O documento descreve a segunda fase do modernismo brasileiro na prosa, caracterizada pelo regionalismo. Os principais autores retrataram as regiões do Nordeste e Sul do país, abordando temas como as secas, o cangaço e a paisagem natural. A obra que marcou o início do regionalismo modernista foi "A Bagaceira", de José Américo de Almeida.
1. A GERAÇÃO DE 30 – 2ª Fase
modernista no Brasil (Prosa)
Módulo 25 – Fascículo 9
2. • A segunda fase modernista do Brasil em prosa se
caracteriza pelo regionalismo, ou seja, a relação do
homem com o meio em que vive.
• Esse regionalismo já estava presente na época do
romantismo, só que agora com uma nova
feição, principalmente pelo seu contexto histórico e
pelas características dos autores desse momento.
• A obra que marca o início do romance regionalista no
modernismo é o livro A Bagaceira de José Américo de
Almeida, publicado em 1928. Seu valor literário se
deve mais pelo aspecto histórico (secas – imigrações)
do que pelo seu valor estético.
3. Principais autores dessa fase:
Raquel de Queirós
Graciliano Ramos
Érico Veríssimo
José Lins do Rego
Jorge Amado
4. • Basicamente esses autores se dedicaram ao
regionalismo do nordeste do país, falando da
seca, do cangaço, das dificuldades e misérias
enfrentadas pelo povo dessas regiões (norte e
nordeste).
• Entre eles, Érico Veríssimo se dedica mais ao
sul do país, falando das paisagens do homem
com a paisagem natural.
5. • Raquel de Queirós foi a primeira mulher a
se eleger imortal na academia brasileira
de letras. Suas obras regionalistas
destacam-se pela reflexão da figura
feminina numa sociedade patriarcal.
• Em “O Quinze”, a autora narra às
histórias vividas por uma família que
enfrenta uma grande seca. Há neste texto
várias reflexões, várias descrições sobre o
campo, a paisagem seca da região
nordeste.
• A figura feminina também é um ponto
central na obra da autora, destacam-se
entre essas personagens femininas
Conceição em O Quinze e Maria Bonita
em O Lampião.
6. • Graciliano Ramos é considerado pela crítica
literária o melhor ficcionista dessa geração.
• Sua obra é marcada pela ausência de
sentimentalismo, por uma linguagem
direta, concisa, e vocábulos precisos.
• Entre seus livros principais destacam-se São
Bernardo, Memórias do Cárcere e Vidas Secas.
Memórias do Cárcere é um romance
autobiográfico em que o que autor narra as
dificuldades vividas durante o período em que
esteve preso em virtude de ser perseguido pela
ditadura tendo em vista que possuía algumas
ligações com o partido comunista.
• Em São Bernardo, encontramos a história de
Paulo Honório, um pobre que se tornou um rico
proprietário da fazenda São Bernardo. Nesse
livro, Graciliano faz uma reflexão do processo de
coisificação do homem, que muitas vezes volta-
se mais para o ter do que para ser.
7. • Menino morto e Família de retirante de Cândido
Portinari, apresentam o tema central de Vidas
Secas, uma grande obra de Graciliano Ramos. Vidas
Secas narra a história de uma família de retirantes que
deixa sua terra atingida por uma forte seca. A família
é composta por Sinhá Vitória (mãe), Fabiano
(pai), dois filhos, um chamado de menino mais novo e
outro menino mais velho e a cadela Baleia. Veja um
trecho dessa obra:
“A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso
salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O
voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor
dos bichos moribundos.
- Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e
Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração
grosso, queria responsabilizar alguém pela sua
desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato
necessário – e a obstinação da criança irritava-o.
Certamente esse obstáculo miúdo não era
culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro
precisava chegar, não sabia onde.
8. • Jorge Amado é talvez o autor mais
conhecido pelo público jovem, isto
porque muitos de seus livros foram
adaptados para a TV e para o cinema. É
um recordista de vendas de livros no
Brasil.
• Seus textos traçam o verdadeiro painel
do Brasil e em especial do povo baiano.
Sua linguagem simples, próximo do
falar do povo, suas constantes
preocupações com as tradições e
costumes unidas ao seu bom humor,
fizeram dele um dos escritores mais
aclamados e mais bem quistos do
público atual. Sua obra é dividida em
função da temática:
9. • Romances da Bahia – que retrata a vida das classes
oprimidas na urbana Salvador. São livros de denuncia das
desigualdades sociais, entre eles destacam-se Capitães da
Areia.
• Romances ligados aos ciclos do cacau – que retratam as
explorações de trabalhadores rurais e a economia
latifundiária do nordeste. Segundo ele, foi a luta do cacau
que o tornou romancista. Entre esses romances destacam-
se: Cacau e Terras do Sem Fim.
• Crônica de costume – que partem do cenário do agreste
para a zona cacaueira para uma reflexão sobre a vida, os
amores e os costumes da sociedade. São desse ciclo as
figuras como Gabriela, Cravo e canela, Dona flor e seus
dois maridos, Tieta do agreste e Teresa Batista cansada de
guerra.
10. • Érico Veríssimo, assim como Jorge Amado,
conquistou o publico leitor. Sua obra é comumente
dividida em romances urbanos, históricos e
políticos.
• Entre os Romances Urbanos destacam-se Clarissa
e Olhai os Lírios do Campo.
• Neste momento temos um autor que analisa as
crises de uma sociedade na época. A sua grande
obra prima e a trilogia histórica O Tempo e o
Vento, em que nós encontramos as grandes
figuras de Ana terra e Rodrigo Cambará. É dele
também o conhecidíssimo Incidente em Antares,
um romance político que mistura o plano real com
o plano imaginário. Num dado momento desse
romance os coveiros entram em greve e os mortos
por sua vez acabam ressuscitando para denunciar
a corrupção e a podridão moral dos moradores da
cidade.
11. • José Lins do Rego foi um apaixonado
por futebol, torcedor inveterado do
flamengo. Foi um autor muito
identificado com o povo e com a sua
região. Suas obras retratam
basicamente as atividades as coisas
que aconteciam relacionadas as
fazendas produtoras de cana-de-
açúcar. Ele fala da decadência dos
engenhos e da estrutura patriarcal.
Vejamos um trecho de uma de suas
obras, Menino de Engenho:
12. “Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E nada
é mais triste do que engenho de fogo morto. Uma
desolação de fim de vida, de ruína, que dá à paisagem
rural uma melancolia de cemitério abandonado. Na
bagaceira, crescendo, o mata-pasto de cobrir gente, o
melão entrando pelas fornalhas, os moradores fugindo
para outros engenhos, tudo deixado para um canto, e
até os bois de carro vendidos para dar de comer aos
seus donos. Ao lado da prosperidade e do riquezado
meu avô, eu vira ruir, até no prestígio de sua
autoridade, aquele simpático velhinho que era o
Coronel Lula de Holanda, com seu Santa Fé caindo aos
pedaços (...)”
Cuidado! Não confunda a expressão fogo morto que aparece nesse texto, pois fogo
morto, também é um outro romance do autor.