O documento discute vários aspectos da vida cristã, incluindo: (1) a necessidade de nascer de novo por meio do Espírito Santo para ter uma vida espiritual; (2) a importância de permanecer em comunhão com Cristo por meio da oração e do estudo bíblico; e (3) o mandamento de amar ao próximo, incluindo os inimigos, como Jesus nos amou.
2. 1
Nascer de novo
“Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.
Para andar com Deus temos que ter a mesma essência de Deus. Para tornar isto
possível é necessário nascer de novo da agua e do Espirito. Nicodemos um mestre de
Israel, conhecia as Escrituras do Antigo Testamento, que falam da necessidade de um
novo coração e da disposição de Deus em criar este novo coração em nós, “Sl 51.10 e
Ex 36.20”. Jesus explicou a Nicodemos está verdade e como isto pode acontecer. Não
há resposta de Nicodemos, ele provavelmente voltou para casa, imerso em profundas
reflexões. Silenciosamente, o Espirito Santo atuou em seu coração, e três anos mais
tarde, ele estava pronto para se tornar publicamente discípulo de Cristo.
O fato de que é necessário nascer de novo, mostra, sem duvida, que o nosso
nascimento anterior é insuficiente do ponto de vista espiritual. O novo nascimento deve
ser duplo da agua e do Espirito. A luz do ministério de João Batista, Nicodemos
facilmente entendeu que nascer da agua se referia ao batismo nas aguas. O que lhe
faltava saber era que, nascer do Espirito é a renovação do coração pelo Espirito Santo.
Existem semelhanças entre o nascimento físico e o espiritual. Ambos marcam o
inicio de uma vida nova. Além disso, não produzimos nem um dos dois nascimentos por
nós mesmos. Existe também uma diferença importante entre eles: Não tivemos
oportunidade de decidirmos se nasceríamos fisicamente, mas podemos aceitar nascer
espiritualmente. Todos que permitirem, que o Espirito Santo gere uma nova vida
espiritual dentro deles, nascem de novo. Deus está ansioso pelo nosso nascimento
espiritual, para que tenhamos a mesma essência dele, porém ele respeita nossa liberdade
de decidir. Ele não muda o nosso coração a força.
Nova vida em Cristo
Só é possível nascer de novo por intermédio da obra do Espirito Santo. Jesus
usou a palavra grega pneuma, que significa tanto espirito quanto vento, a fim de ilustrar
o processo de conversão, Jo 3.8. O vento sopra aonde quer, nenhum de nós pode inicia-
lo, dirigi-lo nem impedi-lo, pois seu grande poder está além do controle humano.
Podemos apenas reagir: resistindo a ele ou aceitando o que está sendo oferecido para o
nosso beneficio. Da mesma forma o Espirito Santo está constantemente trabalhando no
coração de cada ser humano, atraindo-o a Cristo. Ninguém tem controle sobre seu
grande poder para salvar e transformar. Podemos resistir a esse poder ou nos entregar a
ele. Quando nos rendemos a sua influencia, o Espirito de Deus produz uma nova vida
em nós.
Há duvida de muitos é: Se existe uma forma de saber se já experimentaram o
novo nascimento? Sim, existe. O Espirito atua de modo invisível, mas os resultados da
sua atividade são visíveis. As pessoas ao nosso redor saberão que Jesus criou um novo
coração em nós. O Espirito sempre produz uma demonstração exterior da transformação
interior que ele realiza. Como Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis” Mt 7.20.
A nossa vida em Cristo não é remendada apenas com uma reforma externa. Não
é um melhoramento ou modificação da antiga vida, mas uma transformação completa.
Mediante o Espirito Santo, Cristo nos concede novos pensamentos, sentimentos e
motivações. Desperta nossa consciência, muda nossa mente, subjuga todo desejo
impuro e nos enche com a doce paz celestial. Embora a mudança não aconteça de
imediato, porém com o tempo podemos ter a certeza que nos tornamos novas criaturas
em Jesus. Precisamos nascer de novo, porque viemos ao mundo na condição de injustos
diante de Deus.
3. 2
Permanecer em Cristo
Uma vida espiritual próspera só é possível pela constante dependência de Cristo.
Jesus usou a ilustração da videira para nos orientar. Ele disse: “Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muitos frutos”, Jo 15.5. No Antigo
Testamento, Israel foi retratado como uma videira que o Senhor havia plantado Is 5.1-7,
Sl 80.8-9 e Jr 2.21. Jesus se apresenta como a videira verdadeira, Jo 15.1, e exorta seus
seguidores a se unir a ele, assim como os ramos permanecem unidos à videira. Um ramo
separado da videira pode parecer vivo por um tempo, mas certamente murchará e
morrerá, porque foi cortado da fonte de vida. Da mesma forma, podemos receber vida
por meio da nossa ligação com Cristo, mas para ser eficaz, essa união deve ser mantida.
É essencial dedicar tempo para devoção matinal, porém a nossa comunhão com o
Senhor deve continuar ao longo do dia. Permanecer em Cristo significa busca-lo
constantemente pedindo sua orientação, orando para que nos de discernimento para
obedecer a sua vontade e suplicando para que ele possa encher o nosso coração com o
seu amor.
Uma das armadilhas mais enganosas é tentar viver a vida cristã de forma
independente do Senhor. Cristo disse: “Sem mim nada podeis fazer”, Jo 15.5. Sem
Cristo não podemos vencer nenhuma tentação, não podemos vencer o pecado nem
desenvolver um caráter semelhante ao dele. A comunhão ininterrupta com Cristo é o
meio pelo qual podemos crescer espiritualmente.
Morrer para si mesmo todos os dias.
De maneira paradoxal, somente morrendo podemos viver. Quando somos
batizados, em principio, morremos para nossa velha natureza e ressuscitamos para uma
nova vida. Seria maravilhoso se o velho homem morresse de forma permanente, quando
somos sepultados sob as aguas batismais. No entanto, mais cedo ou mais tarde, todos
nós descobrimos que nossos hábitos e tendências do passado ainda estão vivos e lutam
par recuperar o controle de nossa vida. Após o batismo, nossa velha natureza tem que
ser morta constantemente. Por isso Jesus associou a vida cristã a cruz. Muitos pensam
que carregar a cruz significa colocar sobre os ombros uma vida de dificuldades, pobreza
e graves doenças. Ainda que todas estas coisas possam fazer parte da nossa vida, porém,
o significado das palavras de Jesus vai mais longe. Tomar nossa cruz significa negar a si
mesmo diariamente. Não apenas de vez em quando, mas todos os dias, não apenas uma
parte de si, mas por inteiro.
A vida cristã tem a forma de cruz. “Estou crucificado com Cristo, já não sou eu
quem vive, mas Cristo vive em mim”, Ga 2.19-20. No mundo antigo, as vitimas da
crucificação não morriam imediatamente. Normalmente, elas agonizavam por muitas
horas, às vezes vários dias, enquanto estavam penduradas no madeiro. Nossa velha
natureza, embora crucificada, também luta para sobreviver e descer da cruz.
Não é fácil negar a nós mesmos. Nossa velha natureza persiste, nosso velho
homem não quer morrer. Além disso, não podemos pregar a nós mesmos na cruz.
Ninguém pode esvaziar-se de si mesmo. Somente podemos consentir que Cristo faça a
obra em nós. Então, a linguagem da alma será: “Senhor toma o meu coração, pois não
posso muda-lo. É tua propriedade. Conserva-o puro, pois não posso conserva-lo para
ti. Me salva a despeito de mim mesmo, porque sou fraco e pecador. Molda-me e eleva-
me a uma atmosfera pura e santa, onde a corrente do teu amor possa fluir através de
mim”. Não é só no inicio da vida cristã que essa entrega do próprio eu deve ser feita, ela
deve ser renovada a cada passo que damos em direção ao Céu. Só podemos caminhar
com Cristo por meio de uma constante negação de nós mesmos e confiando sempre
nele.
4. 3
Alimentar-se da Palavra de Deus.
Permanecer em comunhão com Deus certamente inclui a oração, mas também as
disciplinas espirituais do estudo da Bíblia e meditação. Ao ler a Palavra e meditar sobre
ela somos alimentados e fortalecidos. Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito
são espirito e vida”, Jo 6.63. Se forem entesouradas em nosso coração elas estimulam
as nossas orações, a fim de nos manter em contato constante com o Senhor. Embora,
seja fácil ficar distraído pelos cuidados do mundo, Mc 4.19, devemos nos esforçar para
permanecer em Jesus.
O crescimento saudável exige uma alimentação equilibrada tanto física como
espiritual. As escrituras nos convidam a provar e ver, Sl 34.8. Cristo e as Escrituras,
metaforicamente falando, constituem aquilo que a Palavra de Deus nos convida a
consumir. Os nutrientes bíblicos tornam nosso ser espiritual imunes contra as heresias,
autossuficiências e dezenas de obstáculos que bloqueiam o crescimento cristão. As
proteínas bíblicas formam blocos de construção para a restauração do coração. O hábito
de começar e terminar todos os dias com as Escrituras nos protege espiritualmente.
Quando meditamos nas promessas de Deus: no sofrimento de Cristo, no Getsêmani, no
Calvário, na sua ressureição e glorificação, somos transformados, porque a nossa
pecaminosidade será lavada e substituída por pensamentos mais nobres e reflexões mais
santas.
Morrer parece sem sentido, porque as pessoas gastam tudo que tem tentando
prolongar a vida, não para perdê-la. Porém as Escrituras exigem que os cristãos morram.
Paulo se alegrou porque estava crucificado com Cristo, Ga 2.20. A morte, ressureição,
ascensão e glorificação de Cristo foram necessárias para que o Espirito Santo, o
Consolador, pudesse ser enviado para nos guiar a toda verdade. Com conotações
levemente diferentes, a morte dos cristãos significa libertação: da transgressão, da
natureza rebelde, do pecado e do poder do pecado. Todas estas atitudes são necessárias
para que o Espirito possa reinar em nossa vida.
Amar o próximo.
“Amaras o teu próximo como a ti mesmo”, Lv 19.18. Contrario ao que muitos
pensam o mandamento de amar ao próximo não foi um mandamento que se iniciou no
Novo Testamento, Deus já havia ordenado seu povo a amar o próximo como a si
mesmo, Is 19.34. Porque, então Jesus disse: “Novo mandamento, vos dou”! A novidade
do mandamento de Jesus estava no fato de que havia uma nova medida, ”Amai aos
outros, assim como eu vos amei”. Antes da encarnação de Cristo, os homens não
tiveram uma revelação plena do amor de Deus. Porém, depois da abnegada vida e morte
de Jesus ficou demostrado o real e mais profundo significado do amor. O amor era o
elemento em que Cristo se movia, andava e trabalhava. Ele veio enlaçar o mundo com
os braços do seu amor. Devemos seguir o exemplo de Cristo e torna-lo nosso modelo,
até que tenhamos para com os outros o mesmo amor que ele manifestou conosco.
A mensagem que ouviste desde o principio é esta: que nos amemos uns aos
outros. Nisto conhecemos o amor; que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar
nossa vida pelos irmãos. “Aquele que ama seu irmão permanece na luz e nele não há
trevas. Aquele, porém, que odeia seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não
sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos” IJo 2.10,11.
Amar os inimigos.
A prova suprema do cristianismo vivo é o amor aos inimigos. Jesus estabeleceu
este elevado padrão em contraste com a ideia predominante em seu tempo, que era:
“Amar os que vos amam e odiar os que vos odeiam”.
5. 4
Um inimigo pode demostrar inimizade de três formas diferentes: por uma
palavra hostil (ódio), por meio de palavras ofensivas (maldição) e através de ações
abusivas (maldade e perseguição), Mt 5.44, ARC. A estas manifestações de inimizade,
Cristo nos ensina a responder com três manifestações de amor: Fazer boas ações para
eles (retribuir com o bem), falar bem deles (bendizer) e interceder a Deus por eles
(orar). A resposta do cristão a hostilidade e antagonismo é vencer o mal com o bem, Rm
12.21.
Jesus está pedindo para amarmos nossos inimigos. Na pratica ele deseja que
demostremos esse amor por meio de boas ações, palavras amáveis e orações de
intercessão. Sem o amor inspirado pelo Céu, essas ações, palavras e orações serão uma
hipócrita falsificação do verdadeiro cristianismo.
A fim de nos ajudar a compreender esse elevado mandamento, o Senhor usou
três argumentos: Em primeiro lugar precisamos viver acima dos baixos padrões do
mundo. Até mesmo os perdidos amam os que estão trilhando o mesmo caminho que
eles e os criminosos se ajudam mutuamente. Qual seria o valor de seguir a Cristo, se
isso não nos levasse a viver e amar de maneira superior a virtude manifestada pelos
filhos do mundo. Em segundo lugar, Deus nos compensará por amar nossos inimigos.
Ainda que não amemos pela recompensa, ele a concederá graciosamente para nós. Em
terceiro lugar, esse tipo de amor é uma evidencia da nossa estreita comunhão com o Pai
celestial que é benigno até para com os ingratos e maus Lc 6.35.
Podemos amar nossos inimigos, porque Deus nos amou primeiro, embora,
fossemos seus inimigos, Rm 5.10. Quando diariamente confirmamos a nossa aceitação
do seu amoroso sacrifício por nós na cruz, seu amor abnegado permeia nossa vida.
Quanto mais compreendemos e experimentamos o amor do Senhor por nós, mais seu
amor fluirá de nós para os outros, até mesmo aos nossos inimigos.
Viver como Jesus viveu.
Os ensinamentos de Jesus estabelecem um ideal de vida altruísta e amoroso, tão
elevado, que a maioria de nós, provavelmente se sente envergonhado. Como podemos
nós, egoístas por natureza, amar o próximo de maneira altruísta? Do ponto de vista
humano, é absolutamente impossível. Porém, o Senhor jamais nos pediria para amar e
servir aos que nos odeiam e nos desprezam sem nos prover os meios para alcançar este
objetivo. Essa ordem não é impossível de ser alcançada, porque para todos os
mandamentos dados por Deus há uma promessa para fundamenta-lo. A todos que de
livre vontade aceitam a Graça de Deus, ele permite que se tornem semelhantes a Cristo.
Nossa necessidade diária não é apenas aceitar novamente a morte de Cristo por
nós, mas render a nossa vontade a dele e nele permanecer. Assim, como Jesus, quando
aqui esteve, não procurou satisfazer a sua própria vontade, mas foi obediente ao Pai, Jo
5.30; nós também precisamos andar como Jesus andou, para satisfazer a vontade do Pai.
Pois, “sem ele nada podemos fazer” Jo 15.3. Quando, a cada dia, decido me submeter a
Jesus, tenho a vida dele em mim. Então, “já não sou mais eu quem vive, mas Cristo vive
em mim” Ga 2.20. Ele transformará as minhas atitudes egocêntricas em uma vida
amorosa e altruísta.
Ser a luz do mundo.
Em toda a Bíblia, a luz está intimamente associada com Deus. “O Senhor é a
minha luz” Sl 27.1, declarou Davi, e João afirmou que “Deus é luz, e não há nele treva
nenhuma”, IJo 1.5. Deus é a fonte de luz. de fato, a primeira coisa que ele criou foi à
luz, porque a luz é indispensável à vida.
6. 5
Dada a estreita ligação entre a luz e Deus, as Escrituras frequentemente usam a
luz para simbolizar a verdade, o conhecimento e a piedade. Andar na luz significa ter
um caráter semelhante ao de Deus, Ef 5.8 e IJo 1.7. A luz representa Deus e a escuridão
representa Satanás. Por isso, é um pecado grave fazer ”das trevas luz e da luz trevas”,
Is 5.20.
Jesus Cristo o eterno Filho de Deus é a luz dos homens. ”Se andarmos na luz,
como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu
Filho, nos purifica de todo pecado”, Jo 1.7. Somente ele é a luz que pode iluminar a
escuridão do mundo envolto em pecado. Das trevas resplandecerá a luz, Jesus
resplandece em nossos corações, e em sua face podemos vislumbrar a Glória de Deus,
IICo 4.6.
Quando aceitamos a Cristo como nosso Salvador nos tornamos “filhos da luz”,
Jo 12.36 e ITs 5.5. Nós não temos luz própria, tudo o que podemos fazer é refletir a luz
que incide sobre nós. Quando permitimos que Jesus brilhe através de nós, não fazemos
boas obras para mostrar a nossa virtude, mas para levar as pessoas a glorificar o nome
de Deus. Se Cristo habita no nosso coração é impossível esconder a luz da sua presença
em nós. Se não temos luz é porque não temos ligação com a verdadeira Fonte de Luz.
Não seria absurdo acender uma lâmpada apenas para coloca-la “debaixo de uma
vasilha ou de uma cama”, Mt 4.21. Então, por que às vezes fazemos isso com a luz de
Cristo? Um discípulo escondido não é mais útil do que uma lâmpada debaixo de uma
vasilha em uma noite escura. “Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a Gloria
do Senhor nasce sobre ti.” Is 60.1.
Ser testemunhas.
O primeiro encontro de Jesus com os apóstolos, depois da ressureição, foi muito
importante. Eles estavam com medo, desanimados, angustiados e perplexos. Por medo,
haviam trancado as portas da casa, mas Jesus chegou e se pôs no meio deles. Com voz
clara e amorosa, ele disse: “Paz seja convosco”, Jo 20.19. Surpresos e aterrorizados
como estavam, foi difícil para eles acreditar no que viam. Carinhosamente, o Senhor
lhes mostrou as mãos e os pés, explicou tudo o que as Escrituras dizem sobre ele.
Naquela noite, a presença de Jesus, e as palavras proferidas por ele, transformou
radicalmente a vida deles, dissipando toda ansiedade e incredulidade; enchendo-os com
a paz e a alegria que veio da certeza da sua ressureição.
Então, Cristo começou a explicar qual seria a missão deles, ajudando-os a
compreender o significado de sua morte e a responsabilidade deles como testemunhas
de sua ressureição e do seu poder para transformar vidas, Lc 24.46-48. Certamente, eles
tinham visto Jesus morrer e dias depois o viram ressuscitado. Por isso, poderiam
testemunhar que ele é o Salvador do mundo.
Uma testemunha é alguém que viu algo acontecer. Qualquer pessoa pode ser
uma testemunha, desde que pessoalmente tenha visto alguma coisa. Não existe
testemunha de segunda mão. Podemos testemunhar com base apenas em nossa
experiência pessoal, não na de outras pessoas. Como pecadores resgatados, temos o
privilégio de contar aos outros, o que Jesus fez por nós, pois somos testemunhas vivas
dele.
O livro de Atos mostra que o Espirito Santo deu poder aos apóstolos para
abandonarem o medo e testemunhar a respeito de Jesus. Depois de receberem o Espirito
Santo, “com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressureição do Senhor
Jesus”, At 4.33. Eles foram capazes de falar abertamente e com grande poder, sobre os
fatos que eles haviam testemunhado. Para se tornar real o nosso testemunho a respeito
de Cristo, é necessário ter uma experiência pessoal com ele.
7. 6
Ter uma missão.
Jesus mencionou o conceito de missão, quando orou ao Pai: “Assim como tu me
enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”, Jo 17.18. Enviar alguém implica
que: aquele que envia tem autoridade sobre quem é enviado. Envolve também um
propósito, uma vez que a pessoa enviada tem uma missão a cumprir. Jesus foi enviado
pelo Pai para salvar o mundo, Jo 3.17, e nós somos enviados por Jesus para anunciar a
salvação por meio dele. Evidentemente, a nossa comissão é uma continuação da obra de
Cristo, que abrangia um ministério completo para todas as pessoas, Mt 9.35. Ele espera
que não somente continuemos o que ele iniciou, mas que consigamos ir mais longe. O
Senhor disse: “Aquele que crê em mim fara as obras que eu faço e outras maiores
fara”, Jo 14.12.
Jesus concedeu o Espirito Santo para habilitar os discípulos a cumprir sua
missão. Na criação, Deus soprou em Adão “o folego de vida” Gn 2.7, e aos discípulos,
Jesus soprou sobre eles o Espirito Santo, Jo 20.22. Assim como o sopro da vida
transformou o pó sem vida em um ser vivo, o Espirito Santo transformou os discípulos
temerosos e desencorajados em poderosas testemunhas vivas para continuar a obra de
Jesus. A mesma unção é indispensável hoje para cumprir a missão a nós confiada.
Pregar o evangelho.
“A quem enviarei, e quem a de ir por nós? Eis-me aqui, envia-me a mim,”. Todo
cristão tem o privilégio não só de esperar a vinda do nosso Senhor Jesus Cristo, como
também de apressa-la. Todos os que estão unidos ao Senhor tem por obrigação de se
unirem na grande e sublime obra de salvar almas. Cada um tem a sua parte a
desempenhar, de acordo com a luz que recebeu. Todos que receberam a Cristo são
chamados para trabalhar pela salvação dos perdidos. Quão formosos são os pés dos que
anunciam as boas novas, que faz nascer à paz e prega a salvação.
O evangelho de Marcos apresenta claramente à comissão feita por Jesus a
respeito da pregação do evangelho: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda
criatura”, Mc 16.16. Como em Mateus, o verbo ir, em grego, é um particípio que não
indica a tarefa, mas o movimento necessário para cumpri-la. A missão em si é expressa
pelo verbo grego kêrusso, que significa “proclame em voz alta, anuncie e pregue”.
Durante o ministério de Jesus, os apóstolos tinham sido enviados, não aos
gentios, mas apenas, “as ovelhas perdidas da casa de Israel”, Mt 10.6. Eles foram
enviados por todo mundo e a toda criatura. Os apóstolos sozinhos jamais poderiam
anunciar o evangelho a todo mundo, e muito menos a toda criatura que vivia no mundo.
Uma tarefa com essa dimensão mundial exige a participação de toda a igreja. A missão
de pregar o evangelho é confiada a todos os crentes em Jesus em todos os tempos. Isso
inclui você e eu.
Somente “quem crer e for batizado será salvo”, Mc 16.16. Estas palavras de
Jesus mostram a necessidade de pregar o evangelho com entusiasmo, esperando que
cada ouvinte aceite o convite de Jesus. No entanto, temos de estar cientes de que muitos
não aceitarão a Palavra, porque a porta da salvação é estreita, Mt 7.13-14.
Tanto Marcos 16.15 como em Mateus 24.14, se refere à proclamação do
evangelho a todo mundo. Enquanto a primeira passagem apresenta a missão de pregar, a
segunda mostra a promessa de Jesus de que a missão será realmente cumprida. Cristo
tomou plenas medidas para que a sequencia da obra seja cumprida, assumindo ele
mesmo a responsabilidade do êxito. Enquanto, obedecermos a Palavra e trabalharmos
em ligação com ele não falharemos. O sucesso da missão depende de estarmos
dispostos a ser usados por Cristo.
8. 7
Fazer discípulos.
Depois da ressurreição, Jesus se reuniu com os discípulos na Galileia, “no monte
que Jesus designara” Mt 28.16. Não somente os onze, mas também cerca de 500 irmãos
ali estavam reunidos para se encontrar com o Senhor ressuscitado, ICo 15.6. Aquele que
tinha vencido a morte disse a eles: “Toda autoridade me foi dada no Céu e na Terra”,
Mt 28.18. Seu poder e autoridade não mais estavam limitados voluntariamente como
estiveram durante seu ministério terrestre. Ao contrario, como havia sido antes da
encarnação, sua autoridade incluía todo Universo. Com base na sua autoridade
inquestionável, ele confiou aos seus seguidores uma missão.
Segundo o relato de Mateus, ao dar a grande comissão, Jesus disse: Ide, fazei
discípulos de todas as nações, ensinando-os e batizando-os, Mt 28.19. A ordem de Jesus
indica três atividades envolvidas na obra de fazer discípulos. As três atividades não
precisam ocorrer numa sequencia especifica , ao contrario elas se complementam. Ao ir
a lugares diferentes, e finalmente ao mundo inteiro, devem ensinar tudo que Jesus
ensinou, batizando aqueles que o aceitam como Salvador e guardam todas as coisas que
ele ordenou.
Comemoramos quando alguém é batizado, mas o ato do batismo não é o fim da
história, ele é apenas parte do processo de fazer discípulos. A nossa missão é convidar
as pessoas a: seguir Jesus, crer nele, obedecer a seus ensinamentos e adotar seu estilo de
vida. Confiando na autoridade de Jesus, devemos ir a todas as nações, ensinando-as a
observar todas as coisas que dizem respeito à Palavra de Deus, com a certeza de que
Cristo está conosco todos os dias, até o fim dos tempos.
Vigiar e estar pronto.
A nota tônica do sermão profético de Jesus em Mateus 24 é o imperativo para
vigiar e estar pronto. “ficai apercebidos; porque, a hora em que não cuidais; o Filho do
Homem virá”, Mt 24.44. Isso não significa esperar ociosamente, mas estar ativamente
vigilante, como está o proprietário da casa, que permanece atento contra qualquer
possível ladrão, Mt 24.43. Enquanto esperamos de modo vigilante, temos algo a fazer,
como servos fiéis que executam as tarefas que o mestre confiou. Mt 24.48-51.
A parábola do servo mau que negligenciou as suas obrigações durante a ausência
do seu Senhor, tem muito a nos dizer. Esse servo representa os que professam crer que
Cristo virá outra vez, mas não imediatamente. Acreditam que o Senhor está atrasado,
pensam que, ainda a tempo para viver de forma egoísta e desfrutar dos prazeres
pecaminosos que o mundo oferece. Porque, certamente, haverá tempo de sobra para se
preparar para a segunda vinda de Jesus. Infelizmente, essa ideia é uma armadilha
mortal, porque ninguém sabe quando ele virá. Além disso, mesmo que Cristo não venha
logo, qualquer um de nós pode ser chamado para descansar de forma inesperada, o que
acaba com a nossa oportunidade de acertar as contas com Deus. Mas, acima de tudo, a
repetida indulgencia com o pecado endurece gradualmente a consciência, tornando mais
difícil o arrependimento. O diabo não se importa que acreditemos teoricamente na
segunda vinda de Jesus, desde que ele nos leve a adiar nossa preparação para esse dia.
Como podemos estar prontos hoje? Arrependendo nos e confessando os pecados
a Deus, renovando nossa fé na morte expiatória de Jesus na cruz em nosso favor, e
entregando totalmente a nossa vontade em suas mãos. Andando em comunhão com ele,
podemos desfrutar a paz profunda de estar cobertos por seu manto de justiça.
Cristo virá depois das ultimas Grandes Pragas que cairão sobre os ímpios, no
tempo de angustia, para resgatar os santos vivos e mortos. Os pecadores vivos serão
destruídos pelo resplendor da sua Glória, na sua vinda. “Será, de fato, revelado o
iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela
9. 8
manifestação de sua vinda” IITs 2.8 e 1.6-10, e a sua língua é como fogo devorador, Is
30.27. Então, os ímpios vivos dormirão, juntamente com todos os ímpios da História,
até o fim do milênio, quando serão ressuscitados para o juízo, e a irá de Deus cairá
sobre eles, Ap 20.7-9. Serão destruídos juntamente com seus pecados.
A segunda vinda de Cristo é mencionada em várias partes das Escrituras, onde
são reveladas as características deste evento maravilhoso para os justos e de temor para
os impios:
• Será publica, não será secreta. Ap 1.7; ITs 4.15-18.
• Ocorrerá ao mesmo tempo em todo mundo, não será parcial. Mt 24.5.23.30.
• Será anunciada ao som de trombetas, todos ouvirão. ITs 4.16; Mt 24.31.
• Será literal, Jesus virá pessoalmente em Glória. At 1.11; Lc 24.36-43.
• Será inesperada, não pode ser prevista. ITs 5.2-6; Mt 24.43-44.
• Será cataclísmica, a Terra ficará sem forma e vazia. Jr 4.25-26.
Em relação à maneira e ao tempo da volta de Cristo, Deus nos dá amplas
informações para que possamos crer, mas não ao ponto de negligenciarmos a sua vinda
pelo excesso de confiança. Todos precisam acreditar que só existe uma chance de se
preparar para volta de Cristo, e ela começa hoje. Não haverá uma segunda oportunidade,
porque quando ele voltar, à porta da Graça já estará fechada. “Graças a Deus, que nos
dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” ICo 15.57.
”Porque, nós que vivemos, somos sempre entregues a morte por causa de Jesus, para
que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal” IICo 4.11.