3. LiterariedadeLiterariedade
Através de sua sensibilidade o escritorAtravés de sua sensibilidade o escritor
observa o mundo real e cria um mundoobserva o mundo real e cria um mundo
ficcional. Observamos no slide anteriorficcional. Observamos no slide anterior
que este mundo é muito subjetivo,que este mundo é muito subjetivo,
pessoal, está nas mãos do escritor. Aopessoal, está nas mãos do escritor. Ao
chegar nas mãos do leitor, o escritorchegar nas mãos do leitor, o escritor
perde o status de dono desse mundo,perde o status de dono desse mundo,
pois aí pode-se recriar um mundopois aí pode-se recriar um mundo
diferente do idealizado pelo autor.diferente do idealizado pelo autor.
4. Outra observação importante é que oOutra observação importante é que o
escritor não escolhe quem terá acesso aescritor não escolhe quem terá acesso a
sua obra, ou se a interpretação será igualsua obra, ou se a interpretação será igual
a sua intenção.a sua intenção.
5. Visão do escritor
Intenção de transmitir ternura, amor, descrever a
natureza como um cenário mágico e cúmplice do
casal
Mundo Real
Como ele é:
Um casal
namorando, a
beira do mar, a
luz da lua cheia
Mundo Ficcional
6. DiferençasDiferenças
Uma noite de lua cheia, e
um casal abraçado a beira
do mar.
Mundo Real
Texto Literário
Texto não Literário
Mundo Ficcional
Os raios do sol por entre as nuvens se abraçando,
refletindo um misto de cores lindas e embriagante da
natureza que estava namorando, nuvens se olhando, até
as ondas estavam se amando e naquele clima nós
também estávamos ando um ao outro.
7. DiferençaDiferença
Texto não literárioTexto não literário
O texto não literário, logoO texto não literário, logo
deixará de ser atrativo, édeixará de ser atrativo, é
impessoal, não admite outraimpessoal, não admite outra
interpretação, a realidadeinterpretação, a realidade
como ela é,como ela é,
Preocupa-se com aPreocupa-se com a
informação.informação.
Texto LiterárioTexto Literário
Despreocupação com aDespreocupação com a
informação, veja que na cena real,informação, veja que na cena real,
existe a lua, mostrando que é noite,existe a lua, mostrando que é noite,
o texto literário ilude, mostra o diao texto literário ilude, mostra o dia
para dar mais cor a naturezapara dar mais cor a natureza
através dos raios do sol.através dos raios do sol.
Permite interpretações diferentes,Permite interpretações diferentes,
deixa no ar um entenda comodeixa no ar um entenda como
quiser no trecho “estávamquiser no trecho “estávamosos andoando””
onde pode-se entenderonde pode-se entender “usando”“usando”
ou vários sentidos para aou vários sentidos para a
terminação “ando”, desdeterminação “ando”, desde
situações carinhosas, até vulgares.situações carinhosas, até vulgares.
8. Fundamentos do texto LiterárioFundamentos do texto Literário
O autor, com sua cultura, sua experiênciaO autor, com sua cultura, sua experiência
de vida, sua ideologia, escreve uma obra,de vida, sua ideologia, escreve uma obra,
que será lida por alguém cuja recepçãoque será lida por alguém cuja recepção
estará também impregnada de umaestará também impregnada de uma
cultura, uma experiência e uma visão decultura, uma experiência e uma visão de
mundomundo
9. Fundamentos do texto LiterárioFundamentos do texto Literário
Para que ocorra alguma interação entrePara que ocorra alguma interação entre
os elementos da tríade autor-obra-leitor, éos elementos da tríade autor-obra-leitor, é
necessário que haja entre o emissor e onecessário que haja entre o emissor e o
recebedor um mínimo de elementosrecebedor um mínimo de elementos
culturais comuns, a começar pelo códigoculturais comuns, a começar pelo código
utilizado na escrita, ou seja, o idioma.utilizado na escrita, ou seja, o idioma.
10. Características do texto literárioCaracterísticas do texto literário
Mundo Ficcional.Mundo Ficcional.
Relação não-imediatistaRelação não-imediatista
Suspensão da convenções deSuspensão da convenções de
significados correntessignificados correntes
Despreocupação com a sistematizaçãoDespreocupação com a sistematização
Despreocupação com o saberDespreocupação com o saber
Inexistência da utilidade práticaInexistência da utilidade prática
Predomínio da linguagem conotativaPredomínio da linguagem conotativa
11. Conotação, Recepção, AutoriaConotação, Recepção, Autoria
Nos textos literários nem sempre a linguagem apresentaNos textos literários nem sempre a linguagem apresenta
um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário.um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário.
Empregadas em alguns contextos, elas ganham novosEmpregadas em alguns contextos, elas ganham novos
sentidos, figurados, carregados de valores afetivos ousentidos, figurados, carregados de valores afetivos ou
sociais.sociais.
Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (oQuando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o
que aparece no dicionário) dizemos que foi empregadaque aparece no dicionário) dizemos que foi empregada
denotativamente.denotativamente.
Quando é utilizada com um sentido diferente daqueleQuando é utilizada com um sentido diferente daquele
que lhe é comum, dizemos que foi empregadaque lhe é comum, dizemos que foi empregada
conotativamente,conotativamente, este recurso é muito explorado naeste recurso é muito explorado na
Literatura.Literatura.
12. ConotaçãoConotação
Observe a cançãoObserve a canção “Dois“Dois
rios”,rios”, de Samuel Rosa, Lôde Samuel Rosa, Lô
Borges e Nando Reis, note aBorges e Nando Reis, note a
caracterização docaracterização do sol,sol, ele foiele foi
empregado conotativamente:empregado conotativamente:
Note que a expressãoNote que a expressão “dois“dois
rios inteiros”rios inteiros” também foitambém foi
empregada conotativamente eempregada conotativamente e
compõe um dos elementoscompõe um dos elementos
básicos para a interpretaçãobásicos para a interpretação
da letra.da letra.
13. O céu está no chãoO céu está no chão
O céu não cai do altoO céu não cai do alto
É o claro, é a escuridãoÉ o claro, é a escuridão
O céu que toca o chãoO céu que toca o chão
E o céu que vai no altoE o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãosDois lados deram as mãos
Como eu fiz tambémComo eu fiz também
Só pra poder conhecerSó pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizerO que a voz da vida vem dizer
Que os braços sentemQue os braços sentem
E os olhos vêemE os olhos vêem
Que os lábios sejam(beijam) RefrãoQue os lábios sejam(beijam) Refrão
Dois rios inteirosDois rios inteiros
Sem direçãoSem direção
O sol é o pé e a mãoO sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o paiO sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridãoDissolve a escuridão
O sol se põe se vaiO sol se põe se vai
E após se pôrE após se pôr
O sol renasce no JapãoO sol renasce no Japão
Eu vi também
Só pra poder entender
Na voz a vida ouvi dizer
RefrãoRefrão
E o meu lugar é esse
Ao lado seu, meu corpo inteiro
Dou o meu lugar pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite as quatro
estações
O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem
dizer
Refrão
14. RecepçãoRecepção
Trata-se mais diretamente da da interpretação.Trata-se mais diretamente da da interpretação.
A compreensão do texto não se subordina maisA compreensão do texto não se subordina mais
nem à vida do escritor nem a sua intenção, aonem à vida do escritor nem a sua intenção, ao
seu “querer dizer”. Pode-se até admitir, comoseu “querer dizer”. Pode-se até admitir, como
dizia Marcel Proust, importante escritor francêsdizia Marcel Proust, importante escritor francês
do final do século XIX e início do XX, que hajado final do século XIX e início do XX, que haja
uma intenção existente no eu literário do escritoruma intenção existente no eu literário do escritor
(um “outro eu”, um eu fictício), e não no(um “outro eu”, um eu fictício), e não no eueu
físico.físico.
15. Recepção e AutoriaRecepção e Autoria
A obra literária, portanto, supera aA obra literária, portanto, supera a
intenção do autor — o texto sobreviveintenção do autor — o texto sobrevive
sem ela. Mesmo admitindo-se a intençãosem ela. Mesmo admitindo-se a intenção
do “outro eu”, a significação de um textodo “outro eu”, a significação de um texto
nunca se esgota nesse propósito, onunca se esgota nesse propósito, o
sentido do texto não é determinadosentido do texto não é determinado
necessariamente pelo “querer dizer” denecessariamente pelo “querer dizer” de
quem escreveu.quem escreveu.
16. MetalinguagemMetalinguagem
É a linguagem utilizada para falar sobreÉ a linguagem utilizada para falar sobre
outra linguagem.outra linguagem.
Na literatura, a metalinguagem éNa literatura, a metalinguagem é
praticada por um crítico que investiga aspraticada por um crítico que investiga as
relações e estruturas presentes na obrarelações e estruturas presentes na obra
literária, ou por um autor que explica seuliterária, ou por um autor que explica seu
próprio fazer literário ou de outrem.próprio fazer literário ou de outrem.
17. Tipos de MetalinguagemTipos de Metalinguagem
LinguísticaLinguística (definições dos dicionários,(definições dos dicionários,
regras gramaticais, explicações de textosregras gramaticais, explicações de textos
etc)etc)
Literária(Literária(subdividida em metalinguagemsubdividida em metalinguagem
literárialiterária ensaísticaensaística (artigos e ensaios que(artigos e ensaios que
falam sobre a literatura e sobre obrasfalam sobre a literatura e sobre obras
literárias) eliterárias) e ficcionalficcional (obras literárias que(obras literárias que
falam sobre a linguagem literária).falam sobre a linguagem literária).
18. Metalinguagem
Se alguém um dia perguntar como escrevo
Solidão
Se alguém perguntar por que escrevo
Solidão
Se alguém quiser saber o que desejava mudar
com tudo isso
Solidão
E se quer saber também o motivo para tanto
pessimismo
Solidão
E se quer saber o motivo de tanta determinação
Solidão
Tudo isso é porque não quero existir só eu
mesma.
19. Em Dom Casmurro, Machado de Assis
enquanto narra, discute o ato e o modo de
narrar .
Ele põe em prática a metalinguagem, em
que a própria narrativa trata de se auto-
explicar. Logo no início, a metalinguagem
ganha corpo, quando o personagem-
narrador explica o título do livro e os
motivos que o impulsionaram a escrevê-
lo.
20. Explicação de Machado de Assis
Também não achei melhor título para a
minha narração; se não tiver outro daqui
até ao fim do livro, vai este mesmo. O
meu poeta do trem ficará sabendo que
não lhe guardo rancor. E com pequeno
esforço, sendo o título seu, poderá cuidar
que a obra é sua. Há livros que apenas
terão isso dos seus autores, alguns nem
tanto. E mais adiante: Agora que expliquei
o título, passo a escrever o livro. Antes
disso, porém, digamos os motivos que me
põem a pena na mão.
21. Durante toda a narrativa de Dom
Casmurro, a metalinguagem tem um
papel fundamental, dando um tom muitas
vezes jocoso, ou criando cumplicidade
com o leitor, que ao invés de apenas ler
passivamente, participa do próprio ato de
narrar, ao servir de confidente do escritor,
transcendendo o próprio texto.
22. Alguns exemplos
Ao narrar as tentações vividas na juventude dirige-
se a uma possível leitora "Tudo isso é obscuro,
dona leitora, mas a culpa é do vosso sexo, que
perturba assim a adolescência de um pobre
seminarista".
Ao dar uma explicação, dialoga com o leitor
dizendo: "Não sei se me explico bem. Supondo
uma concepção grande executada por meios
pequenos".
Depois de longa narração preliminar, chega ao
ponto em que vai narrar o casamento e diz: "Pois
sejamos felizes de uma vez, antes que o leitor
pegue em si, morto de esperar, e vá espairecer a
outra parte; casemo-nos."
24. Intertextualidade
A intertextualidade consiste na apropriação de um texto
por outro. Essa apropriação se dá por meio da citação,
da epígrafe, da alusão ou referência, da imitação (servil
ou não) de um estilo, etc.
O processo intertextual está na percepção do leitor de
relações entre um texto e outros que o precederam, isto
é, o reconhecimento num texto de palavras, expressões,
frases, versos, parágrafos, às vezes páginas inteiras de
outros textos. Esses “outros textos” podem ser outras
obras de ficção ou não, mitos, provérbios, escritos
publicitários, orações, letras de canções populares,
histórias da tradição oral etc.
25. Canção do Exílio
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."
Gonçalves Dias
Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de
ametista,
os sargentos do exército são monistas,
cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a
prestações.
gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha
a
[ Gioconda
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola
de
[ verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes
26. A intertextualidade pode ser:
Citação - Citar um texto é transcrevê-lo tal
como ele aparece em seu original. Esse recurso
é muito comum em trabalhos científicos, por
exemplo, em que outros autores concorrem
para conferir autoridade a um determinado
estudo.
Epígrafe - Um tipo de citação de outro autor que
antecede um poema, um conto, um capítulo de
um livro, um romance etc. O texto que aparece
na epígrafe em geral guarda alguma relação
com o texto que se vai escrever.
27. Alusão - Aludir é fazer referência a um texto,
ao seu autor, a algum personagem de outra
obra, ou a algum acontecimento marcante
que aparece em algum livro.
Bricolagem - Uma montagem feita de
vários textos para produzir outro.
Pastiche - Imitar o estilo de outro autor. Num
sentido mais antigo, o pastiche era
considerado uma imitação de baixa
qualidade, subalterna, que um escritor
“menor” fazia de um texto de um escritor
“maior”. Numa concepção contemporânea, a
ideia de pastiche não envolve juízo de valor.
28. Paródia e Paráfrase
É importante lembrar que as formas de
intertextualidade comentadas acima não
devem ser confundidas com paráfrase e
paródia, que pertencem a outra categoria.
Assim, podemos ter uma citação
parafrásica ou parodística, ou uma alusão
idem, e assim por diante.
29. Paródia
A paródia é a criação de um texto a partir de um
bastante conhecido, ou seja, com base em um
texto consagrado alguém utiliza sua forma e
rima para criar um novo texto cômico, irônico,
humorístico, zombeteiro ou contestador, dando
um novo sentido ao texto. Parte da
intertextualidade, a paródia é um intertexto, ou
seja, é um texto resultante de um texto origem
que pode ser escrito ou oral. Essa
intertextualidade também pode ocorrer em
pinturas, no jornalismo e nas publicidades.
30. Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu
morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu
morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
[Oswald de Andrade]
31. Paráfrase
Na paráfrase as palavras são mudadas,
porém a idéia do texto é confirmada pelo
novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos
do texto citado. É dizer com outras
palavras o que já foi dito. Temos um
exemplo citado por Affonso Romano
Sant’Anna em seu livro “Paródia,
paráfrase & Cia” (p. 23):
32. Paráfrase
Paráfrase
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa,
França e Bahia”).
33. Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do
Exílio”, é muito utilizado como exemplo de
paráfrase e de paródia, aqui o poeta
Carlos Drummond de Andrade retoma o
texto primitivo conservando suas idéias,
não há mudança do sentido principal do
texto que é a saudade da terra natal.
34. Gêneros Literários
• Épico: é a narrativa com temática histórica;
são os feitos heróicos de um determinado povo.
O narrador conta os fatos passados, apenas
observando e relatando os feitos objetivamente,
sem interferência, o que faz a narrativa ser
objetiva.
• Dramático: é o gênero ligado diretamente à
representação de um acontecimento por atores.
• Lírico: gênero essencialmente poético, que
expõe a subjetividade do autor e diz ao leitor do
estado emocional do “eu-lírico”.