2. DI: 26/08
ID: NS, 57 anos, procedente de Londrina,
trabalhador rural
QP: Dor de barriga há 45 dias
3. Paciente encaminhado de outro serviço com dor
abdominal difusa há 45 dias mais intensa em
HCE. Há 15 dias, houve piora do quadro
acometendo todo o andar superior do abdome.
Refere dor em pontada, sem fator de melhora ou
piora, de caráter contínuo
Relata episódios de febre há 15 dias medida
(maior pico: 40oC). Refere quadro de diarreia na
internação e aumento do volume abdominal há
um mês
Nega hematêmese, melena e icterícia
Realizado USG abd total em outro serviço
4. POT colecistectomia VL em out/2013.
Diagnosticado com cirrose hepática durante a
cirurgia
Ex-etilista pesado (1/2 garrafa
aguardente/dia por 30 anos); tabagista
40anos/maço
Varizes esofágicas
Tratamento prévio para H. pylori
Nega outras comorbidades
5. Estado geral: BEG, hipocorado, hidratado,
acianótico, anictérico, eupnéico
ST: BRNF em 2t s/s. MV+ bilateralmente sem
RA
SA: abdome ascítico, RHA+, fígado não
palpável, doloroso à palpação difuso, baço à
4cm do rebordo costal
MMII: pulsos presentes e simétricos, edema
2+/4+
6. USG abd total (26/08)
◦ Sinais de hepatopatia crônica
◦ Pequena imagem hiperecóica focal no parênquima
hepático. Hemangioma? Fibrose?
◦ Esplenomegalia moderada
◦ Moderado líquido na cavidade abdominal
◦ Imagem de conteúdo líquido no espaço subfrênico
E
◦ Imagem cística ecodensa no epigástro envolvendo o
lobo hepático E. Coleção? Líquido ascítico septado?
Formação cística?
7. Iniciado esquema ampi+genta+metro por
suspeita de abscesso hepático
Dia 01/09 - Devido a manutenção do quadro
e um episódio de dispneia á noite, trocado
ATBterapia por metronidazol e cefepime.
Realizado TC de abdome, paracentese
diagnóstica e ECOcardio
9. TC de abdômen – laudo 04/09
◦ Hepatopatia crônica
◦ Esplenomegalia
◦ Coleção subcapsular hepática com bolhas aéreas de
permeio adjacente ao lobo esquerdo (infectado?)
10. ECO cardio
◦ FE:0,75
◦ Insuficiência aórtica de grau discreto
◦ Insuficiência mitral de grau discreto
◦ Insuficiência tricúspide de grau discreto
◦ Hipertensão pulmonar
◦ Morderada ectasia de aorta
11. Dia 04/09 - Devido ao líquido ascítico sem
sinais de PBE e TB. TC de abdome mostrando
sinais de coleção infectado. Trocado ATB para
Tazocin pela CCIH e prescrito diuréticos
12. Dia 05/09 - realizado PC para a pneumo
devido a queixa de dispneia aos esforços e
presença de hipertensão pulmonar
◦ HD: HAP por etiologia hipoxêmica
◦ CD: Realização de angioTC para excluir TEP crônico
Após o procedimento foi suspenso diuréticos,
prescrito hidratação e prova de volume com
albumina devido a piora da função renal
13. Paciente não respondeu à terapia com
albumina e apresentou piora importante da
função renal. Cr (05/09): 1,97
Cr (06/09):2,6 Cr (08/09): 2,90
Realizado PC para nefro devido à piora da
função renal dia 08/09
HD
◦ Sd hepatorrenal?
◦ Nefropatia por contraste?
14. 08/09 paciente apresentou quadro de
dispneia e rebaixamento do nível de
consciência, sendo optado por IOT
Fechado diagnóstico de sepse de foco
pulmonar e entrado com Teicoplanina e
Meropenem
10/09 iniciada diálise
15.
16.
17. SHR é uma síndrome potencialmente reversível,
ocorre em pacientes com cirrose, ascite e
falência hepática
Caracterizada por comprometimento da função
renal, alterações na função cardiovascular e
excesso de atividade do sistema simpáticos e do
sistema renina-angiotensina
18. Existem poucos estudos referentes à incidência
Estudos mais antigos indicam incidência de
cerca de 40% em pacientes com cirrose e ascite
acompanhados por 5 anos
Dados mais recentes indicam incidência menor,
de 11% em pacientes acompanhados por 5
anos, mas com pacientes somente com
episódios iniciais de ascite
19. Defeito funcional
Redução da resistência vascular sistêmica acontece
por severa vasodilatação esplâncnica causado pela
hipertensão portal
Comumente se desenvolve após um gatilho,
geralmente, infecção bacteriana, que perturba a
circulação arterial, mas pode também se
desenvolver espontaneamente
◦ Leucócitos mononucleares iniciam a produção de citocinas
TNF-alfa e IL-6
◦ Produção óxido nítrico, monóxido de carbono e
canabinóides endógenos
20. Para manter a PA o corpo aumenta a
vasoconstrição:
◦ Aumento do tônus simpático
◦ Ativação do sistema renina angiotensina-aldosterona
◦ Secreção não osmótica de vasopressina
Retenção de Na+ e água
◦ Ascite
◦ Edema
◦ Estado hipervolêmico e hiponatrêmico
Vasoconstrição elevada leva a vasoconstrição renal
e diminuição do TGF
21.
22. Classificados de acordo com a severidade e a
taxa de progressão da falência renal
Tipo 1
◦ Diminuição da função renal aguda e progressiva com
taxa de sobrevida muito curta sem tratamento
◦ Rápido aumento do nível sérico de creatinina. Aumento
de 100% em menos de 2 semanas (valor final
>2,5mg/dL)
◦ Em 2/3 dos casos há hipervolemia com hiponatremia
◦ A grande maioria dos pacientes apresenta doença
hepática avançada, icterícia, coagulopatia, baixo nível
de albumina, encefalopatia hepática, pobre estado
nutricional, ascites volumosas e edema
23. Tipo 2
◦ Falha renal estável e menos severa e maior taxa de
sobrevida comparada com o tipo 1
◦ Nível sérico de creatinina de cerca de 2mg/dL
◦ Paciente geralmente apresenta clínica menos severa; o
principal problema clínico é a ascite
◦ Ascite usualmente é resistente à terapia diurética devido
à retenção de sódio, redução da TGF e aumento dos
níveis de aldosterona e norepinefrina
◦ Durante o acompanhamento, alguns pacientes podem
desenvolver do tipo 2 para o tipo 1, o que pode
acontecer espontaneamente ou como resultado de
alguma complicação, como infecção bacteriana
24. SHR em alguns pacientes é idiopático, enquanto em outros,
ocorre quando o volume arterial diminui por alguma condição
Infecções bacterianas, e peritonite bacteriana espontânea em
particular, são os fatores desencadeantes principais
Sangramento gastrointestinal, cerca de 10% dos pctes com
cirrose e quase totalmente causado por choque hipovolêmico
Paracentese de grande volume (>5L) sem administração de
albumina pode causar SHR em 15% ou mais dos casos
Alguns fatores são sugestivos de aumentar o risco de SHR,
como severa retenção de sódio, hiponatremia hipovolêmica,
baixa pressão arterial (80mmHg) e baixo débito cardíaco
25. Valor mínimo de Cr no diagnóstico é 1,5mg/dL
sem o uso de diuréticos
Diagnóstico de exclusão
Diagnóstico diferencial: NTA, nefrotoxicidade por
medicações, IRA pré-renal devido a depleção e
glomerulonefrite por hepatite B e C
26.
27. Tipo 1 – geral
◦ Pctes aguardando transplante de fígado devem
permanecer na UTI
◦ PVC - tratamento com vasoconstritores e
albumina
◦ Uso de sonda vesical se oligúria
◦ Fluidoterapia IV deve ser administrada
cuidadosamente devido à severa falência renal
e retenção de sódio e água livre pela cirrose
◦ Tratamento da ascite é baseado em
paracentese e administração de albumina
28. Tipo 1
◦ Uso de drogas vasoconstritoras
Causa vasoconstrição do território da artéria
esplâncnica dilatada, aumenta o enchimento arterial,
diminui a ativação do sistema vasoconstritor endógeno
e aumenta a perfusão renal
◦ Combinação de terlipressina e albumina é
associado com a reversão da SHR em 40-50% dos
pctes, sendo a terapia inicial preferencial
◦ Resposta ao tratamento
diminuição progressiva de creatinina sérica, aumento
da produção de urina e melhora da hiponatremia
◦ Tratamento alternativo com Noradrenalina - baixo
custo e melhor acessibilidade
29. Tipo 1
◦ Após a retirada da terapia, a SHR recorre em 15%
dos pctes, e nesses casos um segundo
tratamento com terlipressina normalmente é
efetivo
◦ Efeitos colaterais (isquemia) – 12%
◦ Hemodiálise têm sido usado em candidatos para
transplante de fígado
Tto com vasoconstritores as ineficazes,
Apresentam sinais de uremia, sobrecarga de
volume, acidose metabólica severa ou hipercalemia
30.
31. Tipo 1
◦ Transplante de fígado é a primeira escolha de
tratamento para pctes com cirrose e SHR tipo 1
◦ Transplante conjunto de fígado e rim é
apropriado somente para pctes que ficaram em
hemodiálise por mais de 6-8 semanas
◦ Alta mortalidade em pctes na lista de espera
◦ Excelente taxa de sobrevida foi reportada com o
transplante, mas as informações são escassas
32.
33. Tipo 2
Tratamento geral
◦ Evitar uso de espironolactona (risco de hipercalemia) e
furosemida
◦ Paracentese de alívio se ascite volumosa e reposição de
albumina
Poucos dados em relação ao uso de albumina e
vasoconstritores
TIPS pode melhorar a função renal e a progressão para
o tipo 1 mas mais estudos são necessários
34. Uso de albumina em pctes com PBE (EASL)
◦ 1,5g/kg no diagnóstico e 1g/kg em 48hrs
Uso de Norfloxacino 400mg reduz o risco de SHR
◦ Diminuição da translocação
bacteriana e supressão dos fatores
pró-inflamatórios e citocinas
Notas do Editor
American journal of kidney diseases
Journal oficial da National Kidney Foundation líderes da nefrologia clínica e pesquisa
Severe renal vasoconstriction leads to a decrease of GFR.
Falha renal que ocorre devido à cirrose avançada
Dano funcional dos rins devido à vasoconstrição das artérias renais com função tubular preservada e sem anormalidades histológicas significativas
secundária a translocação bacteriana. Leucócitos mononucleares iniciam a produção de citocinas TNF-alfa e
IL-6 induzindo mediadores como óxido nítrico, monóxido de carbono e canabinóides endógenos que promovem a
vasodilatação
Normalização ou melhora da função renal após o transplante hepático e a síndrome pode ser revertida através do uso de fármacos (vasoconstritores e albumina)
O defeito na circulação arterial sistêmica involve a redução na resistência vascular sistêmica causada por vasodilatação arterial da circulação esplênica, que por sua vez é causada por hipertensão portal
The vasodilation of the splanchnic arterial circulation likely is a result of greater production and activity of vasodilators, in particular, nitric oxide, endogenous cannabinoids, and carbon monoxide
Estudos sugerem que a translocação bacteriana em pacientes com cirrose do lúmen intestinal e linfonodos mesentéricos podem ser um fator importante na disfunção circulatória em cirrose avançada, ela libera uma resposta inflamatória, com produção de citocinas pró inflamatórias produzidas em maior quantidade na área esplênica levando a vasodilatação das artérias esplênicas
the body seeks to maintain
arterial pressure by activating the vasoconstrictor systems,
including the sympathetic nervous system, reninangiotensin
system, and, in late stages, nonosmotic
hypersecretion of arginine vasopressin.17
O uso de norfloxacino diminui a carga bacteriana intestinal e melhora a função circulatória e diminui a probabilidade de desenvolvimento de SHR
Dificil diferenciar o SHR tipo 1 da sepse
Rapidly progressive decrease in kidney function,
defined as a 100% increase in serum creatinine to a final value
2.5 mg/dL (221 mol/L) in 2 weeks. The
Aproximadamente 1/3 dos pctes com peritonite bacteriana espontânea desenvolve SHR, desses, 1/3 apresenta reversão da SHR quando a infecção é resolvida, os pctes que não se recuperam desenvolvem SHR tipo 1 ou 2, pctes que desenvolvem o tipo 1, como resultado de peritonite bacteriana espontânea têm um prognóstico ruim, com mortalidade de quase 100%, se não tratado apropriadamente)
Melhora da função renal após reposição volêmica
Uso de AINE
NTA por choque
Piora da ascite, edema e EAP
Causa vasoconstrição do território da artéria esplancnica dilatada, aumenta o enchimento arterial, diminui a ativação do sistema vasoconstritor endógeno
E aumenta a perfusão renal
This approach is intended to cause vasoconstriction
of the greatly dilated splanchnic arterial bed,
thus improving circulatory function. This in turn alleviates
arterial underfilling, lessens the activation of
the endogenous vasoconstrictor systems, and increases
kidney perfusion and GFR. Treatment
(Terlipressina é um análogo da vasopressina)
Agonistas adrenérgicos, como noradrenalina são alternativas razoáveis à terlipresssina devido ao baixo custo e melhor acessibilidade
Infusão de albumina melhora a função cardíaca, mas não é associada com melhora da função renal
Uso de NA falta de dados
A incidência de efeitos colaterais (isquemia), que requerem suspensão do tratamento é de cerca de 12%
Não é a primeira linha de tto
2ª linha
molecular readsorbent recirculating systems (an alternative to dialysis that clears
albumin-bound substances, including vasodilators) and fractionated plasma separation and adsorption (the
Prometheus system)
TIPS - ommunication between the inflow portal vein and the outflow hepatic vein.
os quais têm menor probabilidade de de recuperação da função renal
e os estudos não avaliaram complicações após o transplante e incluíam um pequeno número de pctes