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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA 
MICROBIOLOGIA CLÍNICA 
Infecções do Trato Gastrintestinal 
Profª Cláudia de Mendonça Souza
Infecções do Trato Gastrintestinal 
Diarréia – liberação anormal de fezes. Perda de fluidos 
e eletrólitos. 
Disenteria – distúrbio inflamatório, geralmente 
associado a sangue e pus (fezes) e acompanhados de 
dor, febre, cólicas. 
Gastroenterite - sintomas gastrintestinais como 
náuseas, vômitos, diarréia e dores abdominais.
Agentes etiológicos 
Bactérias – Vírus – Parasitas - Fungos 
Escherichia coli 
Salmonella 
Shigella 
Yersinia enterocolitica 
Campylobacter 
Vibrio cholerae 
Vibrio parahaemolyticus 
Staphylococcus aureus 
Bacillus cereus 
Clostridium botulinum 
Enterobactérias 
Intoxicação 
alimentar
Infeçções Gastrintestinais 
 Diarréia é a conseqüência mais comum da infecção do 
trato gastrintestinal 
• Principal causa de mortalidade infantil (países em desenvolvimento) 
• Varia de branda e autolimitada até a grave, com desidratação e morte 
• Transmissão: via fecal-oral 
Infecções locais 
Infecções sistêmicas 
Multiplicação por microrganismos 
e produção de toxinas (restrita ao 
trato gastrointestinal) 
Invasão pelos 
microrganismos ou 
absorção de toxinas 
A quantidade de 
microrganismos ingeridos e 
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fatores críticos no 
estabelecimento da infecção
Infeçções Gastrintestinais 
Escherichia coli (maior causa de diarréia bacteriana) 
06 patotipos: diferentes mecanismos de patogenicidade 
 E. coli enteropatogênia (EPEC) 
 E. coli enterotoxigênica (ETEC) 
 E. coli entero-hemorrágica (EHEC) 
 E. coli enteroinvasiva (EIEC) 
 E. coli enteroagregativa (EAEC) 
 E. coli produtora de aderência difusa (DAEC) 
E. coli em ágar Macconkey
Grupo Patogênico Sintomas Epidemiologia Diagnóstico 
Laboratorial 
E. coli enteropatogênica (EPEC) 
“Lesão em pedestal” 
(microvilosidades intestinais) 
Vômitos, febre, 
diarréia com muco 
Pertencem a sorotipos O:H 
específicos 
Causam surtos de infecção 
em crianças < 1 ano 
-Cultura 
- Sorotipagem com anti-soro 
polivalentes e 
monovalentes 
- Adesão à cultura de 
células 
- Testes moleculares 
(genes de virulência) 
E. coli enterotoxigênica (ETEC) 
Toxina semelhante á do V. 
cholerae 
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profunda 
Crianças > 2 anos e adultos 
(diarréia dos viajantes) 
- Cultura 
- Imunoensaios para 
detecção de toxinas 
- Sondas genéticas 
(genes da LT e ST) 
E. coli entero-hemorrágica 
Produtora de verotoxina/shiga-like 
toxina (EHEC/STEC) 
Diarréia aquosa, 
sanguinolenta 
febre, dor 
abdominal 
Sorotipo O:157-H7 é o mais 
importante 
Distribuição mundial; 
reservatórios animais 
Pode causar SHU 
- Cultura 
- Teste bioquímico 
(sorbitol negativa) 
- Imunoensaios e testes 
moleculares para 
detecção da toxina 
E. coli enteroinvasiva (EIEC) Diarréia com 
sangue e muco 
Importante em áreas com 
higiene deficitária 
- Cultura 
- Testes para avaliação 
de invasão 
- Testes moleculares 
(genes de invasão) 
E. coli enteroagregativa (EAEC) 
E. coli produtora de aderência 
difusa (DAEC) 
Diarréia infantil, 
países em 
desenvolvimento 
Ligação característica à 
cultura de células 
- Cultura de células 
(visualização do padrão 
de adesão: EAEC, “pilha 
de tijolo”; DAEC, difusa)
Micrografia eletrônica de E. coli 
enteropatogênica (EPEC) aderindo á borda 
das células intestinais, Com destruição 
localizada das microvilosidades: ”Lesão 
em pedestal”. 
Fonte: Mims – 3ª ed.
Atualizado em 2 de junho, 2011 - 09:56 (Brasília) 12:56 
GMT 
EUROPA 
Bactéria causadora de surto de infecções intestinais é 
desconhecida, diz OMS 
Bactéria teria genes de dois subtipos diferentes de E.coli: 
E.coli enteroagregativa (EAEC) e E.coli enterohemorrágica 
(EHEC). 
Mais de 1.500 pessoas já desenvolveram graves infecções 
gastrointestinais provocadas pela bactéria, e 17 pessoas 
morreram – 16 na Alemanha e uma na Suécia. 
Surto de Síndrome Hemolítico-Urêmica associado a 
E. coli O104:H4, produtora da toxina shiga, na 
Alemanha. Mais de 800 casos de SHU.
Salmonella (bacilo Gram -) 
• Causa mais comum de diarréia associada a alimentos em países 
desenvolvidos 
• 3 espécies: Salmonella enterica (6 subespécies), Salmonella 
bongori e Salmonella subterrânea. Mais de 2.500 sorotipos 
• Antígenos: O (parede celular) e H (flagelar) 
• Amplo reservatório animal 
• Dificuldades na erradicação (S. Typhi e S. Paratyphi: humanos 
únicos reservatórios). Estado de portador pode durar por várias 
semanas, meses ou anos (“Mary Typhoid”). 
• S. Enteritidis e S. Choleraesuis (podem tornar-se invasivas em 
pacientes com predisposições particulares – crianças, pacientes 
com câncer ou anemia falciforme) 
• Pode ocorrer disseminação hematogênica (osteomelite, 
pneumonia, meningite): antibioticoterapia.
Shigella (bacilo Gram -) 
 Causa quadros de disenteria bacilar (invasão do intestino grosso, com 
presença de pus e sangue nas fezes) 
 Dose infectante baixa (10-100 microrganismos) 
 Dependendo da espécie envolvida os sintomas variam de leves a 
graves: 
o S. sonnei (leves) 
o S. flexneri e S. Boydii (graves) 
o S. dysenteriae (produtora da toxina Shiga; 
doença mais grave) 
 A shigelose é primariamente uma doença pediátrica 
 Não existem reservatórios animais 
Shigella em ágar Macconkey 
 Disseminação principal: pessoa a pessoa, via fecal-oral Situações 
onde saneamento e higiene pessoais são deficientes 
 Antibióticos não são recomendados (exceto nas infecções graves)
Campylobacter 
• Bacilos Gram-negativos em forma de “S” 
• Uma das caudas mais comuns de diarréia em humanos C. jejuni 
• Crescem bem a 42ºC; exigem meio de cultura especial 
• Amplo reservatório animal (ovinos, bovinos, roedores, aves) 
•A diarréia causada por Campylobacter é clinicamente semelhante àquela 
causada por Salmonela e Shigella. Causa bastante comum. 
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•Período de incubação mais prolongado (48h), microaerofilia 
•Bacteremia em neonatos e adultos debilitados são relativamente 
comuns 
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Vibrio cholerae Comunidades com suprimento 
inadequado de água potável e 
saneamento impróprio 
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Vibrionaceae 
 Bacilos Gram negativos, em forma de vírgula; móveis, oxidase 
positivos 
 Habitat aquático (vida livre) 
 Transmissão: água ou alimentos contaminados 
 Produtores de enterotoxina: hipersecreção de eletrólitos e água 
 Infecção humana: gastroenterite - diarréia aquosa e vômito (2-3 dias 
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doença grave 
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• Tratamento: reposição de líquidos e eletrólitos. A terapia 
antimicrobiana (tetraciclina – menor tempo de excreção) 
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Yersina enterolitica (bacilo Gram -) 
• Causa de infecção associada a alimentação 
• Mais comum nos EUA e Europa. Menos frequente no Brasil 
• Crescimento entre 22-25ºC, podendo crescer lentamente a 4ºC 
• Reservatórios animais (roedores, porcos, carneiros, bovinos, 
cavalos e animais domésticos) 
• Diarréia sanguinolenta, cólicas abdominais e febre (1-2 
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contaminantes presentes no alimento antes do consumo 
 S. aureus, B. cereus, C. botulinum 
Toxinas 
resistentes ao 
calor e a ação 
de enzimas 
digestivas 
Toxinas resistentes 
ação de enzimas 
digestivas, porém 
podem ser inativadas 
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Botulismo infantil e de 
feridas: os 
microrganismos são 
ingeridos ou fixados na 
ferida, multiplicam-se e 
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Bactéria Gram-negativa espiralada 
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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA MICROBIOLOGIA CLÍNICA Infecções do Trato Gastrintestinal Profª Cláudia de Mendonça Souza
  • 2. Infecções do Trato Gastrintestinal Diarréia – liberação anormal de fezes. Perda de fluidos e eletrólitos. Disenteria – distúrbio inflamatório, geralmente associado a sangue e pus (fezes) e acompanhados de dor, febre, cólicas. Gastroenterite - sintomas gastrintestinais como náuseas, vômitos, diarréia e dores abdominais.
  • 3. Agentes etiológicos Bactérias – Vírus – Parasitas - Fungos Escherichia coli Salmonella Shigella Yersinia enterocolitica Campylobacter Vibrio cholerae Vibrio parahaemolyticus Staphylococcus aureus Bacillus cereus Clostridium botulinum Enterobactérias Intoxicação alimentar
  • 4. Infeçções Gastrintestinais  Diarréia é a conseqüência mais comum da infecção do trato gastrintestinal • Principal causa de mortalidade infantil (países em desenvolvimento) • Varia de branda e autolimitada até a grave, com desidratação e morte • Transmissão: via fecal-oral Infecções locais Infecções sistêmicas Multiplicação por microrganismos e produção de toxinas (restrita ao trato gastrointestinal) Invasão pelos microrganismos ou absorção de toxinas A quantidade de microrganismos ingeridos e seus fatores de virulência são fatores críticos no estabelecimento da infecção
  • 5. Infeçções Gastrintestinais Escherichia coli (maior causa de diarréia bacteriana) 06 patotipos: diferentes mecanismos de patogenicidade  E. coli enteropatogênia (EPEC)  E. coli enterotoxigênica (ETEC)  E. coli entero-hemorrágica (EHEC)  E. coli enteroinvasiva (EIEC)  E. coli enteroagregativa (EAEC)  E. coli produtora de aderência difusa (DAEC) E. coli em ágar Macconkey
  • 6. Grupo Patogênico Sintomas Epidemiologia Diagnóstico Laboratorial E. coli enteropatogênica (EPEC) “Lesão em pedestal” (microvilosidades intestinais) Vômitos, febre, diarréia com muco Pertencem a sorotipos O:H específicos Causam surtos de infecção em crianças < 1 ano -Cultura - Sorotipagem com anti-soro polivalentes e monovalentes - Adesão à cultura de células - Testes moleculares (genes de virulência) E. coli enterotoxigênica (ETEC) Toxina semelhante á do V. cholerae Diarréia aquosa profunda Crianças > 2 anos e adultos (diarréia dos viajantes) - Cultura - Imunoensaios para detecção de toxinas - Sondas genéticas (genes da LT e ST) E. coli entero-hemorrágica Produtora de verotoxina/shiga-like toxina (EHEC/STEC) Diarréia aquosa, sanguinolenta febre, dor abdominal Sorotipo O:157-H7 é o mais importante Distribuição mundial; reservatórios animais Pode causar SHU - Cultura - Teste bioquímico (sorbitol negativa) - Imunoensaios e testes moleculares para detecção da toxina E. coli enteroinvasiva (EIEC) Diarréia com sangue e muco Importante em áreas com higiene deficitária - Cultura - Testes para avaliação de invasão - Testes moleculares (genes de invasão) E. coli enteroagregativa (EAEC) E. coli produtora de aderência difusa (DAEC) Diarréia infantil, países em desenvolvimento Ligação característica à cultura de células - Cultura de células (visualização do padrão de adesão: EAEC, “pilha de tijolo”; DAEC, difusa)
  • 7. Micrografia eletrônica de E. coli enteropatogênica (EPEC) aderindo á borda das células intestinais, Com destruição localizada das microvilosidades: ”Lesão em pedestal”. Fonte: Mims – 3ª ed.
  • 8. Atualizado em 2 de junho, 2011 - 09:56 (Brasília) 12:56 GMT EUROPA Bactéria causadora de surto de infecções intestinais é desconhecida, diz OMS Bactéria teria genes de dois subtipos diferentes de E.coli: E.coli enteroagregativa (EAEC) e E.coli enterohemorrágica (EHEC). Mais de 1.500 pessoas já desenvolveram graves infecções gastrointestinais provocadas pela bactéria, e 17 pessoas morreram – 16 na Alemanha e uma na Suécia. Surto de Síndrome Hemolítico-Urêmica associado a E. coli O104:H4, produtora da toxina shiga, na Alemanha. Mais de 800 casos de SHU.
  • 9. Salmonella (bacilo Gram -) • Causa mais comum de diarréia associada a alimentos em países desenvolvidos • 3 espécies: Salmonella enterica (6 subespécies), Salmonella bongori e Salmonella subterrânea. Mais de 2.500 sorotipos • Antígenos: O (parede celular) e H (flagelar) • Amplo reservatório animal • Dificuldades na erradicação (S. Typhi e S. Paratyphi: humanos únicos reservatórios). Estado de portador pode durar por várias semanas, meses ou anos (“Mary Typhoid”). • S. Enteritidis e S. Choleraesuis (podem tornar-se invasivas em pacientes com predisposições particulares – crianças, pacientes com câncer ou anemia falciforme) • Pode ocorrer disseminação hematogênica (osteomelite, pneumonia, meningite): antibioticoterapia.
  • 10.
  • 11. Shigella (bacilo Gram -)  Causa quadros de disenteria bacilar (invasão do intestino grosso, com presença de pus e sangue nas fezes)  Dose infectante baixa (10-100 microrganismos)  Dependendo da espécie envolvida os sintomas variam de leves a graves: o S. sonnei (leves) o S. flexneri e S. Boydii (graves) o S. dysenteriae (produtora da toxina Shiga; doença mais grave)  A shigelose é primariamente uma doença pediátrica  Não existem reservatórios animais Shigella em ágar Macconkey  Disseminação principal: pessoa a pessoa, via fecal-oral Situações onde saneamento e higiene pessoais são deficientes  Antibióticos não são recomendados (exceto nas infecções graves)
  • 12. Campylobacter • Bacilos Gram-negativos em forma de “S” • Uma das caudas mais comuns de diarréia em humanos C. jejuni • Crescem bem a 42ºC; exigem meio de cultura especial • Amplo reservatório animal (ovinos, bovinos, roedores, aves) •A diarréia causada por Campylobacter é clinicamente semelhante àquela causada por Salmonela e Shigella. Causa bastante comum. •Infecções adquiridas através de alimentos contaminados (aves, leite, água). •Período de incubação mais prolongado (48h), microaerofilia •Bacteremia em neonatos e adultos debilitados são relativamente comuns • Casos graves de diarréia Eritromicina
  • 13. Vibrio cholerae Comunidades com suprimento inadequado de água potável e saneamento impróprio  Espécie de maior relevância do gênero, que pertence à família Vibrionaceae  Bacilos Gram negativos, em forma de vírgula; móveis, oxidase positivos  Habitat aquático (vida livre)  Transmissão: água ou alimentos contaminados  Produtores de enterotoxina: hipersecreção de eletrólitos e água  Infecção humana: gastroenterite - diarréia aquosa e vômito (2-3 dias após ingestão da bactéria)  Cólera V. cholarae em TCBS: ágar Tiossulfato-Citrato-Bile- Sacarose  Sorotipos: O1 (biotipos clássico e El Tor) e O139: (epidemias)
  • 14. • Perda de 1 litro de fluidos por hora durante o pico da doença grave • A dose infectante é alta (>108 UFC/ml) porque muitos microrganismos são mortos pelos ácidos do estômago • Tratamento: reposição de líquidos e eletrólitos. A terapia antimicrobiana (tetraciclina – menor tempo de excreção) reduz a produção de toxina e elimina o microrganismo mais rápido - valor secundário Sem tratamento: 40-60% mortalidade! Fezes com aspecto de “água de arroz”, característica do paciente com cólera
  • 15.
  • 16. Yersina enterolitica (bacilo Gram -) • Causa de infecção associada a alimentação • Mais comum nos EUA e Europa. Menos frequente no Brasil • Crescimento entre 22-25ºC, podendo crescer lentamente a 4ºC • Reservatórios animais (roedores, porcos, carneiros, bovinos, cavalos e animais domésticos) • Diarréia sanguinolenta, cólicas abdominais e febre (1-2 semanas)
  • 17. Intoxicação alimentar  Doenças causadas por toxinas produzidas por bactérias contaminantes presentes no alimento antes do consumo  S. aureus, B. cereus, C. botulinum Toxinas resistentes ao calor e a ação de enzimas digestivas Toxinas resistentes ação de enzimas digestivas, porém podem ser inativadas após 30 min a 80ºC Botulismo infantil e de feridas: os microrganismos são ingeridos ou fixados na ferida, multiplicam-se e produzem a toxina in vivo
  • 18. Clostridium difficile (bacilo Gram +, anaeróbio, formador de esporos) Destruição da microbiota normal (uso de antimicrobianos de amplo espectro) Ingestão de esporos presentes no ambiente hospitalar Multiplicação do C. difficile: Colite pseudomembranosa • Exotoxinas: enterotoxina (toxina A) e citotoxina (toxina B): diagnóstico pela pesquisa das toxinas •Pacientes hospitalizados • Infecção grave: metronidazol ou vancomicina oral
  • 19. Staphylococcus aureus Bacillus cereus Clostridium botulinum Intoxicação alimentar: Ingestão da toxina Microbiota intestinal desequilíbrio: diarréia associada com uso de antimicrobianos (1ª teoria) 5% pessoas colonizadas = reservatórios. Esporos permanecem no ambiente hospitalar e podem ser ingeridos, proliferarem no intestino de pacientes em antibioticoterapia = Colite (1/4 sepsis, choque e óbito) C. difficile Nova teoria!
  • 20. Helicobacter pylori Bactéria Gram-negativa espiralada Associado a maioria das úlceras gástricas (70-80%) e duodenais (>90%) Vários fatores de virulência, tais como: citoxina, adesinas, urease Diagnóstico: exame histológico em amostras de biopsia e teste da uréia (exame não invasivo)