O documento discute a teoria preliminar da literatura, resumindo: 1) A divisão da literatura em três gêneros principais - épico, lírico e dramático; 2) A natureza da linguagem poética, que cria significados além da linguagem comum através de recursos como a conotação; 3) As funções da literatura, que podem ser estéticas ou utilitárias.
2. •
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Elementos comuns aos três gêneros
Elementos comuns aos três gêneros
Divisão da literatura em gêneros;
Aristóteles (384-322 a. C.);
Qualidade da palavra:
palavra narrada em terceira pessoa = épico
ou narrativo;
palavra cantada em primeira pessoa = lírico;
palavra representada no teatro = dramático
3. • Os
três gêneros subdividiam-se em
espécies:
• Dramático
distingue-se a tragédia e a
• Narrativo
a poesia épica do romance;
comédia;
• Lírico
as várias formas de poema
(soneto, elegia, etc.).
4. Natureza da linguagem
poética
• todo sistema de comunicação é linguagem;
• conjunto de signos e regras de combinação
capaz de expressar um modelo de mundo;
• língua
natural:
modalizante;
•o
o
primeiro
sistema
sistema linguístico é a base para a
construção de outros sistemas semióticos;
5. •a
literatura é um sistema modelizante
secundário;
• ela
tem como significante o sistema
linguístico;
•a
linguagem literária é constituída pelo
plano de expressão e pelo plano de
conteúdo - denotativo;
6. • linguagem
comum: significante rosa =
(plano de expressão) o conjunto de
fonemas /r/o/z/a/ e como significado (plano
de conteúdo) a referência a um objeto do
mundo real.
• linguagem literária: significante e significado
torna-se significante (plano de expressão)
de outro significado (o poético) que pode
sugerir a ideia de amor, delicadez, perfume,
etc.
8. •
A linha tracejada indica uma relação arbitrária
entre Ste e R, pois pode ser expresso por
vários significantes;
•
•
•
A relação entre Ste e Sdo é direta e necessária;
O mesmo nem sempre acontece com Sdo e R.
Em poesia, a um mesmo referente podem
corresponder dois ou mais significados, cujos
sentidos variam da cultura e situação afetiva do
leitor.
9. • A linguagem poética é constituída por uma
estrutura complexa;
• Sua essência é a iconicidade. Semantiza os
elementos e as relações do sistema
semiótico natural;
• Consequência
da estrutura poética é sua
polivalência;
• Processo de semiose ilimitada;
10. • “O signo poético simultaneamente remete
e não remete a um referente; ele existe e
não existe; é, ao mesmo tempo, um ser e
um
não
ser. A
poesia
enuncia
simultaneidade (cornológica espacial) do
possível com o impossível, do real e do
fictício”. (KRISTEVA)
11. • A formação do discurso poético remete ao
mecanismo simbólico da prática significante
da linguagem;
• Um
significante não corresponde ao
significado arbitrariamente estabelecido;
12. Conotação
• “A conotação é um sentido que só advém à
palavra numa
referência a
(LEFEBVE)
dada situação e por
um certo contexto”.
13. • Distinção
entre conotação poética e de
outros sistemas semióticos;
• Em outras linguagens, o sentido conotativo
se desfaz porque é unívoco;
• Linguagem literária é sempre polissêmica;
• Ambiguidade e abertura para várias
interpretações;
14. •
•
•
Sentidos além da lógica do discurso usual;
•
Consequência do caráter conotativo da
linguagem literária: o conhecimento linguístico,
somente, não dá conta;
•
Pluralidade de
culturais, etc.;
Relações subjetivas com o leitor (texto móvel);
Capaz de não conter nenhum sentido definitivo
ou incontestável;
códigos:
retóricos,
míticos,
15. Criatividade
• A linguagem literária se afirma como sistema
semiótico desviando-se da norma linguística;
•O
uso linguístico cria automatismos
psíquicos e intelectuais que levam à perda
do sentido do significante;
• A repetição aniquila os significados originais;
• A palavra perde seu poder de criatividade;
16. •
A linguagem poética subverte o uso cotidiano
e a esteriotipação;
•
Cria novos significados, neologismos, retoma
arcaísmos, inventa novas metáforas;
•
Os signos poéticos carregam representações
sensoriais: metrificação, rima, assonância,
ritmo, sinestesia;
•
A novidade do
estranhamento;
significante
causa
o
17. • Há
de se refletir sobre a formulação da
mensagem;
• Conforme Jan Mukarovski (formalista):
• “Somente a função estética tem condição de
reservar ao homem, em relação ao universo, a
posição de um estrangeiro que visita países
sempre novos com uma atenção não gasta e
não rija, que toma sempre consciência de si,
projetando-se na realidade circunstante e
medindo essa realidade a partir de si próprio”.
18. •O
poeta produz uma linguagem com
palavras comuns, recriando-as;
•À
violação
do
código
linguístico
corresponde uma ruptura com o código
ideológico;
• Poesia
é essencialmente “antiprosa” (Jean
Cohen);
• A poesia surge antes da prosa;
19. Estruturação
• Arte como intuição lírica e expressão de
uma personalidade individual e subjetiva
(estilística);
• A arte é produto da inspiração (origens no
platonismo);
• Dessa
forma, seria negado à arte uma
teoria da literatura;
20. Ficcionalidade
• Literatura = ficção - imaginação de algo que
não existe particularizado na realidade;
• Objeto de criação não pode ser submetido
à verificação extratextual;
• A literatura cria o seu próprio universo;
• Seres ficcionais, ambiente imaginário, código
ideológico, sua própria verdade;
21. • Mesmo a literatura mais realista é fruto da
imaginação;
• Prerrogativa literária: caráter ficcional;
• Sem o caráter ficcional não teríamos
literatura, mas história, biografia, jornalismo,
etc.;
• Mimese da vida (teoria clássica).
22. Verossimilhança
•
A obra não está relacionada diretamente com
os fatos reais;
•
•
Possui a equivalência da verdade;
•
•
Coerência interna da obra;
Verossimilhança é um devir: poder ser, poder
acontecer;
Possibilidades plausíveis e equivalência dos
atributos das personagens;
23. •
Verossimilhança externa: caução do real pelo
respeito às regras do bom senso;
•
Sem verossimilhança a obra excede o devir
mundo;
•
Sem verossimilhança externa temos o gênero
fantástico: “Hesitação entre o estranho e o
maravilhoso” (Todorov);
•
Explicação natural e sobrenatural
acontecimentos evocados;
dos
24. Funções: estética e
utilitária
•A
noção de função adquire plena
objetividade apenas quando se entende por
função a variedade de escopos aos quais a
arte serve na sociedade;
• A arte exerce várias funções;
• A polifuncionalidade contrasta
com a
tendência à unilateralidade e à especificidade
de outras atividades humanas;
25. •
Não há consenso entre críticos sobre
funções da literatura;
•
•
Platão x Aristóteles;
•
A arte não pode estar subordinada a
injunções de ordem filosófica, científica,
religiosa, moral ou patriótica;
Na medida em que o filósofo nega a
autonomia da arte, destroi-lhe a própria
essência;
26. • Aut prodesse aut delectare (Horácio);
• Teoria formal ou hedonística x Teoria moral
ou utilitarista;
• Formal: a arte serve apenas para o prazer =
arte pela arte;
• Moral: finalidade pedagógica e educativa =
tomada de consciência do homem;
27. Poesia e prosa literária
• Poiésis: ato de criar, “o fazer artístico”;
• Poemas em prosa/prosa poética;
• “[...]Da prosa para a poesia, e de um estado
de poesia para outro, a diferença está na
audácia com que a linguagem utiliza os
processos virtualmente inscritos na sua
estrutura” (COHEN).