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Ricardo Martins Rizzo



   Política,
   literatura e                                                                         José de Alencar




   alimentação:
   José de Alencar e os sabores dissonantes da nação


   U
              ma das idéias mais difundidas sobre o       imagens reconhecíveis ativamente por todos. Por
              que seja uma nação é a de que esta seria    essa razão, não é possível imaginar a nação a par-
              uma “comunidade imaginada”. O surgi-        tir de um vazio. Para que essa imagem apareça,
   mento de estados nacionais, a instauração do mo-       é necessário “montá-la” com os elementos que já
   nopólio do uso legítimo da força sobre um territó-     se encontram de alguma forma “prontos” – sejam
   rio e um povo determinados, foi sempre um fato         eles a língua, a história, os hábitos, a cultura, as
   político e cultural que precisou recorrer à imagina-   tradições, os costumes, os sabores.
   ção para se afirmar como sentido. Essencialmente,             Embora imaginada, a nação não é uma cria-
   a imaginação era necessária para provar que a          ção arbitrária. Ela é decerto um “artefato” políti-
   cada nação correspondia uma unidade. E mais: a         co; porém, a “arte” envolvida na sua criação diz
   tarefa cultural e política de imaginar uma nação –     respeito à identificação dos elementos comuns à
   isto é, de projetar um ideal de unidade sobre uma      coletividade, e à sua projeção em uma narrativa
   realidade muitas vezes diversificada e conflitante     que seja uma espécie de “biografia coletiva”. Essa
   – era também uma tarefa coletiva. A comunidade         narrativa deve ter o condão de conduzir – imagi-
   imaginária deve ser pensada a cada dia, por toda       nariamente – toda a coletividade rumo a um des-
   a coletividade, sob risco de desagregação.             tino histórico comum.
           A imaginação da nação é, por isso, ao mes-            Não é por acaso que a arte, em particular a
   mo tempo subjetiva e coletiva – converte as ima-       literatura, teve sempre uma função tão destacada
   gens em valores sociais compartilhados. Para que       nessa tarefa de imaginar comunidades e destinos
   esses valores tornem-se comuns, devem-se buscar        dos povos. A narrativa literária tem a liberdade


Sabores do Brasil                                                                                                21
José de Alencar produziu                           um inimigo da pureza do idioma. A sua intenção
                                                            era justamente demarcar a diferença do jeito bra-
        imagens que atravessaram                            sileiro de falar e escrever o português. Junto com
            mais de um século,                              a nação, deveria nascer uma língua, diferente da-
                                                            quela falada pela ex-metrópole.
          transportando símbolos                                  Para explicar por que a língua portuguesa
                 nacionais.                                 do Brasil deveria ser diferente, Alencar apegava-
                                                            se à autoridade da ciência do século XIX, e foi
     de organizar e imaginar o passado, dando-lhe           encontrar na filologia do alemão Jacob Grimm a
     forma e significação novas. No Brasil, com a In-       explicação que corroborava o seu desejo naciona-
     dependência, os escritores românticos, muitos          lista: por influência do meio-ambiente tropical, a
     deles proximamente associados à política, preo-        própria boca brasileira se tornaria com o tempo
     cupados com o resgate/invenção de uma história         diferente da boca portuguesa. A começar pelo
     nacional, tomaram para si a tarefa de recolher os      fato de que a boca brasileira estaria exposta a uma
     elementos da nascente nacionalidade brasileira e       alimentação exuberante. No prefácio de seu ro-
     construir com eles uma imagem coerente e evolu-        mance Sonhos d’Ouro, de 1872, Alencar indagava:
     tiva do Brasil.                                        “o povo que chupa o caju, a manga, o cambucá
           José de Alencar (1829-1877) pode ser con-        e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual
     siderado talvez o mais típico desses escritores,       pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve
     embora fosse um intelectual de atuação marcada-        o figo, a pêra, o damasco e a nêspera?”
     mente independente, dono de um projeto políti-                Não é acidental o fato de que o escritor, ao
     co e cultural muito pessoal. Em seus numerosos         querer marcar a diferença do modo brasileiro de
     romances e peças teatrais, produziu imagens que        falar o português, tenha aludido, na divertida
     atravessaram mais de um século, transportando          metáfora da influência do meio sobre a língua, a
     símbolos nacionais. Pesquisou os elementos da          frutas tão brasileiras e de nomes tão marcantes,
     nacionalidade, desde a etnografia indígena até os      como o caju, o cambucá e a jabuticaba. A tentativa
     nomes de frutas, aves, árvores, lugares, e soube       é rechear o argumento com a evocação poderosa
     como poucos lhes dar uma forma especial – a for-       dos fortes sabores nacionais, que vêm embalados
     ma de uma unidade viva – pela qual o Brasil, de        na pronúncia sonora e franca dos seus nomes. O
     tão diferentes raças e regiões, aparecia e se reco-    romântico José de Alencar, criador do índio Peri,
     nhecia como uma única nação.                           de heróis e heroínas inteiriços e arrebatados pelo
            Um dos elementos mais importantes no            destino (metáfora e metafísica da história), foi
     grande panorama nacional traçado por José de           também um realista que pesquisou e descreveu o
     Alencar é a língua – o próprio suporte da cons-        que considerava serem os elementos cotidianos e
     trução simbólica e literária. Alencar deu à língua     históricos da nacionalidade – mas, de todo modo,
     portuguesa tonalidades brasileiras, sons indí-         elementos presentes na vida concreta da coleti-
     genas, jeitos populares, ainda que muitas vezes        vidade. Nessa preocupação de registrar a vida
     “artificiais”. Registrou sonoridades originais, ino-   nacional, Alencar mapeou não apenas costumes
     vando na sintaxe e no léxico. Foi duramente cri-       e histórias, como também as tradições e particu-
     ticado por aqueles que o consideravam, por isso,       laridades culinárias de diferentes regiões, classes


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e grupos sociais. Os diversos sabores da nação in-   do fidalgo, atacada por índios aimorés, a jovem
   tegram a atmosfera sensitiva de seus romances e      Ceci vaga pela floresta guiada pelo seu fiel pro-
   são peças importantíssimas na evocação da nossa      tetor Peri, que tenciona levá-la a salvo para o Rio
   exuberância nacional.                                de Janeiro. Deslizando pelos rios, o casal vive seu
          A alimentação é ela também um elemento        idílio, regado pelo banquete que a natureza pre-
   definidor da nacionalidade, ao lado da natureza,     para a quem, como Peri, sabe colhê-lo.
   da qual descende. Alencar retoma a tradição do
                                                                  Durante esse tempo, o índio preparava
   escrivão Pero Vaz de Caminha, e na terra fértil do
                                                           a simples refeição que lhes oferecia a nature-
   Brasil identifica o capricho de uma natureza que
                                                           za. Deitou sobre uma folha larga os frutos que
   previra satisfação para os mais ousados paladares
                                                           tinha colhido: eram os araçás, os jambos cora-
   – criando até o melão, “esse pepino doce, essa in-
                                                           dos, os ingás de polpa macia, os cocos de várias
   digestão natural que a terra, mãe carinhosa, tem o
                                                           espécies. A outra folha continha favos de uma
   cuidado de preparar para os estômagos desejosos
                                                           pequena abelha, que fabricara a sua colméia no
   de emoções fortes”.
                                                           tronco de uma cabuíba, de sorte que o mel puro
          O herói mais famoso de Alencar, o índio
                                                           e claro tinha perfumes deliciosos; dir-se-ia mel
   Peri de O Guarani (que em 2007 completou 150
                                                           de flores. O índio tornou côncava uma palma
   anos), simboliza, juntamente com Iracema, a “vir-
                                                           larga e encheu-a com o suco do ananás, cuja
   gem dos lábios de mel” que nomeia outro de seus
                                                           fragrância é como a essência do sabor; era o vi-
   mais famosos romances, uma comunhão com-
                                                           nho que devia servir ao banquete frugal.
   pleta com a “natureza americana”. São persona-
   gens cujas qualidades refletem atributos daque-            Em outra passagem, o índio Peri, tentando
   la natureza, e cujos valores elevados encontram      vencer os seus inimigos aimorés (inimigos tam-
   na riqueza natural a metáfora mais freqüente. O      bém da família de sua adorada Ceci), toma o cura-
   indianismo de Alencar continha um projeto lite-      re, poderoso veneno, e oferece o próprio corpo
   rário e historiográfico que o levava a reconstruir   contaminado aos canibais aimorés. Não logrando
   com escrúpulo quase científico aspectos da vida      o intento, cura-se do veneno sugando a seiva de
   dos indígenas brasileiros, não sem uma dose de       uma árvore. A passagem não deixa de ser um re-
   idealização que, para além da convenção estéti-      gistro dos hábitos alimentares dos “nativos”, em
   ca do Romantismo, correspondia às crenças po-        que o canibalismo distingue entre índios nobres
   líticas do autor. Nesse registro do indianismo de    e índios bárbaros. Em Iracema, é o tema da hospi-
   Alencar, encontramos o esforço de descrever os       talidade indígena que aproxima o par romântico
   elementos concretos que dão vida à vida narrada      – a índia tabajara e o colonizador português Mar-
   dos índios. A sua alimentação comparece como         tim: “Iracema acendeu o fogo da hospitalidade,
   um traço marcante e revelador, tanto da inclina-     e trouxe o que havia de provisões para satisfazer
   ção descritiva como da idealização.                  a fome e a sede; trouxe o resto da caça; a farinha
           Em O Guarani, por exemplo, há uma refei-     d’água, os frutos silvestres, os favos de mel e o
   ção que marca a aproximação do par romântico         vinho de caju e ananás”.
   principal – o índio Peri e a jovem branca Ceci,             A intimidade de Peri e Iracema com a natu-
   filha do fidalgo português D. Antônio de Mariz.      reza brasileira se manifesta, como se nota, na sua
   Depois do terrível incêndio que destruíra a casa     alimentação. Iracema é a guardiã do “segredo da

Sabores do Brasil                                                                                             23
Jurema”. Assim como Peri conhece os efeitos do        costumes, traços da sociedade, que ele pretende
     curare, Iracema sabe preparar a bebida feita da Ju-   fixar. O herói gaúcho Manuel encarna as virtudes
     rema, espécie de árvore “meã, de folhagem espes-      do homem da Região Sul do Brasil, e vive a sua
     sa”, cujos efeitos alucinógenos garantem sonhos       vida típica. Na descrição da sua janta rápida e im-
     agradáveis e de significado espiritual. É o pró-      provisada, observam-se elementos que formam a
     prio Alencar quem explica o entroncamento dos         típica culinária sulina:
     hábitos alimentares na cultura e religião indíge-
                                                                     Manuel fez com presteza seus arranjos
     nas, por meio das notas explicativas do romance.
                                                              para a sesta; e deixando a carne a tostar sobre o
     Explica, por exemplo, que a jurema “dá um fruto
                                                              fogo, aproximou-se do rio para lavar a mão e o
     excessivamente amargo, de cheiro forte, do qual
                                                              rosto. A janta foi expedita. Uma grande naca de
     juntamente com as folhas e outros ingredientes
                                                              carne com alguns punhados de farinha; e água
     preparavam os selvagens uma bebida, que tinha
                                                              bebida no bocal do estribo, que o rapaz teve o cui-
     o efeito do hatchis, de produzir sonhos tão vivos e
                                                              dado de lavar para dar-lhe a serventia de copo.
     intensos, que a pessoa sentia com delícias e como
     se fossem realidade as alucinações agradáveis da            Em outra descrição, o momento da refeição
     fantasia excitada pelo narcótico”.                    ajuda a fixar as posições sociais:
            O entrelaçamento entre a descrição dos há-
                                                                     Em uma das extremidades da longa mesa,
     bitos alimentares e a vida social dos indígenas é
                                                              estavam colocados dois pratos com talheres de
     uma constante do indianismo de Alencar, assim
                                                              prata destinados ao dono da casa e seu hóspe-
     como é também um traço muito presente em seu
                                                              de. Diante deles fumegava um grande assado de
     romance regionalista. Seu projeto literário, além
                                                              couro, e um peixe que enchia a imensa frigideira
     de resgatar a memória histórica e étnica da na-
                                                              de barro. Havia além disso, ervas e legumes.
     cionalidade, também pretende soldar a unidade
     do vastíssimo território do Império brasileiro,              Essa a disposição no interior da casa se-
     derramado pelo continente e ameaçado, durante         nhorial. Outra é a refeição dos subalternos: “A
     a primeira metade do século XIX, principalmente       refeição era parca; churrasco, bocado clássico das
     entre 1831 e 188, por revoltas e insurreições se-    campanhas sulanas, queijo, origones, ou passas
     paratistas, das quais a Revolução Farroupilha, no     de pêssego. Manuel comia rapidamente e de ca-
     Rio Grande do Sul (1835-185), foi decerto a mais     beça baixa”.
     longa e ameaçadora.                                         Na caracterização da sociedade gaúcha não
            A obra literária de Alencar tem, portanto,     poderia faltar menção ao chimarrão, que não dei-
     entre outros projetos, o de cobrir completamen-       xa de sugerir, no seu consumo quase ritual, certa
     te a nação no tempo e no espaço, estabelecendo        calma doméstica:
     referências, valores e símbolos. Em 1870, Alencar
                                                                     Terminada a refeição, preparou Jacinti-
     publica O Gaúcho, em que retrata os costumes
                                                              nha o chimarrão; enquanto Manuel chupava a
     do Brasil sulino. Nesse romance, o autor ressalta
                                                              bomba, trocaram-se entre as três pessoas da fa-
     que “na página imensa do solo nacional, escreve
                                                              mília algumas palavras, calmas e compassadas,
     a imaginação popular a crônica íntima das gera-
                                                              sem efusão, mas também sem o mínimo ressen-
     ções” por meio da etimologia topográfica. No en-
                                                              timento.
     tanto, Alencar descreve também, na página dos

24                                                                                            Textos do Brasil . Nº 13
Assim como as notas explicativas de Iracema,             O ímpeto realista do romance de Alencar
  o romance regionalista de Alencar se faz acompa-        faz emergir o mundo da produção que governa
  nhar de um glossário, no qual aprendemos que um         as relações sociais no Brasil rural do século de-
  “assado de couro” gaúcho é a “carne que se assa         zenove, embora possamos perceber nas tintas
  ainda pegada ao couro que lhe serve de caçarola”.       com que são figuradas as refeições brasileiras os
        Em outro de seus romances regionalistas,          tons ideológicos do autor. Com o mundo da pro-
  O Sertanejo, encontramos hábitos algo parecidos         dução rural, emerge o tema do trabalho escravo.
  com os hábitos gaúchos, e novamente a descrição         Afinal, Alencar, como vimos, cuidou de registrar
  desses hábitos alimentares dá lugar à fixação das       também as comidas socialmente típicas, a comida
  desigualdades e escalonamentos sociais. O herói         urbana como a rural, a comida histórica, regional,
  de O Sertanejo é Arnaldo. Em uma passagem, à            comida da casa-grande, e comida de senzala. No
  semelhança de Manuel, faz também uma refeição           seu romance fazendeiro, de que é exemplo Til, de
  ligeira e não obstante representativa da secura do      1872, há uma passagem que descreve minucio-
  nordeste brasileiro: “Compunha-se esta de uma           samente uma intensa sessão de jongo na senzala
  naca de carne-de-vento e alguns punhados de fa-         da fazenda. Alencar reproduz os cantos entoados
  rinha, que trazia no alforje. De postre um pedaço       pelos escravos ao som da batucada enérgica do
  de rapadura, regado com água da borracha”.              samba. Ouçamos do que eles falam:
         Nesse romance, as descrições “culinárias”
                                                                   Não como inhame cozido;
  acentuam com maior expressividade ainda os tra-
                                                                   Não gosto de milho assado;
  ços da sociedade. Note-se, a propósito, a diferen-
                                                                   Quem me quiser derretido
  ça entre a refeição do Capitão Marcos Fragoso e
                                                                   Me dê mendubi torrado.
  a dos trabalhadores rurais, ambas representativas
  dos elementos que compõem a alimentação nor-                   É no contexto de certa forma clandestino
  destina:                                                das atividades da senzala que um elemento muito
                                                          representativo da culinária brasileira marca a sua
           O Capitão Marcos Fragoso banqueteava-
                                                          aparição inevitável: “De vez em quando o garra-
     se com os seus hóspedes. As viandas já em parte
                                                          fão de cachaça corria a roda. Cada um depois de
     consumidas indicavam que a ceia estava a ter-
                                                          mil trejeitos e negaças dava-lhe o seu chupão, e fa-
     minar; e efetivamente os pajens não tardavam
                                                          zendo estalar a língua repinicava o saracoteio.” No
     em servir o desser, no qual entre os figos, passas
                                                          jogo do ficcional, enquanto a beleza das frutas tro-
     e nozes do reino trazidas do Recife com a baga-
                                                          picais evoca a fertilidade impressionante do vasto
     gem, figuravam grande terrinas de coalhada e os
                                                          solo nacional, a aspereza da cachaça traduz o delí-
     requeijões frutos das primeiras águas. Por outro
                                                          rio e a violência de uma formação social realizada,
     lado: Os lenhadores voltavam do mato carrega-
                                                          a contrapelo, pela fome e sede de liberdade.
     dos de feixes, enquanto os companheiros condu-
     ziam à bolandeira cestos de mandioca, ainda da
     plantação do ano anterior, para a desmancharem
                                                                              Ricardo Martins Rizzo
     em farinha durante o serão. As mulheres livres
                                                                      Diplomata; Mestre em Ciência Política pela
     ou escravas, umas pilavam milho para fazer o         Universidade de São Paulo e autor de “Cavalo Marinho
     xerém.                                                e outros poemas” (São Paulo: Editora Nankin, 2002).


Sabores do Brasil                                                                                                  25

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Os sabores da nação de José de Alencar

  • 1. Ricardo Martins Rizzo Política, literatura e José de Alencar alimentação: José de Alencar e os sabores dissonantes da nação U ma das idéias mais difundidas sobre o imagens reconhecíveis ativamente por todos. Por que seja uma nação é a de que esta seria essa razão, não é possível imaginar a nação a par- uma “comunidade imaginada”. O surgi- tir de um vazio. Para que essa imagem apareça, mento de estados nacionais, a instauração do mo- é necessário “montá-la” com os elementos que já nopólio do uso legítimo da força sobre um territó- se encontram de alguma forma “prontos” – sejam rio e um povo determinados, foi sempre um fato eles a língua, a história, os hábitos, a cultura, as político e cultural que precisou recorrer à imagina- tradições, os costumes, os sabores. ção para se afirmar como sentido. Essencialmente, Embora imaginada, a nação não é uma cria- a imaginação era necessária para provar que a ção arbitrária. Ela é decerto um “artefato” políti- cada nação correspondia uma unidade. E mais: a co; porém, a “arte” envolvida na sua criação diz tarefa cultural e política de imaginar uma nação – respeito à identificação dos elementos comuns à isto é, de projetar um ideal de unidade sobre uma coletividade, e à sua projeção em uma narrativa realidade muitas vezes diversificada e conflitante que seja uma espécie de “biografia coletiva”. Essa – era também uma tarefa coletiva. A comunidade narrativa deve ter o condão de conduzir – imagi- imaginária deve ser pensada a cada dia, por toda nariamente – toda a coletividade rumo a um des- a coletividade, sob risco de desagregação. tino histórico comum. A imaginação da nação é, por isso, ao mes- Não é por acaso que a arte, em particular a mo tempo subjetiva e coletiva – converte as ima- literatura, teve sempre uma função tão destacada gens em valores sociais compartilhados. Para que nessa tarefa de imaginar comunidades e destinos esses valores tornem-se comuns, devem-se buscar dos povos. A narrativa literária tem a liberdade Sabores do Brasil 21
  • 2. José de Alencar produziu um inimigo da pureza do idioma. A sua intenção era justamente demarcar a diferença do jeito bra- imagens que atravessaram sileiro de falar e escrever o português. Junto com mais de um século, a nação, deveria nascer uma língua, diferente da- quela falada pela ex-metrópole. transportando símbolos Para explicar por que a língua portuguesa nacionais. do Brasil deveria ser diferente, Alencar apegava- se à autoridade da ciência do século XIX, e foi de organizar e imaginar o passado, dando-lhe encontrar na filologia do alemão Jacob Grimm a forma e significação novas. No Brasil, com a In- explicação que corroborava o seu desejo naciona- dependência, os escritores românticos, muitos lista: por influência do meio-ambiente tropical, a deles proximamente associados à política, preo- própria boca brasileira se tornaria com o tempo cupados com o resgate/invenção de uma história diferente da boca portuguesa. A começar pelo nacional, tomaram para si a tarefa de recolher os fato de que a boca brasileira estaria exposta a uma elementos da nascente nacionalidade brasileira e alimentação exuberante. No prefácio de seu ro- construir com eles uma imagem coerente e evolu- mance Sonhos d’Ouro, de 1872, Alencar indagava: tiva do Brasil. “o povo que chupa o caju, a manga, o cambucá José de Alencar (1829-1877) pode ser con- e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual siderado talvez o mais típico desses escritores, pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve embora fosse um intelectual de atuação marcada- o figo, a pêra, o damasco e a nêspera?” mente independente, dono de um projeto políti- Não é acidental o fato de que o escritor, ao co e cultural muito pessoal. Em seus numerosos querer marcar a diferença do modo brasileiro de romances e peças teatrais, produziu imagens que falar o português, tenha aludido, na divertida atravessaram mais de um século, transportando metáfora da influência do meio sobre a língua, a símbolos nacionais. Pesquisou os elementos da frutas tão brasileiras e de nomes tão marcantes, nacionalidade, desde a etnografia indígena até os como o caju, o cambucá e a jabuticaba. A tentativa nomes de frutas, aves, árvores, lugares, e soube é rechear o argumento com a evocação poderosa como poucos lhes dar uma forma especial – a for- dos fortes sabores nacionais, que vêm embalados ma de uma unidade viva – pela qual o Brasil, de na pronúncia sonora e franca dos seus nomes. O tão diferentes raças e regiões, aparecia e se reco- romântico José de Alencar, criador do índio Peri, nhecia como uma única nação. de heróis e heroínas inteiriços e arrebatados pelo Um dos elementos mais importantes no destino (metáfora e metafísica da história), foi grande panorama nacional traçado por José de também um realista que pesquisou e descreveu o Alencar é a língua – o próprio suporte da cons- que considerava serem os elementos cotidianos e trução simbólica e literária. Alencar deu à língua históricos da nacionalidade – mas, de todo modo, portuguesa tonalidades brasileiras, sons indí- elementos presentes na vida concreta da coleti- genas, jeitos populares, ainda que muitas vezes vidade. Nessa preocupação de registrar a vida “artificiais”. Registrou sonoridades originais, ino- nacional, Alencar mapeou não apenas costumes vando na sintaxe e no léxico. Foi duramente cri- e histórias, como também as tradições e particu- ticado por aqueles que o consideravam, por isso, laridades culinárias de diferentes regiões, classes 22 Textos do Brasil . Nº 13
  • 3. e grupos sociais. Os diversos sabores da nação in- do fidalgo, atacada por índios aimorés, a jovem tegram a atmosfera sensitiva de seus romances e Ceci vaga pela floresta guiada pelo seu fiel pro- são peças importantíssimas na evocação da nossa tetor Peri, que tenciona levá-la a salvo para o Rio exuberância nacional. de Janeiro. Deslizando pelos rios, o casal vive seu A alimentação é ela também um elemento idílio, regado pelo banquete que a natureza pre- definidor da nacionalidade, ao lado da natureza, para a quem, como Peri, sabe colhê-lo. da qual descende. Alencar retoma a tradição do Durante esse tempo, o índio preparava escrivão Pero Vaz de Caminha, e na terra fértil do a simples refeição que lhes oferecia a nature- Brasil identifica o capricho de uma natureza que za. Deitou sobre uma folha larga os frutos que previra satisfação para os mais ousados paladares tinha colhido: eram os araçás, os jambos cora- – criando até o melão, “esse pepino doce, essa in- dos, os ingás de polpa macia, os cocos de várias digestão natural que a terra, mãe carinhosa, tem o espécies. A outra folha continha favos de uma cuidado de preparar para os estômagos desejosos pequena abelha, que fabricara a sua colméia no de emoções fortes”. tronco de uma cabuíba, de sorte que o mel puro O herói mais famoso de Alencar, o índio e claro tinha perfumes deliciosos; dir-se-ia mel Peri de O Guarani (que em 2007 completou 150 de flores. O índio tornou côncava uma palma anos), simboliza, juntamente com Iracema, a “vir- larga e encheu-a com o suco do ananás, cuja gem dos lábios de mel” que nomeia outro de seus fragrância é como a essência do sabor; era o vi- mais famosos romances, uma comunhão com- nho que devia servir ao banquete frugal. pleta com a “natureza americana”. São persona- gens cujas qualidades refletem atributos daque- Em outra passagem, o índio Peri, tentando la natureza, e cujos valores elevados encontram vencer os seus inimigos aimorés (inimigos tam- na riqueza natural a metáfora mais freqüente. O bém da família de sua adorada Ceci), toma o cura- indianismo de Alencar continha um projeto lite- re, poderoso veneno, e oferece o próprio corpo rário e historiográfico que o levava a reconstruir contaminado aos canibais aimorés. Não logrando com escrúpulo quase científico aspectos da vida o intento, cura-se do veneno sugando a seiva de dos indígenas brasileiros, não sem uma dose de uma árvore. A passagem não deixa de ser um re- idealização que, para além da convenção estéti- gistro dos hábitos alimentares dos “nativos”, em ca do Romantismo, correspondia às crenças po- que o canibalismo distingue entre índios nobres líticas do autor. Nesse registro do indianismo de e índios bárbaros. Em Iracema, é o tema da hospi- Alencar, encontramos o esforço de descrever os talidade indígena que aproxima o par romântico elementos concretos que dão vida à vida narrada – a índia tabajara e o colonizador português Mar- dos índios. A sua alimentação comparece como tim: “Iracema acendeu o fogo da hospitalidade, um traço marcante e revelador, tanto da inclina- e trouxe o que havia de provisões para satisfazer ção descritiva como da idealização. a fome e a sede; trouxe o resto da caça; a farinha Em O Guarani, por exemplo, há uma refei- d’água, os frutos silvestres, os favos de mel e o ção que marca a aproximação do par romântico vinho de caju e ananás”. principal – o índio Peri e a jovem branca Ceci, A intimidade de Peri e Iracema com a natu- filha do fidalgo português D. Antônio de Mariz. reza brasileira se manifesta, como se nota, na sua Depois do terrível incêndio que destruíra a casa alimentação. Iracema é a guardiã do “segredo da Sabores do Brasil 23
  • 4. Jurema”. Assim como Peri conhece os efeitos do costumes, traços da sociedade, que ele pretende curare, Iracema sabe preparar a bebida feita da Ju- fixar. O herói gaúcho Manuel encarna as virtudes rema, espécie de árvore “meã, de folhagem espes- do homem da Região Sul do Brasil, e vive a sua sa”, cujos efeitos alucinógenos garantem sonhos vida típica. Na descrição da sua janta rápida e im- agradáveis e de significado espiritual. É o pró- provisada, observam-se elementos que formam a prio Alencar quem explica o entroncamento dos típica culinária sulina: hábitos alimentares na cultura e religião indíge- Manuel fez com presteza seus arranjos nas, por meio das notas explicativas do romance. para a sesta; e deixando a carne a tostar sobre o Explica, por exemplo, que a jurema “dá um fruto fogo, aproximou-se do rio para lavar a mão e o excessivamente amargo, de cheiro forte, do qual rosto. A janta foi expedita. Uma grande naca de juntamente com as folhas e outros ingredientes carne com alguns punhados de farinha; e água preparavam os selvagens uma bebida, que tinha bebida no bocal do estribo, que o rapaz teve o cui- o efeito do hatchis, de produzir sonhos tão vivos e dado de lavar para dar-lhe a serventia de copo. intensos, que a pessoa sentia com delícias e como se fossem realidade as alucinações agradáveis da Em outra descrição, o momento da refeição fantasia excitada pelo narcótico”. ajuda a fixar as posições sociais: O entrelaçamento entre a descrição dos há- Em uma das extremidades da longa mesa, bitos alimentares e a vida social dos indígenas é estavam colocados dois pratos com talheres de uma constante do indianismo de Alencar, assim prata destinados ao dono da casa e seu hóspe- como é também um traço muito presente em seu de. Diante deles fumegava um grande assado de romance regionalista. Seu projeto literário, além couro, e um peixe que enchia a imensa frigideira de resgatar a memória histórica e étnica da na- de barro. Havia além disso, ervas e legumes. cionalidade, também pretende soldar a unidade do vastíssimo território do Império brasileiro, Essa a disposição no interior da casa se- derramado pelo continente e ameaçado, durante nhorial. Outra é a refeição dos subalternos: “A a primeira metade do século XIX, principalmente refeição era parca; churrasco, bocado clássico das entre 1831 e 188, por revoltas e insurreições se- campanhas sulanas, queijo, origones, ou passas paratistas, das quais a Revolução Farroupilha, no de pêssego. Manuel comia rapidamente e de ca- Rio Grande do Sul (1835-185), foi decerto a mais beça baixa”. longa e ameaçadora. Na caracterização da sociedade gaúcha não A obra literária de Alencar tem, portanto, poderia faltar menção ao chimarrão, que não dei- entre outros projetos, o de cobrir completamen- xa de sugerir, no seu consumo quase ritual, certa te a nação no tempo e no espaço, estabelecendo calma doméstica: referências, valores e símbolos. Em 1870, Alencar Terminada a refeição, preparou Jacinti- publica O Gaúcho, em que retrata os costumes nha o chimarrão; enquanto Manuel chupava a do Brasil sulino. Nesse romance, o autor ressalta bomba, trocaram-se entre as três pessoas da fa- que “na página imensa do solo nacional, escreve mília algumas palavras, calmas e compassadas, a imaginação popular a crônica íntima das gera- sem efusão, mas também sem o mínimo ressen- ções” por meio da etimologia topográfica. No en- timento. tanto, Alencar descreve também, na página dos 24 Textos do Brasil . Nº 13
  • 5. Assim como as notas explicativas de Iracema, O ímpeto realista do romance de Alencar o romance regionalista de Alencar se faz acompa- faz emergir o mundo da produção que governa nhar de um glossário, no qual aprendemos que um as relações sociais no Brasil rural do século de- “assado de couro” gaúcho é a “carne que se assa zenove, embora possamos perceber nas tintas ainda pegada ao couro que lhe serve de caçarola”. com que são figuradas as refeições brasileiras os Em outro de seus romances regionalistas, tons ideológicos do autor. Com o mundo da pro- O Sertanejo, encontramos hábitos algo parecidos dução rural, emerge o tema do trabalho escravo. com os hábitos gaúchos, e novamente a descrição Afinal, Alencar, como vimos, cuidou de registrar desses hábitos alimentares dá lugar à fixação das também as comidas socialmente típicas, a comida desigualdades e escalonamentos sociais. O herói urbana como a rural, a comida histórica, regional, de O Sertanejo é Arnaldo. Em uma passagem, à comida da casa-grande, e comida de senzala. No semelhança de Manuel, faz também uma refeição seu romance fazendeiro, de que é exemplo Til, de ligeira e não obstante representativa da secura do 1872, há uma passagem que descreve minucio- nordeste brasileiro: “Compunha-se esta de uma samente uma intensa sessão de jongo na senzala naca de carne-de-vento e alguns punhados de fa- da fazenda. Alencar reproduz os cantos entoados rinha, que trazia no alforje. De postre um pedaço pelos escravos ao som da batucada enérgica do de rapadura, regado com água da borracha”. samba. Ouçamos do que eles falam: Nesse romance, as descrições “culinárias” Não como inhame cozido; acentuam com maior expressividade ainda os tra- Não gosto de milho assado; ços da sociedade. Note-se, a propósito, a diferen- Quem me quiser derretido ça entre a refeição do Capitão Marcos Fragoso e Me dê mendubi torrado. a dos trabalhadores rurais, ambas representativas dos elementos que compõem a alimentação nor- É no contexto de certa forma clandestino destina: das atividades da senzala que um elemento muito representativo da culinária brasileira marca a sua O Capitão Marcos Fragoso banqueteava- aparição inevitável: “De vez em quando o garra- se com os seus hóspedes. As viandas já em parte fão de cachaça corria a roda. Cada um depois de consumidas indicavam que a ceia estava a ter- mil trejeitos e negaças dava-lhe o seu chupão, e fa- minar; e efetivamente os pajens não tardavam zendo estalar a língua repinicava o saracoteio.” No em servir o desser, no qual entre os figos, passas jogo do ficcional, enquanto a beleza das frutas tro- e nozes do reino trazidas do Recife com a baga- picais evoca a fertilidade impressionante do vasto gem, figuravam grande terrinas de coalhada e os solo nacional, a aspereza da cachaça traduz o delí- requeijões frutos das primeiras águas. Por outro rio e a violência de uma formação social realizada, lado: Os lenhadores voltavam do mato carrega- a contrapelo, pela fome e sede de liberdade. dos de feixes, enquanto os companheiros condu- ziam à bolandeira cestos de mandioca, ainda da plantação do ano anterior, para a desmancharem Ricardo Martins Rizzo em farinha durante o serão. As mulheres livres Diplomata; Mestre em Ciência Política pela ou escravas, umas pilavam milho para fazer o Universidade de São Paulo e autor de “Cavalo Marinho xerém. e outros poemas” (São Paulo: Editora Nankin, 2002). Sabores do Brasil 25