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ESTUDOS DOUTRINÁRIOS DO METODISMO
Rev. Eber Borges da Costa

I - PECADO ORIGINAL
Gênesis 3.1-24
As doutrinas do Metodismo referentes à Redenção Humana ocuparam lugar de destaque nos
escritos e nas pregações de João Wesley.
Antes de falar sobre redenção, entretanto, é preciso falar do Pecado Original. Quando se fala
de Pecado Original ou sobre a queda humana no Gênesis, vêm-nos à mente algumas imagens e
alguns equívocos cultivados ao longo do tempo.
Para muita gente, por exemplo, o Pecado de Adão e Eva foi o relacionamento sexual e o fruto
proibido era a maçã. Para entender o que significou a Queda, a natureza do pecado humano e as
suas conseqüências, vamos voltar ao relato bíblico e ver o que ele nos ensina.
1- O ser humano antes da queda
O homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. Entender o significado
do ser imagem e semelhança de Deus, ou seja, como éramos antes de pecar, é necessário para
entender o que representou o pecado na vida humana, como ele hoje aparece e como superá-lo. A
descrição do Jardim do Éden é um chamado de Deus para recuperar o que foi perdido.
O que significa ser imagem e semelhança de Deus? Será que fisicamente somos parecidos
com Deus? De um modo geral, acredita-se que a nossa semelhança com Deus está no fato de
sermos “racionais”, “inteligentes”, ao contrário do restante da criação.
Mas, a principal característica da imagem divina em nós não é a razão. É a capacidade de
termos comunhão com o Criador. Há em nós um anseio por este encontro e só descobrimos o
sentido da vida quando ele acontece. Nas palavras de Santo Agostinho: “Tu nos criaste para Ti, e a
nossa alma anda irrequieta enquanto não achar descanso em Ti”.
Além deste aspecto global, Wesley falava da imagem e semelhança de Deus dividindo-a em
três outros aspectos:
- Imagem moral: virtudes como santidade, pureza de caráter e amor são características da
imagem de Deus, que também estavam presentes no homem e na mulher. O pecado ofuscou esta
imagem.
- Imagem natural: tem a ver com capacidade de escolher. É o livre-arbítrio. Deus é livre e nos
criou assim. Este aspecto da imagem divina no ser humano também foi comprometido com a
queda. Ainda que tenhamos condições de dirigir boa parte de nossa vida e tomar decisões
razoáveis, no que diz respeito à Deus e à salvação não é assim. A salvação só é possível pela
ação de Deus em favor de nós (Graça).

1
- Imagem política: é o poder criativo de Deus e sua capacidade de cuidar e administrar a
criação. Ao ser humano foi delegada esta tarefa. Em relação a essa imagem, a maneira como
temos destruído o planeta ao longo dos tempos é uma evidência clara de que a perdemos.
2- A natureza do pecado
O pecado do homem e da mulher foi a desobediência. Deus deu uma ordem clara: “Da árvore
do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente
morrerás.” (Gn 2.17). Eles, a despeito disso, quando tentados pela serpente, cederam e comeram.
Mas, se observarmos bem, até desobedecerem, há um diálogo que revela a raiz do erro.
Primeiro, a relativização da Palavra de Deus. A serpente põe em dúvida o que Deus havia dito: “Foi
assim que Deus disse: não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gn 3.1b). Há uma interrogação
no final da frase. Além disso, ela põe em dúvida as intenções de Deus com essa recomendação:
“Porque Deus sabe que do dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis
conhecedores do bem e do mal.” (Gn 3.5). Lembram-se da tentação de Cristo no deserto? As
armas são as mesmas: “Se és Filho de Deus...” O se de Satanás coloca uma dúvida naquilo em
que se fundamentava o ministério de Jesus: a certeza de que era filho de Deus.
Relativizar a Palavra de Deus e duvidar de suas boas intenções para conosco estão na raiz
da tentação. No entanto, as armas da serpente só fazem efeito porque há no coração humano um
desejo de ser grande. O que seduz é “Sereis com Deus”.
3- A responsabilidade
A doutrina do pecado original responsabiliza todos os seres humanos pela maldade que há no
mundo.
Adão, ao ser confrontado por Deus, responsabilizou Eva: “A mulher que me deste por esposa,
ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). Não era culpa sua, era da mulher e do próprio Deus
que a criou. Eva, por sua vez, culpou a serpente. E a serpente? Fugiu!
Esta é a tendência de todos nós. Procuramos sempre um culpado para as aflições que nos
cercam: “Como pôde Deus criar um mundo tão mal?”. Nos nossos conflitos pessoais, raramente
assumimos a culpa. É sempre a outra pessoa que provocou o erro.
Muito comum no meio evangélico é responsabilizar o Diabo. Todos os problemas que nos
afligem são culpa de algum espírito maligno. Para eliminar o problema, portanto, basta uma sessão
de exorcismo. Oração é muito importante, mas não suficiente. É preciso que haja conversão. Não
negamos a existência do Mal e sua influência na vida humana, mas ele não é capaz de nos obrigar
a fazer o que não queremos. Ter consciência de nossa responsabilidade é o primeiro passo para a
superação do pecado e do mal.
4- O resultado do pecado
Após o erro, Adão e Eva perceberam que estavam nus e ficaram constrangidos. Uma barreira
levantou-se entre eles. O capítulo seguinte do Gênesis nos conta que Caim, movido pela inveja,
assassinou seu irmão Abel.

2
O pecado nos afasta uns dos outros, nos faz ver a outra pessoa como adversária e elimina o
espaço do amor. Quando queremos ser grandes, estar por cima, ter reconhecimento, mandar e
essas coisas todas que seduzem nosso coração, o outro torna-se um concorrente.
O pecado nos afasta de Deus também. A bela imagem de Deus passeando com o homem e a
mulher pelo jardim já não é mais vista. Nos afasta não apenas da sua presença, mas também dos
valores e princípios que Ele estabeleceu para nós. Desejamos dirigir a nossa própria vida e não
nos submetemos à sua vontade.
Conclusão
“Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Foram as palavras do
Criador ao avaliar o que acabara de criar, inclusive o homem e a mulher. É uma avaliação que
contrasta com uma outra feita algum tempo depois: “...se arrependeu o Senhor de ter feito o
homem na terra, e isso lhe pesou no coração” (Gn 6.6). O ser humano, imagem e semelhança de
Deus, se corrompera frustrando os seus planos.
Apesar disso, Deus não desistiu de sua principal criação. Através de Noé, da Lei e dos
profetas tentou redimir a humanidade. Entretanto, ainda que muitos tenham se submetido à sua
vontade e à sua direção, a maldade continuou reinando no mundo.
Se Ele, portanto, desistisse dos homens e mulheres seria perfeitamente compreensível. Mas
não é o que faz. Depois de muitas outras tentativas, revela toda a confiança que tem no ser
humano vindo ao mundo na pessoa de Jesus de Nazaré para trazer salvação. Assumiu grandes
riscos por amor a nós, mas também, por acreditar que é possível mudar corações maus em bons;
que é possível transformar vidas, vencer a tristeza, a maldade e a morte. Deus tem uma visão
extremamente otimista do homem e da mulher. Investiu a vida de seu Filho nisso.
Acreditar que fomos criados à imagem e semelhança de Deus e que é possível restaurá-la é
ter uma visão bastante otimista da humanidade. A descrição do Paraíso no Éden e do Pecado
Original é, portanto, não apenas o relato de como a maldade entrou no mundo mas, acima de tudo,
um convite à restauração.
II - O AMOR DE DEUS E A GRAÇA PREVENIENTE
Efésios 2.1-10
A doutrina do pecado original coloca todas as pessoas na condição de pecadores, afastados
da presença de Deus e sem condições próprias de reencontrá-lo (Salmo 14.1-3 e Romanos 3.23).
O que torna possível o reencontro é a Graça divina.
Os grandes movimentos ocorridos na história do povo de Deus aconteceram a partir desta
constatação: somos salvos e abençoados através da Graça de Deus, da sua boa vontade para com
cada pessoa humana, independente de seus pecados, imperfeições ou condição social.
Para nós, de tradição protestante, estas coisas são muito claras e vivas. É a grande
descoberta de Lutero, que viveu momentos de muita angústia tentando convencer Deus de que era
merecedor da salvação. Baseava a sua salvação nas obras, na vida de piedade e nas boas ações
que realizava e nunca havia obtido a paz que viria da certeza de que Deus se agradara dele.

3
O que mudou a sua vida e o rumo da caminhada da igreja foi a descoberta que fez,
estudando a Bíblia, especialmente a carta de Paulo aos Romanos, de que nós somos salvos pela
graça de Deus.
1- O que é Graça
Graça é a boa vontade que Deus tem para conosco antes de qualquer manifestação positiva
nossa em relação a Ele. É o interesse de Deus por cada pecador(a) em salvar, perdoar, abençoar,
fazer parte de sua vida; movido exclusivamente pelo amor.
Percebemos o que é a graça de Deus quando observamos o tipo de pessoas que foram alvo
de seu amor na Bíblia. Enquanto nós amamos e gostamos de estar com pessoas com as quais
temos afinidade ou que têm alguma coisa a nos oferecer, Ele ama e se aproxima de pessoas que
nada têm a oferecer-lhe.
Deus não é atraído para uma pessoa por sua beleza física, nem pela sua boa conversa , nem
pela sua condição social. O que o atrai é a condição de distanciamento, ou seja, quanto pior for a
situação da pessoa, quanto menos tiver para oferecer, mais está interessado em alcançá-la: “Onde
abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20b).
Nossa relação com Deus, portanto, não se fundamenta em nossos méritos pessoais, mas na
sua misericórdia, bondade e graça. Não no que fazemos para Ele ou para o próximo, mas no que
Cristo fez por nós.
Graça preveniente
Para explicar o que é graça preveniente, Wesley usava a imagem do cadáver. A Bíblia afirma
que, sem Deus, estamos “mortos em nossos delitos e pecados” (Ef. 2.1). A pessoa que ainda não
foi tocada está como que morta. Não há nada que a faça optar pelo caminho de Deus, que a faça
reagir ao seu amor. É Ele quem lhe dá a vida. Ninguém, que não tenha experimentado a graça, tem
condições de escolher o caminho da vida. É o Espírito Santo quem toca em nossas vidas,
despertando-nos e dando-nos a oportunidade de escolha.
Com a queda, o pecado original, nós perdemos nossa capacidade de escolha: o livre arbítrio
ficou comprometido. Ainda que tenhamos (mesmo sem Deus ) condições de fazer algumas
escolhas boas e razoáveis, no que diz respeito à vida espiritual, não é assim. Deus vai ao encontro
e restaura o livre arbítrio (leia Romanos 7. 15-25).
Diferentemente de alguns ramos do cristianismo, nós, metodistas, não acreditamos que Deus
escolhe apenas alguns. Ele deseja salvar a todos. Isto significa que toda pessoa, ao longo de sua
vida, tem a possibilidade e a oportunidade de escolher a vida. A preveniência alcança todas as
pessoas.
Compreender estas coisas muda radicalmente nossa vida e nosso relacionamento com Deus.
A oração, por exemplo, não será um discurso para convencê-lo de que precisa abençoar-nos e de
que somos merecedores. Ela será a humilde confissão da limitação de nossos recursos e de
nossas fraquezas. Será o reconhecimento de que necessitamos de sua bondade e misericórdia,
ainda que não mereçamos.
Nosso relacionamento com outras pessoas também mudará. Seremos mais misericordiosos e
compreensivos e, com certeza, menos moralistas e exigentes.

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2- A graça de Deus revelada na História de seu povo
Sempre que há um encontro entre Deus e o ser humano, a iniciativa é de Deus
(preveniência). A respeito disso, é reveladora a palavra de Moisés ao povo de Israel ao apresentarse como enviado de Deus para guiá-lo rumo à liberdade: “O Senhor, o Deus de nossos pais, nos
encontrou” (Êx. 3.18).
“Deus nos encontrou” – dá a idéia de um Deus que está procurando, que tomou a iniciativa de
procurar alguém, de procurar um povo e o encontra. Não é o povo que encontrou Deus, é Deus
que encontrou seu povo.
É Ele quem vai ao encontro de Abraão: “Sai da tua terra...” (Gn 12.1). A iniciativa sempre é
dele: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos
designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça.” (Jo 15.16).
Jesus Cristo é a maior expressão da graça divina. O mundo é visitado por Deus em pessoa e
na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele alcança a todos, convida todos, não exclui ninguém. Toca e se
deixa tocar por pecadores, prostitutas, leprosos, publicanos, fariseus. Não considera ninguém
indigno ou sem condições de receber seu amor e solidariedade.
3- O resultado da Graça
No texto bíblico básico de hoje, estes princípios mencionados acima ficam claros. “Ele vos
deu vida, estando vós mortos em delitos em pecados” (Ef. 2.1) e “... pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós é dom de Deus.” (Ef. 2.8).
O texto nos aponta o objetivo da ação graciosa de Deus que é restaurar a imagem e
semelhança que foram perdidas no Éden: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para
boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Ef. 2.10).
Percebemos assim, que as boas obras não estão ausentes no processo de salvação. São a
evidência de que alguém foi alcançado pelo amor de Deus. As boas obras não produzem a
salvação; elas são resultado da salvação. Não fazemos boas coisas para sermos aceitos por Deus,
perdoados e salvos. Somos aceitos por Ele, gratuitamente perdoados, recebemos a salvação. Em
resposta, e em conseqüência desta maravilhosa graça, realizamos boas obras.
Conclusão
Em todas as etapas de nossa vida com Deus, a sua graça está agindo. Cada ação que
temos, cada oração que fazemos, cada vez que nos aproximamos de Deus, cada passo que
damos; estamos sendo acompanhados pela graça de Deus. Se crescemos um pouco mais, se
deixamos um pecado, se amadurecemos em nossa vida; a graça está operando isso em nós.
Deus não quer apenas nos abençoar e atender os nossos muitos pedidos. Num tempo
dominado pelo mercado, os nossos pedidos são, quase sempre, consumistas. Dizem respeito aos
bens e necessidades que a nossa sociedade cria.
Ele nos alcança e abençoa; nos ajuda a enfrentar as dificuldades da vida e nos dá força,
coragem, ânimo, alegria para viver uma vida com significado, com intensidade, apesar das lutas.
Mas, não é esse apenas o desejo de Deus – tornar nossa vida melhor, nos fazer sentir bem, ter paz
– ele tem um plano maior.

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O Espírito Santo age em nossa vida e nos torna cristãos e cristãs melhores, mais solidários,
mais comprometidos, mais puros, mais santos, mais piedosos.
Deus alcança o ser humano não apenas para abençoá-lo e para atender os seus desejos
egoístas. Ele age em sua vida levando-o ao crescimento, ao amadurecimento, à santificação, à
missão.

III – ARREPENDIMENTO, JUSTIFICAÇÃO E FÉ
Lucas 3.1-14
Temos aprendido que todas as pessoas precisam de salvação. É no encontro com Deus que
nossa vida adquire sentido e a salvação é possível. Encontro que só acontece pela Graça divina,
ou seja, ainda que não mereçamos Deus vem ao nosso alcance e abençoa-nos, perdoa-nos e
salva-nos.
Mas, para que a Graça divina seja eficaz na vida de uma pessoa, é necessário que ela reaja a
este toque do amor de Deus. Reação que se expressa em arrependimento e fé.
1- Arrependimento
Quando pensamos em arrependimento, pensamos em sentimentos de remorso e tristeza. No
entanto, ainda que esses sentimentos estejam incluídos no arrependimento, o que o torna
verdadeiro são outros sois elementos:
Auto-conhecimento
O arrependimento é possível quando há consciência do pecado. Pedir perdão a Deus ou a
alguma pessoa por costume, por fazer parte da liturgia do culto ou por conveniência não nos leva a
nada, a não ser à hipocrisia. A sinceridade é que torna válida a oração de contrição ou um pedido
de perdão. Mas como sinceramente buscar o perdão se não houver consciência do erro?
Saber que erramos e saber identificar os erros é o primeiro passo para o arrependimento e o
conseqüente perdão. É o que nos ensina a história de Davi.
Envolvido por uma paixão por Bete-Seba, Davi cometeu adultério. Em conseqüência, a
mulher, que era casada, engravidou. Para encobrir um erro, cometeu outro: forjou a morte de Urias,
marido de Bete-Seba, e casou-se com ela.
Ao matar Urias, fazendo parecer um incidente de guerra, e casar-se com Bete-Seba, Davi
pensou que pudesse viver tranqüilo. Afinal, ninguém saberia de seus graves pecados. Entretanto,
não foi o que aconteceu e não é o que acontece com qualquer pessoa que peca e tenta encobrir
seu pecado. Veja o testemunho do próprio Davi a este respeito: “Enquanto calei os meus pecados,
envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão
pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” (Salmo 32. 3-4).

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O seu sofrimento só tem fim porque a graça de Deus o alcança através do profeta Natã (2
Samuel 12. 1-15). O pecado foi revelado, a culpa foi assumida e iniciou-se o processo de
arrependimento.
Os frutos dignos do arrependimento
O auto-conhecimento que, invariavelmente, provoca tristeza e remorso não é suficiente. Para
que prossigamos no processo de salvação, são necessários atos que evidenciem o desejo de obter
perdão e de não mais pecar.
João Batista, quando pregava no deserto da Judéia, nos fornece um bom exemplo disto:
anunciava a proximidade do Reino de Deus e desafiava, portanto, a todos para que se
arrependessem de seus pecados. Foi duro com os fariseus: “Raça de víboras, quem vos induziu a
fugir da ira divina? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3. 7-8) e aos que
perguntavam o que deveriam fazer, dizia: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e
quem tiver comida, faça o mesmo” (Lucas 3. 11). Aos publicanos ensinava: “Não cobreis mais do
que o estipulado” e aos soldados: “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa, e contentai-vos
com o vosso soldo” (Lucas 3. 13-14).
Se todos os domingos no culto, por exemplo, confessamos os mesmos pecados é sinal de
que ainda não houve arrependimento. É uma atitude que exige esforço e disciplina de nossa parte,
mas também, a assistência do Espírito Santo.

2- Justificação pela fé
A história de Davi e a pregação de João Batista nos ensinam que o arrependimento é
possível porque a Graça de Deus nos alcança tornando-nos conscientes da necessidade de
perdão, ajudando-nos a produzir os frutos e trazendo a paz.
O perdão de Deus (justificação) é oferecido gratuitamente, sem necessidade de sacrifícios,
holocaustos, auto-fragelação, penitências, absolvição por parte de outra pessoa. A única coisa
necessária é a fé.
Mas, como é essa fé que justifica? Acreditar em Deus é suficiente para ser salvo ou Ele
espera algo mais de nós? Na verdade, a única coisa que Deus espera de nós em resposta à sua
Graça é a fé. Mas, é bom entender o significado desta fé.
Fé e Razão
Somos herdeiros de uma tradição que vê a razão como um importante elemento para a
compreensão de Deus e da própria vida.
No meio evangélico há inúmeros exemplos de pessoas que a prenderam a ler nas Escrituras.
Uma das coisas fundamentais na Reforma Protestante do século XVI foi o fato de Lutero traduzir e
colocar nas mãos do povo a Bíblia. Desde o início a exposição da Palavra ocupou lugar central no
culto da Igreja Reformada.
Com o Metodismo não foi diferente. São conhecidos a insistência e o rigor de Wesley nas
leituras que exigia de seus pregadores leigos. É ele quem dizia: “Pense e deixe pensar”.

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Ter a razão como princípio para a compreensão da Revelação e da vida foi e é importante:
tira do obscurantismo, liberta da superstição, livra da ignorância e da condição de presas fáceis
para qualquer vento de doutrina (Efésios 4.14).
No entanto, o que nos salva e nos dá a vida é a fé. Fé que não é meramente crença ou
aceitação intelectual de alguns princípios ou verdades que pareçam ser razoáveis e coerentes. A fé
que salva, que dá a vida, que anima a caminhada, que renova as forças é, essencialmente,
confiança.
É uma experiência do espírito que nem sempre é possível de ser compreendida. Neste
sentido, é reveladora a palavra do cego de nascença curado por Jesus ao lhe perguntarem quem
lhe havia curado: “Se era pecador eu não sei, só sei que eu era cego e agora vejo”. (João 9.25).
As coisas que Deus faz e como Ele faz nem sempre estão ao alcance de nossa
compreensão. As coisas que conosco acontecem, não as compreendemos, às vezes. Todavia,
confiamos em Deus: “Em Deus ponho a minha confiança e nada temerei” (Salmo 56.4).
Fé e obras
Uma das discussões mais antigas na história da igreja cristã é a respeito do lugar das boas
obras na salvação. A igreja evangélica se fundamenta no princípio de que somos justificados
(perdoados e salvos) pela fé e não por obras. Fé que é, como vimos, confiança. Confiança apenas
em Cristo, em seus méritos, para salvação.
A confiança em Deus é uma experiência pessoal e interior. Mas, a verdadeira fé aflora e se
evidencia nas coisas que fazemos exteriormente: nas nossas ações, atitudes e reações diante das
circunstâncias que nos cercam e dos problemas que afligem a todos.
Demonstramos fé quando a alegria, a esperança e a misericórdia estão presentes em nossa
vida, assim como os atos de piedade: jejuns, orações, participação na igreja. (leia Tiago 2. 14-26).
Conclusão
A salvação acontece exclusivamente pela bondade de Deus que toma a iniciativa e vem até
nós. Sua bondade ainda é percebida quando nos ajuda a conhecer-nos a nós mesmos e a produzir
frutos.
Como respondemos a este grande amor? Nossa resposta deve vir em forma de
arrependimento e fé. Sua bondade é tão grande que seu Espírito nos ajuda em todo este processo.
O que nos faz a cada dia corresponder a esta graça com mais dedicação e consagração.
IV – O NOVO NASCIMENTO
João 3. 1-15
O ensino bíblico sobre o Pecado Original coloca todas as pessoas na condição de pecadores
e pecadoras: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 8.23) e “Todos se
extraviaram e juntamente se corromperam: não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” (
Salmo 14.3). Isto significa que todos precisam de salvação. Ao mesmo tempo, a doutrina salvação
pela graça de Deus e não por obras nos ensina que boas obras não são suficientes para garanti-la.

8
Portanto, podemos dizer que mesmo a pessoa mais religiosa não tem a garantia da vida
eterna. Só a tem quem experimentou o Novo Nascimento. Isto significa que a igreja não é o Reino
de Deus (faz parte dele) e que o livro de rol de membros da igreja não é o Livro da Vida. O que
determina a salvação é um encontro pessoal com Deus que muda os rumos de nossa vida.
1- O que é nascer de novo
Para quem sempre viveu longe dos caminhos de Deus ou fora do ambiente religioso é fácil
perceber quando há uma mudança na vida ou quando há necessidade dela. Em relação a estes,
definir Novo Nascimento é relativamente fácil. É uma ruptura com um modo de vida e o assumir de
um outro.
Alguns exemplos claros aparecem nas Escrituras: Zaqueu, coletor de impostos que se
aproveitava de sua função para extorquir dinheiro do povo, transformou-se em benfeitor dos pobres
(Lucas 19.1-10). Simão, pescador humilde e um pouco covarde, transformou-se em Pedro, a rocha,
corajoso líder da igreja primitiva. Saulo, o perseguidor implacável da igreja, em Paulo, apóstolo dos
gentios, perseguido e sofredor.
Mas, no texto básico de hoje, Jesus insiste em que todos precisam desta experiência. O
perfil da pessoa com quem ele conversa – um homem religioso e de prestígio entre seu povo, cuja
religiosidade parecia ser garantia de salvação – mostra-nos isto.
Neste diálogo, Nicodemos se assusta com as palavras de Jesus: “... se alguém não nascer de
novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3.3). Sem entender o que o Mestre queria dizer, ele
reage: “Como pode um homem nascer, sendo velho?” (João 3.14). Jesus o repreende: como
mestre estudioso das Escrituras deveria saber o significado do Novo Nascimento. No Antigo
Testamento havia várias promessas que dele falavam:
-

Ezequiel 11.19: um espírito novo e a substituição do coração de pedra por um coração de
carne;

-

Jeremias 31.33: uma nova aliança, com a Lei de Deus impressa na mente e no coração
de seu povo;

-

Isaías 1.18: perdão de pecados, vida purificada pela graça de Deus.

Nicodemos não compreendia estas promessas, ou talvez, não quisesse compreendê-las
porque, falando de uma espiritualidade do coração, elas confrontavam o seu tipo de religiosidade (a
dos fariseus) firmada em ações que tinham o objetivo de serem vistas pelos outros, exterior.
Nicodemos era doutor da Lei e principal entre os fariseus. Homem religioso, zeloso pelos
princípios do Judaísmo: jejuava com freqüência, dava seu dízimo com regularidade, ajudava os
pobres, fazia diariamente suas orações, freqüentava a Sinagoga, cumpria rigorosamente os rituais
do Templo, e muitas outra coisas.
Aprendera a confiar nestas coisas para sua salvação. Apesar disso, procura Jesus – homem
que não era bem visto pelos de seu grupo. Por isso, talvez, o procure à noite. O desejo por este
encontro deixa transparecer que o próprio Nicodemos não estava satisfeito com o tipo de
religiosidade que praticava. Os sinais que Jesus fazia chamam sua atenção e o levam a pensar
que talvez este homem, vindo da parte de Deus, pudesse ajudá-lo.
Estas coisas revelam a insuficiência das boas ações para a salvação. A religiosidade de
Nicodemos, que praticava desde o nascimento, era insuficiente para garantir a sua salvação e ele
parece se dar conta disso.

9
É por isso que Jesus lhe responde: nascer de novo é nascer da água e do Espírito. Novo
Nascimento é uma experiência do coração, interior. Não é a adesão a um credo, a uma igreja ou a
um sistema de doutrinas.
O ser humano, perdido em seus pecados, é tocado pela graça de Deus. Ao responder a essa
graça (arrependimento e fé), ele experimenta o Novo Nascimento. É um marco em sua existência:
sua vida toma um novo rumo, uma nova direção; seus valores mudam; passa a ser conduzido pelo
Espírito Santo; suas metas e objetivos são outros; o Reino de Deus é prioridade em sua vida.
2- O Testemunho do Espirito
A religiosidade dos fariseus (Nicodemos entre eles) dava-lhes a sensação de estarem salvos.
Uma espiritualidade baseada nos méritos pessoais era uma evidência de que estavam fazendo o
que Deus queria.
A história de Nicodemos nos mostra, entretanto, que não é assim. Ainda que boas ações
sejam importantes, afinal, pelos frutos se conhece a árvore, elas não são a garantia de que se está
andando corretamente. É possível mascarar estes frutos (hipocrisia) vivendo uma espiritualidade
de fachada, de aparências, enganando os outros e a si mesmo, exceto à Deus.
A principal evidência do Novo Nascimento não é, portanto, externa, é interior. É o testemunho
interno do Espírito Santo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus” (Romanos 8.16). É um testemunho que traz paz, segurança e afasta o medo (Romanos
8.15). Uma convicção que fortalece a nossa vida, pois dá a certeza de que estamos no caminho
certo.
Ainda que seja o fundamental, o testemunho do Espírito deve ser visto em relação a outros
dois: o testemunho de nossa própria consciência (leia Romanos 2.15) e o testemunho de outras
pessoas, se tivermos humildade suficiente para ouvi-los.
Certeza da vida eterna, no entanto, não pode ser confundida com orgulho espiritual, que
havia nos fariseus e é condenado por Jesus (leia Lucas 18.9-14). O orgulho espiritual existe
quando confiamos naquilo que fazemos. Segurança no Espírito fundamenta-se no que Deus fez e
faz por nós.
Conclusão
O ensinamento de Jesus sobre o Novo Nascimento nos desafia a repensar nossa prática
religiosa: ser membro da igreja, freqüentar os cultos, ser aluno da Escola Dominical e realizar boas
ações dentro e fora deste ambiente religioso não são garantia de vida eterna ou e de cidadania no
Reino de Deus.
É necessário experimentar um encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo. É preciso,
também, estar seguro e convicto deste encontro. Não confundi-lo com o encontro com as coisas da
religião. A certeza da salvação é um dos tesouros mais preciosos da vida cristã: traz alegria,
renova a esperança e afasta o medo e a ansiedade.

10
V – SANTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO CRISTÃ
Efésios 4.25-5.2
O texto bíblico acima apresenta uma série de exortações feitas por Paulo que podem ser
resumidas na frase dita no verso 1 do capítulo 5: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos
amados.” Este é o padrão da vida cristã, reafirmado em outros textos: “Portanto, sede vós perfeitos
como perfeito é vosso Pai celeste”. (Mateus 5.48) e “Sede santos, porque eu sou santo”. (1
Pedro1.16).
Santidade de vida é o que Deus espera de nós. Perfeição cristã é o nosso alvo. Mas, o que
significa ser santo? Será que é possível ser perfeito como Deus?
1- Ser santo é ser separado?
O conceito mais comum para “santo” é separado. Ao longo dos tempos este conceito foi se
enraizando pela consciência que se tinha de que as coisas sagradas não poderiam misturar-se
com as profanas. Era uma forma de honrar a dignidade e a santidade de Deus, mostrando que
entre Ele e os humanos havia uma enorme distância.
O lugar do culto e do encontro com Deus devia ser separado do mundo comum. Há um lugar
especial para o encontro com o sagrado, com móveis e utensílios consagrados. Objetos santos que
não podem ser contaminados com a impureza do mundo.
Esta distinção entre o que é sagrado e o que é profano é importante. Desperta sentimentos e
atitudes de respeito e reverência e nos faz lembrar sempre que somos pecadores e pecadoras
necessitados da graça divina.
No entanto, este conceito em relação a objetos passou a qualificar também as pessoas. Os
“santos” deveriam viver separados do mundo: enclausurados em mosteiros e conventos,
enfurnados nos templos, reclusos à oração e à vida de piedade. Deveriam tomar cuidado com as
pessoas impuras pelo pecado.
Nos tempos de Jesus, este conceito era muito forte. Por isso, os religiosos viviam longe do
contato com o povo. Muitos não poderiam sequer entrar no templo: enfermos, pecadores,
publicanos, mulheres nos dias de menstruação; todos estes eram impuros. Se entrassem em
contato com pessoas ou objetos santos, os contaminariam.
Jesus, com o amor e graça distribuídos a todos em seu ministério, derruba este conceito. Por
exemplo, no relato da cura da mulher hemorrágica (Marcos 5.24-34): a mulher, que há doze anos
sofria de uma hemorragia e não encontrara cura para sua doença, toca nas vestes de Jesus sem
que ele saiba. A atitude da mulher, que pretendia permanecer no anonimato, se explica pela
conceito de santidade da época. A natureza de sua enfermidade não permitia, segundo a lei
(Levítico 15.25), que tocasse em outras pessoas. Ela era uma mulher impura! Ao tocar em Jesus,
que era santo, o que acontece é que ele não é contaminado com sua impureza. Ao contrário, dele
sai virtude que purifica e cura a mulher.
Jesus freqüenta o templo e a sinagoga e honra estes lugares. É conhecida a passagem em
que Ele expulsa os mercadores do Templo, purificando-o. Da mesma forma, anda em meio aos
pecadores(as): come e caminha com eles, toca-os, participa de festas onde estão presentes, entra
em suas casas sem cerimônia. Chega a ser chamado de comilão, beberrão e amigo de publicanos.

11
Ao deixar tocar-se por publicanos, leprosos, prostitutas, adúlteros e transmitir-lhes perdão,
cura e salvação, o Senhor nos ensina que o santo não é contaminado ao tocar o impuro. O impuro
é santificado no contato com o santo.
As virtudes recomendadas por Paulo no texto de Efésios (falar a verdade, honestidade,
palavras edificantes, benignidade, compaixão, perdão e amor) e o exemplo de Jesus nos ensinam
que santidade de vida tem muito mais a ver com a maneira como encarnamos os valores do
Evangelho nos lugares onde estamos inseridos (igreja, casa, escola, trabalho, etc) do que com a
prática da piedade. É santidade em amor, e amor se pratica no contato com as pessoas.
2- Santificação é um processo
Santificação é um processo de aperfeiçoamento e crescimento que se inicia com o Novo
Nascimento e dura a vida inteira. Processo que é acompanhado pela graça de Deus, como todos
os outros momentos de nossa vida com Deus.
Wesley, em sua experiência pastoral e pessoal com Deus, conseguiu enxergar três momentos
cruciais no processo de salvação da pessoa humana: graça preveniente, graça salvadora e graça
santificadora. Graça preveniente é o primeiro toque de Deus em nossa vida. É Ele encontrando e
abençoando de várias formas todas as pessoas. Graça salvadora é a ação de Deus que nos expia
os pecados, que restaura a nossa vida. É o novo nascimento. Graça santificadora é a ação de
Deus em todo o processo que começa a partir daí, do novo nascimento, e dura a vida toda.
Dizer que devemos ser santos assusta as pessoas porque transmite a idéia de que ser santo
é ser perfeito ou estar totalmente entregue à vida de piedade.
Falar da santificação como um processo significa que santo não é o que já alcançou a
perfeição, mas o que está vivendo o processo de aperfeiçoamento. Paulo, por exemplo, em suas
cartas pastorais, refere-se aos irmãos destinatários como santos. Quando lemos estas cartas,
porém, percebemos que esses santos tinham ainda muito o que consertar em suas vidas.
Uma boa imagem que nos ajuda entender este processo é a de uma escada. A vida cristã
pode ser comparada a alguém que sobe os degraus de uma escada. Do ponto de vista de Deus, o
importante não é ter alcançado o topo, é desejá-lo e buscá-lo com intensidade. Santo é aquele que
está subindo (Mateus 20.1-16).
3- Perfeição Cristã
Ao enfatizar que o que Deus valoriza é estar no processo (subindo a escada) não queremos
dizer que alcançar o topo não seja importante. Se não fosse, Jesus não teria estabelecido esta
meta: “Sede perfeitos como é vosso Pai celeste” (Mateus 5.48). A doutrina da perfeição cristã foi
uma das ênfases nos ensinamentos de João Wesley. Ele acreditava que era possível alcançá-la.
Ter uma meta tão elevada não deve nos desanimar. Afinal, não a alcançaremos sozinhos. O
Espírito Santo estará sempre nos ajudando com sua graça santificadora. Ela deve, ao contrário,
nos motivar, não deixar que nos acomodemos na como vivemos: há sempre o que aprender e
crescer.

12
Conclusão
O grande desafio que está diante de nós é viver a santidade fora do ambiente religioso onde a
maldade e o pecado se fazem presentes de forma mais evidente. Ser santo dentro da igreja é
relativamente fácil.
Somos santos na medida em que o amor é encarnado por nós em todas as nossa relações:
amor que não nos deixa mentir; que aplaca a ira; que nos faz honestos e éticos; que torna as
nossas palavras edificantes e abençoadoras; que alegra o Espírito de Deus; que afasta a
amargura, a cólera, a gritaria, a blasfêmia e a malícia; que produz bondade, compaixão e perdão;
que nos torna, enfim, parecidos com Jesus, sua imagem e semelhança, como Deus nos criou.

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Estudos doutrinários no metodismo

  • 1. ESTUDOS DOUTRINÁRIOS DO METODISMO Rev. Eber Borges da Costa I - PECADO ORIGINAL Gênesis 3.1-24 As doutrinas do Metodismo referentes à Redenção Humana ocuparam lugar de destaque nos escritos e nas pregações de João Wesley. Antes de falar sobre redenção, entretanto, é preciso falar do Pecado Original. Quando se fala de Pecado Original ou sobre a queda humana no Gênesis, vêm-nos à mente algumas imagens e alguns equívocos cultivados ao longo do tempo. Para muita gente, por exemplo, o Pecado de Adão e Eva foi o relacionamento sexual e o fruto proibido era a maçã. Para entender o que significou a Queda, a natureza do pecado humano e as suas conseqüências, vamos voltar ao relato bíblico e ver o que ele nos ensina. 1- O ser humano antes da queda O homem e a mulher foram criados à imagem e semelhança de Deus. Entender o significado do ser imagem e semelhança de Deus, ou seja, como éramos antes de pecar, é necessário para entender o que representou o pecado na vida humana, como ele hoje aparece e como superá-lo. A descrição do Jardim do Éden é um chamado de Deus para recuperar o que foi perdido. O que significa ser imagem e semelhança de Deus? Será que fisicamente somos parecidos com Deus? De um modo geral, acredita-se que a nossa semelhança com Deus está no fato de sermos “racionais”, “inteligentes”, ao contrário do restante da criação. Mas, a principal característica da imagem divina em nós não é a razão. É a capacidade de termos comunhão com o Criador. Há em nós um anseio por este encontro e só descobrimos o sentido da vida quando ele acontece. Nas palavras de Santo Agostinho: “Tu nos criaste para Ti, e a nossa alma anda irrequieta enquanto não achar descanso em Ti”. Além deste aspecto global, Wesley falava da imagem e semelhança de Deus dividindo-a em três outros aspectos: - Imagem moral: virtudes como santidade, pureza de caráter e amor são características da imagem de Deus, que também estavam presentes no homem e na mulher. O pecado ofuscou esta imagem. - Imagem natural: tem a ver com capacidade de escolher. É o livre-arbítrio. Deus é livre e nos criou assim. Este aspecto da imagem divina no ser humano também foi comprometido com a queda. Ainda que tenhamos condições de dirigir boa parte de nossa vida e tomar decisões razoáveis, no que diz respeito à Deus e à salvação não é assim. A salvação só é possível pela ação de Deus em favor de nós (Graça). 1
  • 2. - Imagem política: é o poder criativo de Deus e sua capacidade de cuidar e administrar a criação. Ao ser humano foi delegada esta tarefa. Em relação a essa imagem, a maneira como temos destruído o planeta ao longo dos tempos é uma evidência clara de que a perdemos. 2- A natureza do pecado O pecado do homem e da mulher foi a desobediência. Deus deu uma ordem clara: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2.17). Eles, a despeito disso, quando tentados pela serpente, cederam e comeram. Mas, se observarmos bem, até desobedecerem, há um diálogo que revela a raiz do erro. Primeiro, a relativização da Palavra de Deus. A serpente põe em dúvida o que Deus havia dito: “Foi assim que Deus disse: não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gn 3.1b). Há uma interrogação no final da frase. Além disso, ela põe em dúvida as intenções de Deus com essa recomendação: “Porque Deus sabe que do dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gn 3.5). Lembram-se da tentação de Cristo no deserto? As armas são as mesmas: “Se és Filho de Deus...” O se de Satanás coloca uma dúvida naquilo em que se fundamentava o ministério de Jesus: a certeza de que era filho de Deus. Relativizar a Palavra de Deus e duvidar de suas boas intenções para conosco estão na raiz da tentação. No entanto, as armas da serpente só fazem efeito porque há no coração humano um desejo de ser grande. O que seduz é “Sereis com Deus”. 3- A responsabilidade A doutrina do pecado original responsabiliza todos os seres humanos pela maldade que há no mundo. Adão, ao ser confrontado por Deus, responsabilizou Eva: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). Não era culpa sua, era da mulher e do próprio Deus que a criou. Eva, por sua vez, culpou a serpente. E a serpente? Fugiu! Esta é a tendência de todos nós. Procuramos sempre um culpado para as aflições que nos cercam: “Como pôde Deus criar um mundo tão mal?”. Nos nossos conflitos pessoais, raramente assumimos a culpa. É sempre a outra pessoa que provocou o erro. Muito comum no meio evangélico é responsabilizar o Diabo. Todos os problemas que nos afligem são culpa de algum espírito maligno. Para eliminar o problema, portanto, basta uma sessão de exorcismo. Oração é muito importante, mas não suficiente. É preciso que haja conversão. Não negamos a existência do Mal e sua influência na vida humana, mas ele não é capaz de nos obrigar a fazer o que não queremos. Ter consciência de nossa responsabilidade é o primeiro passo para a superação do pecado e do mal. 4- O resultado do pecado Após o erro, Adão e Eva perceberam que estavam nus e ficaram constrangidos. Uma barreira levantou-se entre eles. O capítulo seguinte do Gênesis nos conta que Caim, movido pela inveja, assassinou seu irmão Abel. 2
  • 3. O pecado nos afasta uns dos outros, nos faz ver a outra pessoa como adversária e elimina o espaço do amor. Quando queremos ser grandes, estar por cima, ter reconhecimento, mandar e essas coisas todas que seduzem nosso coração, o outro torna-se um concorrente. O pecado nos afasta de Deus também. A bela imagem de Deus passeando com o homem e a mulher pelo jardim já não é mais vista. Nos afasta não apenas da sua presença, mas também dos valores e princípios que Ele estabeleceu para nós. Desejamos dirigir a nossa própria vida e não nos submetemos à sua vontade. Conclusão “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Foram as palavras do Criador ao avaliar o que acabara de criar, inclusive o homem e a mulher. É uma avaliação que contrasta com uma outra feita algum tempo depois: “...se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração” (Gn 6.6). O ser humano, imagem e semelhança de Deus, se corrompera frustrando os seus planos. Apesar disso, Deus não desistiu de sua principal criação. Através de Noé, da Lei e dos profetas tentou redimir a humanidade. Entretanto, ainda que muitos tenham se submetido à sua vontade e à sua direção, a maldade continuou reinando no mundo. Se Ele, portanto, desistisse dos homens e mulheres seria perfeitamente compreensível. Mas não é o que faz. Depois de muitas outras tentativas, revela toda a confiança que tem no ser humano vindo ao mundo na pessoa de Jesus de Nazaré para trazer salvação. Assumiu grandes riscos por amor a nós, mas também, por acreditar que é possível mudar corações maus em bons; que é possível transformar vidas, vencer a tristeza, a maldade e a morte. Deus tem uma visão extremamente otimista do homem e da mulher. Investiu a vida de seu Filho nisso. Acreditar que fomos criados à imagem e semelhança de Deus e que é possível restaurá-la é ter uma visão bastante otimista da humanidade. A descrição do Paraíso no Éden e do Pecado Original é, portanto, não apenas o relato de como a maldade entrou no mundo mas, acima de tudo, um convite à restauração. II - O AMOR DE DEUS E A GRAÇA PREVENIENTE Efésios 2.1-10 A doutrina do pecado original coloca todas as pessoas na condição de pecadores, afastados da presença de Deus e sem condições próprias de reencontrá-lo (Salmo 14.1-3 e Romanos 3.23). O que torna possível o reencontro é a Graça divina. Os grandes movimentos ocorridos na história do povo de Deus aconteceram a partir desta constatação: somos salvos e abençoados através da Graça de Deus, da sua boa vontade para com cada pessoa humana, independente de seus pecados, imperfeições ou condição social. Para nós, de tradição protestante, estas coisas são muito claras e vivas. É a grande descoberta de Lutero, que viveu momentos de muita angústia tentando convencer Deus de que era merecedor da salvação. Baseava a sua salvação nas obras, na vida de piedade e nas boas ações que realizava e nunca havia obtido a paz que viria da certeza de que Deus se agradara dele. 3
  • 4. O que mudou a sua vida e o rumo da caminhada da igreja foi a descoberta que fez, estudando a Bíblia, especialmente a carta de Paulo aos Romanos, de que nós somos salvos pela graça de Deus. 1- O que é Graça Graça é a boa vontade que Deus tem para conosco antes de qualquer manifestação positiva nossa em relação a Ele. É o interesse de Deus por cada pecador(a) em salvar, perdoar, abençoar, fazer parte de sua vida; movido exclusivamente pelo amor. Percebemos o que é a graça de Deus quando observamos o tipo de pessoas que foram alvo de seu amor na Bíblia. Enquanto nós amamos e gostamos de estar com pessoas com as quais temos afinidade ou que têm alguma coisa a nos oferecer, Ele ama e se aproxima de pessoas que nada têm a oferecer-lhe. Deus não é atraído para uma pessoa por sua beleza física, nem pela sua boa conversa , nem pela sua condição social. O que o atrai é a condição de distanciamento, ou seja, quanto pior for a situação da pessoa, quanto menos tiver para oferecer, mais está interessado em alcançá-la: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20b). Nossa relação com Deus, portanto, não se fundamenta em nossos méritos pessoais, mas na sua misericórdia, bondade e graça. Não no que fazemos para Ele ou para o próximo, mas no que Cristo fez por nós. Graça preveniente Para explicar o que é graça preveniente, Wesley usava a imagem do cadáver. A Bíblia afirma que, sem Deus, estamos “mortos em nossos delitos e pecados” (Ef. 2.1). A pessoa que ainda não foi tocada está como que morta. Não há nada que a faça optar pelo caminho de Deus, que a faça reagir ao seu amor. É Ele quem lhe dá a vida. Ninguém, que não tenha experimentado a graça, tem condições de escolher o caminho da vida. É o Espírito Santo quem toca em nossas vidas, despertando-nos e dando-nos a oportunidade de escolha. Com a queda, o pecado original, nós perdemos nossa capacidade de escolha: o livre arbítrio ficou comprometido. Ainda que tenhamos (mesmo sem Deus ) condições de fazer algumas escolhas boas e razoáveis, no que diz respeito à vida espiritual, não é assim. Deus vai ao encontro e restaura o livre arbítrio (leia Romanos 7. 15-25). Diferentemente de alguns ramos do cristianismo, nós, metodistas, não acreditamos que Deus escolhe apenas alguns. Ele deseja salvar a todos. Isto significa que toda pessoa, ao longo de sua vida, tem a possibilidade e a oportunidade de escolher a vida. A preveniência alcança todas as pessoas. Compreender estas coisas muda radicalmente nossa vida e nosso relacionamento com Deus. A oração, por exemplo, não será um discurso para convencê-lo de que precisa abençoar-nos e de que somos merecedores. Ela será a humilde confissão da limitação de nossos recursos e de nossas fraquezas. Será o reconhecimento de que necessitamos de sua bondade e misericórdia, ainda que não mereçamos. Nosso relacionamento com outras pessoas também mudará. Seremos mais misericordiosos e compreensivos e, com certeza, menos moralistas e exigentes. 4
  • 5. 2- A graça de Deus revelada na História de seu povo Sempre que há um encontro entre Deus e o ser humano, a iniciativa é de Deus (preveniência). A respeito disso, é reveladora a palavra de Moisés ao povo de Israel ao apresentarse como enviado de Deus para guiá-lo rumo à liberdade: “O Senhor, o Deus de nossos pais, nos encontrou” (Êx. 3.18). “Deus nos encontrou” – dá a idéia de um Deus que está procurando, que tomou a iniciativa de procurar alguém, de procurar um povo e o encontra. Não é o povo que encontrou Deus, é Deus que encontrou seu povo. É Ele quem vai ao encontro de Abraão: “Sai da tua terra...” (Gn 12.1). A iniciativa sempre é dele: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça.” (Jo 15.16). Jesus Cristo é a maior expressão da graça divina. O mundo é visitado por Deus em pessoa e na pessoa de Jesus de Nazaré. Ele alcança a todos, convida todos, não exclui ninguém. Toca e se deixa tocar por pecadores, prostitutas, leprosos, publicanos, fariseus. Não considera ninguém indigno ou sem condições de receber seu amor e solidariedade. 3- O resultado da Graça No texto bíblico básico de hoje, estes princípios mencionados acima ficam claros. “Ele vos deu vida, estando vós mortos em delitos em pecados” (Ef. 2.1) e “... pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós é dom de Deus.” (Ef. 2.8). O texto nos aponta o objetivo da ação graciosa de Deus que é restaurar a imagem e semelhança que foram perdidas no Éden: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Ef. 2.10). Percebemos assim, que as boas obras não estão ausentes no processo de salvação. São a evidência de que alguém foi alcançado pelo amor de Deus. As boas obras não produzem a salvação; elas são resultado da salvação. Não fazemos boas coisas para sermos aceitos por Deus, perdoados e salvos. Somos aceitos por Ele, gratuitamente perdoados, recebemos a salvação. Em resposta, e em conseqüência desta maravilhosa graça, realizamos boas obras. Conclusão Em todas as etapas de nossa vida com Deus, a sua graça está agindo. Cada ação que temos, cada oração que fazemos, cada vez que nos aproximamos de Deus, cada passo que damos; estamos sendo acompanhados pela graça de Deus. Se crescemos um pouco mais, se deixamos um pecado, se amadurecemos em nossa vida; a graça está operando isso em nós. Deus não quer apenas nos abençoar e atender os nossos muitos pedidos. Num tempo dominado pelo mercado, os nossos pedidos são, quase sempre, consumistas. Dizem respeito aos bens e necessidades que a nossa sociedade cria. Ele nos alcança e abençoa; nos ajuda a enfrentar as dificuldades da vida e nos dá força, coragem, ânimo, alegria para viver uma vida com significado, com intensidade, apesar das lutas. Mas, não é esse apenas o desejo de Deus – tornar nossa vida melhor, nos fazer sentir bem, ter paz – ele tem um plano maior. 5
  • 6. O Espírito Santo age em nossa vida e nos torna cristãos e cristãs melhores, mais solidários, mais comprometidos, mais puros, mais santos, mais piedosos. Deus alcança o ser humano não apenas para abençoá-lo e para atender os seus desejos egoístas. Ele age em sua vida levando-o ao crescimento, ao amadurecimento, à santificação, à missão. III – ARREPENDIMENTO, JUSTIFICAÇÃO E FÉ Lucas 3.1-14 Temos aprendido que todas as pessoas precisam de salvação. É no encontro com Deus que nossa vida adquire sentido e a salvação é possível. Encontro que só acontece pela Graça divina, ou seja, ainda que não mereçamos Deus vem ao nosso alcance e abençoa-nos, perdoa-nos e salva-nos. Mas, para que a Graça divina seja eficaz na vida de uma pessoa, é necessário que ela reaja a este toque do amor de Deus. Reação que se expressa em arrependimento e fé. 1- Arrependimento Quando pensamos em arrependimento, pensamos em sentimentos de remorso e tristeza. No entanto, ainda que esses sentimentos estejam incluídos no arrependimento, o que o torna verdadeiro são outros sois elementos: Auto-conhecimento O arrependimento é possível quando há consciência do pecado. Pedir perdão a Deus ou a alguma pessoa por costume, por fazer parte da liturgia do culto ou por conveniência não nos leva a nada, a não ser à hipocrisia. A sinceridade é que torna válida a oração de contrição ou um pedido de perdão. Mas como sinceramente buscar o perdão se não houver consciência do erro? Saber que erramos e saber identificar os erros é o primeiro passo para o arrependimento e o conseqüente perdão. É o que nos ensina a história de Davi. Envolvido por uma paixão por Bete-Seba, Davi cometeu adultério. Em conseqüência, a mulher, que era casada, engravidou. Para encobrir um erro, cometeu outro: forjou a morte de Urias, marido de Bete-Seba, e casou-se com ela. Ao matar Urias, fazendo parecer um incidente de guerra, e casar-se com Bete-Seba, Davi pensou que pudesse viver tranqüilo. Afinal, ninguém saberia de seus graves pecados. Entretanto, não foi o que aconteceu e não é o que acontece com qualquer pessoa que peca e tenta encobrir seu pecado. Veja o testemunho do próprio Davi a este respeito: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” (Salmo 32. 3-4). 6
  • 7. O seu sofrimento só tem fim porque a graça de Deus o alcança através do profeta Natã (2 Samuel 12. 1-15). O pecado foi revelado, a culpa foi assumida e iniciou-se o processo de arrependimento. Os frutos dignos do arrependimento O auto-conhecimento que, invariavelmente, provoca tristeza e remorso não é suficiente. Para que prossigamos no processo de salvação, são necessários atos que evidenciem o desejo de obter perdão e de não mais pecar. João Batista, quando pregava no deserto da Judéia, nos fornece um bom exemplo disto: anunciava a proximidade do Reino de Deus e desafiava, portanto, a todos para que se arrependessem de seus pecados. Foi duro com os fariseus: “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira divina? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3. 7-8) e aos que perguntavam o que deveriam fazer, dizia: “Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo” (Lucas 3. 11). Aos publicanos ensinava: “Não cobreis mais do que o estipulado” e aos soldados: “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo” (Lucas 3. 13-14). Se todos os domingos no culto, por exemplo, confessamos os mesmos pecados é sinal de que ainda não houve arrependimento. É uma atitude que exige esforço e disciplina de nossa parte, mas também, a assistência do Espírito Santo. 2- Justificação pela fé A história de Davi e a pregação de João Batista nos ensinam que o arrependimento é possível porque a Graça de Deus nos alcança tornando-nos conscientes da necessidade de perdão, ajudando-nos a produzir os frutos e trazendo a paz. O perdão de Deus (justificação) é oferecido gratuitamente, sem necessidade de sacrifícios, holocaustos, auto-fragelação, penitências, absolvição por parte de outra pessoa. A única coisa necessária é a fé. Mas, como é essa fé que justifica? Acreditar em Deus é suficiente para ser salvo ou Ele espera algo mais de nós? Na verdade, a única coisa que Deus espera de nós em resposta à sua Graça é a fé. Mas, é bom entender o significado desta fé. Fé e Razão Somos herdeiros de uma tradição que vê a razão como um importante elemento para a compreensão de Deus e da própria vida. No meio evangélico há inúmeros exemplos de pessoas que a prenderam a ler nas Escrituras. Uma das coisas fundamentais na Reforma Protestante do século XVI foi o fato de Lutero traduzir e colocar nas mãos do povo a Bíblia. Desde o início a exposição da Palavra ocupou lugar central no culto da Igreja Reformada. Com o Metodismo não foi diferente. São conhecidos a insistência e o rigor de Wesley nas leituras que exigia de seus pregadores leigos. É ele quem dizia: “Pense e deixe pensar”. 7
  • 8. Ter a razão como princípio para a compreensão da Revelação e da vida foi e é importante: tira do obscurantismo, liberta da superstição, livra da ignorância e da condição de presas fáceis para qualquer vento de doutrina (Efésios 4.14). No entanto, o que nos salva e nos dá a vida é a fé. Fé que não é meramente crença ou aceitação intelectual de alguns princípios ou verdades que pareçam ser razoáveis e coerentes. A fé que salva, que dá a vida, que anima a caminhada, que renova as forças é, essencialmente, confiança. É uma experiência do espírito que nem sempre é possível de ser compreendida. Neste sentido, é reveladora a palavra do cego de nascença curado por Jesus ao lhe perguntarem quem lhe havia curado: “Se era pecador eu não sei, só sei que eu era cego e agora vejo”. (João 9.25). As coisas que Deus faz e como Ele faz nem sempre estão ao alcance de nossa compreensão. As coisas que conosco acontecem, não as compreendemos, às vezes. Todavia, confiamos em Deus: “Em Deus ponho a minha confiança e nada temerei” (Salmo 56.4). Fé e obras Uma das discussões mais antigas na história da igreja cristã é a respeito do lugar das boas obras na salvação. A igreja evangélica se fundamenta no princípio de que somos justificados (perdoados e salvos) pela fé e não por obras. Fé que é, como vimos, confiança. Confiança apenas em Cristo, em seus méritos, para salvação. A confiança em Deus é uma experiência pessoal e interior. Mas, a verdadeira fé aflora e se evidencia nas coisas que fazemos exteriormente: nas nossas ações, atitudes e reações diante das circunstâncias que nos cercam e dos problemas que afligem a todos. Demonstramos fé quando a alegria, a esperança e a misericórdia estão presentes em nossa vida, assim como os atos de piedade: jejuns, orações, participação na igreja. (leia Tiago 2. 14-26). Conclusão A salvação acontece exclusivamente pela bondade de Deus que toma a iniciativa e vem até nós. Sua bondade ainda é percebida quando nos ajuda a conhecer-nos a nós mesmos e a produzir frutos. Como respondemos a este grande amor? Nossa resposta deve vir em forma de arrependimento e fé. Sua bondade é tão grande que seu Espírito nos ajuda em todo este processo. O que nos faz a cada dia corresponder a esta graça com mais dedicação e consagração. IV – O NOVO NASCIMENTO João 3. 1-15 O ensino bíblico sobre o Pecado Original coloca todas as pessoas na condição de pecadores e pecadoras: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 8.23) e “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam: não há quem faça o bem, não há nem um sequer.” ( Salmo 14.3). Isto significa que todos precisam de salvação. Ao mesmo tempo, a doutrina salvação pela graça de Deus e não por obras nos ensina que boas obras não são suficientes para garanti-la. 8
  • 9. Portanto, podemos dizer que mesmo a pessoa mais religiosa não tem a garantia da vida eterna. Só a tem quem experimentou o Novo Nascimento. Isto significa que a igreja não é o Reino de Deus (faz parte dele) e que o livro de rol de membros da igreja não é o Livro da Vida. O que determina a salvação é um encontro pessoal com Deus que muda os rumos de nossa vida. 1- O que é nascer de novo Para quem sempre viveu longe dos caminhos de Deus ou fora do ambiente religioso é fácil perceber quando há uma mudança na vida ou quando há necessidade dela. Em relação a estes, definir Novo Nascimento é relativamente fácil. É uma ruptura com um modo de vida e o assumir de um outro. Alguns exemplos claros aparecem nas Escrituras: Zaqueu, coletor de impostos que se aproveitava de sua função para extorquir dinheiro do povo, transformou-se em benfeitor dos pobres (Lucas 19.1-10). Simão, pescador humilde e um pouco covarde, transformou-se em Pedro, a rocha, corajoso líder da igreja primitiva. Saulo, o perseguidor implacável da igreja, em Paulo, apóstolo dos gentios, perseguido e sofredor. Mas, no texto básico de hoje, Jesus insiste em que todos precisam desta experiência. O perfil da pessoa com quem ele conversa – um homem religioso e de prestígio entre seu povo, cuja religiosidade parecia ser garantia de salvação – mostra-nos isto. Neste diálogo, Nicodemos se assusta com as palavras de Jesus: “... se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” (João 3.3). Sem entender o que o Mestre queria dizer, ele reage: “Como pode um homem nascer, sendo velho?” (João 3.14). Jesus o repreende: como mestre estudioso das Escrituras deveria saber o significado do Novo Nascimento. No Antigo Testamento havia várias promessas que dele falavam: - Ezequiel 11.19: um espírito novo e a substituição do coração de pedra por um coração de carne; - Jeremias 31.33: uma nova aliança, com a Lei de Deus impressa na mente e no coração de seu povo; - Isaías 1.18: perdão de pecados, vida purificada pela graça de Deus. Nicodemos não compreendia estas promessas, ou talvez, não quisesse compreendê-las porque, falando de uma espiritualidade do coração, elas confrontavam o seu tipo de religiosidade (a dos fariseus) firmada em ações que tinham o objetivo de serem vistas pelos outros, exterior. Nicodemos era doutor da Lei e principal entre os fariseus. Homem religioso, zeloso pelos princípios do Judaísmo: jejuava com freqüência, dava seu dízimo com regularidade, ajudava os pobres, fazia diariamente suas orações, freqüentava a Sinagoga, cumpria rigorosamente os rituais do Templo, e muitas outra coisas. Aprendera a confiar nestas coisas para sua salvação. Apesar disso, procura Jesus – homem que não era bem visto pelos de seu grupo. Por isso, talvez, o procure à noite. O desejo por este encontro deixa transparecer que o próprio Nicodemos não estava satisfeito com o tipo de religiosidade que praticava. Os sinais que Jesus fazia chamam sua atenção e o levam a pensar que talvez este homem, vindo da parte de Deus, pudesse ajudá-lo. Estas coisas revelam a insuficiência das boas ações para a salvação. A religiosidade de Nicodemos, que praticava desde o nascimento, era insuficiente para garantir a sua salvação e ele parece se dar conta disso. 9
  • 10. É por isso que Jesus lhe responde: nascer de novo é nascer da água e do Espírito. Novo Nascimento é uma experiência do coração, interior. Não é a adesão a um credo, a uma igreja ou a um sistema de doutrinas. O ser humano, perdido em seus pecados, é tocado pela graça de Deus. Ao responder a essa graça (arrependimento e fé), ele experimenta o Novo Nascimento. É um marco em sua existência: sua vida toma um novo rumo, uma nova direção; seus valores mudam; passa a ser conduzido pelo Espírito Santo; suas metas e objetivos são outros; o Reino de Deus é prioridade em sua vida. 2- O Testemunho do Espirito A religiosidade dos fariseus (Nicodemos entre eles) dava-lhes a sensação de estarem salvos. Uma espiritualidade baseada nos méritos pessoais era uma evidência de que estavam fazendo o que Deus queria. A história de Nicodemos nos mostra, entretanto, que não é assim. Ainda que boas ações sejam importantes, afinal, pelos frutos se conhece a árvore, elas não são a garantia de que se está andando corretamente. É possível mascarar estes frutos (hipocrisia) vivendo uma espiritualidade de fachada, de aparências, enganando os outros e a si mesmo, exceto à Deus. A principal evidência do Novo Nascimento não é, portanto, externa, é interior. É o testemunho interno do Espírito Santo: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8.16). É um testemunho que traz paz, segurança e afasta o medo (Romanos 8.15). Uma convicção que fortalece a nossa vida, pois dá a certeza de que estamos no caminho certo. Ainda que seja o fundamental, o testemunho do Espírito deve ser visto em relação a outros dois: o testemunho de nossa própria consciência (leia Romanos 2.15) e o testemunho de outras pessoas, se tivermos humildade suficiente para ouvi-los. Certeza da vida eterna, no entanto, não pode ser confundida com orgulho espiritual, que havia nos fariseus e é condenado por Jesus (leia Lucas 18.9-14). O orgulho espiritual existe quando confiamos naquilo que fazemos. Segurança no Espírito fundamenta-se no que Deus fez e faz por nós. Conclusão O ensinamento de Jesus sobre o Novo Nascimento nos desafia a repensar nossa prática religiosa: ser membro da igreja, freqüentar os cultos, ser aluno da Escola Dominical e realizar boas ações dentro e fora deste ambiente religioso não são garantia de vida eterna ou e de cidadania no Reino de Deus. É necessário experimentar um encontro pessoal e transformador com Jesus Cristo. É preciso, também, estar seguro e convicto deste encontro. Não confundi-lo com o encontro com as coisas da religião. A certeza da salvação é um dos tesouros mais preciosos da vida cristã: traz alegria, renova a esperança e afasta o medo e a ansiedade. 10
  • 11. V – SANTIFICAÇÃO E PERFEIÇÃO CRISTÃ Efésios 4.25-5.2 O texto bíblico acima apresenta uma série de exortações feitas por Paulo que podem ser resumidas na frase dita no verso 1 do capítulo 5: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.” Este é o padrão da vida cristã, reafirmado em outros textos: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é vosso Pai celeste”. (Mateus 5.48) e “Sede santos, porque eu sou santo”. (1 Pedro1.16). Santidade de vida é o que Deus espera de nós. Perfeição cristã é o nosso alvo. Mas, o que significa ser santo? Será que é possível ser perfeito como Deus? 1- Ser santo é ser separado? O conceito mais comum para “santo” é separado. Ao longo dos tempos este conceito foi se enraizando pela consciência que se tinha de que as coisas sagradas não poderiam misturar-se com as profanas. Era uma forma de honrar a dignidade e a santidade de Deus, mostrando que entre Ele e os humanos havia uma enorme distância. O lugar do culto e do encontro com Deus devia ser separado do mundo comum. Há um lugar especial para o encontro com o sagrado, com móveis e utensílios consagrados. Objetos santos que não podem ser contaminados com a impureza do mundo. Esta distinção entre o que é sagrado e o que é profano é importante. Desperta sentimentos e atitudes de respeito e reverência e nos faz lembrar sempre que somos pecadores e pecadoras necessitados da graça divina. No entanto, este conceito em relação a objetos passou a qualificar também as pessoas. Os “santos” deveriam viver separados do mundo: enclausurados em mosteiros e conventos, enfurnados nos templos, reclusos à oração e à vida de piedade. Deveriam tomar cuidado com as pessoas impuras pelo pecado. Nos tempos de Jesus, este conceito era muito forte. Por isso, os religiosos viviam longe do contato com o povo. Muitos não poderiam sequer entrar no templo: enfermos, pecadores, publicanos, mulheres nos dias de menstruação; todos estes eram impuros. Se entrassem em contato com pessoas ou objetos santos, os contaminariam. Jesus, com o amor e graça distribuídos a todos em seu ministério, derruba este conceito. Por exemplo, no relato da cura da mulher hemorrágica (Marcos 5.24-34): a mulher, que há doze anos sofria de uma hemorragia e não encontrara cura para sua doença, toca nas vestes de Jesus sem que ele saiba. A atitude da mulher, que pretendia permanecer no anonimato, se explica pela conceito de santidade da época. A natureza de sua enfermidade não permitia, segundo a lei (Levítico 15.25), que tocasse em outras pessoas. Ela era uma mulher impura! Ao tocar em Jesus, que era santo, o que acontece é que ele não é contaminado com sua impureza. Ao contrário, dele sai virtude que purifica e cura a mulher. Jesus freqüenta o templo e a sinagoga e honra estes lugares. É conhecida a passagem em que Ele expulsa os mercadores do Templo, purificando-o. Da mesma forma, anda em meio aos pecadores(as): come e caminha com eles, toca-os, participa de festas onde estão presentes, entra em suas casas sem cerimônia. Chega a ser chamado de comilão, beberrão e amigo de publicanos. 11
  • 12. Ao deixar tocar-se por publicanos, leprosos, prostitutas, adúlteros e transmitir-lhes perdão, cura e salvação, o Senhor nos ensina que o santo não é contaminado ao tocar o impuro. O impuro é santificado no contato com o santo. As virtudes recomendadas por Paulo no texto de Efésios (falar a verdade, honestidade, palavras edificantes, benignidade, compaixão, perdão e amor) e o exemplo de Jesus nos ensinam que santidade de vida tem muito mais a ver com a maneira como encarnamos os valores do Evangelho nos lugares onde estamos inseridos (igreja, casa, escola, trabalho, etc) do que com a prática da piedade. É santidade em amor, e amor se pratica no contato com as pessoas. 2- Santificação é um processo Santificação é um processo de aperfeiçoamento e crescimento que se inicia com o Novo Nascimento e dura a vida inteira. Processo que é acompanhado pela graça de Deus, como todos os outros momentos de nossa vida com Deus. Wesley, em sua experiência pastoral e pessoal com Deus, conseguiu enxergar três momentos cruciais no processo de salvação da pessoa humana: graça preveniente, graça salvadora e graça santificadora. Graça preveniente é o primeiro toque de Deus em nossa vida. É Ele encontrando e abençoando de várias formas todas as pessoas. Graça salvadora é a ação de Deus que nos expia os pecados, que restaura a nossa vida. É o novo nascimento. Graça santificadora é a ação de Deus em todo o processo que começa a partir daí, do novo nascimento, e dura a vida toda. Dizer que devemos ser santos assusta as pessoas porque transmite a idéia de que ser santo é ser perfeito ou estar totalmente entregue à vida de piedade. Falar da santificação como um processo significa que santo não é o que já alcançou a perfeição, mas o que está vivendo o processo de aperfeiçoamento. Paulo, por exemplo, em suas cartas pastorais, refere-se aos irmãos destinatários como santos. Quando lemos estas cartas, porém, percebemos que esses santos tinham ainda muito o que consertar em suas vidas. Uma boa imagem que nos ajuda entender este processo é a de uma escada. A vida cristã pode ser comparada a alguém que sobe os degraus de uma escada. Do ponto de vista de Deus, o importante não é ter alcançado o topo, é desejá-lo e buscá-lo com intensidade. Santo é aquele que está subindo (Mateus 20.1-16). 3- Perfeição Cristã Ao enfatizar que o que Deus valoriza é estar no processo (subindo a escada) não queremos dizer que alcançar o topo não seja importante. Se não fosse, Jesus não teria estabelecido esta meta: “Sede perfeitos como é vosso Pai celeste” (Mateus 5.48). A doutrina da perfeição cristã foi uma das ênfases nos ensinamentos de João Wesley. Ele acreditava que era possível alcançá-la. Ter uma meta tão elevada não deve nos desanimar. Afinal, não a alcançaremos sozinhos. O Espírito Santo estará sempre nos ajudando com sua graça santificadora. Ela deve, ao contrário, nos motivar, não deixar que nos acomodemos na como vivemos: há sempre o que aprender e crescer. 12
  • 13. Conclusão O grande desafio que está diante de nós é viver a santidade fora do ambiente religioso onde a maldade e o pecado se fazem presentes de forma mais evidente. Ser santo dentro da igreja é relativamente fácil. Somos santos na medida em que o amor é encarnado por nós em todas as nossa relações: amor que não nos deixa mentir; que aplaca a ira; que nos faz honestos e éticos; que torna as nossas palavras edificantes e abençoadoras; que alegra o Espírito de Deus; que afasta a amargura, a cólera, a gritaria, a blasfêmia e a malícia; que produz bondade, compaixão e perdão; que nos torna, enfim, parecidos com Jesus, sua imagem e semelhança, como Deus nos criou. 13