclamar os participantes para uma
manifestação
As pessoas vestidas na camiseta gigante, irão liderar uma
passeata pela Rua XV, literalmente abraçando a cidade.
Teremos também manifestantes portando cartazes com
frases contra a violência.
43. Manifestação
Mídia
Externa
Periodicamente o Movimento Paz na Noite vai realizar
campanhas utilizando espaços de mídia externa
44. Ação Valorização
do Indivíduo
social
Realizar palestras em escolas
Procurar ao máximo resgatar o amor-próprio nos jovens
45. Ação Resgate
das Vítimas
social
Em parceria com a Associação Siloé vamos disponibilizar
psicólogos para conversar com as pessoas vítimas e seus
familiares.
46. Ação Artesanato
social
Um dos fatores que contribui com a diminuição da violência
é a interação social e cultural.
47. Ação Fórum
Cultural da Paz
Promover fóruns e palestras visando atingir
educadores, professores e outros multiplicadores, inclusive
membros da imprensa
48. Ação Teatro
Cultural da Paz
Fomentar que os jovens atuem em peças com caráter
educativo e que as divulguem entre si
49. Festival Manifestação
Pública
da Paz
Mais uma grande manifestação do Movimento “Paz na
Noite”
A verba arrecadada será revertida em apoio às ONGs de
combate à violência.