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Percussão
ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA
Seia, 21 de Setembro de 2018
Trabalho elaborado por:
Ana Antunes, nº21, t72.
Disciplina: TIC
Professor: António Gonçalves
A Percepção da violência doméstica na Escola Profissional da Serra da Estrela
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Nome: Ana Carolina Garcia Antunes
Data e local de nascimento: 29-03-2002 em Coimbra em Portugal
Endereço electrónico: t72.ana.Antunes@epse.pt
Escola: Escola Profissional da Serra da Estrela
Curso e ano lectivo: Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão e ano
lectivo 2017/2018
Turma e número do aluno: T72 e Nº 21
Identificação
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Introdução
Este trabalho de grupo com os minhas colegas, Beatriz Fernandes e Rafael Freire surgiu no âmbito da
disciplina de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), trata-se do tema “A Percepção da
Violência Doméstica na Escola Profissional da Serra da Estrela”.
Muitas são as pessoas que definem violência doméstica como agressões físicas feitas da parte do
homem à mulher. A violência doméstica é universal atingindo milhares de pessoas, em grande número
de vezes de forma silenciosa e fingida. Trata-se de um problema que envolve ambos os sexos e não
costuma obedecer nenhum nível social, económico, religioso ou cultural.
Continua…
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E o sintoma é mais visível na desigualdade de poderes nas relações entre os homens e as
mulheres. Durante muito tempo foi considerado como um tabu (Proibição de determinada
acção, de aproximação ao contacto com algo ou alguém que é considerado sagrado). Ninguém
falava em violência doméstica, ninguém admitia testemunhá-la, ninguém fazia nada para
impedir, hoje, o assunto é mais público, embora continue a existir um muro de silêncio em torno
das vítimas. Este silêncio muitas vezes normalmente provem do medo das vinganças. A sua
importância é relevante sob os dois aspetos:
1. Devido ao sofrimento indescritível que condena a sua vítima, muitas vezes silenciosamente;
2. Está comprovado que a violência doméstica, inclui a Negligência por precoce e abuso
sexual, impede um bom desenvolvimento físico e mental da vítima.
Está comprovado pelo Ministério da Saúde, que as agressões constituem a principal causa da
morte de jovens entre 5 e os 19 anos.
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Conceito de Violência Doméstica
A violência doméstica inclui todos os atos de abusos físicos, sexuais, psicológicos, económicos e a
perseguição, vinculado por um membro da família ou parceiro íntimo. Em termos históricos, a violência
doméstica estava associada à violência física. No entanto, nos termos como “bater na mulher” ou
“violência contra a esposa” têm entrado em decadência, uma vez que o fenómeno da violência doméstica
também afeta casais solteiros e casais homossexuais, e incluindo outro tipo de abusos que não físicos e
agressões por parte da mulher.
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Embora os termos “violência conjugal” ou “violência nas relações de intimidade” sejam muitas
vezes usados como sinónimos de “violência doméstica”, este termos referem-se
especificamente à violência que ocorre numa relação de intimidade, como o casamento, o
namoro ou a união de facto. Nestes casos, a OMS (Organização Mundial de Saúde), considera
também o comportamento controlador como forma de abuso. A violência conjugal ocorre tanto
em relações heterossexuais como homossexuais. Os agressores tanto podem ser homens
como mulheres. “Violência familiar” é um termo mais amplo, muitas vezes usado para incluir o
abuso infantil, o abuso de idosos e outros atos de violência contra membros da família.
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Tipos de violência doméstica
Violência Física
A violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São
comuns os murros e as estaladas (C.F. Fig.1), agressões com diversos objetos e queimaduras por
objetos ou líquidos quentes.
Figura 1 (É uma pessoa que leva porrada do seu/sua parceiro/a).
Quando a vítima é criança, para além da agressão ativa e física, é considerado também violência os
factos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis.
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Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é praticada diretamente.
Tendo em vista a habitual maior força física dos homens, havendo intenções agressivas, esses
factos podem ser praticados por terceiros, como por exemplo, parentes da mulher ou
profissionais contratados para isso. Outra modalidade é as agressões que tomam o homem de
surpresa, como por exemplo, durante o sono. São comuns, atualmente, a violência física
doméstica contra os homens, praticados por namorados (as) ou companheiros (as) dos filhos
(as) contra o pai.
Apesar da nossa sociedade parecer obcecada e entorpecida pelos cuidados com as crianças e
adolescentes, é bom ressaltar que um bom número de agressões domésticas é cometido contra
os pais por adolescentes, assim como contra os avós pelos netos ou filhos.
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Não há uma situação de co dependência do (a) parceiro (a) à situação conflituosa do lar, a violência física pode perpetuar-se
mediante ameaças “ser pior” se a vítima reclamar às autoridades ou aos seus familiares. Essa questão existe na medida em
que as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intervenções corretivas.
O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A Embriaguez Patológica é um estado onde a pessoa
que bebe se torna extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essa crise de
ira (irritação). Nesse caso, além das dificuldades práticas de controlar a violência, geralmente por omissão das autoridades,
ou porque o agressor quando não bebe “é excelente pessoa”, segundo as próprias esposas, ou porque é o auxílio da família e
se for detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo.
São também portadores de Transtorno Explosivo da Personalidade, são agressores físicos teimosos. Convém lembrar que a
Embriaguez Patológica pode ser tratada, seja procurar tratar o alcoolismo, seja às custas de anti convulsivantes
(carbamazepina). Estes últimos também são úteis no transtorno explosivo.
Mesmo reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas situações, as mulheres vítimas de violência física podem
ter alguma culpa quando o fato se repetir pela 3ª vez. Na primeira ela não sabia que o companheiro era agressivo. A segunda
aconteceu porque ela deu uma oportunidade ao companheiro de corrigir-se mas, a terceira, é indesculpável.
Segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), foram agredidas fisicamente pelos seus parceiros entre 10% a 34% das
mulheres do mundo.
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Violência Psicológica
A Violência psicológica, às vezes é tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição,
desvalorização, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Esta trata-se de uma
agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indestrutíveis para
toda a vida (C:F. Fig.2).
Figura 2 (A pessoa sente-se inferiorizada).
Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histérico, cujo
objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de
importância. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como
atrativo alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção,
cuidado, compreensão e tolerância.
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É muito importante considerar a violência emocional produzida pelas pessoas de personalidade histérica, pelo
fato dela ser predominantemente encontrada em mulheres, já que, a quase totalidade dos artigos sobre
Violência Doméstica dizem respeito aos homens agredindo mulheres e crianças. Esse é um lado da violência
onde o homem sofre mais.
O traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa teatralidade. O histrionismo é um comportamento
caracterizado dramático e com notável tendência em buscar atenção contínua. Normalmente a pessoa
histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado, abundante e por uma
representação que varia de acordo com as expectativas da plateia. Mas a natureza do histérico não é só
movimento e ação; quando ele percebe que fica calado, recluso, isolado no quarto ou com ares de “não
querer incomodar ninguém” é a atitude de maior impacto para a situação, acaba conseguindo seu objetivo
comportando-se de essa forma.
Através das atitudes histriónicas o histérico consegue impedir os demais membros da família a se distraírem,
e a saírem de casa, e coisa do género. Uma mãe histérica, por exemplo, pode apresentar um quadro de
severo mal-estar para que a filha e o marido não saiam. A histérica quando lança-se a homens é pior ainda. O
homem histérico é a grande vítima e o maior sacrificado, cujo sacrifício faz com que todos se sintam
culpados.
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Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou ausente é um
dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A mais violenta atitude com esse objetivo é
quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas
para mostrar aos outros o tamanho da sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o
outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo
pai em relação aos filhos, quando esses não estão saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em
relação às esposas.
O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem
agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram na casa de banho, quando
percebem que está alguém esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando isso é
reprovado. Até as pequenas coisinhas do dia-a-dia podem servir aos propósitos agressivos, como deixar uma
torneira pingando, apertar a pasta de dentes no meio do tudo e coisas assim. Mas isso não serviria de
agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se não fossem intencionais.
Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos que depreciam a comida da esposa
e, por parte da esposa, que, normalmente se aborrece com algum sucesso ou admiração do marido,
ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ele faça.
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Esses agressores estão sempre a justificar as atitudes de oposição como se fossem totalmente
irrelevantes, como se estivessem corretas, fossem inevitáveis ou não fossem intencionais. “Mas, de
fato a comida estava sem sal…, Mas, realmente, fazendo assim ficar melhor…” e coisas do género.
Entretanto sabendo que são perfeitamente conhecidas as preferências e estilos de vida dos demais,
atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo propositadamente agressivas.
As ameaças de agressão física (ou de morte), bem como as crises de quebra de utensílios, mobílias
e documentos pessoais também são consideradas violência emocional, pois não houve agressão
física direta. Quando o(a) cônjuge é impedido(a) de sair de casa, ficando trancado(a) em casa
também se constitui em Violência psicológica, assim como os casos de controlo excessivo dos
gastos da casa impedindo atitudes habituais, como por exemplo, o uso do telefone.
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Violência Verbal
A violência verbal dá-se normalmente e simultaneamente à violência psicológica. Alguns agressores
verbais dirigem sua arma contra outros membros da família, incluindo momentos quando estes estão
na presença de outras pessoas estranhas em casa. Em decorrência de sua menor força física e da
expectativa da sociedade em relação a violência masculina, a mulher tende-se a especializar na
violência verbal mas, de facto, esse tipo de violência não é exclusivo das mulheres.
Por razões psicológicas íntimas, normalmente decorrentes de complexos e conflitos, algumas
pessoas se utilizam da violência verbal infernizando a vida de outras, querendo ouvir,
obsessivamente, confissões e coisas que não fizeram. Atravessam noites nessa tortura verbal sem
fim. “Você tem outro(a)...Você olhou para fulano(a)...Confesse, você queria ter ficado com ele (a)”
(C.F. Fig.3), e todo tipo de questionário, normalmente argumentados sob o rótulo de um
relacionamento que deveria se basear na verdade, ou coisa assim.
Figura 3 (Violência verbal mutua de ambas as partes).
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A violência verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que permanecem em silêncio. O
agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, cala-se, fica calado(a)
e evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa.
Nesses casos a arte do agressor(a) está, exatamente, a demonstrar que tem algo a dizer e não diz. Aparenta
estar doente mas não se queixa, mostra estar contrariado(a) “fica bicudo” mas não fala, e assim por diante.
Ainda agrava a agressão quando atribui a si a qualidade de “estar quietinho(a) no seu canto”, de não se
queixar de nada, causando maior sentimento de culpa.
Ainda dentro desse tipo de violência estão os casos de depreciação familiar e do trabalho do outro. Um outro
tipo de violência verbal e psicológica diz respeito às ofensas maiores. Maridos e esposas costumam ferir
moralmente quando insinuam que o outro tem amantes. Muitas vezes a intenção dessas acusações é
mobilizar emocionalmente o(a) outro(a), fazê-lo sentir diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser
dado aos comentários depreciativos sobre a copa do(a) cônjuge.
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Violência Económica
A Violência económica é uma forma de abuso em que um dos parceiros íntimos controla o acesso do outro
parceiro a recursos económicos ou aos bens matrimoniais. As formas de violência económica mais
comuns são impedir um cônjuge de adquirir a recursos, limitando aquilo que a vítima pode comprar ou
usar, ou explorar os recursos económicos da vítima (C.F. Fig. 4).
Figura 4 (O/A seu/sua parceiro/a controla os gatos económicos da outra pessoa).
São também formas de violência económica forçar ou pressionar um membro da família a assinar
documentos, a vender bens ou alterar um testamento.
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São também formas de violência económica forçar ou pressionar um membro da família a assinar
documentos, a vender bens ou alterar um testamento.
A violência económica diminui a capacidade de sustento da vítima, tornando-a dependente do agressor
para aceder ao ensino, emprego, progressão na carreira e aquisição de bens. O agressor pode fazer com
que a vítima fique dependente de uma mesada, o que lhe permite controlar quanto dinheiro gasta ou
impedir gastos sem o seu consentimento. Em alguns casos, a vítima acumula uma dívida económica para
com o agressor e em outros casos o agressor esgota as poupanças da vítima. Em muitos casos, a
discordância da vítima com a forma como o dinheiro é gasto pode resultar em retaliação com violências
físicas, sexuais ou psicológicos. Nas regiões do mundo em que as mulheres dependem do rendimento do
marido para sobreviver, devido à falta de oportunidades e de segurança social, a violência económica pode
ter consequências muito graves e está associado a má nutrição entre as mulheres e crianças.
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Violência Sexual
A Organização Mundial de Saúde define violência sexual como qualquer ato sexual, tentativa de obter um
ato sexual, abordagens ou comentários de aspeto sexual indesejados ou tráfico sexual direcionados contra
determinada pessoa por meio de pressão (C.F. Fig. 5).
Figura 5 (Pessoa mais velha que abusa de um menor).
A definição engloba ainda os testes de virgindade obrigatórios e mutilação genital feminina. Para além das
tentativas de iniciar um ato sexual por via da força, está-se na presença de abuso sexual nas situações em
que a vítima é incapaz de compreender a natureza do ato, incapaz de recusar a participação ou incapaz de
comunicar consentimento. Isto pode dever-se a imaturidade, menoridade, doença, influência de álcool ou
drogas, intimidação ou pressão da vítima.
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Em muitas culturas, as vítimas de violação são consideradas fonte de "desonra" ou "vergonha" pelas
respetivas famílias e são posteriormente vítimas de violência familiar, como é o caso dos homicídios por
honra, principalmente nos casos em que a violação resulta numa gravidez.
A OMS define mutilação genital feminina como qualquer procedimento que envolva a remoção total ou
parcial dos órgãos genitais femininos, ou qualquer lesão a esses órgãos por razões que não médicas. Este
procedimento foi realizado a mais de 125 milhões de mulheres vivas e concentra-se sobretudo em 29
países de África e do Médio Oriente.
O incesto é uma forma de violência sexual familiar, correspondendo ao contacto sexual entre um adulto e
uma criança. Em algumas culturas, são praticadas formas ritualizadas de abusos sexuais em crianças com
o conhecimento e consentimento das famílias, nas quais a criança é induzida a praticar atos sexuais com
adultos em troca de bens ou dinheiro. Por exemplo, em algumas tribos do Malauí, os pais combinam com
um homem mais velho a iniciação sexual das filhas. A Convenção do Conselho da Europa para a Proteção das
Crianças contra a Exploração Sexual e os Abusos Sexuais foi o primeiro tratado internacional para
combater os abusos sexuais infantis que ocorram no contexto familiar ou doméstico.
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A pressão reprodutiva são ameaças ou atos de violência contra os direitos reprodutivos, saúde e capacidade de
decisão do parceiro sobre esses temas. As formas mais comuns de força reprodutiva são os comportamentos
com o objetivo de pressionar ou coagir o parceiro a iniciar ou terminar uma gravidez. A pressão reprodutiva está
associada à violação conjugal, ao medo ou incapacidade de decidir sobre o uso de contracetivos, ao medo de
violência ao recusar atos sexuais e à interferência abusiva do parceiro no acesso a cuidados de saúde.
Em algumas culturas, o matrimónio pressupõe uma obrigação social das mulheres em terem filhos.
A definição de violência sexual da OMS inclui casamento forçado, domesticidade forçada e gravidez forçada,
incluindo a prática de levirato. O levirato é um tipo de casamento em que uma viúva é obrigada a casar com o
irmão do falecido marido.
A violação conjugal é o contacto sexual não consensual do agressor contra um parceiro ou cônjuge. Trata-se de
uma forma de violência sexual sub-reportada e com poucos casos na justiça, devido em parte à crença social
que ao casar-se a pessoa oferece consenso irrevogável ao parceiro para atos sexuais sempre que este o
deseje.
Durante séculos tolerados ou ignorada pela lei e pela sociedade, a violação conjugal é totalmente repudiada e
combatida por convenções internacionais, sendo em 2006 um crime em pelo menos 104 países.
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Perseguição
A perseguição consiste num conjunto de ações repressivas realizadas por um grupo específico sobre
outro, do qual se demarca por determinadas características (C.F. Fig. 6) religiosas, culturais, políticas ou
étnicas.
Figura 6 (É perseguido/a por uma outra pessoa).
O cenário mais comum consiste na opressão de um grupo por parte de outro contentor do poder, já que
o inverso é, na maior parte dos casos, muito improvável. Alguns autores consideram os apartheids, na
África do Sul e Israel, como exceções, ainda que, rigorosamente, o termo que melhor se aplique a esta
realidade, assistida entre nações, seja discriminação na África do Sul, enquanto que, no Oriente Médio,
outro motivo.
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A perseguição implica a proibição oficial de determinadas ideologias e/ou crenças por parte dos poderosos, de modo
a não permitir o desenvolvimento de uma resistência no grupo perseguido que, consequentemente, é considerado
perigoso, subversivo, violento ou capaz de obter poder e, assim, ameaçar o status que adquirido, no caso de Israel.
Por vezes, elementos da maioria perseguidora (mesmo que não concordem, pessoalmente, com a perseguição) são
alvo de represálias por parte da minoria, o que origina um círculo vicioso gerador de violência e serve como
justificação para os atos persecutórios da maioria, também no caso de Israel.
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Causas
Ciclos de violência
Uma característica comum entre os agressores de violência doméstica é o facto de terem sido testemunhas de abuso
durante a infância, reproduzindo esse comportamento na idade adulta. Em termos técnicos, diz-se que são participantes
em ciclos de violência intergeracional.
Compreender e quebrar este ciclo tem mais impacto na diminuição da violência doméstica do que as medidas para gerir os
abusos.
Alguns estudos sugerem que as experiências adquiridas ao longo da vida influenciam a tendência de uma pessoa se
envolver em violência doméstica, tanto no papel de vítima como de agressor. Os investigadores que apoiam esta teoria
indicam três fontes de violência doméstica: socialização durante a infância, experiências anteriores em relacionamentos
durante a adolescência e níveis de pressão no momento presente. As pessoas que testemunharam abusos entre os pais
ou que foram elas próprias abusadas, podem em adultos adotar o mesmo tipo de comportamento nos seus
relacionamentos.
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Os castigos corporais recebidos durante a infância estão associados a uma maior probabilidade de essa pessoa,
quando atinge a idade adulta, agir de forma violenta em relação a familiares ou parceiros íntimos, de achar normal
bater num parceiro, de estar na origem de conflitos matrimoniais e de manifestar irritação generalizada. Embora esta
associação não prove que são a causa de violência doméstica, existem vários estudos longitudinais que sugerem que
receber castigos físicos tem um efeito causal direto em padrões posteriores de comportamento agressivo e anti-
social.
Em algumas sociedades patrilineares, após o matrimónio a noiva passa a viver com a família do marido. Isto faz com
que tenha o estatuto social mais baixo entre o agregado familiar, sendo frequentemente sujeita a abusos por parte
dos sogros. Este sistema familiar tende a criar um ciclo de violência, em que a mulher perpetua os abusos a que foi
sujeita enquanto noiva assim que ela própria torna-se sogra.
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Psicológica
As teorias que explicam as causas psicológicas da violência doméstica focam-se nos traços de personalidade e
nas características mentais do agressor. Entre os traços de personalidade associados à violência doméstica estão
explosões súbitas de raiva, falta de capacidade em controlar os impulsos e baixa auto-estima.
Entre os agressores há uma elevada incidência de psicopatologias. Cerca de 80% dos agressores presentes a
tribunal apresentam perturbações de personalidade, valor que pode chegar aos 100% nos casos de violência mais
graves. Na população em geral, a percentagem é de apenas 15-20%.
Os estudos de psicologia evolucionista explicam a violência doméstica como consequência de mecanismos
psicológicos destinados a manter a hierarquia. A agressividade nos homens é desencadeada por contextos em que
o agressor sente o seu estatuto ameaçado, como quando descobre uma relação extraconjugal ou nos casos em
que o cônjuge é mais bem-sucedido em termos financeiros. A violência doméstica corresponde à tentativa, por
parte do homem, de controlar a reprodução feminina e de garantir exclusividade sexual.
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Sociais
As teorias sociais analisam fatores externos no ambiente do agressor, como a estrutura familiar, estresse e
aprendizagem social. A teoria da aprendizagem social estuda o processo de aquisição de novos comportamentos a
partir da observação e imitação de outras pessoas. Quando uma pessoa testemunha comportamento violento, está
mais suscetível a imitá-lo. A probabilidade de o agressor manter esse comportamento é maior quando existe reforço
positivo ou quando não existem consequências negativas e a vítima aceita submissivamente a violência.
A dependência económica do agressor faz com que a vítima tenha receio das consequências financeiras ao abandonar
a relação tóxica.
Os grupos mais vulneráveis são os não empregados, desempregados, inválidos e mulheres com filhos. A dependência
faz com que tenham menos opções e recursos para enfrentar ou alterar o comportamento do agressor. Existe uma
correlação entre delinquência juvenil e violência doméstica em adulto.
Nos casais em que há uma partilha igualitária de poder verifica-se uma menor incidência de conflitos e, quando surgem
conflitos, existe uma menor probabilidade de se recorrer à violência. As situações de abuso e violência doméstica têm
origem nos casos em que um dos cônjuges ambiciona ter controlo e poder na relação. O abuso doméstico pode incluir
coerção, ameaças, intimidação, abuso psicológico, abuso económico, isolamento, desvalorização e culpabilização do
cônjuge, uso dos filhos para chantagem emocional e comportamento dominante.
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Tensões sociais
A incidência de violência doméstica é maior entre famílias e casais em situação de precaridade económica. As
tensões sociais, como o desemprego, aumentam a tensão e os conflitos entre as famílias. Embora a violência
nem sempre seja causada por estresse, algumas pessoas respondem ao stress de forma violenta. Alguma
investigação sugere também que a precariedade e a incapacidade de sustentar a família diminui a noção de
masculinidade de alguns homens, o que os faz recorrer a misoginia, abuso de substâncias ou crime como forma
de exprimir essa masculinidade. No caso das relações homossexuais, a homofobia generalizada é uma tensão
social adicional que contribui para diminuir a auto-estima e aumentar a ira, tanto no agressor como na vítima.
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Comportamento controlador
Um relacionamento abusivo é aquele em que um dos membros recorre a estratégias abusivas de poder e controlo
para dominar a relação, como abusos físicos, sexuais, psicológicos ou económicos. O agressor tenta exercer
controlo sobre todos os aspetos da vida da vítima, incluindo decisões sociais, pessoais, profissionais e financeiras.
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Consequências
Físicas
Entre as consequências físicas mais comuns de episódios agudos de violência doméstica que requerem cuidados médicos
estão ferimentos, ossos partidos, lesões na cabeça, lacerações e hemorragias internas. As mulheres grávidas vítimas de
violência doméstica apresentam maior risco de aborto espontâneo, parto pré-termo e lesões ou morte do feto.
A exposição a violência doméstica ou qualquer outra forma de abusos está fortemente associada a uma maior incidência
de doenças crónicas, de comportamentos de risco e menor esperança de vida. Entre as consequências físicas mais
comuns a longo prazo de vítimas de abuso prolongado estão a artrite, síndrome do cólon irritável, dor crónica, dor pélvica,
úlceras e dores de cabeça.
As mulheres em relacionamentos abusivos apresentam ainda um risco significativamente superior de contrair VIH/SIDA,
devido à dificuldade em dialogar com o agressor sobre sexo seguro, à dificuldade em convencer o parceiro a realizar
exames quando suspeitam de VIH e ao facto de serem muitas vezes forçadas a ter relações sexuais contra a sua vontade.
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Psicológica
Em muitos casos de violência doméstica, os agressores induzem as vítimas a sentirem-se culpadas pela violência,
sujeitam-nas a críticas constantes e fazem com que se sintam inúteis. Este padrão faz com que a depressão e o risco de
suicídio sejam comuns entre as vítimas. Estima-se que cerca de 60% das vítimas de violência doméstica cumpram os
critérios de diagnóstico de depressão nervosa. Em muitos casos, as sequelas psicológicas e o risco de suicídio persistem
durante muito tempo, mesmo após a relação abusiva ter terminado, pelo que se recomenda à vítima recorrer a
psicoterapia.
Para além da depressão, as vítimas de violência doméstica manifestam a longo prazo ansiedade e pânico, sendo
provável que cumpram os critérios de diagnóstico para perturbação de ansiedade e perturbação de pânico. A sequela
psicológica mais comum da violência doméstica é a perturbação de stress pós-traumático. Esta condição é caracterizada
por flashbacks, imagens intrusivas, reações de alarme, pesadelos e evasão dos estímulos associados ao abuso.
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Financeiras
Em muitas relações abusivas, o agressor limita o acesso da vítima a oportunidades de emprego com o intuito de a tornar
economicamente dependente de si. Nos casos em que a vítima trabalha, a violência doméstica interfere no desempenho
laboral da vítima e na sua relação com os colegas de trabalho.
Nos casos de abuso económico, quando a vítima se afasta da relação com o agressor, é comum sentir-se chocada com a
dimensão da autonomia que perdeu durante o abuso. A vítima geralmente possui muito poucos recursos económicos
próprios e poucas pessoas a quem pode pedir ajuda. Esta realidade é não só um dos principais obstáculos que enfrentam
as vítimas, mas também o principal factor que as faz ter receio de ser afastar do agressor. Em muitos casos, os
sobreviventes de violência doméstica também não possuem a formação, competências ou experiência necessárias para
encontrar emprego suficientemente remunerado. Este factor é ainda mais grave nos casos em que têm filhos a seu cargo
e existe um risco significativo de se verem obrigadas a viver na rua. Embora em muitos países existam abrigos e redes de
apoio a vítimas de violência doméstica, em muitos casos a lista de espera é significativa e não têm capacidade de
resposta para a procura.
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Familiares
As crianças expostas a abusos domésticos durante a infância apresentam um risco acrescido de vir a desenvolver
problemas psicológicos e comportamentais. Assistir a violência doméstica também tem geralmente impacto negativo
no desenvolvimento emocional, social, comportamental e cognitivo da criança. Em alguns casos, o agressor agride
deliberadamente o cônjuge na presença dos filhos de modo a atingir duas vítimas em simultâneo. As crianças que
intervêm quando assistem a violência extrema contra um dos pais apresentam maior risco de lesões ou morte. As
crianças que testemunham agressões à mãe têm maior probabilidade de manifestar sintomas de Estresse pós-
traumático. As consequências são ainda mais graves quando a mãe agredida manifesta ela própria stresse pós-
traumático e não procura tratamento devido à dificuldade em lidar com a situação.
Entre os problemas emocionais e comportamentais que resultam da exposição a violência doméstica durante a
infância estão o aumento da agressividade, ansiedade e perturbações na forma como a criança socializa com os
amigos, família e figuras de autoridade. As experiências traumáticas durante a infância podem estar na origem de
depressão, insegurança emocional e perturbações mentais. Na escola, a criança pode começar a manifestar
problemas de atitude e de cognição, a par de incapacidade em resolver problemas. A exposição a abusos e
negligência durante a infância está correlacionada com a prática de violência doméstica e abuso sexual em adulto.
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Combate e Prevenção
O combate à violência doméstica é feito mediante a prestação de cuidados médicos, pela aplicação de leis que protejam a
vítima, aconselhamento psicológico e outras formas de prevenção e intervenção. É comum que os participantes em
episódios de violência doméstica necessitem de tratamento médico, quer primário quer de urgência.
Uma das principais formas de prevenção é a existência de legislação que assegure a proteção das vítimas. A Organização
Mundial de Saúde salienta que em muitos países são necessárias reformas no sentido de revogar leis que discriminam as
mulheres. Nos países em que a lei permite ao marido disciplinar a mulher, qualquer programa de sensibilização para a
violência terá pouco impacto. A OMS salienta ainda que na prevenção de violência doméstica é essencial que as leis
permitam à mulher entrar e sair livremente de um casamento, obter crédito financeiro e possuir e administrar bens. A ONU
Mulheres salienta a importância de abolir a prática de dote e de compra da esposa, de modo a que o agressor não possa
usar o valor que pagou como defesa contra acusações de violência doméstica.
Outra das principais estratégias de prevenção de violência doméstica é a promoção de relacionamentos não violentos e com
base no respeito mútuo. As normas sociais que promovem a inferioridade as mulheres podem levar ao abuso das mulheres
pelo cônjuge.
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A OMS salienta que a abolição de normas sociais de género baseadas na desigualdade e no controlo do homem
sobre a mulher é um contributo essencial para prevenir violência sexual e íntima. As crianças que crescem em lares
violentos tendem a acreditar que a violência doméstica é uma situação normal na vida, pelo que se recomenda desde
muito cedo contrariar este quadro de pensamento.
Uma medida de prevenção eficaz são os programas de intervenção precoce, como os que são implementados nas
escolas para prevenir a violência no namoro.
Muitas vítimas de violência doméstica desvaloriza ou não têm consciência da gravidade da situação em que se
encontram. O aconselhamento psicológico das vítimas permite avaliar a presença, dimensão e tipos de abuso. A
avaliação da perceção de letalidade pode ajudar a determinar o melhor tratamento e ajudar a vítima a reconhecer
comportamentos perigosos e formas mais subtis de abuso na sua relação. O aconselhamento permite ainda elaborar
um plano de segurança, que permite à vítima antever e lidar com situações potencialmente perigosas. O
aconselhamento psicológico pode ainda ajudar os agressores a diminuir o risco de incorrerem novamente em violência
doméstica. Em vários países, os condenados por crimes de violência doméstica frequentam programas de terapia
comportamental e educação psicológica, embora exista um debate sobre a eficácia destes programas.
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Sociedade e Cultura
Perspetivas sociais
Embora as perspetivas sociais sobre a violência doméstica variem de pessoa para pessoa e de região para região, na
generalidade o conceito é de difícil assimilação fora do mundo Ocidental. Isto deve-se ao facto de nestes países a relação
entre marido e mulher não ser considerada igualitária, mas sim uma em que a mulher se deve submeter ao marido. Em
muitos países, esta submissão está explícita na própria lei, que determina situações em que a mulher necessita de
autorização do marido. Grande parte da população de vários países vê a violência contra a mulher como aceitável ou
justificada, principalmente quando existe suspeita de adultério ou quando a mulher se recusa a ser subserviente.
A culpabilização da vítima é o ato de considerar a vítima a responsável pelo crime. É um fenómeno prevalente em muitas
sociedades, incluindo nos países ocidentais. Nestas culturas, a violência contra a mulher não é vista pela sociedade como
uma forma de abuso, mas sim como uma resposta aceitável a comportamentos da vítima que alegam ser inapropriados.
Em algumas regiões, os homicídios por honra são aprovados por uma elevada percentagem da sociedade.] Em culturas
conservadoras, uma mulher que não se vista de acordo com o que a sociedade considera discreto pode ser vítima de
violência grave por parte do marido ou de familiares, ao mesmo tempo que essa violência é vista pela mesma sociedade
como aceitável ou justificável. Outra causa de impunidade do agressor é a perspetiva, existente em algumas sociedades,
de que os casos de violência doméstica devem ser resolvidos com reconciliação e não com a aplicação da lei.
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Religião
Existe alguma controvérsia no que diz respeito à influência da religião na violência doméstica. Embora nenhuma religião
defenda abertamente a violência contra mulheres, existem casos de escrituras retiradas do contexto de forma a apoiar
discriminação contra mulheres dentro de uma comunidade. Por outro lado, os líderes religiosos podem ter um papel importante
na prevenção e combate à violência doméstica, ao apoiar as vítimas e ao oferecer ao agressor aconselhamento e informações
sobre opções de tratamento.
Em termos históricos, tanto judaísmo, cristianismo como islamismo têm apoiado a noção de que os agregados familiares
devem ser liderados pelos homens. A Igreja Católica tem sido alvo de críticas pela oposição ao divórcio, acorrentando vítimas
de violência em casamentos abusivos. Embora alguns autores afirmam que o Islamismo tem uma forte relação com a violência
contra mulheres, particularmente nos casos de homicídios por honra, outros argumentam que são o domínio do homem e o
estatuto inferior da mulher nas sociedades islâmicas que estão na origem destes atos, e não a religião em si.
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Costumes e tradições
Os costumes e tradições locais associados são muitas vezes responsáveis por perpetuar algumas formas de violência
doméstica. A tradição do dote é uma das principais causas de violência contra a mulher em todo o mundo. A preferência
por filhos do sexo masculino, comum em muitas regiões da Ásia, leva frequentemente a que as filhas sejam abusadas ou
negligenciadas por não corresponderem às expectativas dos pais. O sistema de castas, comum na Índia, estigmatiza as
castas inferiores, o que legitima a discriminação e restrição de oportunidades para as mulheres, tornando-as vulneráveis a
abusos. As limitações à forma da mulher se vestir, presentes em muitas culturas, são frequentemente impostas pelos
membros da família com recurso à violência. O costume de exigir à noiva virgindade até ao casamento está na origem de
violência contra mulheres que não se conformem. Alguns tabus sobre menstruação levam ao isolamento e humilhação das
mulheres durante o período menstrual. A violação conjugal é frequentemente justificada pelo agressor como um direito
matrimonial.
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A mutilação genital feminina é uma tentativa de controlar a sexualidade da mulher. Nos países em que a
polícia e as autoridades têm a reputação de corrupção e práticas abusivas, as vítimas de violência
doméstica sentem-se frequentemente relutantes em apresentar queixa ou pedir formalmente ajuda.
Os casamentos forçados e casamentos infantis estão associados a uma elevada incidência de violência
doméstica. Um casamento forçado é um casamento em que um ou ambos os membros são casados sem
que ambos o tenham consentido de forma livre, sendo muitas vezes decidido pela família à nascença. Um
casamento infantil é um casamento em que um dos membros tem menos de 18 anos de idade. Estes
casamentos estão associados não só a uma maior violência conjugal perpetrada pelo agressor, como
também à violência e tráfico associados ao pagamento de dote, e aos homicídios por honra nos casos de
recusa por parte das vítimas.
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Análise dos gráficos sobre os inquéritos
Qual a sua idade?
Na escola Profissional da Serra da Estrela, 41% são alunos entre 14 a 17 anos, 33% são alunos entre 18 e 22 anos,
1% são professores entre 23 e 29 anos, 20% são professores e funcionários (as) entre 30 aos 40 e 4% são
professores e funcionários entre 50 ou mais. Podemos concluir que na nossa escola existem mais alunos com idade
entre os 14 e os 17.
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Qual o seu sexo?
Na nossa escola verificámos que existem mais raparigas que rapazes, pois são 54% de raparigas
enquanto são apenas 46% de rapazes.
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Conhece alguém que sofreu ou sofre de violência doméstica?
Cerca de 68% das pessoas não conhecem ninguém que tenha sofrido de violência doméstica, mas 30% conhecem
pessoas que sofrem de violência e 2% das pessoas preferiram não responder.
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Se conhece, que tipo de violência(s) que foi/foram praticada(s) com a vítima?
28% foram sujeitas a violência física e violência psicológica, 25% sofreram de violência verbal, 5% sofreram de violência
económica, 10% sofreram violência sexual e 6% sofreram de perseguição. Podemos assim concluir que maior parte das
pessoas que os alunos, professores e funcionários conhecem sofreram de violências física, psicológica e verbal.
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Em que entidade fez ou faria a sua denúncia?
46% das pessoa fariam a denúncia na GNR, 15% na polícia judiciária, 3% no tribunal, 6% na
segurança social, 29% na APAV e 1% das pessoa não respondeu.
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Pensa que o(a) agressor(a) deve ser denunciado?
Os alunos, professores e funcionários da nossa escola responderam que numa escala de 1 a 5 (nunca - sempre) os
agressores deveriam ser denunciados sempre que cometam o crime de violência doméstica.
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Nos casos que conhece, sabe se o(a) agressor(a) foi denunciado?
Nos casos que os alunos, professores e funcionários conhecem, e sabem se o(a) agressor(a) foi denunciado(a), 53%
não respondeu, 27% responderam que NÃO sabem se o agressor foi denunciado e 20% respondeu que SIM, foram
denunciados (as).
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Nos casos que conhece, sabe se o(a) agressor(a) teve punição judicial?
Nos casos que os alunos, professores e funcionários conhecem, e sabem se o(a) agressor(a) teve punição, 44%
não respondeu, 43% disseram que NÃO teve punição judicial e 13% respondeu que SIM, teve punição judicial.
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Sofre ou sofreu de violência doméstica?
Na escola Profissional da Serra da Estrela, podemos concluir que houve uma maior percentagem de pessoas que
não sofreram de Violência Doméstica, pois 89% das pessoas responderam que “Não”, enquanto 7% responderam
“Sim” e 4% “Não respondeu”.
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Se sofreu, qual o tipo de violência (s) que foi/foram praticada (s)?
22% foram sujeitas a violência física, 30% sofreram de violência verbal e psicológica, 4% sofreram de violência sexual, 4%
sofreram de violência económica e 9% sofreram de perseguição. Podemos assim concluir que maior parte dos alunos,
professores e funcionários sofreram de violências verbal e psicológica.
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Conclusão
A violência doméstica existe em todo o mundo e atinge todas as classes sociais. É o sintoma mais visível da
desigualdade de poderes nas relações entre homens e mulheres.
A violência doméstica é um crime previsto na lei cabo-verdiana, uma violação grave dos direitos humanos. O
seu combate é uma responsabilidade de toda a sociedade.
Não fechemos os olhos para a violência doméstica, ajudemos as vítimas de violência doméstica a quebrarem
o silêncio.

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  • 1. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Seia, 21 de Setembro de 2018 Trabalho elaborado por: Ana Antunes, nº21, t72. Disciplina: TIC Professor: António Gonçalves A Percepção da violência doméstica na Escola Profissional da Serra da Estrela
  • 2. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Nome: Ana Carolina Garcia Antunes Data e local de nascimento: 29-03-2002 em Coimbra em Portugal Endereço electrónico: t72.ana.Antunes@epse.pt Escola: Escola Profissional da Serra da Estrela Curso e ano lectivo: Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão e ano lectivo 2017/2018 Turma e número do aluno: T72 e Nº 21 Identificação
  • 3. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Introdução Este trabalho de grupo com os minhas colegas, Beatriz Fernandes e Rafael Freire surgiu no âmbito da disciplina de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), trata-se do tema “A Percepção da Violência Doméstica na Escola Profissional da Serra da Estrela”. Muitas são as pessoas que definem violência doméstica como agressões físicas feitas da parte do homem à mulher. A violência doméstica é universal atingindo milhares de pessoas, em grande número de vezes de forma silenciosa e fingida. Trata-se de um problema que envolve ambos os sexos e não costuma obedecer nenhum nível social, económico, religioso ou cultural. Continua…
  • 4. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA E o sintoma é mais visível na desigualdade de poderes nas relações entre os homens e as mulheres. Durante muito tempo foi considerado como um tabu (Proibição de determinada acção, de aproximação ao contacto com algo ou alguém que é considerado sagrado). Ninguém falava em violência doméstica, ninguém admitia testemunhá-la, ninguém fazia nada para impedir, hoje, o assunto é mais público, embora continue a existir um muro de silêncio em torno das vítimas. Este silêncio muitas vezes normalmente provem do medo das vinganças. A sua importância é relevante sob os dois aspetos: 1. Devido ao sofrimento indescritível que condena a sua vítima, muitas vezes silenciosamente; 2. Está comprovado que a violência doméstica, inclui a Negligência por precoce e abuso sexual, impede um bom desenvolvimento físico e mental da vítima. Está comprovado pelo Ministério da Saúde, que as agressões constituem a principal causa da morte de jovens entre 5 e os 19 anos.
  • 5. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Conceito de Violência Doméstica A violência doméstica inclui todos os atos de abusos físicos, sexuais, psicológicos, económicos e a perseguição, vinculado por um membro da família ou parceiro íntimo. Em termos históricos, a violência doméstica estava associada à violência física. No entanto, nos termos como “bater na mulher” ou “violência contra a esposa” têm entrado em decadência, uma vez que o fenómeno da violência doméstica também afeta casais solteiros e casais homossexuais, e incluindo outro tipo de abusos que não físicos e agressões por parte da mulher.
  • 6. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Embora os termos “violência conjugal” ou “violência nas relações de intimidade” sejam muitas vezes usados como sinónimos de “violência doméstica”, este termos referem-se especificamente à violência que ocorre numa relação de intimidade, como o casamento, o namoro ou a união de facto. Nestes casos, a OMS (Organização Mundial de Saúde), considera também o comportamento controlador como forma de abuso. A violência conjugal ocorre tanto em relações heterossexuais como homossexuais. Os agressores tanto podem ser homens como mulheres. “Violência familiar” é um termo mais amplo, muitas vezes usado para incluir o abuso infantil, o abuso de idosos e outros atos de violência contra membros da família.
  • 7. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Tipos de violência doméstica Violência Física A violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes. São comuns os murros e as estaladas (C.F. Fig.1), agressões com diversos objetos e queimaduras por objetos ou líquidos quentes. Figura 1 (É uma pessoa que leva porrada do seu/sua parceiro/a). Quando a vítima é criança, para além da agressão ativa e física, é considerado também violência os factos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis.
  • 8. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é praticada diretamente. Tendo em vista a habitual maior força física dos homens, havendo intenções agressivas, esses factos podem ser praticados por terceiros, como por exemplo, parentes da mulher ou profissionais contratados para isso. Outra modalidade é as agressões que tomam o homem de surpresa, como por exemplo, durante o sono. São comuns, atualmente, a violência física doméstica contra os homens, praticados por namorados (as) ou companheiros (as) dos filhos (as) contra o pai. Apesar da nossa sociedade parecer obcecada e entorpecida pelos cuidados com as crianças e adolescentes, é bom ressaltar que um bom número de agressões domésticas é cometido contra os pais por adolescentes, assim como contra os avós pelos netos ou filhos.
  • 9. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Não há uma situação de co dependência do (a) parceiro (a) à situação conflituosa do lar, a violência física pode perpetuar-se mediante ameaças “ser pior” se a vítima reclamar às autoridades ou aos seus familiares. Essa questão existe na medida em que as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intervenções corretivas. O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A Embriaguez Patológica é um estado onde a pessoa que bebe se torna extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essa crise de ira (irritação). Nesse caso, além das dificuldades práticas de controlar a violência, geralmente por omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe “é excelente pessoa”, segundo as próprias esposas, ou porque é o auxílio da família e se for detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo. São também portadores de Transtorno Explosivo da Personalidade, são agressores físicos teimosos. Convém lembrar que a Embriaguez Patológica pode ser tratada, seja procurar tratar o alcoolismo, seja às custas de anti convulsivantes (carbamazepina). Estes últimos também são úteis no transtorno explosivo. Mesmo reconhecendo as terríveis dificuldades práticas de algumas situações, as mulheres vítimas de violência física podem ter alguma culpa quando o fato se repetir pela 3ª vez. Na primeira ela não sabia que o companheiro era agressivo. A segunda aconteceu porque ela deu uma oportunidade ao companheiro de corrigir-se mas, a terceira, é indesculpável. Segundo a organização Mundial de Saúde (OMS), foram agredidas fisicamente pelos seus parceiros entre 10% a 34% das mulheres do mundo.
  • 10. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Violência Psicológica A Violência psicológica, às vezes é tão ou mais prejudicial que a física, é caracterizada por rejeição, desvalorização, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Esta trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indestrutíveis para toda a vida (C:F. Fig.2). Figura 2 (A pessoa sente-se inferiorizada). Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histérico, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como atrativo alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância.
  • 11. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA É muito importante considerar a violência emocional produzida pelas pessoas de personalidade histérica, pelo fato dela ser predominantemente encontrada em mulheres, já que, a quase totalidade dos artigos sobre Violência Doméstica dizem respeito aos homens agredindo mulheres e crianças. Esse é um lado da violência onde o homem sofre mais. O traço prevalente é o “histrionismo”, palavra que significa teatralidade. O histrionismo é um comportamento caracterizado dramático e com notável tendência em buscar atenção contínua. Normalmente a pessoa histérica conquista seus objetivos através de um comportamento afetado, exagerado, abundante e por uma representação que varia de acordo com as expectativas da plateia. Mas a natureza do histérico não é só movimento e ação; quando ele percebe que fica calado, recluso, isolado no quarto ou com ares de “não querer incomodar ninguém” é a atitude de maior impacto para a situação, acaba conseguindo seu objetivo comportando-se de essa forma. Através das atitudes histriónicas o histérico consegue impedir os demais membros da família a se distraírem, e a saírem de casa, e coisa do género. Uma mãe histérica, por exemplo, pode apresentar um quadro de severo mal-estar para que a filha e o marido não saiam. A histérica quando lança-se a homens é pior ainda. O homem histérico é a grande vítima e o maior sacrificado, cujo sacrifício faz com que todos se sintam culpados.
  • 12. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou ausente é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A mais violenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar aos outros o tamanho da sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos, quando esses não estão saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em relação às esposas. O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram na casa de banho, quando percebem que está alguém esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando isso é reprovado. Até as pequenas coisinhas do dia-a-dia podem servir aos propósitos agressivos, como deixar uma torneira pingando, apertar a pasta de dentes no meio do tudo e coisas assim. Mas isso não serviria de agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se não fossem intencionais. Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos que depreciam a comida da esposa e, por parte da esposa, que, normalmente se aborrece com algum sucesso ou admiração do marido, ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ele faça.
  • 13. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Esses agressores estão sempre a justificar as atitudes de oposição como se fossem totalmente irrelevantes, como se estivessem corretas, fossem inevitáveis ou não fossem intencionais. “Mas, de fato a comida estava sem sal…, Mas, realmente, fazendo assim ficar melhor…” e coisas do género. Entretanto sabendo que são perfeitamente conhecidas as preferências e estilos de vida dos demais, atitudes irrelevantes e aparentemente inofensivas podem estar sendo propositadamente agressivas. As ameaças de agressão física (ou de morte), bem como as crises de quebra de utensílios, mobílias e documentos pessoais também são consideradas violência emocional, pois não houve agressão física direta. Quando o(a) cônjuge é impedido(a) de sair de casa, ficando trancado(a) em casa também se constitui em Violência psicológica, assim como os casos de controlo excessivo dos gastos da casa impedindo atitudes habituais, como por exemplo, o uso do telefone.
  • 14. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Violência Verbal A violência verbal dá-se normalmente e simultaneamente à violência psicológica. Alguns agressores verbais dirigem sua arma contra outros membros da família, incluindo momentos quando estes estão na presença de outras pessoas estranhas em casa. Em decorrência de sua menor força física e da expectativa da sociedade em relação a violência masculina, a mulher tende-se a especializar na violência verbal mas, de facto, esse tipo de violência não é exclusivo das mulheres. Por razões psicológicas íntimas, normalmente decorrentes de complexos e conflitos, algumas pessoas se utilizam da violência verbal infernizando a vida de outras, querendo ouvir, obsessivamente, confissões e coisas que não fizeram. Atravessam noites nessa tortura verbal sem fim. “Você tem outro(a)...Você olhou para fulano(a)...Confesse, você queria ter ficado com ele (a)” (C.F. Fig.3), e todo tipo de questionário, normalmente argumentados sob o rótulo de um relacionamento que deveria se basear na verdade, ou coisa assim. Figura 3 (Violência verbal mutua de ambas as partes).
  • 15. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA A violência verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, cala-se, fica calado(a) e evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa. Nesses casos a arte do agressor(a) está, exatamente, a demonstrar que tem algo a dizer e não diz. Aparenta estar doente mas não se queixa, mostra estar contrariado(a) “fica bicudo” mas não fala, e assim por diante. Ainda agrava a agressão quando atribui a si a qualidade de “estar quietinho(a) no seu canto”, de não se queixar de nada, causando maior sentimento de culpa. Ainda dentro desse tipo de violência estão os casos de depreciação familiar e do trabalho do outro. Um outro tipo de violência verbal e psicológica diz respeito às ofensas maiores. Maridos e esposas costumam ferir moralmente quando insinuam que o outro tem amantes. Muitas vezes a intenção dessas acusações é mobilizar emocionalmente o(a) outro(a), fazê-lo sentir diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser dado aos comentários depreciativos sobre a copa do(a) cônjuge.
  • 16. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Violência Económica A Violência económica é uma forma de abuso em que um dos parceiros íntimos controla o acesso do outro parceiro a recursos económicos ou aos bens matrimoniais. As formas de violência económica mais comuns são impedir um cônjuge de adquirir a recursos, limitando aquilo que a vítima pode comprar ou usar, ou explorar os recursos económicos da vítima (C.F. Fig. 4). Figura 4 (O/A seu/sua parceiro/a controla os gatos económicos da outra pessoa). São também formas de violência económica forçar ou pressionar um membro da família a assinar documentos, a vender bens ou alterar um testamento.
  • 17. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA São também formas de violência económica forçar ou pressionar um membro da família a assinar documentos, a vender bens ou alterar um testamento. A violência económica diminui a capacidade de sustento da vítima, tornando-a dependente do agressor para aceder ao ensino, emprego, progressão na carreira e aquisição de bens. O agressor pode fazer com que a vítima fique dependente de uma mesada, o que lhe permite controlar quanto dinheiro gasta ou impedir gastos sem o seu consentimento. Em alguns casos, a vítima acumula uma dívida económica para com o agressor e em outros casos o agressor esgota as poupanças da vítima. Em muitos casos, a discordância da vítima com a forma como o dinheiro é gasto pode resultar em retaliação com violências físicas, sexuais ou psicológicos. Nas regiões do mundo em que as mulheres dependem do rendimento do marido para sobreviver, devido à falta de oportunidades e de segurança social, a violência económica pode ter consequências muito graves e está associado a má nutrição entre as mulheres e crianças.
  • 18. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Violência Sexual A Organização Mundial de Saúde define violência sexual como qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual, abordagens ou comentários de aspeto sexual indesejados ou tráfico sexual direcionados contra determinada pessoa por meio de pressão (C.F. Fig. 5). Figura 5 (Pessoa mais velha que abusa de um menor). A definição engloba ainda os testes de virgindade obrigatórios e mutilação genital feminina. Para além das tentativas de iniciar um ato sexual por via da força, está-se na presença de abuso sexual nas situações em que a vítima é incapaz de compreender a natureza do ato, incapaz de recusar a participação ou incapaz de comunicar consentimento. Isto pode dever-se a imaturidade, menoridade, doença, influência de álcool ou drogas, intimidação ou pressão da vítima.
  • 19. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Em muitas culturas, as vítimas de violação são consideradas fonte de "desonra" ou "vergonha" pelas respetivas famílias e são posteriormente vítimas de violência familiar, como é o caso dos homicídios por honra, principalmente nos casos em que a violação resulta numa gravidez. A OMS define mutilação genital feminina como qualquer procedimento que envolva a remoção total ou parcial dos órgãos genitais femininos, ou qualquer lesão a esses órgãos por razões que não médicas. Este procedimento foi realizado a mais de 125 milhões de mulheres vivas e concentra-se sobretudo em 29 países de África e do Médio Oriente. O incesto é uma forma de violência sexual familiar, correspondendo ao contacto sexual entre um adulto e uma criança. Em algumas culturas, são praticadas formas ritualizadas de abusos sexuais em crianças com o conhecimento e consentimento das famílias, nas quais a criança é induzida a praticar atos sexuais com adultos em troca de bens ou dinheiro. Por exemplo, em algumas tribos do Malauí, os pais combinam com um homem mais velho a iniciação sexual das filhas. A Convenção do Conselho da Europa para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e os Abusos Sexuais foi o primeiro tratado internacional para combater os abusos sexuais infantis que ocorram no contexto familiar ou doméstico.
  • 20. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA A pressão reprodutiva são ameaças ou atos de violência contra os direitos reprodutivos, saúde e capacidade de decisão do parceiro sobre esses temas. As formas mais comuns de força reprodutiva são os comportamentos com o objetivo de pressionar ou coagir o parceiro a iniciar ou terminar uma gravidez. A pressão reprodutiva está associada à violação conjugal, ao medo ou incapacidade de decidir sobre o uso de contracetivos, ao medo de violência ao recusar atos sexuais e à interferência abusiva do parceiro no acesso a cuidados de saúde. Em algumas culturas, o matrimónio pressupõe uma obrigação social das mulheres em terem filhos. A definição de violência sexual da OMS inclui casamento forçado, domesticidade forçada e gravidez forçada, incluindo a prática de levirato. O levirato é um tipo de casamento em que uma viúva é obrigada a casar com o irmão do falecido marido. A violação conjugal é o contacto sexual não consensual do agressor contra um parceiro ou cônjuge. Trata-se de uma forma de violência sexual sub-reportada e com poucos casos na justiça, devido em parte à crença social que ao casar-se a pessoa oferece consenso irrevogável ao parceiro para atos sexuais sempre que este o deseje. Durante séculos tolerados ou ignorada pela lei e pela sociedade, a violação conjugal é totalmente repudiada e combatida por convenções internacionais, sendo em 2006 um crime em pelo menos 104 países.
  • 21. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Perseguição A perseguição consiste num conjunto de ações repressivas realizadas por um grupo específico sobre outro, do qual se demarca por determinadas características (C.F. Fig. 6) religiosas, culturais, políticas ou étnicas. Figura 6 (É perseguido/a por uma outra pessoa). O cenário mais comum consiste na opressão de um grupo por parte de outro contentor do poder, já que o inverso é, na maior parte dos casos, muito improvável. Alguns autores consideram os apartheids, na África do Sul e Israel, como exceções, ainda que, rigorosamente, o termo que melhor se aplique a esta realidade, assistida entre nações, seja discriminação na África do Sul, enquanto que, no Oriente Médio, outro motivo.
  • 22. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA A perseguição implica a proibição oficial de determinadas ideologias e/ou crenças por parte dos poderosos, de modo a não permitir o desenvolvimento de uma resistência no grupo perseguido que, consequentemente, é considerado perigoso, subversivo, violento ou capaz de obter poder e, assim, ameaçar o status que adquirido, no caso de Israel. Por vezes, elementos da maioria perseguidora (mesmo que não concordem, pessoalmente, com a perseguição) são alvo de represálias por parte da minoria, o que origina um círculo vicioso gerador de violência e serve como justificação para os atos persecutórios da maioria, também no caso de Israel.
  • 23. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Causas Ciclos de violência Uma característica comum entre os agressores de violência doméstica é o facto de terem sido testemunhas de abuso durante a infância, reproduzindo esse comportamento na idade adulta. Em termos técnicos, diz-se que são participantes em ciclos de violência intergeracional. Compreender e quebrar este ciclo tem mais impacto na diminuição da violência doméstica do que as medidas para gerir os abusos. Alguns estudos sugerem que as experiências adquiridas ao longo da vida influenciam a tendência de uma pessoa se envolver em violência doméstica, tanto no papel de vítima como de agressor. Os investigadores que apoiam esta teoria indicam três fontes de violência doméstica: socialização durante a infância, experiências anteriores em relacionamentos durante a adolescência e níveis de pressão no momento presente. As pessoas que testemunharam abusos entre os pais ou que foram elas próprias abusadas, podem em adultos adotar o mesmo tipo de comportamento nos seus relacionamentos.
  • 24. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Os castigos corporais recebidos durante a infância estão associados a uma maior probabilidade de essa pessoa, quando atinge a idade adulta, agir de forma violenta em relação a familiares ou parceiros íntimos, de achar normal bater num parceiro, de estar na origem de conflitos matrimoniais e de manifestar irritação generalizada. Embora esta associação não prove que são a causa de violência doméstica, existem vários estudos longitudinais que sugerem que receber castigos físicos tem um efeito causal direto em padrões posteriores de comportamento agressivo e anti- social. Em algumas sociedades patrilineares, após o matrimónio a noiva passa a viver com a família do marido. Isto faz com que tenha o estatuto social mais baixo entre o agregado familiar, sendo frequentemente sujeita a abusos por parte dos sogros. Este sistema familiar tende a criar um ciclo de violência, em que a mulher perpetua os abusos a que foi sujeita enquanto noiva assim que ela própria torna-se sogra.
  • 25. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Psicológica As teorias que explicam as causas psicológicas da violência doméstica focam-se nos traços de personalidade e nas características mentais do agressor. Entre os traços de personalidade associados à violência doméstica estão explosões súbitas de raiva, falta de capacidade em controlar os impulsos e baixa auto-estima. Entre os agressores há uma elevada incidência de psicopatologias. Cerca de 80% dos agressores presentes a tribunal apresentam perturbações de personalidade, valor que pode chegar aos 100% nos casos de violência mais graves. Na população em geral, a percentagem é de apenas 15-20%. Os estudos de psicologia evolucionista explicam a violência doméstica como consequência de mecanismos psicológicos destinados a manter a hierarquia. A agressividade nos homens é desencadeada por contextos em que o agressor sente o seu estatuto ameaçado, como quando descobre uma relação extraconjugal ou nos casos em que o cônjuge é mais bem-sucedido em termos financeiros. A violência doméstica corresponde à tentativa, por parte do homem, de controlar a reprodução feminina e de garantir exclusividade sexual.
  • 26. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Sociais As teorias sociais analisam fatores externos no ambiente do agressor, como a estrutura familiar, estresse e aprendizagem social. A teoria da aprendizagem social estuda o processo de aquisição de novos comportamentos a partir da observação e imitação de outras pessoas. Quando uma pessoa testemunha comportamento violento, está mais suscetível a imitá-lo. A probabilidade de o agressor manter esse comportamento é maior quando existe reforço positivo ou quando não existem consequências negativas e a vítima aceita submissivamente a violência. A dependência económica do agressor faz com que a vítima tenha receio das consequências financeiras ao abandonar a relação tóxica. Os grupos mais vulneráveis são os não empregados, desempregados, inválidos e mulheres com filhos. A dependência faz com que tenham menos opções e recursos para enfrentar ou alterar o comportamento do agressor. Existe uma correlação entre delinquência juvenil e violência doméstica em adulto. Nos casais em que há uma partilha igualitária de poder verifica-se uma menor incidência de conflitos e, quando surgem conflitos, existe uma menor probabilidade de se recorrer à violência. As situações de abuso e violência doméstica têm origem nos casos em que um dos cônjuges ambiciona ter controlo e poder na relação. O abuso doméstico pode incluir coerção, ameaças, intimidação, abuso psicológico, abuso económico, isolamento, desvalorização e culpabilização do cônjuge, uso dos filhos para chantagem emocional e comportamento dominante.
  • 27. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Tensões sociais A incidência de violência doméstica é maior entre famílias e casais em situação de precaridade económica. As tensões sociais, como o desemprego, aumentam a tensão e os conflitos entre as famílias. Embora a violência nem sempre seja causada por estresse, algumas pessoas respondem ao stress de forma violenta. Alguma investigação sugere também que a precariedade e a incapacidade de sustentar a família diminui a noção de masculinidade de alguns homens, o que os faz recorrer a misoginia, abuso de substâncias ou crime como forma de exprimir essa masculinidade. No caso das relações homossexuais, a homofobia generalizada é uma tensão social adicional que contribui para diminuir a auto-estima e aumentar a ira, tanto no agressor como na vítima.
  • 28. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Comportamento controlador Um relacionamento abusivo é aquele em que um dos membros recorre a estratégias abusivas de poder e controlo para dominar a relação, como abusos físicos, sexuais, psicológicos ou económicos. O agressor tenta exercer controlo sobre todos os aspetos da vida da vítima, incluindo decisões sociais, pessoais, profissionais e financeiras.
  • 29. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Consequências Físicas Entre as consequências físicas mais comuns de episódios agudos de violência doméstica que requerem cuidados médicos estão ferimentos, ossos partidos, lesões na cabeça, lacerações e hemorragias internas. As mulheres grávidas vítimas de violência doméstica apresentam maior risco de aborto espontâneo, parto pré-termo e lesões ou morte do feto. A exposição a violência doméstica ou qualquer outra forma de abusos está fortemente associada a uma maior incidência de doenças crónicas, de comportamentos de risco e menor esperança de vida. Entre as consequências físicas mais comuns a longo prazo de vítimas de abuso prolongado estão a artrite, síndrome do cólon irritável, dor crónica, dor pélvica, úlceras e dores de cabeça. As mulheres em relacionamentos abusivos apresentam ainda um risco significativamente superior de contrair VIH/SIDA, devido à dificuldade em dialogar com o agressor sobre sexo seguro, à dificuldade em convencer o parceiro a realizar exames quando suspeitam de VIH e ao facto de serem muitas vezes forçadas a ter relações sexuais contra a sua vontade.
  • 30. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Psicológica Em muitos casos de violência doméstica, os agressores induzem as vítimas a sentirem-se culpadas pela violência, sujeitam-nas a críticas constantes e fazem com que se sintam inúteis. Este padrão faz com que a depressão e o risco de suicídio sejam comuns entre as vítimas. Estima-se que cerca de 60% das vítimas de violência doméstica cumpram os critérios de diagnóstico de depressão nervosa. Em muitos casos, as sequelas psicológicas e o risco de suicídio persistem durante muito tempo, mesmo após a relação abusiva ter terminado, pelo que se recomenda à vítima recorrer a psicoterapia. Para além da depressão, as vítimas de violência doméstica manifestam a longo prazo ansiedade e pânico, sendo provável que cumpram os critérios de diagnóstico para perturbação de ansiedade e perturbação de pânico. A sequela psicológica mais comum da violência doméstica é a perturbação de stress pós-traumático. Esta condição é caracterizada por flashbacks, imagens intrusivas, reações de alarme, pesadelos e evasão dos estímulos associados ao abuso.
  • 31. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Financeiras Em muitas relações abusivas, o agressor limita o acesso da vítima a oportunidades de emprego com o intuito de a tornar economicamente dependente de si. Nos casos em que a vítima trabalha, a violência doméstica interfere no desempenho laboral da vítima e na sua relação com os colegas de trabalho. Nos casos de abuso económico, quando a vítima se afasta da relação com o agressor, é comum sentir-se chocada com a dimensão da autonomia que perdeu durante o abuso. A vítima geralmente possui muito poucos recursos económicos próprios e poucas pessoas a quem pode pedir ajuda. Esta realidade é não só um dos principais obstáculos que enfrentam as vítimas, mas também o principal factor que as faz ter receio de ser afastar do agressor. Em muitos casos, os sobreviventes de violência doméstica também não possuem a formação, competências ou experiência necessárias para encontrar emprego suficientemente remunerado. Este factor é ainda mais grave nos casos em que têm filhos a seu cargo e existe um risco significativo de se verem obrigadas a viver na rua. Embora em muitos países existam abrigos e redes de apoio a vítimas de violência doméstica, em muitos casos a lista de espera é significativa e não têm capacidade de resposta para a procura.
  • 32. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Familiares As crianças expostas a abusos domésticos durante a infância apresentam um risco acrescido de vir a desenvolver problemas psicológicos e comportamentais. Assistir a violência doméstica também tem geralmente impacto negativo no desenvolvimento emocional, social, comportamental e cognitivo da criança. Em alguns casos, o agressor agride deliberadamente o cônjuge na presença dos filhos de modo a atingir duas vítimas em simultâneo. As crianças que intervêm quando assistem a violência extrema contra um dos pais apresentam maior risco de lesões ou morte. As crianças que testemunham agressões à mãe têm maior probabilidade de manifestar sintomas de Estresse pós- traumático. As consequências são ainda mais graves quando a mãe agredida manifesta ela própria stresse pós- traumático e não procura tratamento devido à dificuldade em lidar com a situação. Entre os problemas emocionais e comportamentais que resultam da exposição a violência doméstica durante a infância estão o aumento da agressividade, ansiedade e perturbações na forma como a criança socializa com os amigos, família e figuras de autoridade. As experiências traumáticas durante a infância podem estar na origem de depressão, insegurança emocional e perturbações mentais. Na escola, a criança pode começar a manifestar problemas de atitude e de cognição, a par de incapacidade em resolver problemas. A exposição a abusos e negligência durante a infância está correlacionada com a prática de violência doméstica e abuso sexual em adulto.
  • 33. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Combate e Prevenção O combate à violência doméstica é feito mediante a prestação de cuidados médicos, pela aplicação de leis que protejam a vítima, aconselhamento psicológico e outras formas de prevenção e intervenção. É comum que os participantes em episódios de violência doméstica necessitem de tratamento médico, quer primário quer de urgência. Uma das principais formas de prevenção é a existência de legislação que assegure a proteção das vítimas. A Organização Mundial de Saúde salienta que em muitos países são necessárias reformas no sentido de revogar leis que discriminam as mulheres. Nos países em que a lei permite ao marido disciplinar a mulher, qualquer programa de sensibilização para a violência terá pouco impacto. A OMS salienta ainda que na prevenção de violência doméstica é essencial que as leis permitam à mulher entrar e sair livremente de um casamento, obter crédito financeiro e possuir e administrar bens. A ONU Mulheres salienta a importância de abolir a prática de dote e de compra da esposa, de modo a que o agressor não possa usar o valor que pagou como defesa contra acusações de violência doméstica. Outra das principais estratégias de prevenção de violência doméstica é a promoção de relacionamentos não violentos e com base no respeito mútuo. As normas sociais que promovem a inferioridade as mulheres podem levar ao abuso das mulheres pelo cônjuge.
  • 34. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA A OMS salienta que a abolição de normas sociais de género baseadas na desigualdade e no controlo do homem sobre a mulher é um contributo essencial para prevenir violência sexual e íntima. As crianças que crescem em lares violentos tendem a acreditar que a violência doméstica é uma situação normal na vida, pelo que se recomenda desde muito cedo contrariar este quadro de pensamento. Uma medida de prevenção eficaz são os programas de intervenção precoce, como os que são implementados nas escolas para prevenir a violência no namoro. Muitas vítimas de violência doméstica desvaloriza ou não têm consciência da gravidade da situação em que se encontram. O aconselhamento psicológico das vítimas permite avaliar a presença, dimensão e tipos de abuso. A avaliação da perceção de letalidade pode ajudar a determinar o melhor tratamento e ajudar a vítima a reconhecer comportamentos perigosos e formas mais subtis de abuso na sua relação. O aconselhamento permite ainda elaborar um plano de segurança, que permite à vítima antever e lidar com situações potencialmente perigosas. O aconselhamento psicológico pode ainda ajudar os agressores a diminuir o risco de incorrerem novamente em violência doméstica. Em vários países, os condenados por crimes de violência doméstica frequentam programas de terapia comportamental e educação psicológica, embora exista um debate sobre a eficácia destes programas.
  • 35. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Sociedade e Cultura Perspetivas sociais Embora as perspetivas sociais sobre a violência doméstica variem de pessoa para pessoa e de região para região, na generalidade o conceito é de difícil assimilação fora do mundo Ocidental. Isto deve-se ao facto de nestes países a relação entre marido e mulher não ser considerada igualitária, mas sim uma em que a mulher se deve submeter ao marido. Em muitos países, esta submissão está explícita na própria lei, que determina situações em que a mulher necessita de autorização do marido. Grande parte da população de vários países vê a violência contra a mulher como aceitável ou justificada, principalmente quando existe suspeita de adultério ou quando a mulher se recusa a ser subserviente. A culpabilização da vítima é o ato de considerar a vítima a responsável pelo crime. É um fenómeno prevalente em muitas sociedades, incluindo nos países ocidentais. Nestas culturas, a violência contra a mulher não é vista pela sociedade como uma forma de abuso, mas sim como uma resposta aceitável a comportamentos da vítima que alegam ser inapropriados. Em algumas regiões, os homicídios por honra são aprovados por uma elevada percentagem da sociedade.] Em culturas conservadoras, uma mulher que não se vista de acordo com o que a sociedade considera discreto pode ser vítima de violência grave por parte do marido ou de familiares, ao mesmo tempo que essa violência é vista pela mesma sociedade como aceitável ou justificável. Outra causa de impunidade do agressor é a perspetiva, existente em algumas sociedades, de que os casos de violência doméstica devem ser resolvidos com reconciliação e não com a aplicação da lei.
  • 36. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Religião Existe alguma controvérsia no que diz respeito à influência da religião na violência doméstica. Embora nenhuma religião defenda abertamente a violência contra mulheres, existem casos de escrituras retiradas do contexto de forma a apoiar discriminação contra mulheres dentro de uma comunidade. Por outro lado, os líderes religiosos podem ter um papel importante na prevenção e combate à violência doméstica, ao apoiar as vítimas e ao oferecer ao agressor aconselhamento e informações sobre opções de tratamento. Em termos históricos, tanto judaísmo, cristianismo como islamismo têm apoiado a noção de que os agregados familiares devem ser liderados pelos homens. A Igreja Católica tem sido alvo de críticas pela oposição ao divórcio, acorrentando vítimas de violência em casamentos abusivos. Embora alguns autores afirmam que o Islamismo tem uma forte relação com a violência contra mulheres, particularmente nos casos de homicídios por honra, outros argumentam que são o domínio do homem e o estatuto inferior da mulher nas sociedades islâmicas que estão na origem destes atos, e não a religião em si.
  • 37. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Costumes e tradições Os costumes e tradições locais associados são muitas vezes responsáveis por perpetuar algumas formas de violência doméstica. A tradição do dote é uma das principais causas de violência contra a mulher em todo o mundo. A preferência por filhos do sexo masculino, comum em muitas regiões da Ásia, leva frequentemente a que as filhas sejam abusadas ou negligenciadas por não corresponderem às expectativas dos pais. O sistema de castas, comum na Índia, estigmatiza as castas inferiores, o que legitima a discriminação e restrição de oportunidades para as mulheres, tornando-as vulneráveis a abusos. As limitações à forma da mulher se vestir, presentes em muitas culturas, são frequentemente impostas pelos membros da família com recurso à violência. O costume de exigir à noiva virgindade até ao casamento está na origem de violência contra mulheres que não se conformem. Alguns tabus sobre menstruação levam ao isolamento e humilhação das mulheres durante o período menstrual. A violação conjugal é frequentemente justificada pelo agressor como um direito matrimonial.
  • 38. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA A mutilação genital feminina é uma tentativa de controlar a sexualidade da mulher. Nos países em que a polícia e as autoridades têm a reputação de corrupção e práticas abusivas, as vítimas de violência doméstica sentem-se frequentemente relutantes em apresentar queixa ou pedir formalmente ajuda. Os casamentos forçados e casamentos infantis estão associados a uma elevada incidência de violência doméstica. Um casamento forçado é um casamento em que um ou ambos os membros são casados sem que ambos o tenham consentido de forma livre, sendo muitas vezes decidido pela família à nascença. Um casamento infantil é um casamento em que um dos membros tem menos de 18 anos de idade. Estes casamentos estão associados não só a uma maior violência conjugal perpetrada pelo agressor, como também à violência e tráfico associados ao pagamento de dote, e aos homicídios por honra nos casos de recusa por parte das vítimas.
  • 39. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Análise dos gráficos sobre os inquéritos Qual a sua idade? Na escola Profissional da Serra da Estrela, 41% são alunos entre 14 a 17 anos, 33% são alunos entre 18 e 22 anos, 1% são professores entre 23 e 29 anos, 20% são professores e funcionários (as) entre 30 aos 40 e 4% são professores e funcionários entre 50 ou mais. Podemos concluir que na nossa escola existem mais alunos com idade entre os 14 e os 17.
  • 40. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Qual o seu sexo? Na nossa escola verificámos que existem mais raparigas que rapazes, pois são 54% de raparigas enquanto são apenas 46% de rapazes.
  • 41. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Conhece alguém que sofreu ou sofre de violência doméstica? Cerca de 68% das pessoas não conhecem ninguém que tenha sofrido de violência doméstica, mas 30% conhecem pessoas que sofrem de violência e 2% das pessoas preferiram não responder.
  • 42. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Se conhece, que tipo de violência(s) que foi/foram praticada(s) com a vítima? 28% foram sujeitas a violência física e violência psicológica, 25% sofreram de violência verbal, 5% sofreram de violência económica, 10% sofreram violência sexual e 6% sofreram de perseguição. Podemos assim concluir que maior parte das pessoas que os alunos, professores e funcionários conhecem sofreram de violências física, psicológica e verbal.
  • 43. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Em que entidade fez ou faria a sua denúncia? 46% das pessoa fariam a denúncia na GNR, 15% na polícia judiciária, 3% no tribunal, 6% na segurança social, 29% na APAV e 1% das pessoa não respondeu.
  • 44. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Pensa que o(a) agressor(a) deve ser denunciado? Os alunos, professores e funcionários da nossa escola responderam que numa escala de 1 a 5 (nunca - sempre) os agressores deveriam ser denunciados sempre que cometam o crime de violência doméstica.
  • 45. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Nos casos que conhece, sabe se o(a) agressor(a) foi denunciado? Nos casos que os alunos, professores e funcionários conhecem, e sabem se o(a) agressor(a) foi denunciado(a), 53% não respondeu, 27% responderam que NÃO sabem se o agressor foi denunciado e 20% respondeu que SIM, foram denunciados (as).
  • 46. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Nos casos que conhece, sabe se o(a) agressor(a) teve punição judicial? Nos casos que os alunos, professores e funcionários conhecem, e sabem se o(a) agressor(a) teve punição, 44% não respondeu, 43% disseram que NÃO teve punição judicial e 13% respondeu que SIM, teve punição judicial.
  • 47. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Sofre ou sofreu de violência doméstica? Na escola Profissional da Serra da Estrela, podemos concluir que houve uma maior percentagem de pessoas que não sofreram de Violência Doméstica, pois 89% das pessoas responderam que “Não”, enquanto 7% responderam “Sim” e 4% “Não respondeu”.
  • 48. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Se sofreu, qual o tipo de violência (s) que foi/foram praticada (s)? 22% foram sujeitas a violência física, 30% sofreram de violência verbal e psicológica, 4% sofreram de violência sexual, 4% sofreram de violência económica e 9% sofreram de perseguição. Podemos assim concluir que maior parte dos alunos, professores e funcionários sofreram de violências verbal e psicológica.
  • 49. Curso Profissional de Instrumentista de Sopro e Percussão ESCOLA PROFISSIONAL DA SERRA DA ESTRELA Conclusão A violência doméstica existe em todo o mundo e atinge todas as classes sociais. É o sintoma mais visível da desigualdade de poderes nas relações entre homens e mulheres. A violência doméstica é um crime previsto na lei cabo-verdiana, uma violação grave dos direitos humanos. O seu combate é uma responsabilidade de toda a sociedade. Não fechemos os olhos para a violência doméstica, ajudemos as vítimas de violência doméstica a quebrarem o silêncio.